300 anos antes...

      Eu estava ansiosa para a noite chegar, pois era o dia do meu casamento! Eu estava tomando um banho com várias flores perfumadas e minhas primas Jacqueline e Melissa estavam fazendo um penteado no meu cabelo.

      - Está linda, Allana! – Mel disse, com um sorriso no rosto.

      - Obrigada, Melzinha! – Eu respondi. – Mas vocês duas também precisam se arrumar! Afinal, serão minhas madrinhas.

      - Sim, a Lívia deve estar chegando! – Disse Jacque, prendendo uma flor branca no meu penteado.

      - E o casório de vocês, quando sai? – Brinquei com ela, que abriu um largo sorriso.

      - Logo, eu espero! – Respondeu.

      - O Henry e eu já vamos marcar a data também! – Melissa disse, feliz.

      Estávamos todas felizes. Hoje, com certeza, seria o melhor de minha vida! Eu me casaria com o homem que eu amo e viveria uma vida com ele e perto da minha família. Com minha prima Jacqueline e sua esposa Lívia, minha prima Melissa e seu esposo Henry, meu marido Cauê, meu pai Emanuel e minha irmã Sabrina. Estava tudo perfeito.

      Depois do meu banho, coloquei o vestido. Era branco e bem leve, com alguns detalhes nas mangas e rendas nas pontas. O buquê era de flores brancas. Minhas primas estavam maravilhosas em seus vestidos vermelhos de madrinha.

      - Você está linda, noivinha! – Disse Jacque, me abraçando.

      - Você que está, minha madrinha! – Respondi.

      - Ei, vamos para o bosque! – Melissa nos apressou. – Como segue a tradição você está atrasada, Lana!

      Todos demos risadas e saímos do meu quarto. Lívia e Henry estavam nos esperando na sala e sorriram ao me ver.

      - Uaaaau, Allana! – Lívia deu um mini chilique. – Você está linda!

      Eu estava com vontade de chorar. Não de tristeza, mas sim de alegria. Eu estava realizando um sonho e estava muito feliz.

      - Gente, eu sei que a Allana está linda, mas o Cauê está quase tendo um infarto lá! – Henry disse, brincalhão como sempre. – Que tal irmos para o casamento?

      - Eu super concordo! – Respondi e saí correndo em direção ao carro.

      Melissa foi ao lado de Henry na frente, que dirigia. Jacque, Lívia e eu fomos atrás. Estava cada vez mais ansiosa, não consegui conter uma lágrima de felicidade quando avistei o bosque todo decorado para o casamento. Meu pai realizaria a cerimônia e eu iria ao encontro de meu noivo acompanhada de Sabrina, que aliás, não estava em lugar nenhum.

      - Cadê a Sabrina? – Eu perguntei quando desci do carro.

      - Sei lá, deve estar te esperando mais para dentro do bosque, certeza que ela vem! – Melissa respondeu, me tranquilizando.

      Olhei a minha volta e consegui avistar Cauê. Percebi que ele estava sorrindo muito, e eu estava pronta para entrar, só faltava a Sabrina.

      - Procurando por mim, irmãzinha? – Me virei e encontrei Sabrina atrás de mim, com um sorriso no rosto.

      - Brina! – Eu a abracei bem forte. – Achei que você não viria!

      - E você acha que eu perderia essa oportunidade? – Naquele momento, Sabrina fez algo que me surpreendeu. Ela rapidamente colocou a mão dentro de um detalhe grande de seu vestido verde e tirou uma faca de lá! Sim, uma faca! Não sabia o que ela ia fazer até me golpear, me fazendo um grande arranhão na barriga. Eu recuei, sem querer acreditar naquilo. As minhas primas gritaram e Cauê correu em minha direção. Todos ficaram paralisados até Sabrina me golpear novamente, mas dessa vez, no rosto.

      Eu comecei a correr. Ouvi barulhos de feitiços sendo disparados e muita gritaria. O que minha irmã estava fazendo? Ela queria me matar? Não, aquilo era um engano! Corri bosque a dentro, quando ouvi Henry gritar:

      - A Sabrina sumiu! Cerquem tudo! Cauê, vá atrás de Allana!

