— Chega! Você está parecendo com a Eleanor! – Harry falou e parou de caminhar

— Não exagera! Nós só visitamos algumas lojas. – Falei enquanto o puxava

— Estou cansado. – Ele bufou

— Está terminando, cachinhos.

Nós entramos em uma loja EXTREMAMENTE dourada e elegante. Já era tarde, então tentei ser rápida. Harry sentou num sofá que ficava no fim da loja e eu comecei a procurar “o vestido perfeito”.

Depois de uma eternidade, achei o vestido certo naquela mesma loja. Me dirigi ao caixa e comprei o mesmo. Ouvi algumas risadas no fundo da loja e virei minha atenção para lá. Uma garota loira, com aparência de uns dezesseis anos, estava rindo e conversando com um certo garoto de cabelo cacheado. Ela estava praticamente em cima dele, e o idiota nem parecia notar. Observei aquela cena por alguns segundos até que o Harry me visse. Ele veio correndo até mim, deixando a garota com uma expressão confusa. Eu sai correndo da loja e pude ouvir ele me chamando.

— O que deu em você? – Ele perguntou enquanto me alcançava

— Nada. – Falei baixo e ele arqueou as sobrancelhas

— Agora eu vou fingir que acredito, daí você me conta depois, ok? – Ele falou irônico

— Eu deixei você sozinho por alguns minutos e quando volto, tem uma garota quase tirando a roupa lá. – Falei de uma vez e ele riu

— Ela não estava quase tirando a roupa.— Ele falou me imitando

— Só porque era um lugar público. – Falei rolando os olhos

— Nada que eu venha a falar agora vai te deixar menos irritada, certo? – Eu fique calada e ele riu fraco – Tudo bem.

[...]

Já eram 15h e eu estava no quarto, deitada, olhando para o nada. Algumas vezes eu parava para pensar em como eu tomava atitudes estúpidas. O garoto só estava conversando, certo? Certo. Eu confiava nele, certo? Certo. Então por que diabos eu tinha ficado tão irritada?

Mas em uma parte eu concordava comigo mesma: aquela garota era uma oferecida mesmo. A questão é que no fundo, eu sabia que estava errada. É óbvio que se eu encontrasse um garoto bonito e sozinho no sofá de uma loja, eu ia dar em cima dele. Ou não. Era ridículo estar julgando alguém que eu nem conhecia, mas há algo no mundo que nos faz achar que não tem nada demais nisso, e nome disso é ciúme. Estava pensando em mil maneiras de como lidar com isso, quando senti meu celular tocando no meu bolso.

Ligação ON

— Olá, amiga que não liga para os amigos.

— Olá, Zayn.

— “Olá, Zayn”? Isso são modos de me cumprimentar?

— Olá, garoto mais lindo e mais bem penteado que eu já vi!

— Para que esse tom irônico? Eu sei que você nunca teve um amigo tão lindo como eu.

— Nossa, que modesto.

— Eu sou honesto. Como está na Suíça?

— Você quis dizer Portugal?

— Foi o que eu disse. Portugal.

— Está meio chato. A parte mais emocionante até agora foi ter brigado com o Harry, e não é um emocionante bom.

— Você brigou com o Harry? Por quê?

— Na verdade, eu briguei com ele, mas ele não brigou comigo.

— Que? Isso foi meio confuso.

— É, mas para mim faz sentido.

— Bom, aqui está tudo uma droga. Tipo agora, que vamos ter aula extra.

— Nunca me senti tão bem por estar em casa.

— Eu queria ser você nesse momento. Tenho que ir, até mais.

— Ok, até mais.

Ligação OFF

Ligações emocionantes sempre presentes. Ouvi uns sussurros do lado de fora do quarto e me encostei na porta para ouvir.

— Você fez besteira, né? – Reconheci a voz do Logan

— Não interessa a você. – Harry sussurrou e Logan riu

— Interessa, porque eu estou querendo te matar agora, mas tudo bem.

Ouvi alguns passos e deduzi que seria o Logan descendo as escadas. Contei três segundos e ouvi algumas batidas na porta, o que era bem previsível

— Oi. – Ele falou e eu dei espaço para que ele entrasse

— Oi. – Respondi e ele riu

— O que deu em você?

Talvez o Harry fosse o cara mais direto que eu já havia conhecido.

— Do que você está falando? – Perguntei enquanto me fazia de desentendida. Isso era legal

— Você sabe. “Eu deixei você sozinho por alguns minutos e quando volto, tem uma garota quase tirando a roupa lá”. – Ele falou fazendo uma péssima imitação da minha voz

— Eu não falo assim. Mas aquela garota estava dando em cima de você. O que você esperava? Que eu ficasse de braços cruzados?

— Ela só queria saber que horam eram! – Ele falou rolando os olhos

— Não era pelo que ela estava dizendo, e sim pelo que estava fazendo. – Falei bufando

— Eu desisto de tentar te entender. – Ele falou rindo fraco – Desculpa, ok?

— Desculpa pelo que?

— Não sei, mas aprendi que quando se trata de uma mulher, você tem que pedir desculpas por qualquer coisa, mesmo que não tenha feito nada. – Ele falou dando de ombros

— Desculpa. – Falei e ele me abraçou. – Eu confio em você.

Talvez nós fossemos o casal mais esquisito de todos, mas eu gostava disso.

[...]

Acordei com o som do despertador, mas não o do toque, e sim o dele caindo no chão. Sinceramente, eu nunca tive muita paciência para essas musiquinhas irritantes. Tomei um banho e desci as escadas.

Meu pai ainda estava tomando o café da manhã quando eu me aproximei. Eu o abracei de lado e ele sorriu.

— Foi um prazer vê-lo ontem, pai.

— Desculpe, querida. Eu cheguei muito tarde, e você já estava dormindo.

— Você vai trabalhar hoje?

— Claro que não. – Ele falou confuso

— Como assim “claro”? O que tem demais hoje? – Perguntei enquanto me espreguiçava

— Hoje é o casamento, Karinna. Você esqueceu?