Keep u Safe. escrita por Liids River


Capítulo 13
Way down,we go.


Notas iniciais do capítulo

Olá
não é uma miragem
sou eu mesmo
SAUHSAUHSAUHSUSA
ai meu coração
Vamos as explicações : eu demorei pra caramba? demorei pra caramba.
por que,sua maldita? - você deve se perguntar.
eu não queria terminar keep u safe,essa história que inicialmente deveria ter 4 capitulos,se prolongou para 6 e agora estamos no 13 ( se prolongou mais do que eu gostaria) e mesmo assim,eu não queria terminar
quando eu não quero terminar uma coisa,eu finjo que esqueci dela
(eu nunca vi o final de house porque eu não quero que acabe. E não acabou pra mim,fim.)
Não façam isso.Não sejam como eu.
Felizmente/Infelizmente eu terminei.
Eu nunca demorei tanto pra escrever um capitulo de Keep U Safe como demorei nesse. Tanto porque eu não queria que acabasse quanto porque teria que ser perfeito pra mim. E olha,foi. Eu estou feliz com o resultado.

playlist da escrita desse fnal lindezo :
→ WAY DOWN,WE GO (também conhecido como nome do capitulo) - Kaleo ;
→ Runnin' - Jensen Ackles (sim,o cara de Supernatural,aquele goxtoso) ;
→ Broken - Jake Bugg ( que n pode faltar afinal).

talvez eu faça um epílogo
talvez eu poste mais alguma coisa aqui,não sei.
>>>> LEIAM O FINAL EE DEPOIS - E SÓ DEPOIS - LEIAM AS NOTAS FINAIS



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Eram duas respirações agora. A minha e a dela. Não havia mais o ladrão de bolinhos. Não havia mais o cara mais esquisito e pálido que eu já havia conhecido. Eu não tinha mais que preocupar com Annabeth sorrindo e pegando na mão de outro garoto. Preocupando-se e cuidando de outro rapaz.

Então porquê eu sentia um vazio enorme no meu peito? Se não havia mais com quê me preocupar...porquê eu estava tão preocupado?

Existem situações na vida em que você,mero humano,acha que tem controle de tudo. Acha que é um show de fantoches e você está controlando tudo. Você é o mestre do ventrículo.

E você é um tolo por achar isso. Você não é nada.

Você não tem controle de porcaria nenhuma. Não tem controle das batidas do seu coração,vai ter controle dos movimentos de outras pessoas?

E esse foi meu maior erro.

Eu não tinha mais com quê me preocupar.

Eu ia levar o Nico de volta aos seus pais.

Talvez eles já tenham tido o mesmo destino dele. Não pense nisso.

“Ei,olhos verdes! Coloque os bolinhos no chão”

Estava no chão. A poça de sangue e miolos fez meu estômago revirar. Os cabelos ensebados cobertos pelo próprio sangue. A mão direita estava caída em cima do peito e a mão esquerda,jogada no chão sem movimento. Aquantidade de sangue era absurda.

Eu já havia matado muitos...mas eles não tinham essa quantidade assim.

A poça de sangue fazia um caminho engraçado até o meu pé. Como se já não fosse o suficiente vê-lo jogado no chão ao meu lado,o sangue daquele infeliz estava me mandando uma mensagem : é culpa sua,seu babaca.

“Então...vocês andam em círculos esse tempo todo?!”

Você fez isso também....você só não percebeu. Você deixou de atrás dos seus para vir atrás dos meus. Eu estou acostumado a perder pessoas : pai,mãe,Paine...

Mas nada teria me preparado para perder Nico Di Angelo. Eu gostaria de ter mais cinco minutos com ele e dizer-lhe tudo que estava preso na minha garganta. No meu peito e poder só...dizer o que aquele imbecil era pra mim.

“Eu vou sentir falta disso”

E eu vou sentir sua falta.

“Ontem eu livrei sua pele por oito vezes e nem um obrigado você me deu!”

Ah cara.

“Pensa demais,se preocupa demais e não está vivendo do jeito certo,cara!”

Eu sei. Mas você não está vivendo de jeito nenhum agora,o que você quer que eu faça?

