Never Let It Go escrita por Dreamer


Capítulo 3
Last Time I Heard About Him


Notas iniciais do capítulo

Alguém ainda tem essa história? Eu sei faz MUITO TEMPO que eu to pra atualizar, e quando volto, não é nem com o capítulo completo. É, eu sou uma bosta :P Enfim, aqui está: 2000 e alguma coisa de Never Let It Go :)



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Jack despertou. O medo era quase palpável naquele lugar, já que se encontrava na repugnante toca de Pitch. Tinha seus braços presos por correntes, às mesmas que se tinham presas nas paredes. O albino sentiu a presença de seu carcereiro antes que o rei dos pesadelos sobressaísse das sombras.

—Precisa de ajuda, Frost? – ele pediu cínico. – Nunca achei que algo tão bobo como uma lâmina humana pudesse fazer tanto estrago, principalmente em você.

—O que quer de mim? – Jack pediu com a voz trêmula.

—Já disse! Disse milhares de vezes e você não parece entender! – Pitch disse perdendo o controle.

—Ao que parece quem não entende é você. Eu já te expliquei, não sei por que Ele me escolheu! Não sei o que o Homem da Lua viu em mim. Não sei! – o albino falou com toda a voz que conseguia.

—Chega! – Pitch gritou. Sacou uma das facas na parede e brincou com a lâmina. – Vamos ver o que essa coisinha pode fazer. E depois, acho que vou visitar sua querida Elsa...

—Não, não toque nela. Por favor – Jack gemeu.

—Creio que você não esteja em posição de me pedir favor...

A próxima coisa que Jack sentiu foi a lâmina em seu corpo. Conforme o sangue manchava seu moletom, ele foi perdendo a consciência, mas algo não parava de perturbá-lo.

Ele não deveria sangrar.

*

Elsa acordou assustada. A respiração se manteve ofegante por alguns segundos antes de poder pensar no que viu. Jack estava preso. Era por isso que não o via mais? Era por isso que não a procurava? Era por isso que o colar lhe dava a sensação de estar protegida?

Ela levou a mão pescoço, mas, sentindo a área vazia, desesperou-se. Correu até o banheiro e quase jogou tudo no chão. Onde estava o colar? Onde? Ela fechou os olhos, sentindo o gelo tomar conta do seu corpo. “Encobrir, não sentir”, ela disse mentalmente. O castelo respondeu a seus sentimentos, criando estacas no antes lindo chão. Correu até o salão e abriu a porta da varanda, tentando achar a peça tão especial. Observou a escada e viu, ainda no último degrau, o brilho dos diamantes que compunham. Pediu mentalmente para que ninguém se aventurasse naquela hora. O que diriam sobre a rainha que fugiu de tal maneira do seu próprio povo? Bruxa, com toda certeza, pelos poderes que nunca demonstrou ter.

Desceu as escadas correndo. O fino tecido da camisola atrapalhou seus movimentos e quase a fez tropeçar algumas vezes, mas finalmente com o colar em mãos, voltou para o castelo. Assim que entrou em sua morada, fez menção de colocar o colar no pescoço e esquecer o sonho, mas a mesma voz que ouvira antes a impediu.

—Ah, ele nunca te abandonou. Que romântico.

Elsa virou-se, tentando encontrar a fonte da voz. Parecia vir de uma sombra negra na parede.

—Q-quem é você? – ela perguntou trêmula. A sombra se moveu, parando próximo à porta da sacada.

—Eu? Chamam-me de muitos nomes. Não sou quem nem você, pequena Elsa, que tem o prazer de ter apenas um nome.

A porta da varanda fechou com um estrondo, quase quebrando. Ela assustou-se, encarando a sombra, que se movia mais uma vez.

—Escuro, breu, bicho papão, medo. – a cada palavra, a coisa chegava mais perto. – Mas você, e apenas você, Elsa, rainha foragida de Arendelle, pode me chamar de...

Então ele se solidificou, e Elsa se achou olhando para uma figura alta, esguia e totalmente sem cor. Exceto os olhos, que brilhavam num tom de amarelo elétrico.

—Pesadelo – sussurrou, fazendo todo o corpo de Elsa tremer.

—O que você faz aqui? – ela perguntou tentando manter o controle de sua mente. A presença daquela coisa trazia à tona todas as lembranças que ela lutava para esconder, enterrar e com sorte esquecer. Ela viu Anna sendo atingida por gelo, viu uma de suas primeiras noites trancada no quarto, quando ainda não tinha Jack ao seu lado. Viu seu aniversário de 15 anos passar de novo, sem a presença de seu Guardião. Viu os anos passarem e suas mãos congelarem cada vez mais objetos.

—Medo é uma coisa incrível, não é? – a figura alta se movia ao redor dela. – Podemos aprender com ele, com certeza, e podemos superá-lo também. Mas normalmente as pessoas se deixam perder nesse sentimento.