      Mas eu já estava longe. Cauê demoraria para me encontrar e eu só conseguia correr. Senti algo golpear minhas costas duas vezes e me caí no chão. Rapidamente me levantei e consegui correr mais, mas Sabrina repentinamente apareceu na minha frente.

      - Acho que eu ganhei, irmãzinha. – Ela disse, satisfeita.

      - Sabrina, o que você está fazendo? – Eu comecei a gritar e a chorar. – É o dia do meu casamento, era para estarmos felizes!

      - Cala a boca, sua vaca! – Sabrina me assustou com as palavras e eu saí correndo na direção oposta, de volta para a festa. Poderia encontrar Cauê no caminho, eu estava resistindo bravamente, mas por um descuido, tropecei em uma pedra e caí no chão. Sabrina logo se aproximou e colocou um dos pés na minha barriga, impedindo que eu me levantasse.

      - Finalmente te alcancei, sua vadia! – Sabrina disse, sorrindo.

      - Por favor! – eu clamei, com lágrimas escorrendo por todo o meu rosto – Me deixe viver, eu te imploro!

      Ela gargalhou tão alto que vários pássaros voaram das árvores em que estavam alojados, fazendo muito barulho.

      - Se você vai morrer agora – ela disse – É porque você merece!

      Infelizmente, era tarde demais. Com um único golpe, Sabrina me tirou a vida, a ponta da faca acertando em cheio o meu coração.

POV’S SABRINA

      Ver aqueles olhos verdes horrorosos se fechando e Allana dar o seu último suspiro é a melhor sensação que se pode ter. Finalmente! Agora poderei ser a filha preferida e ter meus direitos, ela nunca mais me atrapalhará! Só para me certificar de que ela estava mesmo morta, eu enfiei a faca novamente em seu peito, mais fundo dessa vez.

      Ouvi passos se aproximando e fiquei na defensiva. Não pensaria duas vezes em matar quem quer que fosse que quisesse se intrometer no meu caminho.

      - Quem está aí? - Eu disse, tentando parecer ameaçadora. Sem demorar, Henry apareceu na minha frente, com uma expressão de raiva, tristeza e ódio misturadas em sua face.

      - Você a matou. – Ele disse. – Você a matou! – Dessa vez ele gritou.

      - Epa, calma lá, friendzone! – Eu disse, provocando. Adorava provocar. – Fique bem quietinho, senão você será o próximo.

      - Porque fez isso, Sabrina? Você sabe que ela vai reencarnar, não sabe?

      - Claro que sim. – Respondi e tive a ideia mais brilhante de todas. Iria jogar com Henry. – E você sabe o que eu quero. Eu também sei o que você quer.

      - Como assim? – Ele parecia nervoso.

      - Ora, ora, Henry! – Eu comecei a tocar a ponta da faca com o meu dedo indicador, sem me cortar. – Você sabe que eu quero ter o que é meu por direito e eu sei que você quer a Allana.

      - Sabrina, onde você quer chegar? – Eu sabia! Havia tocado no ponto fraco dele.

      - Todos vão me odiar agora. Papai vai mandar me prender e vai ser uma desgraça! Mas quando ela reencarnar será tudo diferente... Se você me ajudar!

      - Eu nunca ajudaria um tipinho como você! – Arqueei uma sobrancelha.

      - Me deixe terminar, Henryzinho! Se você me ajudar a conseguir o meu lugar nesse mundo, eu te ajudo a ficar com a Allana para sempre.

      Henry pareceu tentado. Ele realmente era apaixonado pela vadia da minha irmã, mas ela só tinha olhos para o Cauê. Para o meu Cauê.

      Ouvimos um barulho. Passos estavam se aproximando, provavelmente a cambada procurando pela Allana. Eu precisava fugir, mas antes precisava de uma resposta de Henry. Olhei para ele, deixando transparecer que eu estava com pressa.

      - Eu aceito. – Ele disse antes que alguém pudesse aparecer. Eu sorri e corri para dentro das árvores do bosque. A última coisa que ouvi foi a voz de Cauê gritar por Allana, que já estava morta.