Até que ponto é fantasia escrita por Niebla


Capítulo 4
De cabeça para baixo?




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Luna’s POV.

 

— Obrigada.

Eu assopro a fumaça fina que subia de minha xícara e bebo um gole. Imediatamente enfio uma bolacha de água e sal na boca para disfarçar a careta que fiz, o gosto amargo do chá sem açúcar pesou bem no fundo do meu estômago. Uma sensação horrível.

— Eu fiz um bolo de micro-ondas. — Serena usa um pano para levar a fôrma de vidro até a mesa. Ela coloca um pote de mel e uma lata de leite condensado ao lado dela antes de sentar e beber o chá.

— Hm… Laranja.

Len estende o prato e ela atenciosamente corta duas fatias, colocando uma no prato dele e outra no meu. Logo coloco um pedaço na boca. Precisava de algo doce.

— Isso é açúcar? — Abro a pequena louça.

— Não, é sal! — Len morde uma bolacha.

— Ha, ha, ha!

Coloco duas colheres de açúcar em meu chá e tomo um gole aliviada. Podia sentir o meu estômago sorrindo com o sabor doce. Eu pego o leite condensado e despejo um pouco no resto do meu bolo.

 — Onde… — Len bufa afastando o mel e finalmente alcançando o leite condensado que eu colocara um pouco fora do lugar.

Ele joga uma boa quantidade em cima do bolo e coloca a lata naquele mesmo lugar. Juntei os pontos concluindo que era importante tudo ficar num lugar mais ou menos certo naquela mesa. Senti vontade de me desculpar, mas sabendo o tipo de pessoa que ele era… Eu me chuto mentalmente. Como podia continuar irritada com aquilo!? Suspiro… Cedo ou tarde aquele assunto voltaria, mas não agora! Coloco o açucareiro e todas outras coisas que mexera no lugar imediatamente.

— Desculpa, eu deveria ter avisado… Eu não adocei o chá todo porque não sabia como você gostava.

— Eu gostei do último que a senhora fez. — Esclareço rápido demais fazendo Len levantar uma sobrancelha. — Nem muito doce nem amargo.

— E eu imaginando que você demoraria, pelo menos, uns três meses para voltar aqui… — Ele lamenta.

Eu viro os olhos. Quando pararíamos com aquilo? Depois de acabar com o próprio chá, ele franze o nariz tocando uma parte vazia da toalha.

— Vó, você não pegou a geleia ou foi essa criatura que colocou do outro lado da mesa?

— Criatura!? — Empurro o pé dele.

— É verdade! Eu esqueci. — Dona Serena ri ameaçando levantar.

— Não, deixa que eu pego.

Ele levanta e rapidamente volta ao seu lugar deixando o pote perto de seu prato.

— O que acharam da exploração? — Serena pergunta animada.

— Surpreendente… — Len responde por nós.

— Gostaram dos livros? — Ela coloca sua xícara vazia no pires. Os olhos dela brilhavam como se quisesse que contássemos tudo.

— Hm… Então você sabia o tempo todo o que tinha dentro da arca? — Len levanta uma sobrancelha enquanto mexia na geleia. Ele estava sendo bastante esperto.

— Não, mas vi vocês mexendo… Gostaram ou não?

— Sim, mas achei que eles são um tanto diferentes… — Jogo verde. — A senhora já tinha lido algum?

— Quem nunca leu um conto de fadas? — Suspira mordendo uma torrada. — Adorava coisas assim quando eu era só uma menina…

Por que eu tinha a impressão de que ela estava mentindo? Estava prestes a falar alguma coisa, mas me distraio ao ver Len quebrar uma bolacha de água e sal em cima do seu bolo. Ele corta mais um pedaço do bolo da forma e passa geleia de uva nele antes de colocá-lo em seu prato.

— O que foi?

Deveria estar irritado por eu estar rindo. Eu encho minha xícara adoçando meu chá enquanto o vejo comer um pedaço.

— Bela combinação… Ficou bom?

— Quem sabe… — Ele dá de ombros. — Ei!

