Fiquei a pensar do que o Dr. Luís disse e eu acho que ele tem razão, tenho que ter mais confiança em mim mesma. Tenho que deixar de ter medo de uma vez por todas. Estava quase a sair do hospital, quando alguém bateu em mim e eu caí no chão.

— Peço desculpa, está bem? Estava a ler uns papéis e não vi a jovem. Peço imensas desculpas. - disse o desconhecido para mim, estendendo a mão para me ajudar. 

— Não tem mal, eu também ia distraída com os meus pensamentos! - disse eu com um tom envergonhado.

Rejeitei a mão dele e levantei-me sozinha e aí consegui vê-lo corretamente. Nunca tinha visto um homem tão giro como ele. Ele é alto, talvez um metro e noventa, tem olhos cor de chocolate e um cabelo em tons de caramelo e nota-se que faz exercício pois tem cá um corpaço. 

Mas o que eu estou a pensar? Nossa senhora....

— A jovem está bem? - disse o homem ao ver que eu o olhava fixamente. 

— Ah sim estou. Peço desculpa também. - disse eu com vergonha e cheia de calor, Parece que a temperatura subiu dez graus. 

— Não faz mal, já agora chamo-me Gonçalo e trabalho neste hospital. E você como se chama?- disse ele num tom cordial.

Ele tem uma voz tão profunda e com uma sonoridade incrível. E tem uma boca que é dada para o pecado. Apetecia-me trincar-lhe os lábios e ver a que é que sabe. Mas o que é que me está dar? Porquê que estou a ter estes pensamentos tão esquisitos perante um desconhecido. Principalmente ele sendo um desconhecido. Não devo confiar nele.

— Sou a Judite e sou uma estudante da universidade. - disse eu começando a afastar-me para ir embora o mais depressa possível.

— Espere! Por tê-la transtornado e como forma de me desculpar mais, convenientemente, convido-a para um café. Aceita?

— Obrigada mas não. Adeus. - Saí dali a correr, como um diabo foge da cruz. Preciso de manter a minha mente limpa e deixar de pensar nele.

Saio do hospital e vou para casa estudar para os meus exames finais.

Quando chego a casa, pouso as minhas coisas e vou fazer um lanche para mim. Ah, quase me esquecia tenho que mandar uma mensagem à Madalena a dizer que já cheguei a casa. Vou buscar o telemóvel à mala e reparo que ele não está. Oh não, devo tê-lo deixado cair quando caí no chão. E agora o que é que eu faço?