Depois das primeiras aulas, chegou a hora do intervalo. Camila e Francesca me chamaram para comer com elas, mas estava todo mundo também. Nos sentamos embaixo de uma árvore bem grande que tinha no pátio e lá começamos a conversar.

– Nossa, aquela aula de filosofia estava me dando sono! – Broduey disse e depois mordeu um pedaço de um sanduíche.

– Nem me fale! Confesso que eu tirei uns cochilos. – Diego concordou.

– Ai gente! Tava tão fofinha! – Francesca disse.

– Tava mesmo! O professor estava falando sobre amor! – Camila acrescentou, com o olhar perdido e colocando a cabeça no ombro do Broduey, com quem ela namorava.

– E o que você achou Violetta? – León, que até o momento não tinha falado nada, perguntou.

– Achei boa. – Eu disse sem querer falar muito naquele assunto. Quando o professor de filosofia fala de amor eu sei que vou ter que estudar muito para a prova. Como vou responder sobre algo que eu não sei?

– Só boa? E o que mais? – Francesca disse.

– Não gosto muito do assunto da aula. – Eu estava rezando para alguém mudar de assunto rápido e não se aprofundarem demais nisso, eu não queria mentir para os meus amigos. É até legal dizer isso: Meus amigos.

– Porque? – León insistiu.

– Me dá sono também. – Eu disse fazendo todos rirem. Eu não menti, realmente sinto muito sono na aula de filosofia, o professor sempre falando com seu jeito calmo e devagar impossibilita que alguém fique acordado. Mas também não falei completamente a verdade.

– Vilu, você é muito engraçada. Porque nunca percebemos esse seu lado antes? – Maxi disse.

– Eu sempre fui muito tímida. – Respondi.

– É, a gente percebia. – Ludmila disse.

– Não liga não Vilu. A Ludmila fala assim com tudo mundo. – Naty explicou mais uma vez. Ludmila falava mais com a Naty, com os outros não muito.

Logo o sinal tocou e tivemos que voltar para a sala de aula. Por muitas vezes eu me pegava repassando a conversa mentalmente, mas eu tentava me concentrar ao máximo para minha notas não caírem. Pela primeira vez eu não estava totalmente fixada na aula. A aula era a minha distração e de esquecer um pouco tudo, mas agora eu tenho outras coisas e as aulas passaram a ser o que elas sempre foram para pessoas normais, mas eu não percebia isso. A escola era a melhor parte do meu dia! A escola continua sendo a prioridade, mas agora eu tenho muito mais do que eu tinha.

O sinal da saída tocou e eu guardei meu material. Eu estava nervosa, eu tava com medo. Pronto, admiti! Eu já estava um pouco mais próxima do León, não deveria estar tão esquisita do jeito que eu estava. Mas eu estava. Encontrei León no portão da escola, conversando com alguns meninos que eu não conhecia. Ao me ver ele se despediu e fomos caminhando até em casa sem conversar muito.

Chegamos em casa e depois de cumprimentar a Angie fomos para o quarto começar a estudar, ou o que o León chamava de “fazer milagre”. Ele estava muito melhor do que nos últimos dias, fazia tudo mais rápido e ele estava muito feliz por isso.

– Sério, muito obrigado mesmo! – Ele disse fechando os cadernos e os guardando na mala.

– De nada.

– Quanto mais eu entendo isso, mas eu penso o quanto eu era burro. – Ele disse rindo.

– Não era só você, no começo eu também não entendia e ficava o dia inteirinho estudando isso.

– Como você aguentava ficar o dia inteiro estudando sozinha? Eu só faço isso dois dias antes da prova, não o ano inteiro.

– Eu gosto muito de estudar, consigo me desligar um pouco do resto do mundo.

– Sabe Violetta, por mais que você não saiba, você é muitas vezes o assunto de várias conversas na sala.

– Como assim?

– Muita gente fala de você, falam de como suas notas são sempre altas, te admiram por nunca fazer pergunta nenhuma nas aulas e mesmo assim conseguir nota alta, como você sempre presta atenção na aula e até mesmo que você é a filha que todos os pais gostariam de ter.

– E os que falam mal?

– O que?

– Tem sempre os que falam coisas ruins sobre você, não importa o que você faça não é mesmo?

– É verdade.

– Me fala um pouco deles.

– Porque quer saber sobre esse idiotas? – León perguntou sem entender.

– Quero saber se eu já fiz alguma coisa ruim para algum deles.

– Você não fez nada pra ninguém.

– Como sabe disso.

– Você parece incapaz de fazer isso. Não sei, ninguém consegue imaginar você fazendo algo pra magoar alguém.

– Acho impossível não magoar alguém. As vezes você não faz por mal, mas acontece e você não tem culpa.

– Onde você lê essas coisas? Sempre tem umas frases tão bonitas pra falar. – Ele disse me fazendo rir.

– Não li em lugar nenhum.

– Já pensou em substituir o professor de filosofia?

– Não. – Eu disse rindo.

– Pelo menor acho que eu não dormiria, aquele professor é esquisito pra caramba.

– Coitado! Eu sei que a aula dele dá muito sono, mas esse é o jeito lento dele.

Depois desse comentário teve aquele tipo de silencio horrível, que incomoda pra caramba. Mas eu não sabia o direito o que falar, então eu estava pedindo mentalmente pra ele falar alguma coisa logo.

– Violetta de vez em quando eu te via na aula, tão concentrada, anotando tudo rápido e eu achava que você era assim porque tinha pais super rígidos e que devia ser a garota mais certinha do colégio. Eu ficava pensando como você conseguia se entregar tanto nas aulas, como sempre tirava nota máxima na matéria mais complicada e, pra falar a verdade, eu achava que você só sabia falar de números e marcos históricos. Por causa disso eu quis estudar com você, porque eu estava precisando de muito foco, porque se eu repetir de ano eu nem sei o que aconteceria comigo, mas não se preocupe com isso. Bom, depois que eu comecei a estudar com você eu percebi que você de certo modo, não era o que eu pensava. Tudo bem, você realmente é muito ligada nesse negócio de estudo, mas você é engraçada e fala de tudo um pouco, é respeitosa e muito compreensiva.

– Porque está me dizendo isso?