Reclama quando escuta meu o garfo batendo em seu prato. Eu sorria zombeteira provando o pedaço enquanto ele se afastava excessivamente de mim. Até que não estava tão ruim… “Hm… Crocante!” eu murmuro e ele bufa.

— Demorei, mas voltei! — Gabriel avisa ao entrar na cozinha.

— Conseguiu o que precisava? — Len pergunta seguindo o movimento do irmão com a cabeça.

— Quase… tudo.

Com a boca cheia de bolo ele coloca mais coisas no prato, deveria estar faminto. Depois de algumas garfadas apressadas ele se esforça para engolir e pisca para mim.

— Já-já eu te liberto, baixinha!

— Uhul! — Finjo comemorar levantando-me para lavar as louças.

— Não, deixe isso comigo. — Dona Serena corre na minha frente. — Já te explorei demais hoje.

— Tudo bem…

Eu volto a me sentar e distraída, mexo no meu celular que vibrava. Era uma notificação qualquer, mas acabei lendo uma mensagem antiga do meu pai.

— O que foi? — Gabriel pergunta preocupado.

— Hoje era dia de reunião, eles só vão voltar para casa com o meu irmão bem mais tarde.

— Então jante aqui. — Serena sugere.

— E-eu já tenho algo pronto em casa, mas vou pensar nisso.

Sou mais rápida do que Serena que já abria a boca para contrariar. Eu só não queria incomodar… Len suspira indo para a sala e eu espero Gabriel terminar. De barriga cheia e animado, ele me arrasta para a sala. Serena fica com Sherley na cozinha provavelmente pensando no que fazer para o jantar. Cozinhar era o hobby dela e ela era ótima nisso.

— Uau! — Gabriel assovia ao ver a página da internet pronta. Terminamos bem antes do que ele esperava. — Estou te devendo uma.

— Ficou ótimo!

Eu me espalho ainda mais no tapete macio começando a juntar as coisas depois de admirar nosso trabalho.

— Agora eu posso relaxar um pouco… — Suspira aliviado.

— E sair com a Emily amanhã… — Len assobia.

— Como você sabe? — Ele olha para o irmão deitado no sofá.

— Você ficou babando com ela no telefone a noite toda. Sabe que eu não sou obrigado a ouvir aquilo… — Len quase acerta a cara dele com uma almofada. — Ela está no país há duas semanas! Pensei que já teriam parado com isso do telefone…

— Você que tem ouvidos de morcego. — Gabriel coloca a almofada caída no sofá pequeno.

— Emily pra cá, Emily pra lá… — Faz uma careta. — Trocava esse “dom” por uma lasquinha da visão de um morcego. — Dá de ombros.

— Nem vou falar de quando era você e a… — Gabriel começa a falar.

— Nem vem! — Dessa vez o acerta em cheio. — Ops…

Len sorri travesso subindo e descendo as sobrancelhas para o irmão. Eu apenas tentava conter o riso.

— Acho que eu já vou indo.

— Fique para o jantar…

Gabriel me reboca para o sofá grande bagunçando ainda mais os cabelos escuros e rebeldes do irmão.

— Mas ainda vai demorar e eu tenho que fazer umas coisinhas lá e já está escurecendo…

— Você vai e eu te busco lá. Não aceito não como resposta. — Ele aperta minha bochecha. — A vó vai ficar feliz!

— Tenho escolha?

— Não. — Gabriel sorri vitorioso.

— Então até mais tarde.

Dou risada guardando minhas coisas. No fundo da minha bolsa podia ver meu bloco de notas, o mesmo que caíra aberto na biblioteca quase me fazendo ter um ataque cardíaco. Eu o guardara no bolso de trás imediatamente. Sabia que era bobagem, mas eu não pude evitar. Se eu esquecesse aquilo ali e Len ficasse sabendo… Acaricio Sherley que sai da cozinha junto com Serena que olhava para mim com seus olhos verdes sorrindo. 

— Tchau pirralha. — Len comemora.

— Não sou criança!

— E eu com isso?

