Na manhã seguinte acordei bem humorada. Tomei um banho rápido e desci correndo, minha mãe já estava buzinando dentro do carro. Não pude deixar de notar que ela usava um biquíni por baixo de seu vestido tomara que caia.

– Aonde você vai? – perguntei curiosa.

– Vou ao clube com John. – respondeu, com os olhos fixos a sua frente.

– Em plena terça feira você e seu namorado vão curtir um clube! Que belo exemplo hein. – disse rindo, enquanto ela corava.

– E você passou a tarde toda ontem com seu namorado e me deixou sozinha! – ela retrucou e continuamos conversando animadamente até chegar no colégio.

Assim que o carro parou, desci e entrei no colégio. Próximo a biblioteca vi um mini altar que foi montado com fotos de Gabriel pelos alunos. Fico pensado em como as aparências enganam, ele parecia ser o cara perfeito.

Continuei a caminhar em direção a minha sala e fui fazer minhas últimas provas. Assim que todos terminaram deveríamos ficar aguardando por uma hora as correções para que pudéssemos pegar os resultados finais.

Fiquei todo o tempo trocando mensagens com Gustavo e minhas amigas. Combinei de encontra-las hoje à tarde no shopping para comprarmos nossos vestidos.

A diretora se aproximou e pregou no quadro informativo as notas de todos. Esperei onde estava por um momento até que se esvaziasse um pouco. Assim que os mais ansiosos foram embora, fui até lá conferir meu resultado. Havia sido aprovada em tudo! Conferi o resultado de Gustavo e ele também havia passado por pouco. Tirei uma foto de seu resultado e enviei para ele. Guardei meu celular na bolsa e fui caminhando para casa.

Cheguei rápido, minha mãe ainda não havia voltado, devia estar no clube com John. Peguei uma lasanha no congelador e coloquei no forno para descongelar. Fui para o meu quarto e troquei de roupa, caminhei para a sala e liguei a TV.

O suicídio dramático de Gabriel era a principal notícia, meu rosto e o de Gustavo também sempre apareciam. Peguei meu celular e continuei teclando com meu namorado e minhas amigas por um tempinho. Assim que a lasanha ficou pronta, comi depressa, escovei meus dentes e sai.

No shopping, as meninas já me esperavam. Nunca havia feito uma tarde de compras com muitas garotas, geralmente éramos só eu e Bárbara, achei extremamente divertido. Rimos o tempo todo enquanto experimentávamos os vestidos. No final do dia jantamos juntas no shopping e nos despedimos.

Quando cheguei em casa, minha mãe ainda não estava lá, fui para o meu quarto e guardei o vestido. Ele era lindo, tinha certeza que Gustavo iria adorar. Fui até o banheiro tomar um banho.

Enquanto terminava de me secar, ouvi meu celular tocando alto em meu quarto. Me enrolei na toalha e fui correndo atender. Olhei no visor e vi que era minha mãe.

– Oi mãe.

– Oi querida, desculpe o sumiço. – ela disse com uma voz esquisita. Estaria bêbada? –pensei.

– Sem problemas, comprei um vestido lindo para o baile. – eu digo animada.

– Que bom meu amor. Você se importa se dormir ai sozinha hoje? – ela me perguntou em um tom mais sério.

– Não, porque? – perguntei curiosa.

– Vou ficar com o John, mas não quero te deixar sozinha depois de tudo. – disse baixinho, provavelmente para que John não ouvisse.

– Relaxa mãe, já sou grandinha, aproveite! Ah e não esquece de usar camisinha viu. – disse e comecei a rir sem parar junto com ela.

ANA! – ela disse me repreendendo enquanto ria. – Já que estamos falando disso, você poderia chamar o Gustavo para ficar ai com você... –ela disse em um tom malicioso.

– Você não se importa? – perguntei receosa de que fosse somente uma piada.

