Como se eu fosse te perder escrita por AAhistórias


Capítulo 12
Yorkshire...


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores!
Desculpe o super atraso. Ai vai mais um capítulo.
Hoje veremos a felicidade desse casal.
E um pouco do ponto de vista de Cora Mills - A mãe malvada hehe
Obrigada por todos os comentários. Espero que estejam gostando muito.
I LOVE YOUUUUU!
VAMOS LÁ!



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1 de Junho de 1915: Primeiro ataque aéreo a Londres com Zeppelins

POV. Regina Mills

                As próximas semanas se passaram como se fossem tiradas dos meus melhores sonhos. Ainda que meu casamento com Leopold estivesse se aproximando cada vez mais, também se aproximava o dia da minha fuga com Robin. Nunca imaginei que fosse fazer algo tão extremo ao ponto de fugir de um casamento. Mas também nunca imaginara que meu coração fosse ser roubado por um ladrão de quinta categoria que tem a audácia de arrancar páginas de livros, provando, definitivamente, a sua insanidade. Quem em sã consciência faz algum mal a qualquer tipo de livro?!

                Sei que falo essas coisas sobre ele ser louco, mas a verdade é que eu precisava de um pouco de loucura em minha vida. Quer dizer, mais do que eu já tinha. Robin estava certo, eu também tinha minha dose de insanidade. Talvez todos nós sejamos loucos de alguma forma, todos com uma doideira específica que cresce cada vez mais. E é essa loucura que nos faz ter uma vida de verdade, uma vida interessante, que é capaz de nos fazer felizes. E talvez as pessoas infelizes, que têm uma vida que não consegue agradá-las, sejam apenas as pessoas normais e que batem bem da cabeça.

        Não havia contado para absolutamente ninguém o que planejava fazer. Pensava em contar para Blue apenas quando fosse o dia para embarcar. E nem falaria nada, iria escrever uma carta e mandá-la queimar depois. Quando ela lesse, já estaria no trem, rumo a uma vida nova. Robin me disse que também não contara a ninguém, mas que pretendia falar para Emma e Killian antes de ir, e seria pessoalmente. Intimamente, admirava cada vez mais o homem que escolhi amar, por se importar tanto com as pessoas ao seu redor e dar tanto valor aos seus amigos.

              Nós estávamos nos encontrando com ainda menos frequência comparado às nossas saídas antes da minha mãe descobrir. Normalmente ele vinha no meu quarto, subindo pela árvore, e ficávamos conversando apenas sobre a nossa fuga. Sabíamos que todo o tempo que tínhamos tinha que ser aproveitado para conseguirmos fugir com sucesso. Depois que estivéssemos longe de Londres teríamos a vida inteira para conversar sobre nós.

                Ainda assim, uma vez ou outra, falávamos de coisas paralelas. – O que é? Não somos de ferro. – Amamos um ao outro e isso implica em querer saber mais sobre cada um. Por exemplo, Robin me contou como foi para ele vir para Londres quando bebê. Ele disse que os pais contavam que eles foram muito felizes em Yorkshire, e que era provavelmente o lugar mais lindo da Inglaterra. Contou que a única coisa que ele se lembrava de York eram os montes de grama que cobriam todo o lugar e daquela brisa suave de manhã. Quando ele fez dois anos, entretanto, eles tiveram que ir para Londres direto. Anos depois eles lhe explicaram que estavam ficando cada vez mais endividados e pensaram que na capital as oportunidades de emprego fossem maiores e a qualidade de vida também. Conseguiram se livrar das dívidas e realmente tinham mais empregos, mas nunca conseguiram voltar a Yorkshire.