Ele muda de canal mostrando-se desinteressado e Gabriel bufa sentando no braço do sofá.

— Len…

— Seja mais gentil com a garota. Você sabe que ela é uma boa pessoa! — Dona Serena me abraça.

 — Até a minha vó te defende. Como consegue?

— Você que é implicante.

Eu cruzo os braços desviando o olhar, ele parecia estar se divertindo e muito com o meu aborrecimento.

— A Lun tem toda a razão. — Gabriel ri.

— E só você que não vê isso. — Bufo.

— Nem nada… — Completa dando de ombros. — A porta está bem ali. — Aponta. — Vá!

— Quanta gentileza… Não vai me levar até a porta?

— Vai logo!

Eu saio de lá rindo, imaginando que ele deveria estar fazendo o mesmo. No caminho de volta para casa senti bastante frio, tinha esquecido meu casaco… Abro o grande portão e olho para as janelas procurando por alguma luz acesa. Como imaginava, tudo estava apagado. Chegando no meu quarto, eu esvazio a bolsa na escrivaninha e tomo um banho bem quente pensando em toda aquela loucura das últimas horas.

Era tão incrível! O grande sonho de toda garotinha e bastava abrir um livro. Joguei-me só de toalha na cama imaginando que a qualquer momento iria acordar daquele sonho tão divertido e totalmente fora do normal. Suspiro. Eu parecia uma criança… Era absolutamente incrível, mesmo com Len sendo um idiota… Bem que ele estava um pouco mais tolerável daquela vez e… Que voz era aquela chamando meu nome? Gabriel! Tinha perdido a noção do tempo…

— Lun! — Gabriel grita pela terceira vez, certamente imaginando que eu deveria estar viajando na maionese. — Acorda Luna!

— Cinco minutos! — Grito vestindo minhas roupas em velocidade recorde. — Quase pronta!

Visto um casaco mais pesado e um cachecol enquanto jogava, sem aprestar atenção, uma par de coisas em minha bolsa. Quando saio pela porta da frente cumprimentando Gabriel, meu celular toca, o caço dentro da bolsa atendendo-o. Era meu pai avisando que ele tinha se confundido e que só voltariam na noite do dia seguinte e que ele preferia que eu fosse para a casa de algum parente ao invés de ficar sozinha no fim de semana. Como se eu não ficasse assim a semana inteira…

— O que foi? — Gabriel pergunta quando percebe que eu estava menos animada.

— Meu pai disse que eles só voltarão amanhã… Ele disse que arranjaria alguém para arrumar o sinal da internet daqui e pelo visto não o fez… Tenho que pesquisar umas coisas e não quero ir para casa dos meus tios.

— Fique na nossa casa então!

Ele nem espera eu responder. Ele apenas me reboca para dentro de casa fechando o portão atrás de si.

— M-mas…

— Sem mas. Len vai adorar… — Esfrega as mãos rindo maldosamente.

— Isso que é um irmão mais novo!

— É só você não largar suas coisas por aí… — Diz fazendo uma cara engraçada ao tirar uma bota de cima da estante. — Que ele até pode ser agradável. Acredite, ele está mil vezes mais bem humorado do que de manhã…

— Eu posso explicar. — Não consigo parar de rir. — Está aí por fins artísticos.

Aponto para o desenho da bota no verso do guardanapo sobre a mesinha, eu fizera aquilo ontem à noite, mas tinha me esquecido.

— Com certeza…

— Mas e sua avó, não vou atrapalhar?

 — Ela vai adorar ter mais alguém para elogiar a comida dela! Vá arrumar suas coisas que eu vou esperar no sofá comendo seus cookies!

— Como se eu tivesse escolha… Só não acabe com o pacote! — Digo abrindo as gavetas do meu guarda-roupas e jogando umas roupas numa mochila.

— Pronta?

Ele aparece na porta oferecendo-me o último cookie. Eu coloco minha mochila nas costas e dou meu travesseiro e cobertor para ele levar enquanto comia o cookie. Eu tranco a casa e juntos percorremos o breve caminho até a casa de Dona Serena. Quando chegamos meu estômago ronca com o delicioso cheiro de lasanha.

