Ato 1-Skip it. Now.

Cena-1

James Potter

–Então é isso, filho... Nós vamos falir. -chorava Charlus, meu pai, ajeitando os óculos quadrados.

É, meu pai estava deprimido. Pelo quê? Por um circo. Um velho circo.

Meu nome é James Potter, prazer, e nossa família sempre foi um pouco estranha. Minha tia Laurência, por exemplo, foi a Domadora de Milho – um prêmio para os melhores cozinheiros de pipoca, no interior -por três anos consecutivos, e meu tio, Lensky, pintava as galinhas da nossa cidadezinha, com uma tinta suspeita. Seu slogan era: Fashion e estilosa, agora sua galinha também posa. Bem, no caso do meu pai, a maluquice estava toda concentrada no circo que ele herdou do meu bisavô, o que é claro, me deixa parecendo um tremendo idiota, já que eu o herdaria. Sério, que chance na vida eu tenho de namorar uma garota legal com uma fantasia do Tio Sam com um bigode falso?

Felizmente - pelo menos para mim -, ultimamente ninguém mais tem vindo ao circo. Todos já estão hipnotizados pela "mágica telinha brilhante" que vidra e escraviza as pessoas. Pelo menos é o que o meu pai diz. A última televisão que tivemos aqui em casa, quando eu era muito mais novo, meu pai acabou por vender, para pagar por umas roupas de palhaço.

Hoje, meu pai não vendeu um único ingresso e todos os integrantes e bizarrices da apresentação pularam fora. Meu pai ficou arrasado... Isso quer dizer que eu, com meu emprego de caixa de supermercado da Wall-Shop, e minha mãe, balconista, temos de sustentar a casa.

Sobre o meu emprego? É... Não posso dizer que é a coisa mais divertida, ou meu sonho de vida, mas eu tinha que arranjar um jeito de poder comer um sanduíche de pasta de amendoim com balas de caramelo sem faltar todos os ingredientes.

Fiz dezenove anos no mês passado e já não sinto o meu cérebro. Trabalho. Ajudar meus pais. Procurar faculdade pública. Tirar os gambás do sótão. Carpir o mato alto em volta da casa. Recolher as frutas boas do pomar antes que um esfomeado nos roube tudo. Alimentar meu cachorro, Snuffles.

Parece que quando você cresce, o universo te faz de tapete para o mundo rolar em cima.

–E então, filho -continuou meu pai -vou te dar algumas semanas para você achar o que fazer com a lona e a estrutura do circo. Vou comprar leite.

Ele caminhou para longe, cambaleante, passando a mão pelos cabelos acinzentados e mal cuidados. Para essa idade, meus pais pareciam muito mais velhos do que realmente eram, mais isso era compreensível, já que trabalharam que nem loucos desde muito cedo para construírem uma casa no campo.

Quando meu pai virou uma curva, pela colina, resolvi nem avisar que a cidade e o supermercado não fica para aquele lado.

Mas... O que se faz com um circo velho? Vende no eBay? Doa para a caridade?

Não seja burro, James Potter. O que se faz quando a vida te dá um limão?

Joga fora e compra um milk shake?

Não era bem isso...

Falo com você quando estiver louco, consciência. Eu tenho um emprego e uma família unida, não preciso desse circo ridículo.

Tudo bem, nunca mais volto para dar minha opinião.

Ótimo. Consciência inconveniente...