Pacote de Bolachas

Por July Evans

Por que estou fazendo isso? Nem eu mesmo sei bem. Talvez seja uma forma melhor de exemplificar a minha vida amorosa... Ou talvez seja apenas um jeito mais proveitoso de passar o tempo. Não sei. Sei apenas que estou agora sentado no sofá da sala de minha casa, simplesmente comendo um pacote de bolachas e pensando em você. Quero dizer, escrevendo para você, apenas o que eu quero que você saiba, que a minha vida até aqui foi como um pacote de bolachas. Sim, é estranho, mas ao olhar para esse pacote de bolachas que tenho agora em minha frente, eu vejo a grande semelhança entre ele e minha situação atual. Vou te explicar como.

A partir de certa altura, todos nós tomamos conhecimento sobre a existência das bolachas e que elas têm um ótimo sabor. Mas, geralmente, só conseguimos essas guloseimas através de quem nos oferecem. Porém, a primeira vez em que temos o nosso próprio pacote de bolachas em mãos é sempre diferente, porque nunca sabemos ao certo se vamos gostar ou não, mas, se gostarmos, de uma coisa podemos ter certeza: ainda nos restam muitas bolachas até o pacote acabar.

A segunda bolacha que comemos também nos deixa um pouco extasiados, porque é a confirmação daquele sabor em nosso paladar. Mas, a partir daí, comemos as outras bolachas por uma certa continuação daquele ato já iniciado. Podemos até ter fome ou não, mas mesmo assim continuamos comendo. Até podemos dividi-las com alguém, mas geralmente dividimos apenas com as pessoas que gostamos, porque o nosso pacote de bolachas não é para ser dividido com qualquer um. E continuamos a comê-las.

Só que em determinado momento, começamos a ficar um pouco saturados das bolachas. O problema é que, como já estamos a um certo tempo comendo, não podemos deixar de comê-las até o fim. Podemos fazer pequenas pausas, mas nunca parar.

Quando estamos prestes a terminar de comer as bolachas daquele pacote, nos damos conta de que a última bolacha está cada vez mais próxima, porque, sim, um hora as bolachas teriam que acabar e a última bolacha é, de longe, a melhor de todas. Melhor até mesmo do que a primeira. Os motivos para eu afirmar isso são muito simples: aquela bolacha dará um fim àquele pacote o qual nos empenhamos tanto em comer. É a que dá mais trabalho para se tirar do pacote, porque não há nenhuma outra por baixo, então, temos que abri-lo, já que não podemos simplesmente empurrá-la a força, se não acabamos por quebrá-la. Mas se, mesmo assim, ela sair um pouco quebrada, sempre nos dá um prazer imenso comê-la e nunca podemos dividi-la com ninguém, já que é a última bolacha do nosso pacote.

E agora eu chego a conclusão de que isso é a analogia da minha vida até hoje. A primeira garota com quem eu saí foi pura e simplesmente para experimentar algo de que eu já tinha ouvido falar que era bom. Com as que se seguiram também. Mas a certa altura, eu já sabia que você estava ali, inalcançável no momento, mas você estava ali. E foi muito difícil chegar até você, porque eu não podia magoá-la, afinal, você não era somente mais uma das garotas que já haviam passado por mim. Seria a última. Podem até dizer que você não é a melhor e que é até igual às outras, mas para mim é diferente, porque eu anseio por ti. E é assim que eu te vejo e é assim que eu te quero. Porque assim como uma hora a última bolacha chegará e nós teremos de optar por dar fim aquilo, aproveitando essa última bolacha, ou abrir outro pacote, eu decidi que você, Lily Evans, será a última e a melhor garota de minha vida. Por que eu digo isso? Porque até um simples pacote de bolachas me faz pensar em você.

Alguém que nunca vai deixar de te amar, por mais que você não acredite nisso.

James Potter