“Eu quero que esse seu sofrimento tenha um propósito, Percy”

Todo sofrimento tem? Se o ser humano pudesse sentar em uma cadeira de balanço,olhar para a parede e ouvir suas músicas sofrendo,esse sofrimento teria propósito?

O meu,nesse instante tinha nome e sobrenome. Ridiculo.

Nico Di Angelo.

Lá vai mais alguns monólogos sobre como Nico Di Angelo fazia com que eu me sentisse.

Quando ele me enfrentava,eu ficava tão irritado que sentia vontade de contar o que tínhamos e depois cortá-lo em dois.  Porque ele não podia só concordar mesmo que odiasse tudo que eu dizia? E ficar quieto. Aceitar as minhas ordens e fim. Mas ele não era um cachorrinho e eu entendo isso. E mesmo assim,ainda sentia vontade de acabar com a sua cara na porrada.

Quando ele concordava comigo,eu ficava tão irritado e sentia vontade cortar o que tínhamos e depois me contar em pedacinhos. Qual o meu problema? Não era isso que eu queria? Era. Mas não assim. Quando ele concordava comigo e argumentava,as coisas eram diferentes. Eu estava formando o carater de Nico e era muita responsabilidade para mim. Quando ele conseguia expor o que queria dizer,eu me sentia um Deus. E estava acompanhado do melhor.

Quando Nico me fazia rir,eu ficava tão irritado. Há algo de errado comigo,definitivamente. Eu não gostava de rir,não gostava de parecer feliz demais. E ele fazia isso acontecer e eu ficava tão irritado,que eu fico ainda mais só de pensar sobre isso. Eu não gostava de rir,mas Nico não desistia de mim. E eu não desistia dele.

Quando Nico ficava em silencio,eu ficava tão,mas tão irritado! Seu silencio era mais perturbador que o de Annabeth.

Quando Nico me xingava,eu sentia-me contente. Ele negava até o ultimo instante,mas éramos mais parecidos do que gostaríamos. Eu negava isso também,no início. Mas Nico era uma parte de mim : a melhor parte de mim.

E eu não sei o que eu iria me tornar sem ele.

Eu tinha medo do que eu iria me tornar sem ele. Nico era a calmaria no meio do caos.

Nós somos um conjunto de forças da natureza. Annabeth é o sol bonito e limpo que abre depois de uma semana inteira de chuva interminável. As vezes,ela mesma era a chuva interminável.

Nico era uma tarde de outuno,fria mas aconchegante. Quando você pensa em ficar em casa lendo e tomando seu chá cheio de frufru,mas a tarde de outono te abraça assim como as folhas caem das árvores. Esse era Nico : ele te abraçava mesmo sem você perceber.

Nós somos um conjunto de forças da natureza,eu repito. O meu problema,é ser na maior parte do tempo,o tipo “desastre natural”. Um tsunami,furacão,terremoto,ciclone,acidente nuclear,tempestade,tufão,epidemia... essas coisas.

E eu precisava de Nico para arrumar tudo depois. Precisa de Annabeth para clarear as coisas.

E eu havia evitado tanto isso... depender de outras pessoas para esse tipo de coisa.

Mas foi como eu disse no início de tudo isso : somos tolos por achar que temos controle de alguma coisa.

A respiração dela agora era o fio que mantinha meu coração dentro da caixa torácica. E eu tinha que mantê-lo lá.

As coisas saíram do meu controle assim que eu decidi ajudar essa garota na igreja. Era tudo culpa dela.

Frederick segurava a arma ainda apontada para onde Nico estava,trêmulo. O corpo de Malcom jogado no chão,no fim da escada – eu já não sentia nenhum pingo de culpa por aquilo.

Em um movimento quase lendário,Annabeth jogou a perna esquerda por cima do braço de Frederick,jogando a arma no chão e dando-lhe um soco na fuça. Frederick sorria e fazia reverências à Annabeth,como se ela fosse uma rainha. Ela se abaixou para pegar a arma e veio até mim.

Eu tinha meus olhos bem fixos em Frederick e tentava me mover....mas eu estava paralisado,olhando-o. Eu tinha minha cabeça a mil e meu corpo a zero absoluto.