Ele parou em sua frente e Elsa mais uma vez sentiu aqueles olhos amarelos revistarem sua mente, descobrirem seus segredos e a fazerem reviver seus piores pesadelos.

—Eu quase perdi você – ele murmurou, a ponto de encostar-se a Elsa. – Por muito pouco você não se livrou de mim, pequena Elsa. Se não fosse aquele maldito Guardião...

—Jack? – ela disse trêmula. Como Jack poderia ter haver com tudo aquilo?

—Ah sim, seu precioso Jack – a sombra riu descontrolada. – Eu nunca tive nada contra você, pequena Elsa. Eu não queria seu mal, querida. Não, longe de mim! Mas, infelizmente, você acabou se tornando um empecilho, uma pedra em meu sapato, um muro em meu caminho para a vitória.

Ele se afastou bruscamente, virando de costas, criando teias de uma areia negra como o céu da noite e puxando Elsa para perto dele com aquelas teias.

—Veja, eu não fui muito bem aceito. Com essa tal de ‘Era de Luz’ – ele fez aspas com a mão – fui simplesmente jogado para o lado, ignorado, como se tivessem trancado todos seus medos em um baú. Eu procurei por séculos para achar um modo de voltar ao poder, para o medo voltar a reinar sobre tudo e todos.

—Você não pode ser tão cruel! – Elsa disse espantada. Ela sabia como era viver com o medo, crescer com o medo e se odiar por medo. Não conseguia acreditar que um ser humano pudesse desejar isso para outra pessoa assim.

Mas ela não estava diante de um ser humano.

—Não posso? – a sombra se irritou. – Eu fui desprezado, deixado de lado e ignorado por todos aqueles que deveriam ME LOUVAR. ELES DEVERIAM AGRADECER QUANDO EU NÃO OS VISITO DURANTE O SONO, NÃO DIZER PARA SUAS CRIANÇAS QUE NÃO ACREDITEM EM MIM!

As teias ao redor de Elsa se agitaram, como se elas mesmas tivessem medo de seu criador. A que prendia Elsa no lugar a apertou mais forte, a fazendo perder o fôlego.

—Quando eu finalmente descobri como me tornar o mais poderoso... Mais poderoso que o Homem da Lua... Nada me pararia, nada mesmo. Não seria uma princesa medrosa que me separaria do meu lugar no poder!

Ele se virou e a encarou, o corpo sem cor se esgueirando nas paredes.

—Eu vejo a dúvida em seus olhos... Como você faz parte disso, se pergunta. – ele sorriu, alucinado. – Bom, eu precisava de um sacrifício. O bom e velho sacrifício é o que dizem. Mas, na verdade, faz todo o sentido. O único modo de me tornar mais poderoso do que o Homem da Lua é aniquilar seus maiores poderes. O amor, pequena Elsa, e os Guardiões. Eu precisaria matar o único de seus soldadinhos que descobriu o amor.

Elsa ofegou. Ela sempre quis que Jack a olhasse de forma diferente, mais do que uma amiga e sua protegida. Seu desejo tinha se tornado realidade?

—Ah sim, Jack amava você. Mais do que como uma irmã. No começo, ele sentia que você era um suplemento, algo para complementar a falta que sua irmã fazia e aliviar a consciência pesada que tem. Mas, quando dizem que é encantadora, não mentem. Em alguns meses, ele se viu completamente apaixonado por você. Mas você tinha cinco anos! É óbvio que ficou com medo, o que seus colegas pensariam?! E foi nesse minúsculo momento de medo que eu vi minha oportunidade. Medo em um Guardião? A coisa mais rara do mundo. Uma noite em que você estaria ocupada e BINGO, Jack Frost tornou-se meu prisioneiro.

—A festa – sussurrou Elsa assustada.

—Sim, uma coisa tão fútil quanto uma festa custou praticamente a vida dele. Mas a criatura foi mais esperta! Esse maldito colar! – a sombra apontou para o pescoço de Elsa. – Parte dos poderes dele estão aí. Você não percebeu o quanto seus poderes aumentaram depois dos seus quinze anos?

Pesadelo – ele realmente parecia a forma real dos pesadelos de Elsa – se aproximou dela novamente e puxou algo das sombras. Era como uma flecha, porém negra, a ponta extremamente afiada e reluzente fez gotas de suor brotar na testa de Elsa.

—Agora querida, nós vamos brincar. – ele disse com um sorriso cínico. – Isso, pequena rainha, é areia de pesadelo. Afeta tudo, até meu queridíssimo Sandman já foi ferido por uma dessas. Obviamente, em mortais tem uma reação muito pior do que em Guardiões. Levou quatro anos para que uma dessas deixasse seu amado Frost em paz, mas fraco. Tão fraco que uma mera faca de manteiga poderia o matar, ele até sangrou... Eu diria que uma dessas te mataria em... Quinze minutos? Talvez menos... – ele divagou, estalando os dedos e fazendo as teias soltarem a garota, que caiu sem fôlego aos pés de Pesadelo.