— Por que demoraram tanto? — Serena pergunta ao abrir a porta.

— Por isso… — Coloco mochila no sofá pequeno olhando para Len que parecia confuso. — Gabriel me convidou para dormir aqui!

Tento abafar o riso quando vejo a cara alegre de Gabriel que cutucava o irmão instantaneamente carrancudo. Ele deveria ficar feliz por podermos ler mais livros!

— Ótimo! — Serena sorri. — Vamos, já está tudo na mesa.

Se o cheiro da lasanha estava bom, o sabor estava esplêndido. Não poupei elogios. Era impossível comer apenas um pedaço. De barriga cheia voltamos para sala e Gabriel colocou um filme de ação qualquer.

Esticada no sofá pequeno e enrolada no meu cobertor, eu aproveito e faço bom uso da internet encontrando o máximo sobre as técnicas que precisava para criar o quadro que já tinha em mente (meu hobby e futura capa de filme). Antes eu não sabia muito bem o que queria, mas com toda aquela viagem dentro dos livros eu praticamente podia ver o resultado final em minha mente.

— Bu!

Len bate com a mão no braço do sofá me assustando. Ele ri quando eu dou um pulo fechando a tela do notebook.

— O que você quer?

— Pensei que estivesse entediada e quisesse “ler” um pouco. — Senta no braço do sofá.

— É sério? Mas e o Gabriel?

— Dormindo. Ele escolhe um filme barulhento desses e desmaia antes da metade… Ele sempre faz isso…

— Você não quer esperar acabar?

— Não gosto muito de filmes assim…

Ele não precisou me dizer mais nada. Imediatamente fomos até a biblioteca. Tudo estava exatamente onde tínhamos deixado.

— Qual vai ser dessa vez?

— Puxa um aí. — Sugiro.

— Vai ser… — Ele mostra os dois lados do livro.

— Aladim e a lâmpada fantástica. Mas eu não quero ser a princesa “presa” no castelo de novo!

— Mas vai ser!

Ele implica sacudindo o livro de cabeça para baixo na minha frente. Ah… Ele pediu briga e é isso o que ele teria…

— Vou é? — Tento roubar o livro para guardá-lo, mas Len o abre assim que o toco.

“Era uma vez um jovem que se recusava a aprender o oficio do pai que era um pobre alfaiate que acabou falecendo quando ele ainda era muito novo. Sua mãe passou a fiar algodão para sustentar a família, já que o garoto passava a maior parte do dia fora de casa e não a ajudava trabalhando”.

— Corre! — “O mais novo dos três garotos grita jogando uma maçã nas mão de Aladiny”.

— O quê? — “Ela quase cai de cara no chão enquanto fugia do comerciante irritado que corria atrás dos garotos que roubaram suas frutas”.

“Ela vai para a parte mais movimentada da rua e entra numa tenda vazia, escondendo-se atrás dos tecidos. Ela suspira aliviada passando a mão em seus cabelos bastante curtos quando vê o comerciante se afastar”.

— Que estranho. — “Ela se sacode, sentia como se tivesse ficado de cabeça para baixo”. — Também estou menor… — “Repara, era como se estivesse um pouco mais nova… Olha para suas roupas pouco femininas e para o lenço que usava no pescoço, parecia um garoto”.

“Ela devora a maçã caminhando automaticamente de volta para sua pequena e simples casa, mas para subitamente olhando para um barril, ela pega suas roupas e entra na casinha abandonada ajeitando intuitivamente seu véu antes de entrar na própria casa”.

— Venha aqui… minha garota? — “A viúva entorta as sobrancelhas, abraçando a filha”. — Eu fiz o almoço. É pouco, mas fiz com carinho. — “Ela sorri puxando o lenço que cobria os cabelos da filha, ela torce o nariz para eles. Aladiny era tão desatenta com essas coisas… Ela os arruma e coloca o véu de volta”.