— Percy...- ela sussurrou,pegando meu rosto nas mãos. – Ei,volta.

Eu estou aqui.

Eu queria dizer,mas... onde diabos está a minha voz?

Frederick tinha uma das mãos agora pressionando o braço machucado. Eu havia feito aquilo,certo?Parece-me algo que eu faria.

— Percy... – Annabeth sussurrou,a voz chorosa. Ela desviou os olhos para o chão e suspirou – Por favor..

Frederick fez um movimento de quem ia se mover e ela virou-se para ele,a arma em mãos. Mais uma vez Frederick sorriu de lado e fez outra reverência.

— O que aconteceu com o Malcom? – ela perguntou,soluçando um pouco. 

— Seu namorado atirou nele,você viu. – ele disse calmamente. – Seu namorado,atirou em um dos seus,Annabeth. Em um Chase. Você vai deixar isso impune?

Ela riu.

Ananbeth riu.

Eu quase sorri.

— Ele é um dos meus. – murmurou – E você sabe muito bem do que eu estou falando!  -ela gritou. – Tem dias,Frederick,que o Malcom não comia direito. Dias que ele não dormia...o que você está escondendo de mim? E por que isso – ela pontou para Malcom – por que isso agora?

— O apocalipse faz isso,meu amor.

Ela disparou perto da cabeça dele. Frederick abaixou-se assustado e arregalou os olhos ao olhar de volta para ela. Essa fora uma das poucas vezes nesta noite que eu via aquele sentimento em seus olhos.

— Não me teste,Frederick – ela murmurou baixinho.

— Há alguns dias,Annabeth – ele começou – Eu tenho feito isso sem você reparar.

— O que quer dizer?

— Malcom foi mordido bem antes de pagarmos você. – ele disse. – Bem antes desse seu namoradinho marginal mata-lo,eu estava testando alguns experimentos nele. E em você,há dois dias.

— O que? – ela sussurrou perdendo um pouco a postura.

Eu queria estar ali para ela. Mas em mente,eu estava bem longe.

— Eu me encontrei com alguns colegas de faculdade-

—Você era jornalista!

— Ei – ele repreendeu. – Estou falando,querida.

Eu queria muito rir. Queria cortá-lo no meio da frase e fazê-lo perceber que tudo aquilo era desnecessário : que ele já era um homem morto. E que só faltava uma coisinha para que aquilo fosse verdade. Mas Annabeth precisa das respostas dela e eu não impediria aquilo.

— Eu sinto muito não ter dito antes – ele murmurou e Annabeth riu sem humor. – Não queria mantê-la com suas esperanças... Nos encontramos há alguns meses e alguns dos meus colegas de faculdade,estudiosos da Ciência estariam criando uma cura para tudo o que vem acontecendo – sussurrou,olhando o corpo de Malcom – Eles precisavam de uma criança,precisavam de uma criança infectada... então Malcom me pareceu uma boa escolha.

— E como você deixou que ele fosse mordido,seu... – ela perdeu a voz,a mão trêmula.

— Ele estava bem quando o levei até lá,querida – ele olhou-a nos olhos– Deixamos que ele fosse mordido de propósito.

— Você ... o que? – Annabeth resmungou,chocada. – Você permitiu que isso – ela apontou para o corpo de Malcom sem olhar – acontecesse!

— Quem atirou nele foi o seu namorado,não ouse me culpar por isso,sua pestinha! – ele gritou com ela. Annabeth era forte,mas deixou-se encolher um pouco com o tom bruto de seu “pai”.

— Você fez isso com ele! – ela acusou – Por que? Qual o seu problema?!

Frederick abriu um meio sorriso. Apalpou o braço ferido e suspirou.

—Nós tínhamos um plano,Annabeth – ele continuou – Eles precisavam disso. Uma criança que não tivesse nada além das vacinas que temos que dar até os 2 anos de idade. Malcom era puro. Nunca fumou,nunca bebeu,usar drogas então.. –ele desviou os olhos para mim e fez careta – Ao contrário disso ai.

Annabeth atirou novamente perto da cabeça dele. Eu não conseguia distinguir se ela estava tentando atirar nele ou só assustá-lo.

Ela nunca teve uma mira boa.

