A Fonte escrita por Regina Massae


Capítulo 7
Capitulo 7:Carl e July




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/664182/chapter/7

– Mamãe...

– Hum...?

– O papai já foi trabalhar e ele pediu para acordar você.

– Nossa, mas que horas são?

– Seis horas.

– Tão cedo. Volte a dormir, eu vou preparar o café da manhã.

Assim que as crianças levantaram e tomaram seu café, subi para escolher um vestido para a “execução”. Realmente eles eram muito vulgares, agora eu sabia do porque ela tinha estes vestidos, não era para o marido.

Escolhi um vestido preto com alças, saia esvoaçante e decote pronunciado. Também uma sandália preta com salto alto e fino.

Quando desci, o Ken me viu e voltou a olhar a televisão. Aquilo me doeu, foi como se ele estivesse acostumado a ver a mãe sair vestida deste jeito.

A Maggie já estava no portão e quando me viu ficou muito triste, tirou o broche do peito e o xale. Ela fechou o meu decote com o broche e colocou o xale nos meus ombros.

– Nenhum dos dois merece vê-la assim, pelo bem ou pelo mal.

Cheguei na marcenaria e eu já esperava a reação dos homens, mas desta vez foi mais acalorada.

– Fi...Fiuuuu

– Aí boneca, chegou cedo.

Queria socar cada um deles, o salto da sandália enterrava no meio da serragem e fazia frio ali. Subi e segui pelo corredor que dava para uma porta, o escritório de Ed Jr. Bati na porta.

– TOC...TOC...

– QUEM É? Oh... Julianne...voce ta tão bonita. Eu nunca tinha reparado de como você é realmente linda... entre... entre...

– NÃO,... ELA NÃO VAI!

De repente, o Carl estava na minha frente, braços abertos impedindo a minha entrada.

– Mas o que é isso? – disse Ed Jr surpreso.

– JÁ DISSE QUE NÃO! VOCE NÃO VAI TOCAR NELA... NUNCA!

– Carl, eu só vim...

– VOCE FICA QUIETA...

– Mas quem é você para... – Ed parecia ameaçador

Ele iria avançar para cima do Carl, mas Carl não recuou e Ed viu que os outros trabalhadores tinham vindo ver o que acontecia, estavam todos no corredor. Eles nunca tinham visto o Carl reagir. Isto acabou intimidando Ed.

– Ei, voltem ao trabalho.

Entrou e fechou a porta.

Desta vez, fiquei surpresa, Carl parecia realmente furioso. Seus olhos estavam brilhando de raiva. Me arrastou dali e abriu a porta da caminhonete.

– SUBA JÁ, AGORA!

Bateu a porta com força e saiu a toda.

– Mas você disse para...

– NÃO FAÇA MAIS ISSO! NUNCA MAIS, VOCE OUVIU? NUNCA MAIS VOCE PISA OS PÉS LÁ DENTRO!

Abaixei a cabeça e deixei os cabelos tamparem o rosto e comecei a fingir que estava chorando:

– Snif... snif...

Mas na verdade, eu queria gargalhar de alegria, ele reagiu, enfrentou o chefe.

Ele me deixou no portão e saiu cantando pneu. Maggie veio preocupada:

– Tudo bem? O que aconteceu?

– Ele ficou furioso, Maggie! Brigou comigo, disse para nunca mais ir lá. Ele me protegeu, Maggie! Enfrentou o Ed. Eu estou tão feliz, isso quer dizer que ele realmente me ama! ...quer dizer... ama a Anne...é ama a ela...

– Oh minha criança! Você se apaixonou por ele!

– NÃO, não! Não posso... não! Meu Deus! Ele é o marido da Anne... não está certo...

Pensei desesperada:

– E agora? Isto não está certo, não pode estar acontecendo, o que vou fazer?

Foi um alívio quando as crianças apareceram:

– Mamãe, o Kon fez coco!

– É, ele esta fedendo.

– Fez coco, ai que ótimo! Vamos lá trocar.

Carl voltou quase onze horas da noite. Estava cansado e sujo. O Ed não ia deixar barato e pegou pesado com ele. Mas ele não parecia cabisbaixo ou triste. Alguma coisa mudou nele, estava altivo, os ombros erguidos, diferente. Eu estava sentada na cadeira da cozinha observando-o no meio do escuro. Ele acendeu a luz:

– O que faz aí no escuro?

– Estava sem sono, quer que esquente seu jantar?

– Não eu faço isso, vai descansar.

Levantei e comecei a subir as escadas, virei para ele e disse:

– Obrigada.

– Por que?

– Por tudo.

Pois me lembrei que quando estávamos na escola e eu chorei pela minha primeira nota sete, ele prometeu que eu sempre seria a melhor aluna da turma e ele cumpriu.

Nas provas seguintes, ele sempre errava algumas questões de propósito para que eu tirasse a nota maior. Como eu sei? Por que estudávamos juntos e ele sabia as respostas.

Eu e Anne, mocinhas sonhadoras, querendo algo mais, sonhando com artistas de cinema, achando ele meio-feinho, bobalhão, mas depois de tudo pelo qual ele passou: agressão, humilhação. Olhei para ele de novo e pensei: Mas ele é lindo!!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Fonte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.