— Eu estou bem, já comi o bastante hoje, é melhor a senhora comer. — “Ignora o ronco de seu estômago, de certa forma sabia que a mãe abrira mão da própria refeição para dar para ela”.

— Tem certeza? — “Ela coloca o prato na mesa”.

— Tenho. Vou sair mais um pouco. Não se preocupe comigo. — “Vai até a porta”.

— Só não vá se meter em encrencas! — “Recomenda, mas a garota já tinha saído. Era sempre tão despreocupada, várias vezes sumia por dias sem dar notícias”.

“A garota chuta o chão de areia, não queria dar mais trabalho para mãe, mas num reino cheio de riquezas e grandes pobrezas era difícil mudar de vida”.

 — Esses sentimentos… — “Ela sorri”. — Fazem tudo da história ser mais pessoal e cheio de sentido! — “Caminha pelo comércio sem perceber que estava sendo observada por um feiticeiro africano muito bem vestido que procurava por um jovem”.

— Por quê? — “Ela murmura para o nada pouco antes de tropeçar e cair em cima de uns rolos de tecido de um comerciante mal humorado que passara a manhã tentando deixá-los perfeitamente alinhados”.

— Calma. Eu vou arrumar! — “Aladiny tenta ajeitar os rolos que escorregavam. Ela pega a pequena faca que carregava e arranha a madeira em que eles estavam apoiados o bastante para que parassem de escorregar”.

— Hmpf… Mesmo assim você me deve uma moeda por tê-los sujado. — “A informa enquanto o feiticeiro perguntava para uns garotos que a observavam sobre ela. Ela era perfeita para o que queria, mesmo que esperasse encontrar um garoto, não uma garota”.

— Você é Aladiny, a filha do alfaiate? — “Pergunta com sua voz sedosa entregando uma moeda para o comerciante antes de levá-la para longe da loja”.

— Sim, mas ele morreu faz tempo.

— Eu sinto muito… — “Ele a abraça sem permissão”. — Você tem os olhos dele. Eu sou seu tio. Deve ser difícil para você e para sua mãe… — “Ele se afasta”.

— Eu não tenho tios. — “Afirma um tanto arisca, aquilo era algo que ela saberia, não?”.

— Seu pai nunca deve ter falado de mim. Eu vivia viajando. — “Ele suspira”. — Quero ajudar vocês, mas não quero ferir seu orgulho… Já sei! — “Finge ter uma ideia”. — Eu preciso de um favor, se você o fizer eu a recompensarei. — “Mostra várias moedas de ouro”.

— Que favor? — “Aladiny se aproxima, curiosa”.

— Eu preciso de uma lâmpada que fica dentro de uma caverna mágica, mas eu não posso entrar. Se você me trouxer a lâmpada, eu te darei muitas dessas”

— Fechado. — “Ela aceita apesar de achar aquele negócio suspeito, afinal, imaginava que ‘seu tio’ não a faria mal”.

— Volte aqui ao anoitecer. Ah… Uma prévia. — “Entrega aquelas moedas”. — Além disso vamos para a melhor tenda escolher roupas novas para você.

 “Depois escolher dentre tantas peças finas a mais confortável, Aladiny deixa as moedas em casa e sai para caminhar pensando no que fazer a seguir. Algo importante estava por acontecer. Ela se perguntava onde estaria seu companheiro de viagens…”.

“Quando a noite chega ela volta para o mesmo lugar encontrando o feiticeiro”.

— Boa noite! — “A cumprimenta animado”. — Vamos! — “Pede para Aladiny o seguir e ela o faz em silêncio”.

— Chegamos? — “Pergunta quando o vê parar num vale estreito ao pé das montanhas”.

— Sim, mas precisamos abrir a passagem. — “Com a ajuda da garota ele acende uma fogueira na frente de uma pedra, então joga um incenso no fogo pronunciando palavras que Aladiny não compreende”. — Agora, remova essa pedra, eu não posso fazer isso.

“Ela o faz estranhando o fato de uma pedra tão grande não ser tão pesada. Ela olha para a estreita entrada perguntando-se o que encontraria lá dentro”.