— Quando estávamos a caminho de mais um dose do protótipo da cura –ele continuou sem deixar-se intimidar – Encontramos você. E eu esqueci completamente de todo o resto.

—Você é doente. –ela murmurou.

— Eu sou – ele murmurou –Mas sou doente por você. Pela sua mãe e por toda a sua família.

— Não –ela resmungou –Você matou o Malcom.

— Se você acha isso espere até saber o que fiz com a sua mãe... –ele riu de lado.

Annabeth deixou a arma cair de sua mão e se afastou como se Frederick tivesse lhe dado um chute no rim. Ela deu dois passos para trás horrorizada e se chocando contra mim nesse meio tempo e foi como se um descarga elétrica tivesse sido jogada contra mim.

E eu acordei. 

Annabeth se tremia e balbuciava coisas sem nexo. Colocou os braços ao redor de si mesmo e suspirou como se estivesse com frio. Passei um dos meus braços ao redor de seus ombros e ela virou o rosto para mim assustada.

“Tô aqui”, moldei sem voz,inclinando-me para beijar-lhe na testa. Todo mundo tem seus momentos e o meu,tinha acabado de acabar.

 Ela suspirou e se afastou de mim,indo em direção à porta.

 -Você não quer saber o que aconteceu,querida? – Frederick murmurou – Talvez eu arranque um sorriso seu.

— Você é doente – ela murmurou,negando com a cabeça. Eu tirava a minha espada das minhas costas e girava-a em minha mão,por um momento,senti-me vingativo.

— E o seu problema é ser exatamente igual à mim – ele murmurou.

—Não... –ela sussurrou,os olhos lagrimejados. Desviou os olhos para o corpo de Nico,abaixou-se na altura da cabeça e negou com a cabeça, inconformada. Ela fechou os olhos dele com a mão direita e passou-a em seus cabelos. Levantou-se e limpou o sangue na camiseta,algumas lágrimas caindo. Olhou para Malcom no pé da escada e sussurrou novamente - O meu problema é ser boa demais.

— O que quer dizer com isso? – ele perguntou por um instante assustado.

— Faça o que tem que ser feito,Percy.

E saiu,fechando a porta atrás de si.

.

Os olhos cinzentos amedrontados,as pupilas tão dilatas que se eu não soubesse que a cor dos olhos eram cinzas,talvez eu jamais imaginasse. A boca entreaberta e o rosto completamente vermelho.

Ódio,sempre fora um sentimento que na minha cabeça,era superestimado.

Na minha cabeça inocente,ninguém conseguiria odiar ninguém. É um sentimento talvez...que não exista. Você não gostar de alguém,não é ódio. Sentir aversão à alguém,não é ódio.Na minha cabeça,eu não conseguiria odiar ninguém porquê pra mim,não era algo que existisse.

Até eu saber da existência de Frederick Chase.

O ódio é um sentimento ruim. Não é como a aversão,ou a ignorância que às vezes nem sabemos que temos. Você reconhece o ódio só por olhar nos olhos de quem ele é direcionado. É um sentimento que vai te corroer por dentro,mas que você não vai fazer questão nenhuma de não senti-lo. Não vai querer consertá-lo. Não vai querer parar de pensar em coisas ruins todas direcionadas à pessoa odiada.

E eu não faço questão nenhuma disso.

Não é como o rancor que uma hora.... pode demorar,mas uma hora ele some.

Não. Ódio é um sentimento mais profundo.

É o amor ao contrário.

E no momento,eu estava me divertindo muito com esse sentimento.

Frederick Chase me olhava com medo.  Talvez eu faça um discurso sobre o medo também. Não parecia mais achar graça em nada.

Eu rodei a espada mais uma vez na mão.

— Só pare de cena e faça logo o que tem que fazer –ele resmungou fechando os olhos – Eu não tenho medo de você.

—Deveria – sussurraram.

Quero dizer...eu sussurrei. Não reconheci a roquidão na minha própria voz.

