O cumprimentei e demos espaço para que entrasse. O que ele estava fazendo aqui em pleno sábado?

— Meninas, a gente vai ficar trabalhando na música aqui na mesa da cozinha, pode ser?

— Acho que todas irão ficar na sala ou nos quartos, então... fiquem á vontade.

Ou não tão á vontade, pensei.

Eu subi as escadas e fui para o quarto, irritada com a situação.

*Beca*

Estamos há uns 20 minutos mexendo com as coisas e, preciso dizer, não sei aonde eu estava com a cabeça. Luke é um cara legal, mas, sério? Hoje é sábado, eu poderia estar em algum outro lugar, de preferencia com minha ruiva...

            1 hora. 1 HORA. Eu perdi exatamente isso do meu tempo, e estamos com um terço da música pronta. Eu quero sair correndo.

— Licença, gente, eu vim só pegar um copo d’água.- falou Stacie entrando na cozinha.

Avistei Chloe na porta. Olhando para mim e Luke, o olhar cabisbaixo.

— Sem problemas!- meu assistente falou com um sorriso.

— E então, o que os dois estão aprontando?- Stacie perguntou, com certeza, com a intenção de provocar a ruiva, e então tomou um gole de sua água.

— A música está ficando ótima.

— Isso é para quando?- intrometeu-se Chloe.

— Daqui dois meses, eu acho.- respondeu Luke.

— Então, por que começaram isso hoje?

— Para terminar o quanto antes.

— E precisava ser em pleno sábado?

O rapaz ao meu lado ficou confuso com o interrogatório.

— Eu e Beca concordamos que poderia ser hoje, então, sim, em pleno sábado.

— Vocês se importariam de continuar isso segunda ou, sei lá, outro dia?

Luke me olhou, esperando que eu respondesse ou explicasse o porquê dela estar fazendo isso.

— É...

— Acho que posso vir outro dia.- abri a boca para protestar.- Sério, desculpe.

— Não! Pare com isso, eu concordei que poderia ser hoje, é um dia ótimo.

Chloe me olhou, incrédula. Ela deu as costas e subiu.

— Eu vou falar com ela.- disse Stacie saindo.

— Caramba!- Luke murmurou.

— Eu não sei te explicar, acho que nem eu sei direito o que aconteceu agora.

Ele colocou a mão sobre a minha.

— Vá falar com sua amiga, nos vemos outro dia.

Ele levantou e começou a colocar suas coisas na mochila.

— Me desculpe por isso.

— Bobagem! Esquece, eu estou de boa!

Sorri por ver a forma como reagiu.

— Obrigada.

Acompanhei ele até a porta e dei um beijo em sua bochecha antes de ir.

Acho que gosto de tê-lo como amigo.

E então, corri até meu quarto.

Chloe estava deitada com a cabeça virada para a parede, acredito que tentando dormir. Eu não queria incomoda-la por saber que era eu o motivo de ela estar com tanto sono. Mas queria tanto falar com ela.

Me deitei ao seu lado e a cerquei com braços e pernas, não ligando para o que ela diria. Beijei sua cabeça e me acomodei mais perto dela.

— O que pensa que está fazendo?- disse com a voz abafada.

Gargalhei.

— Pensei que estivesse querendo dormir.

— Acha mesmo que eu conseguiria dormir com você e o seu...- ela parou de falar e não consegui segurar a risada por ver o quão ciumenta era.- Não quero que ria, sério, para!- falou séria.

Aproximei os lábios de seu ouvido e, em um sussurro, disse:

— Já falei que você fica uma gracinha quando está brava?

Mordi a ponta de sua orelha e percebi seus braços ficarem completamente arrepiados.

— Isso é covardia.

— Isso é desejo.- falei, corrigindo-a.

— Ai, Beca, eu não queria me importar em ver você com o Luke lá embaixo, mas isso acaba comigo.

Dei risada. Percebi que estava se entregando, o que é ótimo, porque não levanto dessa cama sem um beijo dela.

— É normal ter ciúmes.- falei fazendo carinho em seu cabelo.

— Meu bem, eu já tenho ciúmes de tudo, mas quando se trata de você, parece que ele triplica de tamanho.

— E você ainda quer ficar afastada de mim...

Ela suspirou. Mas não disse nada.

Depositei beijos por seu corpo.

— E se começássemos a namorar?

Da onde tinha surgido aquela pergunta?

— Seria ótimo...- respondi confusa.

— Não, eu quero dizer, como você ficaria, em relação a ter que ser vista me beijando, ou quando o pessoal lá da gravadora descobrisse...?

Nesse momento, várias coisas passaram por minha cabeça. Lembrei-me da conversa com meu pai, e então, cheguei a conclusão que, além dele, e de todas as pessoas com quem me importo, o resto, não faria diferença, os outros não mudariam nada. Respondi com um sorriso:

— Orgulhosa.

Tenho certeza que Chloe sorriu.

Ela se soltou de mim, para que assim, conseguisse me olhar. Deitou-se em minha frente. Ficamos por centímetros de distancia uma da outra, acho que começaríamos uma conversa.

— O que te impediu de ficar comigo daquela vez?

Respirei fundo e fechei os olhos, mas depois a encarei.

— Meu pai.

Ela pareceu surpresa.

— O problema era seu pai?

Concordei com a cabeça.

— Mas você falou certo: “Era” meu pai. Isso já está resolvido.

Ela sorriu.

— Ele sabe que você gosta de mim?

— Não.- seu sorriso de desfez.- Ele sabe que eu te amo.

Esperei que ela dissesse algo, mas, como sempre, ela me surpreendeu, e me beijou.

— Estamos namorando?