— Você vai encontrar três grandes salões cheios de riquezas. Não toque nos vasos de bronze cheios de ouro e prata e muito menos nas paredes! — “Alerta”. — No terceiro salão haverá um grande jardim encantado, bem no fim, num nicho do muro, você verá uma lâmpada acesa que você vai apagar, jogar o azeite e pavio fora e trazer para mim, entendeu?

— Entendi.

— Tome, isso vai proteger você. — “Coloca um anel no indicador dela e a ajuda a descer em segurança”.

“Ela corre pelos grandes salões sem tocar em nada, quando encontra a lâmpada ela faz o que ele pedira e volta com cuidado admirando as belas árvores do jardim, notando que ao invés de frutos davam pedras preciosas”.

— Vou precisar de ajuda para subir. — “A garota pede quando escala o máximo que podia”.

— Primeiro a lâmpada. — “Pede o feiticeiro estendendo a mão”.

— Não mesmo! — “Ela afasta a lâmpada. Caso o homem tivesse o que queria, nada garantiria sua saída dali”.

— Então vai ficar aí para sempre. — “Ri maldoso tampando a saída e deixando a garota no escuro. Ele convenceria outro jovem a buscar a lâmpada e com ela se tornaria o homem mais poderoso do mundo”.

— Droga! — “Aladiny, depois de tentar empurrar a pedra, anda pelos salões procurando algo que a ajudasse a sair”.

“Ela caminha cuidadosamente até o último salão. Pequenos fios de luz tocavam as enormes pedras preciosas das árvores iluminando-as. Já que ficaria ali, resolve pegá-las, elas poderiam ser duras o bastante para arranhar a pedra que tampava a entrada, se enfraquecesse uma das bordas poderia dar um jeito de sair. Com os bolsos cheios ela volta para lá conseguindo arranhar a pedra da entrada”.

“Para continuar precisaria de algo para proteger seus dedos, um pano talvez… Ela desce com todo o cuidado do mundo, mas mesmo assim escorrega deixando a lâmpada cair. Por sorte, ela não se machuca”.

— Onde…? — “Ela tateia ao redor chegando perto da lâmpada a sua esquerda”. — É, Len… O narrador às vezes ajuda… — “Sussurra consigo pegando a lâmpada”.

“Tinha que parar com aquilo… Sentindo frio ela esfrega uma mão na outra percebendo que saia uma espécie de fumaça de seu anel. A terra treme e de dentro dela sai um gênio enorme e feio”.

— Sou o gênio do anel. O que deseja? — “Espera por uma ordem”.

— Eu quero sair daqui. — “Ela pede um tanto assustada”.

“O gênio abre o ‘teto’ e a tira de lá pouco antes de desaparecer. Cansada e faminta, ela volta para casa e pede para a mãe alguma comida”.

— Não temos nada hoje. — “Ela lamenta”. — Eu posso vender umas roupas que costurei e… O que é isso?

“Ela pega a lâmpada que a filha segurava e a esfrega tentando limpá-la, afinal estava toda suja de terra. Uma fumaça escura começa a sair da lâmpada, clareando quando aumenta de volume a ponto de iluminar tudo à sua volta, dela sai um gênio que olha para elas”.

— Sou o gênio da lâmpada, realizarei os desejos de quem a estiver segurando. O que deseja, mestre? — “Pergunta assustando a viúva que não consegue dizer nada”.

— Oi, sou Aladiny. — “Resolve se apresentar”. — É eu quero algo para comer. — “Pede sentando-se na cadeira com a lâmpada em mãos”.

“O gênio desaparece e segundos depois volta com uma grande bandeja com doze pratos de excelentes comidas. Aladiny e sua mãe nunca tinham comido algo tão saboroso! Depois de terminarem a garota adormece a viúva vende um dos pratos recebendo quase nada. Não querendo acumulá-los ela leva o restante para a loja de um ourives honesto que lhe paga um preço justo pelas peças de prata. Com isso ela consegue o suficiente para viverem muito confortavelmente por um bom tempo”.

 


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Notas finais do capítulo

Continua...



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