Eu poderia só acabar com ele e ir embora com Annabeth...mas seria fácil demais. E eu não digo pelos terríveis momentos sem Annabeth. Foram momentos horríveis que eu realmente não consigo pensar sem ter vontade de  acabar comigo mesmo,mas não era só por isso agora. Não era só pelo o que ele fez com ela quando ainda não nos conhecíamos. Não era por ele ser um monstro nojento que deixou o próprio filho ser mordido pelo pseudo-tudo-pela-ciência. Não.

Ele não tinha mexido só com ela.

Ele tinha mexido com ele. O garoto jogado atrás de mim. Meu irmão.

Era isso o que Nico significava para mim. Não era mais só alguém que cruzamos no meio de um supermercado e que queria bolinhos de baunilha. Nico era mais.

Nico era meu irmão.

E ninguém mexe com a minha família e se sai só com a morte rápida.

— O que você fez com ela? – perguntei,dando mais alguns passos para perto dele. Frederick – como um bom bunda mole,se arrastou no chão para tentar ficar longe de mim – e eu ri.

—  Ela não te contou?

—Não ela,seu imbecil – resmunguei. A minha paciência já era inexistente em situações normais. Nesta então,a palavra “paciência” nem deveria estar na descrição. – Eu sei muito bem o que você fez com a Annabeth.

— E você não está doido para me matar? –perguntou confuso.

—Ah,não se preocupe,eu irei matar você – cocei o queixo fingindo pensar – Isso vai acontecer,fique tranquilo.

—Então...? –ele perguntou,ainda com aquele Chase. O ar de superioridade que me irritava em determinadas situações.

— Com a mãe de Annabeth – expliquei. – O que você fez com ela?

Ele se encostou no chão com o braço bom.Apoiando a cabeça na mão e jogando uma das pernas por cima da outra,como se estivesse na areia da praia pronto para tomar sol e não deitado no chão prestes a morrer.

— Isso,meu amigo –ele riu – Não interessa a você.

—Você não está em condições nenhumas de decidir o que me interessa ou não,Frederick – agachei-me para ficar na altura de seus olhos – É você que está jogado no chão.

— É você que está querendo respostas,Jackson. – ele teve a audácia de arquear uma das sobrancelhas para mim e sorrir ironicamente.

— Eu quem estou assinando sua sentença,Chase – eu sorri.

É sério,eu sorri. Sorri de verdade.

Frederick deixou a expressão cair um pouco,mas continuou com sua pose de praieiro guerreiro.

— Você é uma graça,garoto – ele murmurou e suspirou em seguida. – Eu gostaria que pelo menos um de vocês entendesse o que eu estive fazendo. Eu não estava pensando apenas em mim! É uma humanidade que depende disso. – ele continuou – Toda uma humanidade,Percy.

Eu não conseguia acreditar. O cara estava usando seus momentos finais para me convencer de que ele não era um monstro. Algum tipo de “CRUEL é bom”.

O que? Eu lia também.

— Você faria diferente se fosse eu? – ele perguntou,um tanto aflito.

— Eu não faria igual – respondi. Apontei o dedo indicador para o corpo de Malcom jogado no pé da escada. Eu esperava sentir culpa,mas não veio. Não veio nada além do ódio pelo homem na minha frente. – Eu não faria isso.

— Você tem a cabeça igual a dela,sabe – ele riu. – Vocês acham que tem o futuro preparado. O que você espera,Percy? Quando sair daqui? Vai me matar e aí... o que? Você acha que ela vai olhar para você com os mesmos olhos? – ele sussurrou. Revirando os olhos cinzentos,acrescentou um tom ainda mais irônico em sua voz – Você vai ser sempre visto como o cara que matou o papai.

—Cale a boca,Chase – murmurei.

A paciência que já era inexistente,ainda mais inexistente.

— Você não gosta de me ouvir porquê eu digo a verdade,não é mesmo? – ele se arrastou mais um pouco para trás,mas em um movimento rápido com a mão direita,eu puxei seu tornozelo para o lugar que ele estava anteriormente – Você sabe que não vão ter um futuro.

— Tem uma cura. – murmurei – Você mesmo disse.

Frederick desviou os olhos,as bochechas ganhando um tom mais rosado.

— Você está mentindo. – deduzi. – Sem surpresas.

—Não é isso...

