A Fonte escrita por Regina Massae


Capítulo 6
Capitulo 6:Carl e Anne




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Anne e Ed já se conheciam e namoravam escondidos. Ele vinha com mais dois amigos e depois de bêbados faziam algazarras na cidade.

Depois que você foi para a universidade, Anne ficou sozinha e foi procurar o Ed.

– Ed, vamos embora daqui. Todos os meu amigos já foram. Eu não quero ficar aqui o resto da vida.

– Ir para onde boneca?

– Sei lá, qualquer lugar. Vamos juntos.

– Há, há , há. Eu te levar? Está brincando? Você é um caipirinha do interior... vou passar vergonha.

– Você é um canalha, imbecil, eu...eu amei você.

– Está vendo? Caipirinha fácil!

– PLAFT... CANALHA!

– Vem cá... se acha que pode me agredir assim? Se quer mais é?

– Me larga, seu cafajeste.

– Anne, tudo bem aí?

– O que? Mas quem é esse?

– É o Carl, o filho do Lui Hanson.

– Ah é, manda ele ir embora para eu dar um trato em você...

– CARL! SOCORRO! ELE QUER ME ESTUPRAR...

Carl foi para defender a Anne e o Ed chamou os seus dois amigos que estavam perto assistindo a cena. Ele deram uma surra no Carl, bateram principalmente na cabeça dele. Anne começou a gritar pedindo ajuda e eles fugiram.

Já era tarde da noite e os moradores vieram para ajudar a socorrer.

– Foi um assalto, os bandidos fugiram – dizia a Anne.

Mas ninguém acreditou, assalto era coisa inexistente ali, os únicos que perturbavam eram Ed e os amigos. Anne era a única testemunha e ela não iria entregar o namorado.

O pai de Carl foi chamado e ele levou o filho ao hospital na cidade vizinha. Os médicos disseram que era muito grave e eles não tinham recursos suficientes. Carl estava com traumatismo craniano e seria levado para outro hospital onde permaneceria internado em coma por três meses.

Seus pais foram vê-lo e o médico veio recebê-los. D.Vivian, a mãe de Carl perguntou:

– Doutor, meu filho, quando ele vai ficar bom? Ele vai para os Estados Unidos estudar, ele tem uma bolsa de estudos na Harward.

– Eu sinto muito – disse o médico – seu filho é um rapaz forte e vai sobreviver. Mas ele nunca irá para Harward. Ele precisará começar tudo do zero. Ainda não temos a extensão dos danos, mas são sérios.

Carl teve alta após este tempo e precisou a aprender a andar, a comer sozinho, a sua fala ficou prejudicada, com o tempo ele melhoraria, mas infelizmente os testes de inteligência o classificaram como incapaz. Ele deveria ficar sob a guarda de um tutor legal.

D.Vivian não agüentou ver seu filho único neste estado e faleceu um ano depois.

Lui Hanson estava com muitas dívidas, o custo do hospital e a fisioterapia estavam acabando com o caixa da empresa.

Todos os trabalhadores era solidários e gostavam dos Hansons, principalmente do Carl. Mas todos tinham família e precisavam do salário.

Então Ed Joshua pai apareceu de volta e com uma proposta. Ele entraria com o dinheiro, sabe se lá aonde arranjou, para ser sócio na madeireira de Hanson. O que Lui poderia fazer? Precisava de ajuda, seu filho precisava de ajuda. Então concordou.

Depois do acidente, Anne saiu da cidade. Voltou alguns anos depois e igual a sua mãe, voltou sozinha e grávida.

Há muitos anos atrás, a mãe dela havia voltado para Jacarandá grávida e foi morar com a avó de Anne. O pai era um homem casado e a mãe nunca falou quem era ele, nem um nome sequer.

Anne cresceu sentindo a falta desse pai, invejava as amiguinhas que tinham um. Quando a mãe morreu, sua avó a maltratava dizendo que ela ia ficar que nem a mãe, que ia engravidar e o filho não teria pai.

Aos onze anos conheceu uma menina parecida com ela, poderia ser sua irmã. Mas ela era esnobe, orgulhosa, metida a inteligente e depois andava com o outro esquisito da classe. O nome dela era Julianne.

Ela sonhava que o pai de Julianne poderia ser o pai dela também. Ele era simpático com ela, mas a esposa dele olhava feio.

Somente quando Julianne perdeu o pai, ela se aproximou. Agora as duas não tinham pai.

Anne estava com vinte e cinco anos e sua avó já havia falecido quando voltou para Jacarandá. Tinha guardado um dinheirinho e por sorte, a avó tinha deixado a casa para ela. A casa estava caindo aos pedaços, mas era o único lar que conhecia. E agora, o que faria? O que seria do seu filho? Será que alguém desconfia que ela já esteja grávida?

Estava andando pela rua, quando encontrou o viu. Ele a reconheceu:

– Anne... vo...vo...voce vol...tou...

– CARL!

Lá estava ele, alto, magro, mancando um pouco e com auxilio de uma bengala. Ainda falava com dificuldades. E ela se sentiu culpada. Foi por causa dela que ele ficou assim. Ele foi defendê-la e ela o incentivou. Ficaram conversando até tarde, ele a acompanhou até a casa dela e ela perguntou:

– E você casou? Tem namorada?

– Quem iria me querer? – respondeu ele.

Anne percebeu a maldade que tinha falado, mas logo em seguida pensou. Por que não?

– Você não quer entrar? Preparo um café para nós.

E ele aceitou.

Um mês depois, Anne foi falar com Lui Hanson.

– Estou grávida do seu filho, ele vai confirmar que nos ficamos juntos.