– Não, vocês já estão crescidos e sei que vão acabar fazendo com ou sem minha autorização. – ela disse em um tom sério. Fiquei feliz por ter uma mãe de mente tão aberta.

– Vou ligar para ele então. Já disse que você é a melhor mãe do mundo? – digo sorrindo.

– Obrigada, e você a melhor filha que existe! Te amo!

– Também te amo mãe, tchau. – desligo o celular e respiro fundo.

Seria minha primeira vez sozinha com Gustavo à noite, será que iria rolar? Será que ele me acharia uma safada de chamar ele assim na cara dura? Vesti meu pijama e tomei coragem. Peguei meu celular e liguei. Logo no primeiro toque ele atendeu.

– Oi amor. – ele disse carinhoso, eu me derreti.

– Oi gatinho, tudo bem? –perguntei o distraindo, não queria ir direto ao ponto.

–Tudo sim e você? Sumiu a tarde toda.

– Fui comprar meu vestido com as meninas, para o baile.

–Tenho certeza que vai ficar mais linda do que já é. Aconteceu alguma coisa? – ele me perguntou curioso.

–Não, porque? – perguntei constrangida.

– São quase onze horas, você geralmente não liga, só manda torpedos.

– Bom, você quer vir aqui pra casa hoje? Para dormir?

– E sua mãe não vai ligar? – disse tentando conter o entusiasmo na voz.

– Ela vai dormir na casa do namorado e sugeriu que eu te ligasse para que eu não ficasse aqui sozinha. – disse tentando parecer o mais inocente possível.

– Claro, vou tomar um banho rápido e vou até aí. – ele diz animado.

– Estou te esperando. Beijos. – digo me despedindo.

– Tchau. – ele diz e desliga.

Meu deus, Gustavo estava vindo para o que seria nossa primeira noite juntos! Preparei uma estratégia para que não parecesse uma tarada. Coloquei uma pipoca no micro-ondas, peguei o aparelho de DVD na sala e o levei para o meu quarto, conectei em minha pequena TV. Arrumei a bagunça do meu quarto e passei um dos perfumes da minha mãe, se chamava “sedução”, tomara que funcione! Pensei.

O interfone tocou, eu atendi e era Gustavo. Minutos depois ele bateu na porta. Assim que abri, nos encaramos, percebi que seu olhar percorreu todo meu corpo, eu estava apenas de pijama e ele parecia ter gostado muito daquela visão. Arredei um pouco e ele entrou, tranquei a porta e me virei para olha-lo, ele continuava a me encarar.

Me aproximei dele, estava com um perfume maravilhoso! Demos um beijo longo, ele colocou seus braços em volta de minha cintura me prendendo junto a ele. Quando nos separamos, ambos estávamos sem folego.

– Oi. – ele disse me encarando, com um sorriso leve nos lábios.

– Oi. – digo sorrindo sem folego.

– Trouxe sorvete de creme. – ele disse me estendo uma sacola.

– Eu fiz pipoca. – digo com um sorriso, pegando a sacola de suas mãos e andando em direção a cozinha. Não olhei para trás, mas sabia que Gustavo estava bem próximo de mim, sentia seu perfume.

Coloquei o sorvete no congelador, peguei uma tigela no armário e coloquei a pipoca dentro. Estendi a tigela para Gustavo, peguei dois copos e servi refrigerante para nos dois.

– Vamos para o meu quarto, separei alguns filmes para você escolher. – digo o encarando.

– Tudo bem. – ele deu um sorriso malicioso e começou a andar na minha frente em direção ao quarto.

Respirei fundo, peguei os copos e comecei a caminhar atrás dele.

Seria minha primeira vez, e com o garoto que eu amo. Nunca imaginei que seria com o Gustavo antes e agora não me imagino com outra pessoa sem ser ele. Estou certa que ele é o cara certo pra mim, não tenho medo. Tenho certeza que será especial.

Entrei no quarto e fechei a porta atrás de mim.