—Você mentiu o tempo todo,porquê contaria a verdade agora,não é mesmo? – perguntei ainda mais puto. Eu não sabia no que acreditar. Eu era mentiroso. Mentia para proteger as pessoas,mentia para proteger à mim mesmo : mas Frederick era pior. Era um escarro de dragão. A sombra do que já fora um homem e um átomo do que já fora de homem.

Era só...um nada.

Levantei-me,rodando a espada em minha mão novamente.

—Não vejo mais porque manter isso,então ... – levantei a espada com ambas as mãos,pronto para acabar com toda aquela palhaçada. Frederick levantou a mão e gritou :

— Espere!

Revirei os olhos no meio do meu movimento e suspirei.

— Fala.

—Eu vou lhe dizer duas coisas. – ele murmurou,apontando o número dois com os dedos da mão. – Você escolhe o que é verdade e o que é mentira.

Enfureci-me. O que diabos esse cara pensa que é?

—Isso não é matrix,seu imbecil – puxei-o pela gola da camiseta e empurrei-o até a parede mais próxima. Joguei o corpo de Frederick Chase contra a mesa de madeira que havia embaixo de um espelho,ouvindo-o reclamar de dor. Eu vi mais sangue jorrar pelo seu braço e exibi um singelo sorriso.

Frederick tossia no chão,tentando recuperar o folêgo, mas eu peguei-o novamente pela camiseta,fazendo-o ficar em pé. Pude ver o rosto com um corte profundo que ia da testa ao ínicio da bochecha esquerda. Coloquei a mão atrás de sua cabeça e dirigi-me até o espelho.

Apesar de tudo, ele ainda sorria.

Joguei seu rosto contra o espelho,rachando-o no meio. Joguei novamente,finalmente quebrando-o em duas parte.

Ah vai...mais uma vez.

Mais uma vez e por fim os cacos caíram no chão.

— Escute – ele pediu baixinho. – Escute!

— Eu não tô com paciência,Chase – murmurei,jogando seu corpo de volta ao chão.

— Vamos lá... –ele pediu,tossindo sangue para o lado direito – Eu sei como isso vai terminar,pelo menos...torne isso interessante para si mesmo.

O sorriso ainda lá.

Olhei para a porta. Talvez...eu devesse checar Annabeth.

Ela pode esperar.

Frederick tinha o rosto completamente machucado.Os olhos vermelhos,a boca cheia de cortes... eu ainda esperava a culpa,mas ela não veio.

— Eu menti – ele sussurrou.

—Ah sério? – irritei-me novamente.

— Escute,garoto! – ele gritou.

Por um momento,eu abri a boca. Coloquei a mão direita no peito,fazendo-me de indignado. A minha mão esquerda levou a espada para o meu ombro e eu fingi ainda mais indignação.

Eu sou um ator e tanto.

— Pare de fazer gracinhas,eu estou falando sério! – ele gritou novamente.

Agachei-me novamente em frente aquele pedaço de carne sem escrúpulos. Verdadeiramente surpreso com sua ousadia de gritar com um cara,sem o menor resquício de piedade,segurando uma espada na sua frente.

É muita ousadia,meu povo.

Frederick olhou-me tentando esconder algum tipo de sentimento naqueles olhos cinzentos. Ele parecia pronto para gritar novamente.

—  Eu-

— Cuidado Frederick – cheguei mais perto de seu rosto e sussurrei ainda mais baixo – Grite novamente comigo e talvez seja a última coisa que você vá fazer.

—Eu não tenho medo de você – sussurrou também.

— E mesmo assim ...– peguei sua mão do chão com força. Apertei-a até ele gritar de dor. Frederick tentou tirar a mão da minha,mas eu apertei ainda mais. Quando eu a soltei,a mão estava branca,quase sem sangue e tremia muito – ... é você quem está tremendo.

Ele se afastou um pouco,se arrastando ainda mais.

— Ele não estava daquele jeito porque eu esqueci de dar a dose ou algo do tipo – ele murmurou. – Não é uma cura,o que achamos. É uma mistura que faz com que a transformação se atrase um pouco,mas não é uma cura.

— Essa é a mentira? – perguntei,quase interessado de verdade.