                Teve uma noite em particular em que conversamos a noite inteira. Tivemos que cochichar e tive que fingir doença para dormir o dia seguinte inteiro, mas foi simplesmente perfeito. Começamos a conversar no início da noite e terminamos quando ele se despediu, quando o céu estava clareando. Durante essa conversa, eu o perguntei o porquê de querer ir a Yorkshire. Ele murmurou:

                - Existem muitas razões. Primeiro porque longe de Londres eu posso viver com você e ser feliz. Segundo porque eu vou ter a chance de, finalmente, voltar ao lugar que tanto fui feliz na infância. E terceiro por causa de O Morro dos Ventos Uivantes; além de ter sido responsável por nos juntar, é o meu livro favorito. – Passou-se um tempo de silêncio quando ele acrescentou – E você? Por quê? – Eu pensei um pouco até que respondi:

— Primeiro um maluco da cabeça me propôs isso e eu não tive como recusar. – Ele riu – Segundo porque sair de Londres sempre foi um desejo meu, além de ser a chance de fugir da vida que me impuseram. E também por causa do livro, que também é meu favorito. – Toquei seu nariz carinhosamente e ele sorriu – E claro, tem a questão de a gente viver junto e blá blá blá. – Ele riu e me puxou para um abraço.

— Vamos ser muitos felizes lá. – Ele disse.

— Tenho certeza que sim. – Falei em resposta.

E cá estávamos nós, semanas depois do ocorrido, com tudo pronto para irmos. Eu iria sair ao amanhecer e me encontrar com ele na estação, apenas com uma malinha pequena com algumas roupas e apenas isso. O resto iríamos comprar lá.

No dia da fuga eu nem mesmo consegui dormir. Quando amanheceu, já estava sentada na minha cama, a mala pronta. Quando vi o sol nascendo, logo me levantei para ir embora. Porém, quando estava deixando o quarto, algo me chamou a atenção. O livro. Apressadamente, peguei-o e enfiei de qualquer jeito na mala. Não podia deixá-lo para trás.

Silenciosamente como nunca fui, desci as escadas e fui em direção do quarto de Blue. Deslizei a carta com as instruções e despedidas por debaixo da porta e fiquei, ainda por um momento, ali na frente. Mais do que tudo, sentiria muita falta de Blue. Dei as costas e abri a porta absurdamente grande da nossa casa de forma cautelosa. Antes de sair, dei uma última olhada naquele salão. Tudo em excesso, tudo muito demasiado para tão poucas pessoas. Interessante, percebi, como me dei conta do quão exagerado era meu estilo de vida depois de conhecer Robin. Ele me apresentou a simplicidade e isso me alegrava.

Ainda que não fosse para mim, que não combinasse com meu eu, aquela casa fora a única que eu tivera em toda a minha vida. Senti um aperto no peito ao vê-la e saber que seria a última vez. Ainda assim, dei as costas e fui embora, deixando tudo o que tinha vivido até ali para trás.

Com a malinha debaixo do braço, andei pelas ruas desertas de Londres com cuidado o bastante para não fazer nenhum barulho; mesmo assim, como a estrada estava absolutamente vazia, cada passo parecia um estrondo.

Assim que cheguei na estação, dei a passagem que Robin havia me dado na última vez que nos vimos. Quando deixaram que entrasse, a primeira coisa que vi foi Robin já lá dentro, olhando ao redor, nervoso.

Quando o vi, a ficha do que estávamos fazendo caiu. Lágrimas começaram a surgir em meus olhos, e eu não conseguia me mexer. Antes que recuperasse os movimentos, Robin me avistou e veio na minha direção, sorrindo que nem bobo.

— Você chegou. – Ele colocou meu rosto entre suas mãos e veio me beijar, mas hesitou quando viu que eu não estava retribuindo – O que foi? Aconteceu alguma coisa? – Finalmente consegui falar:

— Sim. Eu finalmente percebi o que estamos fazendo. – Olhei em seus olhos e ele percebeu o medo que estava estampado em meu olhar.

— Regina... – Ele se afastou – Regina, você está desistindo?

Não respondi. Continuei olhando para ele até que, aos poucos, me aproximei. Ele me olhava, confuso, com uma mescla de desespero e raiva tomar conta de seu rosto. Quando cheguei perto o bastante, puxei seu rosto para o meu e o beijei. E foi o primeiro beijo que tinha partido de iniciativa minha. E por essa razão, todo o desejo e saudade que sentia foram aplicados nesse beijo. Quando nos separamos, Robin arfava, me olhando ainda mais confuso.

— Eu nunca iria desistir disso. – Eu falei – Finalmente percebi o que estamos fazendo. E eu nunca me senti tão feliz em toda a minha vida, Robin. Nunca. Estou com medo, contudo. Mas isso não importa, não importa o quão assustada eu esteja. Minha felicidade está ultrapassando isso. Obrigada. Obrigada, obrigada, obrigada. – Eu o abracei. Senti sua bochecha roçar minha pele e percebi que ele sorria. Cochichei no seu ouvido – Aproveite bem porque essa vai ser a última vez que você vai me ver sendo romântica. – Ele riu e me abraçou mais forte.