Lui levantou, tinha tantos problemas e agora vem mais essa:

– Você seduziu o meu filho, você se aproveitou do fato dele não ter condições de julgar...

– Ah... ele sabia muito bem o que estava fazendo...

– Você não vale nada! Aposto que o meu filho não é o pai dessa criança, se é que está realmente grávida.

– Olha, eu só quero uma ajuda para...

– VAGABUNDA!!! IGUAL A SUA MÃE!

– Pai eu... – Carl estava na sala com o pai.

– Você fica de boca fechada! Já tenho muitos problemas para resolver!

– Mas pai...

– CALA A BO... – de repente, Lui começou a passar mal e caiu no chão.

– PAI! PAI!.. chama o Tobias, depressa! PAI!

Hanson teve um infarto, sobreviveu e sua preocupação com o filho aumentaram. Pediu para chamarem Ed pai.

– Se eu morrer, meu filho não terá condições de cuidar da minha parte e você acabará ficando com tudo e meu filho ficaria com nada.

– Hanson, o que é isso, sou seu amigo.

– Amigo uma conversa. Você sempre quis a madeireira só para você. Tenho uma proposta e você vai honrar.

– Qual é?

– Vou vender a minha parte, mas com a condição de que meu filho vai ter um emprego na madeireira até a morte dele, você ouviu?

– Ok, pode acreditar. Eu dou a minha palavra.

Depois chamou a Anne.

– Você sabe que meu filho vai precisar de um tutor legal para a vida toda?

– Eu sei...

– Ele só se casa se eu autorizar, eu ainda sou o tutor dele. Se você se casar com ele, e algo acontecer comigo, terá de ser a tutora dele, sabe o que significa isso?

– Não posso me separar dele. Não posso abandoná-lo.

– Muito bem, quer isso mesmo?

Marcaram a data, mas Anne menstruou, não estava grávida. Agora ela precisava engravidar urgentemente ou abandonar tudo e fugir.

Ela não teve coragem. Carl estava radiante, ia casar e seria pai.

Casaram-se e foram morar na casa dos pais dele.

Anne veio me procurar, me fez jurar segredo. Precisava engravidar o mais rápido possível, haveria algum chá para isso?

Ela engravidou e a criança, um lindo menino de cabelos loiros e olhos azuis esverdeados nasceu, era a cara do Carl.

A cidade comentava que era uma gestação de onze meses e que ela havia enganado os Hansons.

Carl estava feliz, tinha esposa e filho, o que mais faltava. Mas o seu pai não agüentou de tristeza, teve outro infarto, desta vez fulminante.

Ed pai honrou a promessa que fez, e Carl teria um emprego vitalício, a principio ele fazia serviços leves e sem grande importância no escritório.

Quando Kim nasceu, começaram os problemas. Anne entrou em depressão e para piorar ainda Ed Junior veio assumir o lugar do pai, quando Ed pai morreu num acidente.

Ed Jr tinha outros planos. Carl teria um emprego vitalício? Certamente, mas dentro das suas capacidades. Ele trabalharia lá fora, na madeireira junto com os outros empregados. Conseguia mexer nos maquinários? Não? Então faria outros serviços braçais como varrer o chão de serragem, lavar banheiros, lavar peças e se conseguisse dirigir, ele carregaria o caminhão e faria as entregas. Poderia até ficar com a velha caminhonete do Lui.

Mesmo assim, isto não quebrou o espírito de Carl. Ele continuava bonachão e ajudava sempre que podia, principalmente o Tobias que já tinha idade mas insistia em continuar indo trabalhar.

Anne não agüentou e foi falar com Ed Jr.

– Ora, ora, você me trocou mesmo pelo retardado...

– Seu... seu criminoso. Por sua causa ele ficou assim.

– Ora, por minha causa ou por sua? Afinal você era a minha garota, ele não tinha que te defender. Você pediu ajuda para ele.

– Mas afinal, por que você faz isso com ele?

– Não sei, acho que é por que ele tirou a minha garota, agora vou tirar a dele.

– Do que está falando?

– Simples, eu vi a documentação sobre o caso dele. Você é a tutora legal e vocês tem filhos. Se ele perder o emprego e não tiver como sustentar a família. Ele perde a guarda das crianças. A não ser que você como tutora legal sustente todos. Mas você, o que você sabe fazer, heim? Além de chorar, beber escondida, pensa que eu não sei. Agora se você for boazinha e vir fazer umas visitas, eu vou deixar seu maridinho ficar aqui para sempre.

– Seu f.d.p.!

– Chega, Maggie! Não precisa continuar, agora eu já entendi tudo, já sei o que preciso fazer.

– Oh, não querida, isso não! Você não pode...

– O que eu posso fazer... não posso deixar levarem as crianças dele...Eu vou amanhã falar com Ed. Você... pode olhar elas para mim?

– Sim...- respondeu com o coração apertado e lágrimas nos olhos.

Maggie estava admirada e triste ao mesmo tempo, com certeza Julianne e Anne eram pessoas muito diferentes.

Já era tarde, logo, logo Tobias devia estar chegando. Não pretendia submeter-se a Ed Jr, aquilo seria a última coisa que faria. Quem sabe pudesse convencê-lo a devolver os direitos do Carl? Conversando com jeitinho, quem sabe? Talvez houvesse um outro jeito de resolver, talvez uma revisão no caso, mas como? Precisava pensar.

Carl ainda estava acordado, não consegui encará-lo, passei direto e subi para o quarto. Eu sei que estava sendo cruel devido a tudo pelo qual ele passou, mas e o meu sacrifício amanhã? Ainda queria socá-lo por ontem, fui dormir querendo acordar no meu apartamento.


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