— Ou.. – ele sorriu,mas com aquele rosto todo cheio de cortes,talvez tenha sido uma careta também -...não havia cura nenhuma e Malcom foi mordido hoje mesmo.

— Essa é a mentira também – conclui. – Vindo de você,não deve ter uma verdadeira.

— Você não me conhece,Percy – ele riu. – Acha que conhece ela? Não conhece também.

Eu chutei sua perda onde tinha um corte feio pela queda em cima da mesa. Frederick gritou de dor e agarrou o braço também machucado. Era engraçado porque parecia que um corte ativava a dor no outro.

— O que é verdade,Frederick? –perguntei,com a ponta da minha lâmina em seu corte no braço.

— Você decide – ele sussurrou.

Afundei minha lâmina em seu corte,ouvindo-o gritar.

Sabe Mozart? Então,parecia Mozart para mim.

— Resposta errada. – murmurei,retirando minha lâmina. Os olhos de Frederick se arregalaram com a quantidade de sangue que saia de seu machucado.

Nada comparado com o tanto de sangue quase seco de Nico no chão.

Irritei-me com meus próprios pensamento e desci a lâmina em seu pé,deixando-a cravado bem no meio dele.

—Eita – murmurei – Isso vai dar uma inflamação enorme – cocei o queixo.

Frederick chorava de dor agora,as mãos tentavam alcançar um pedaço da madeira da mesa,mas eu chutei ambas para fora do caminho : sua mão e a madeira. Abaixando-me novamente até a altura de seus olhos,eu puxei seu queixo com violência para minhas vistas.

—  Eu vou fazer só uma pergunta,Frederick – puxei com mais força a sua cara,cravando um dos meus dedos em seu corte abaixo do lábio – Tem uma cura ou não? – eu queria parecer menos esperançoso na frente daquele monte de merda.

Duas possibilidades.

Possibilidade 1 :

Se tivesse,tudo isso seria resolvido. Eu não teria mais que correr contra nada e ninguém. Não precisava mais me preocurpar com as coisas. Annabeth ficaria bem,eu ficaria bem,seria um mundo novo. Talvez...talvez pudéssemos...formar uma família. Eu voltaria para a faculdade,talvez conseguisse um emprego em alguma área do IME,como meu pai. Ela estudaria,se formaria,talvez...desnehasse o novo protótipo das cidades. Poderíamos ter um filho.

Imagine só...um mini eu. Um mini Annabeth.

Ou uma mini.

Poderíamos chama-la de Paine.

Talvez dois filho.

Paine e Nico.

Talvez cinco filhos. Talvez mais.

Teriamos uma casa,um quintal grande e talvez um cachorro. Talvez dois. Talvez cinco.

Teríamos uma vida.

Frederick olhou no fundo dos meus olhos e sorriu com o canto da boca,como se lesse os meus pensamentos.

— Não. –sorriu ainda mais. Mostrando os dentes manchados de vermelho – Não tem,garoto.

Possibilidade 2 :

Não teríamos nada.

Eu cai no chão como se ele tivesse conseguido me estapear.

O que eu estava pensando? Que saíriamos daqui e seríamos para sempre felizes? No meio disso? Que ingenuidade.

Frederick se aproximou de mim,colocou sua mão imunda no meu rosto e deu dois tapinhas.

— Você sabe o que fizer comigo,garoto – sussurrou – E agora,sabe o que fazer com vocês.

Havia sangue pela casa toda. Talvez eu devesse retirar o copo de Nico e Malcom...enterrá-los e depois colocar fogo na casa.Por mais odioso que desprezível que Frederick fosse,ele tinha razão : não tinha saída. Talvez,nunca fosse ter uma. Eu não prolonguei muito a morte de Frederick : não fora rápida,obviamente. Ele perdeu os dentes. Depois as unhas,e por fim,a cabeça.

Literalmente.

 O sorriso se apagou,finalmente.

O melhor de tudo foi fazer isso ali,com Nico. Ele não estava como eu queria,mas não estava longe com Annabeth como eu havia planejado.

Eu estava sentado no chão da casa com a cabeça de Nico no meu colo. O copo que já era gelado,estava ainda mais. O buraco pelo qual a bala de Frederick passou estava aberto e pegajoso. Os lábios sem cor nenhuma. Um Nico ainda mais gelado e ainda mais esquisito.

