After Happily Ever After escrita por saoren
Em seu consultório, o Espelho está sozinho, como de costume.
– Senhorita Bela está esperando para entrar. – a secretária tira-o de seu devaneio.
– Ótimo, mande-a entrar, querida, por favor.
A jovem entra. Ela parece nervosa, beirando entre a ansiedade e a timidez.
– Olááá.
– Devo dizer: você é uma linda mulher.
– E você é o Espelho mais legal que já conheci.
– Diga-me Bela, a razão que te faz triste é também a razão por você estar aqui? – ele pergunta, focando sua atenção totalmente sobre a jovem a sua frente.
– E-eu não sabia que era notável só de observar. – ela se sente um pouco retraída no divã – Ouvi bastante sobre você.
– Conte-me o que ouviu?
– Uma amiga me disse que poderia me ajudar com meu marido. Ex-marido.
– Bela, deixe-me esclarecer uma coisa primeiro: Eu não sou um desses caras estilo OkCupid* que vai trazer seu amor de volta em três dias. Através do diálogo podemos atingir uma solução racional para qualquer coisa. Tendo dito isto, pode começar.
– Bem... Espelho, meu marido é uma besta.
– Literalmente?
– Não, mas essa é a parte ruim.
– Oh, entendi. A história dA Bela e a Fera, como puder esquecer?
– Ele é humano agora. Não sei se gosto dele mais como Fera ou como está agora. Controvérsias a parte, quando ele era a Besta, na verdade era um anjo.
– E você notou isso gradualmente ou foi da noite para o dia?
– Não, foi algo gradativo – ela explicava com mais calma, encarando o teto – Mas me atingiu de surpresa, sabe?
– Bela, o que aconteceu com seu casamento, afinal de contas?
– Estou quase lá. Não é tão fácil.
– Eu sei. – o Espelho fala, tentando ser simpático e compreensivo.
Com um pesado suspiro, ela começa a falar sobre seu drama:
– Eu comecei a mudar. Engordei e ele ficou com nojo. E a pior parte é que eu estive lá para ele quando ele ainda era uma Fera. Para mim, ele foi um príncipe no momento que me mostrou sua bondade. E foi verdadeiramente a bondade de um anjo.
E ela continuou falando sem pausas longas sobre tudo que envolvia o motivo de ela estar ali. O Espelho escutava atentamente, retendo o máximo de informações possíveis, para no fim ter como ajudá-la da melhor maneira que pudesse.
– Veja, Bela, meu trabalho com você não está perto de terminar, mas... eu a entendo. Eu sei como é ser destratado pelo amor da sua vida. E eu sei que é esmagador e dolorido... e sei que é um inferno. Mas isso serve para uma lição, te faz ser melhor como pessoa ao conseguir passar por isso.
Como uma breve interrupção, ele procura mais palavras reconfortantes e profundas do que somente refletir aquilo que seus clientes já sabem sobre si.
– Você não precisa de um príncipe para se sentir uma princesa, existe uma infinidade de amor bem debaixo de seu nariz e espalhado pelo reino inteiro. Viva sua vida, pois é sua propriedade, pelo menos de vez em quando. É a sua vida, afinal de contas. – de todas sessões que teve com todos seus outros clientes, após palavras finais, esta foi a que, mais soou estranha, pois Espelho sentia como se houvesse atingido um minúsculo ponto de amizade com alguém – Então, nosso tempo aqui, sinto-me pesado em dizer, acabou.
– Hmm, okay. – ela replica, decepcionada.
– Você quer falar mais, não quer? Bem, você pode visitar-me aqui a qualquer momento. Tenho outros clientes que fazem o mesmo com certa frequência.
– Quem? – ela pergunta curiosa.
– Os bem interessantes. – ele responde sorrindo.
Ela sorri de volta e sai da sala.
Como ela era a última a ser atendida no dia, após alguns de ela ter saído, a secretária entra no consultório.
– Interessante esta, não acha? – ele comenta com a secretária.
– Muito, senhor.
– Você sabia que ela era a esposa do chamado Fera?
– Hmm, que Fera? “Nossa” Fera? O que vem nos visitando há algum tempo?
XxX
No palácio da Fera, o burburinho de conversas chegava a ser perturbador, Jasmine, Sininho, Gênio e Bela falavam ao mesmo tempo. Todos estão sentados nos sofás e almofadas dispostos pela sala de estar.
– Okay, silêncio! – Sininho grita irritada – Não estamos chegando a lugar nenhum! Alguma notícia de Jafar, Jasmine?
– Ele é um comerciante no Egito agora. Não foi ele. – A princesa respondeu ansiosa.
– E os bandidos? Eles estariam interessados em vingança?
– Aladim é o homem mais rico do mundo agora e tem um gênio forte e eficiente ao seu lado. Seria muita tolice deles tentar alguma coisa se não fosse para pedir uma recompensa. Isso não é Vingança, isso é... - O Gênio foi interrompido pelo toque da campainha – Visitas! Alguém abra a porta, por favor. Estou pensando.
A governanta do palácio, o Bule animado, abre a porta e entram Rose, James e Cinderela.
– São eles! – Bela fala com felicidade ao ver mais amigos juntarem-se a causa.
– Podem se sentar onde desejarem, pois. – O Bule avisou.
– Rose, James, Cindi, vocês devem ser novos na situação – Jasmine se adiantou em explicar -, Semana passada descobri que Aladim havia saído à noite com dois de seus amigos, depois disso ele desapareceu!
– E como você descobriu? – James questionou.
– Um soldado de meu pai achou uma foto dele brincando com um tigre, e não era Rajah! Então entrei em contato com Sininho aqui...
A fadinha se levanta, fazendo uma reverência aos recém-chegados.
– Eu esperava uma de volta, mas tudo bem. – e senta-se novamente.
– E os Garotos Perdidos não conseguiram achar nada nas ruas de meu reino. – Jasmine completa a informação.
Eles ficaram pensando em qual atitude tomar primeiro, onde procurar as pistas, até que James se pronunciou com uma ideia.
– Posso fazer uma sugestão? Eu conheço esse cara, ele é brilhante, de verdade. Ele pode encontrar o que ou qualquer pessoa no mundo com o mínimo de informação.
– Quem é ele? Nós conhecemos? – Jasmine sentiu uma chama de esperança aquecê-la.
– Sim, talvez. Ele está um pouco velho hoje em dia.
– Bem, soa promissor. Pode contatá-lo o mais rápido possível?
– Com certeza!
– O chá está servido! – o Bule fala animado, aparecendo com biscoitinhos e xícaras com cubinhos de açúcar em uma bandeja e todos começam a conversar, entretidos com a comida.
James está inclinado no sofá, a parte de toda a animação, pensando.
XxX
No lugar mal iluminado, escuta-se um zumbido e um “ai!”. É Sininho, voando minúscula, pelo local.
– Só um minutinho, ok? – ela se levanta de trás da poltrona e se deita para descansar um pouco – Você com certeza mora longe da floresta que nem as quintas do inferno.
Ela se ajeita, cruzando suas perninhas de fada:
– Você é um homem muito esperto. Fiz o que disse para fazer. Como disse, eles realmente são muito inocentes. Todos disseram seus planos.
Ninguém comenta nada.
– Você o conhece, certo? O Detetive Consultor? O melhor do mundo, eles disseram. Se eles acham Holmes, acham-te também. Devia dar fim a esse plano deles...
Ela se levanta e antes de ir embora, conclui:
– Lembre-se de sua promessa: Não irá machucá-lo.
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