Laços de Sangue escrita por Andreas


Capítulo 1
Caminhantes noturnos


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais uma aventura supernatural. Fiquem a vontade para criticar, se apaixonar e acompanhar cada caminho pelo qual a vida de Charlie vai passar.



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Estar com 20 anos e perdida em uma cidade longe da família, me faz pensar nos problemas em que arranjei, sem trabalho fixo e sem vida social, cá estou eu indo para um quarto qualquer de hotel barato o qual meu salário de garçonete consegue pagar, me sinto tão solitária que as vozes em minha cabeça parecem estar em constante conflito sobre meu futuro.


Já faz um ano que moro em Fremont e sete meses que trabalho em um restaurante chamado Jack’s Brewing Company, meu chefe Bill prometeu um aumento de salário a três e desde então, meu horário anda subindo mais do que dos outros funcionários, o maldito sabe que eu preciso do dinheiro.


Chego em “casa” geralmente as onze e meia, quando o ônibus não atrasa, isso é mesmo possível? A “casa” a qual não merece esse titulo fede a carne podre e por mais que eu tente, nada pode resolver o meu problema. Todos os dias passo na recepção do hotel para pedir as correspondências e especialmente hoje, minha vida resolveu tomar outro caminho.


De Sophie


Minha irmã mais velha havia me enviado uma carta pedindo que eu cuidasse melhor de minha saúde e junto dela, uma boa quantia em dinheiro. Fiquei incrivelmente grata, mesmo sem saber o motivo daquilo, peguei um papel e escrevi, lhe agradecendo. Olhei a minha volta, um cubículo de quarto, uma vida bagunçada, um trabalho que me trazia desgosto, era hora de mudar. “Uma casa nova”, pensei.


Na manhã seguinte fui ao Jack’s Brewing e em meio às pausas peguei o jornal que ficava na bancada para os fregueses e busquei pela página de “vende-se”, encontrei a casa dos sonhos e melhor, por um preço acessível. Em meu horário de almoço fui direto ao endereço da casa, os donos não estavam mas a empregada disse que não haveria problema se ela me mostrasse os cômodos, fiquei feliz por não ter pedido a viagem.


– A casa é nova, planejada e construída a pouco tempo pelos próprios moradores.


– Eles mesmos a planejaram?


– Sim Senhorita. Joe e Mandy são arquitetos.


– Mas... então por que querem se mudar tão cedo?


– Senhorita não sabe? Sinto muito pela família, eles tinham uma filhinha, Lily, foi encontrada morta, no banheiro do segundo andar.


– Morta? – Senti meu corpo inteiro estremecer.


Antes que ela pudesse me responder, à campainha tocou e ela pediu licença. Segundo andar? Olhei para a escada que estava a dois passos de distancia, quando me dei conta, minha mão direita já estava tocando o corrimão frio da escada e lá estava eu contando os passos até chegar ao topo. As vozes em minha cabeça estavam mais agitadas que o normal, ao mesmo tempo em que senti um vento gelado mexer meus cabelos, vi uma sombra no final do corredor e tentei segui-la, mas fui impedida por uma mão pesada que segurou meu ombro, me virei assustada e dei de cara com um homem alto.


– Agente Augustus, do FBI.


– Me desculpe à intromissão, vim só pelo anuncio. – Me desviei do agente e desci as escadas, a empregada me aguardava na sala de entrada. – Muito obrigada pela recepção, mas preciso ir agora, meu horário de almoço logo termina.


É uma pena que tenha acontecido isso, não preciso de mais problemas em minha vida, seria difícil viver em um lugar como este e principalmente se ele fosse alvo de investigação dos agentes do FBI. Voltei ao Jack’s Brewing sem saber qual rumo minha vida tomaria agora, era como se já estivesse dado tudo errado, era como se fosse um fim.


Como passei um pouco mais do horário permitido para almoço, tive que fazer hora extra e quando sai já passava das onze e meia, não havia mais ônibus, esperei na sarjeta por intermináveis minutos e nada, nem ninguém passou para que eu pudesse pedir carona. A luz do único poste que ainda iluminava aquela rua sombria, se apagou e logo voltou a acender, vi de longe dois homens encapuzados olhando para onde eu estava, quando perceberam que eu havia os notado, começaram a andar na minha direção, eu rapidamente me levantei e tentei voltar para o Jack’s Brewing, estava trancado, a chave não estava no esconderijo onde deveria, tentei não parecer desesperada, mas meus gestos me entregavam.


Olhei para trás e eles não estavam mais lá, meu sistema travou, minhas pernas estava paralisadas de medo, quando ouvi uma voz “atravesse a rua” ela sussurrava, “ande”. Ao invés de obedecê-la por completo, eu corri para o outro lado da rua, logo que cheguei perto do poste, ele se apagou.


– Não, não, não... Não esta acontecendo isso comigo, DEUS! – A luz voltou subitamente e um taxi estacionou rente aos meus pés.


– Precisa de ajuda? – Era minha salvação, John era o único colega que tinha em Fremont, ele ia almoçar de vez em quando no Jack’s Brewing e acabamos nos conhecendo.


– John, graças a Deus, chegou bem a tempo.


– O que houve garota? Parece que viu um fantasma.


– Pior Sr. J, eram dois homens.


– Assaltos neste região são comuns, ainda mais uma hora dessas, o que esse cara pensa que é para fazer uma jovem moça trabalhar até tarde? Mas esqueça isso, agora esta sã e salva. Pronta para ir pra casa?


John era um bom homem, perdeu a esposa há alguns anos, pra mim ele é um lindo exemplo de superação. Fico grata por ele ter me salvo nesta noite, só quero chegar em casa e realmente esquecer esse dia terrível.


Passei na recepção e não haviam correspondências, andei pelo corredor de madeira que rangia a cada passo, estava exausta, podia sentir o peso em minhas costas, faltavam alguns metros até o meu quarto quando a luz do corredor se apagou.


– Não pode estar acontecendo isso.


A escuridão podia ser sentida, uma risada que congelava o tempo soou pelo corredor vazio, olhei para trás e junto ao meu pescoço pude ver quatro olhos vermelhos que me fizeram gritar, a luz voltou. Corri depressa até a porta do meu quarto e sem tirar os olhos do corredor, puxei a chave de dentro da minha bolsa, tentei encaixa-la no trinco mas a luz voltou a se apagar, derrubei as chaves me jogando junto delas e tapando o rosto. Senti alguém soprar minhas mãos que protegiam a minha face, era um ar quente e com toda força golpeei o que quer que estivesse na minha frente, senti que havia acertado algo e as luzes voltaram. Peguei as chaves e desta vez me concentrando no meu objetivo consegui finalmente abrir a porta, entrei depressa antes que as luzes se apagassem novamente, a tranquei e fui para longe da janela. Minha mão direita estava cheia de sangue, fiquei apavorada e corri até o banheiro me limpar, ainda tremia, podia ouvir as batidas do meu coração.


Em meu reflexo, podia ver as marcas de desespero, o suor que escorria em meu rosto, as bochechas avermelhadas. Ouvi um barulho, algo diferente, seguida de passos que vinham na direção do banheiro, me virei para poder fugir de meu inimigo, mas meu inimigo foi mais rápido e em um piscar de olhos, eu apaguei.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, já tem suas suspeitas? Novo capítulo em breve ♥



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