Eu tive a sensação de que estava sendo observado. Mas não tinha ninguém ali comigo além de Nico,Malcom e um copo sem cabeça.

— É cara... – sussurrei. Ótimo,eu estava falando com os mortos –  Não tem jeito...é o que eu evitei esse tempo todo. – passei a mão esquerda sobre seu peito frio. Eu ri comigo mesmo.

Estava falando com os mortos agora.

— Eu já não tenho cadarços nos meus sapatos.

.

Ela estava sentada  no quintal da casa,já estava mais escuro do que eu gostaria que fosse. Deixei minha espada no chão e fui sentar-me com ela no gramado. Annabeth estava com os braços cruzados e a cabeça baixa. Passei meus braços ao redor de seu corpo e sente-me atrás de si.

Estava fria mas não tremia de frio.

Ela entrelaçou uma das mãos nas minhas,a outra segurava uma arma e suspirou.

—Eu amo você – sussurrou.

—Eu também amo você – murmurei em seu ouvido.

O coração dela batia rápido. Assim como o meu.

A gente já tinha perdido muito. Muito mesmo.

Mas ainda tínhamos um ao outro.

E teríamos pra sempre.

Coloquei a ponta da arma de Nico em sua cabeça.

— Eu tô com medo – ela sussurrou,apertando ainda mais a minha mão. Ela moveu a mão que estava segurando a outra arma,colocando-a ao lado da minha cabeça.  Eu não sentia mais nada.

A culpa que eu esperava,não veio.

O remorso, não veio.

— Eu não – sussurrei,beijando-a na bochecha. – Eu amo você. Por demais.Nada – puxei seu rosto,fazendo-a virar a cabeça para mim. Beijei-lhe rapidamente nos lábios : tão quentinhos quanto antes e sorri – Nada vai mudar isso.

— Eu não quero fazer isso com você – ela murmurou,os olhos marejados. Encostou a testa na minha e beijou-me novamente.

— Também estou fazendo isso com você. – sorri. – É o único jeito,meu amor. – funguei baixo e pedi para todos os Deuses para que a minha coragem fosse o bastante para dividir com ela.

 – É o único jeito de mantê-la segura. – sussurrei de olhos fechados,encostando minimanete meus lábios nos seus.

—É o único jeito de mantê-lo seguro – ela sussurrou baixinho.

Srta.Ninguém encostou seus lábios nos meus pela última vez e se ajeitou no meu colo.

Apertamos as nossas mãos. O que parecia ter nos unido desde o começo. Eu beijei seus cabelos pela última vez.

Eu sabia. Ela sabia.

Eu não tinha controle de nada antes.Nós não tínhamos controle de nada agora. E não teríamos no futuro.

Era o apocalipse. Não era uma história cheia de unicórnios e flores. Parecia? Em certos momentos,parecia.Mas..

...era o único jeito de nos mantermos seguros.

Juntos,apertamos os gatilhos.


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Notas finais do capítulo

Disgurpe
Eu sei que quebrei o coração de alguns de vocs.
Eu tenho um final alternativo,caso vocês tenham interesse...eu posto hahahahaha
hn,eu sei que ficou ponta aberta mas é pra vocês trabalharem a imaginação.
NÃO ME PEÇAM PRA CONTINUAR
PFVR
EU JÁ NÃO SUPORTO ESCREVER SOFRENCIA
USAHSUHSAUSHAUSAHSAUHSA
eu definitivamente vou fazer um epílogo pra isso aqui.
okay,agora vamos as novidades :
Feliz Natal/Ano novo pra vocês,meus xuxuzinhos
(mas é quase fevereiro) eu sei
Em tempos de inscrições pra faculdade, o que me salva de não perder completamnete a cabeça é a escrita. Então eu provavelmente vou postar algumas coisinhas essa semana.
EU CONHECI A DANADA DA BEAUTY QUEEN
sim meusamigos,ela veio pra SP e foi lindo.
Era a primeira da minha lista pra conhecer aqui do Nyah. Espero conhecer os outros em breve ♥

é isso
não me odeiem.



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