— Eu amo você. – Ele disse.

— E eu amo você. – Respondi.

Ficamos ali abraçados até o trem chegar. Quando ele o fez, fomos provavelmente os primeiros a saltar para dentro. Como fiquei no lugar da janela, Robin ficou ao meu lado, apertando minha mão, enquanto eu via tudo o que era minha vida antes desaparecer ao longe.

—- # --

7 de junho de 1915 – Uma semana depois do ataque a Londres.

POV. Robin Hood

                Uma semana tinha se passado desde que embarcamos no trem para Yorkshire.  Ainda estávamos no trem, esperando para chegar em nosso destino. Logo depois de termos subido na locomotiva, ouvimos a notícia de que Londres havia sido atacada por zepelins no dia em que resolvemos subir. Isso já tinha sido o bastante para me devastar, mas Regina ficara inconsolável. Ela sempre se sentiu muito afetada pela guerra e também tinha o fato de que ela já estava suficientemente assustada com a ideia de deixar sua cidade natal para fugir comigo. Foram precisos uns três dias para que ela parasse de ter pesadelos e que eu conseguisse acalma-la. Claro que, enquanto ela não dormisse, eu não conseguiria dormir. Nada me enlouquecia mais do que ter Regina angustiada. Agora, sete dias depois do ataque, ela já estava mais serena, o que me permitia dormir direito depois de um bom tempo.

                Apesar deste acontecido, eu estava muito feliz em finalmente deixar tudo para trás para ficar com a mulher que amo. E eu sabia que Regina também, o que me alegrava ainda mais. Mesmo que estivesse mais feliz do que jamais estive, sempre que lembrava de Emma e Killian que ficaram para trás me dava um aperto no coração. Sabia que era assim para Regina também com Blue. E não só com Blue. Ainda que ela não me falasse, eu tinha ciência de que ela sentia falta dos pais. Mesmo que não admitisse, não vê-los iria deixá-la angustiada. Ela os amava, apesar de tudo.

                - Robin. – Ela me chamou. Estávamos abraçados, ela deitada por cima de meu peito enquanto eu apoiava minha cabeça na janela. Normalmente dormíamos nessa posição.

                - Oi, mozão. Diga. – Ela riu. Se tínhamos algo em comum, eu e Regina, era que nós nos amávamos muito e éramos românticos quando necessário, mas nunca chegávamos ao ponto de sermos melodramáticos ou melosos. Por isso não nos chamávamos de “meu amor” ou algo do tipo.

                - Eu nunca... Nunca saí de Londres. Não sei como são outros lugares ou se existe algo de diferente lá, quero dizer, relacionado a costumes. Eu temo que... Eu não sei se eu vou saber como me portar lá, entende...? – Ela evitava me olhar. Notei que suas bochechas estavam vermelhas e não pude evitar soltar uma risadinha.

                - Regina, seja você mesma. Eu não quero que você mude lá. Não acho, inclusive, que será necessário. Vamos apenas viver a vida, entendes? – Beijei sua testa – Eu vou estar lá com você. Fique calma, vai dar tudo certo. Vou proteger você. – A abracei mais forte e senti seu corpo estremecer – E ainda tem o fato de que, como já morei lá, tenho alguns conhecidos. Velhos amigos da família. Qualquer coisa que precisarmos eles irão nos prover. Não precisa se preocupar. – Ela assentiu e apoiou sua cabeça em meu braço.

                Era impressionante o fato de que, não importa quanto tempo passemos juntos, sempre agiríamos e sentiríamos como se fosse a primeira vez que nos beijássemos, tocássemos, disséssemos um “eu te amo”. Por exemplo, eu já beijei Regina várias vezes. Mas apenas os seus gestos de apoiar a cabeça em meu braço e acariciar minha mão como ela estava fazendo agora eram necessários para fazer com que um arrepio, como se fosse uma corrente de eletricidade, corresse todo o meu corpo; fazer com que meu peito se aquecesse e meu cérebro se contorcesse em um nó, me fazendo ficar tonto. Qualquer toque seu era o bastante para que todo o meu sistema nervoso entrasse em colapso.