—O que você vai fazer comigo?

—Vou te dar tudo o que você sempre quis: A verdade! – a sombra riu alucinada – Você não quer saber por que tem poderes? Não quer saber o porquê dessa maldição? Vamos pequena Elsa, não estrague minha brincadeira!

Ele se aproximou, agarrando o braço de Elsa e a fazendo ficar de pé. Com um golpe rápido, abriu um corte profundo no abdômen da rainha, e ela gritou. Não só pela dor, mas também pela onda de memórias e pânico que correu por seu corpo.

Longe dali, o corpo de Jack começou a trabalhar mais rápido. Ele precisava salvar alguém.

—Quinze minutos e contando... – Pesadelo a largou e ela caiu no chão, chorando e abraçando o abdômen, como que para aliviar a dor. – Você gosta de histórias, Elsa? Eu amo histórias, principalmente as que não terminam bem. Vamos começar, sim?

“Fazia anos que estava calmo demais. Eu estava ocupado planejando minha ascensão ao poder e mais ninguém ameaçava as tão preciosas crianças, e o seu querido Jack entrou no que vocês chamam de depressão. Ele passou a acreditar que, pobrezinho, ninguém poderia o amar.”

A frase veio acompanhada com um sorrisinho sarcástico que Elsa não pode ver direito, já que sombras negras tomavam conta de seus olhos.

—O amor lhe destruiu tanto, ou melhor, a falta de amor... Tão perigoso quanto belo, na verdade. – divagou a coisa.

“Obviamente, meu velho amigo, o Homem na Lua, achou perigoso um de seus soldadinhos estar tão triste. Como ele poderia alegrar as crianças e trazer diversão se estava morto? Jack Frost foi tão fraco, querida, que ele tentou muitas vezes acabar com sua existência, mas o simples fato de ser um espírito da natureza o impedia. Sabe o que é necessário para acabar com um espírito da natureza? Anos e anos de tortura, Elsa. Anos de sombras e solidão e medo corroendo a alma brilhante dele. Normalmente, meu trabalho seria exatamente esse, mas Jack estava se condenando sozinho, apenas por querer amar.”

“Então, o Homem da Lua viu você, quando ainda não era nascida. Ele viu você e decidiu que era disso que Jack precisava: Um recomeço, alguém para proteger, alguém por que lutar, alguém para amar! Mas tinha um preço, ah sim, o preço... Veja bem, Jack era extremamente poderoso, o que fazia ele ser frio, tão frio que, seu uma criança encostasse nele, congelaria. E o Homem da Lua se viu com apenas uma saída: Congelar o seu coração antes que ele começasse a bater. Isso, é claro, afetou muito mais do que apenas seu coração, afetou sua alma, seu interior todo. E quando seu corpo não aguentou mais o gelo dentro de si, seu poder se expandiu e, bem, você descobriu como fazer um boneco de neve com um giro do pulso.”

—Acho que temos mais alguns minutos, não? Sete, se formos precisos. – a sombra divagou um pouco antes de continuar – Ah, sim. Sua infância.

“Jack sabia de sua existência e tentava te proteger do jeito que podia o que não era muito, vamos ser claros. Era quase nada, mas só o fato dele tentar aquecia o coração do Homem da Lua e o fazia ficar mais tranquilo, porque agora havia um motivo maior para Jack ficar. Ele tinha você, e você parecia amá-lo, tudo o que ele precisava! Então eu entro na história. O amor, pequena rainha, é uma coisa tão poderosa que é possível de ser sentida a quilômetros de distância, ainda mais se for o amor de um Guardião, eu pude senti-lo. Foi quando decidi que era hora de agir. Passei a lhe visitar todas as noites, mas ele sempre estava lá, na sua janela, te vigiando. Apenas duas ou três vezes estive perto o suficiente para que um bom pesadelo te assombrasse. Ele era um bom protetor, afinal.”

“Na noite da sua festa, ele veio até mim. Me ameaçou e jurou por tudo que me perseguiria para sempre se eu não lhe deixasse em paz. Mas ambos sabíamos que ele estava enfraquecido, apenas por deixar um pequena parte de sua alma brilhante dentro desse seu colar, e foi uma presa tão fácil, não deu tempo nem para me divertir. Com ele finalmente preso, eu lhe visitava várias vezes por dia, mas mesmo assim você não via. Ele é forte, devo dizer. Foram seis anos em que fiz de tudo para o manter fraco e finalmente o deixei a beira da morte”

Elsa soltou um ganido de dor. Já não conseguia enxergar nada e a última declaração de Pesadelo fez seu coração partir no peito.

—Ah, sim. Você consegue sentir, Elsa? – a criatura sussurrou – Consegue ver a vida se esvaindo do seu querido Guardião? Ele não vai estar aqui para te proteger... E nós ainda temos um minuto.

—Eu acho que você deveria pensar duas vezes antes de falar algo, Pitch.


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