                Lembro que, quando me disse que estava apaixonado por Emma, Killian contara que tudo o que sentia quando estava perto dela era algo simplesmente indescritível. Algo ele até tentou me explicar, mas não deu muito certo.

                “É como se... Eu não sei como dizer”, me contara ele, “Como se quando ela entrasse no meu campo de visão tudo ficasse em preto e branco, com apenas ela reluzindo em cores”.

                “Killian, você está ficando daltônico? Existem muitos médicos para resolver is...”.

                “Não, não é isso, você não está entendendo. Eu quero dizer que ela rouba toda a atenção”.

                “E por que não disse isso antes?”

                “Porque é mais que isso, é como se só ela existisse no mundo”.

                “Companheiro, você está insinuando que acredita que o apocalipse está próximo?”

                “Robin...”

                “E se é como se só ela existisse no mundo, isso não implicaria que você também deixaria de existir? Como pode perceber que ela é única no mundo se você não existe?”

                “Ah, esqueça. Acho que você só vai conseguir entender quando se apaixonar”.

                Agora, finalmente, eu entendia. Tudo o que Killian queria dizer era real. Preciso escrever para ele quando chegar a York. Dizer que tudo faz sentido. Tendo Regina ali, nos meus braços, me provava que o amor tinha dessas coisas: tudo só faz sentido quando você o conhece.

POV. Cora Mills

                Tinha se passado uma semana desde que a casa acordou sem um sinal de Regina. Eu e Henry estávamos simplesmente enlouquecendo tentando achar qualquer pista que nos levasse para onde ela poderia estar. Mesmo que estivéssemos preocupados, a pior parte definitivamente fora contar ao Lorde Leopold que sua noiva prometida havia fugido da noite para o dia e não tinha deixado nem mesmo uma carta ou um bilhete. Agora, sete dias depois, se tornara rotina que ele viesse aqui atrás de notícias que poderiam ter surgido. A verdade era que ele realmente parecia preocupado. Enquanto Henry mal parava em casa tentando achar o paradeiro de nossa única filha, eu estava ocupada tentando encontrar qualquer sinal que pudesse me dar uma explicação com relação ao seu desaparecimento. Mesmo que eu já tivesse uma ideia.

                Foi muito conveniente ela ter desaparecido um pouco antes de seu casamento, assim como foi muita “coincidência” isso ter acontecido depois que ela, supostamente, expulsou aquele ladrãozinho de sua vida. Nunca engoli 100% essa história. Ainda que suspeitasse de seu paradeiro, não havia contado para ninguém. O quão gigantesco seria um escândalo desses em minha família? Além disso, precisava de provas. Provas. Para que enfim tivesse certeza de onde ela estava.

                Como fazia todos os dias desde que desapareceu, subi para seu quarto para tentar entender o que havia acontecido, para ver de sua perspectiva. Vasculhei seu guarda roupa, seus lençóis na cama, sua cômoda. Não achei absolutamente nada. Frustrada, bati com força a gaveta da cômoda; o móvel se moveu alguns centímetros, tamanha a ferocidade com a qual fechei a gaveta. No que ele se moveu, vi um pedaço de papel debaixo dele.

                Em minha posição de mulher de classe, nunca me passou pela cabeça me abaixar para conferir coisas debaixo dos móveis do quarto de Regina. Deveria ter feito isso antes. Quando peguei o papel que surgiu debaixo da cômoda, vi que era – pasmem! – uma folha que tinha sido arrancada de um livro. Ao lê-la, vi que era de O Morro dos Ventos Uivantes. Regina nunca arrancaria uma folha de um livro, principalmente o seu favorito. Tentei pensar no porquê de ela ter feito isso, até que algo me atingiu como um estalo. O cenário do livro era todo em apenas um lugar.

                Yorkshire.

                Minha filha fugira para Yorkshire.


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Notas finais do capítulo

O que vai acontecer? O que houve com Emma e Killian, em relação as loucuras de Robin? Vai haver casamento? Eles serão felizes? Cora irá atrás deles?
Veja sexta-feira, no Globo Reporte.. Ops...No Nyah Fanfiction.