Teenage Dream escrita por LelahBallu


Capítulo 5
Capítulo 04


Notas iniciais do capítulo

Eu não vou atrasar vocês conversando. Vou apenas agradecer a paciência e os comentários, e é claro o carinho. Obrigada!!



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POV FELICITY

Acordei já com a sensação de que havia feito merda na noite anterior. Antes mesmo de abrir meus olhos à onda de constrangimento me atingiu fortemente fazendo com que eu desejasse não abri-los de forma nenhuma, mas mesmo assim o fiz e quando os abri imagens vagas de minha conversa bêbada com Oliver iam e vinham.

Imediatamente joguei meu edredom sobre minha cabeça estando profundamente envergonhada comigo mesma. Oh Deus o que Oliver estaria pensando agora? Onde estaria Oliver agora? O que diabos eu tinha na cabeça?

Múltiplas doses de coragem.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo som irritante do meu celular tocando, jogando as cobertas de volta eu me apressei para procurar o objeto irritante. Deixei o som me guiar até encontra-lo no criado mudo ao lado da minha cama. Estava ridiculamente perto, mas eu estava lenta demais, eu culpava Sara, as coisas sempre pareciam melhores quando eu culpava Sara. Olhei para a foto da pessoa que me ligava e me apressei a atender a ligação, por mais que eu desejasse o contrário. Eu tinha certeza que a conversa não seria curta.

— Oi Helena. – Murmurei enfiando minha cabeça no travesseiro, desejando que ela parasse de latejar.

Você ainda está em casa?— Murmurou sem se preocupar em devolver o oi.

— Sim. Por quê? – Perguntei franzindo o cenho.

— Felicity, você tem uma reunião com seu orientador hoje. — Lembrou-me. – Ray Palmer lembra? Alto, moreno, quente como o inferno...

— Oh merda. – Murmurei me erguendo de supetão. – Merda, merda, merda. – Continuei praguejando enquanto procurava algo que me indicasse as horas, encarei meu despertador e notei que se passava muito do horário. – Oh merda!!

Grande vocabulário.— Murmurou irônica. – Muito rico.

— Helena não é hora para isso. – A repreendi. – Já passou do horário, nossa reunião já deveria ter acabado, e eu sequer fui para poder começa-la. Eu estou fodida.

Eu imaginei que isso aconteceria. — Comentou. . – Pela forma que você me ligou ontem...

— Como é que é? – A interrompi.

Ontem à noite. Madrugada na verdade. — Corrigiu-se. – Você não se lembra?

—Oh Deus, eu liguei para você? – Repeti não acreditando no que dizia. Pânico, puro e real, me envolvendo. Se eu havia ligado para Helena o que mais eu havia feito? Para quem mais eu havia ligado?

Sim, e pelo o que eu pude ouvir, você devia estar muito bêbada.— Falou não contendo um sorriso que era capaz de ser percebido em sua voz. – Não me admira que não se lembre. Na verdade foi por isso que eu liguei, queria saber como você estava. Mas pelo o que posso perceber... Você deve estar horrível. — A beleza de ter uma amiga como Helena? Você nunca pode dizer que ela não era honesta com você.

— Eu me sinto horrível. – Confessei. – Com medo de descer e encontrar Oliver... – Deixei escapar.

Oh isso!— Exclamou. - Você ainda não me disse como foi sua conversa com ele.— Lembrou-me. – Então comece.

— Eu não posso. – Falei. – Eu preciso ligar para Ray, implorar por misericórdia.

Não seja exagerada, ele sempre parece um pai orgulhoso quando fala sobre você.— Falou com tédio. – Diga que passou mal, certeza que ele deixará isso de lado e perguntará se você está melhor. Vamos ao que interessa... Oliver?— Soltei um suspiro de pesar ao pensar em Oliver, quem eu estava empurrando para o fundo da minha mente desde o momento em que acordei. – Como foi?

— Não foi. – Confessei descontente.

Como assim não foi?— Repetiu estranhando. – Felicity Smoak, você voltou atrás? Após todo o meu discurso “Vá até ele e arranque suas roupas”?— Revirei os olhos com sua frase, eu não me lembrava dela ter dito, mas era Helena, eu não ia duvidar disso.

— Eu bebi, Helena, com Sara. – Murmurei sem paciência. – Eu não cheguei em casa no meu melhor momento, foi um desastre, o que você já deve imaginar por que em algum ponto entre minha bebedeira, e minha ida de volta para casa eu liguei para você. Eu falei algumas besteiras e dormimos juntos, isso é tudo o que lembro.

Dormiram juntos?— Repetiu. Uma centelha de esperança mesclada a malícia transbordando em sua voz.

— Apenas dormir. – Dei de ombros, apesar do fato de que ela sequer podia me ver. O silêncio que veio a seguir me perturbou. – O quê?

Qual é a graça de entrar na cama com Oliver e apenas dormir? — Perguntou descrente.

— Helena, eu estava bêbada. – Repeti. – Bêbada. Tão bêbada que eu não sei quando terei coragem de encara-lo novamente, como nunca estive desde minha primeira vez bebendo, você entende? Que ontem eu fiz o papel mais ridículo da minha vida?

Desculpe.— Pediu com sarcasmo. – Eu não tenho tempo para ter pena de você que dividiu a cama com um dos homens mais quentes que eu já conheci. Na verdade, agora mesmo eu tenho uma aula para ir, então eu vou desligar, e você só volte a falar comigo quando for para dizer que não pode ir a algum lugar comigo por que está ocupada demais transando com seu namorado, e eu estou avisando Felicity Smoak, é melhor que o nome dele seja Oliver Queen.

— Eu acho que esse é um adeus então.  – Retruquei.

Você não pode me ver agora, então eu ficarei muito feliz em dizer que no momento eu estou graciosamente e mentalmente lhe mostrando o meu dedo do meio. — Falou. – Eu estou avisando Felicity Smoak. Você tem apenas uma missão e é transar com Oliver Queen. Não me decepcione.

— Eu não vou transar com Oliver Queen. – Murmurei para o silêncio já que ela rudemente desligou em minha cara. Bem que eu queria, acrescentei mentalmente. Escutei o som de algo se quebrando e levantei meu rosto para encarar Oliver que havia deixado o copo com suco cair da bandeja perfeitamente organizada que ele equilibrava em uma mão, a outra ainda segurando a porta.

— Oliver. – Murmurei surpresa.

— Desculpe. – Murmurou constrangido. – Eu só... – Encarou a bandeja em sua mão. – Achei que acordaria com fome. Eu deixarei a bandeja aqui. – Caminhou com cuidado, desviando dos cacos e colocando em cima da cama, tomando uma distância visível de mim. – Eu voltarei para limpar isso.

— Oliver, desculpe. – Pedi. – Era Helena, ela é irritante eu não queria...

— Eu deveria ter batido na porta. – Deu de ombros. – Está tudo bem. Eu acho que isso deixa desnecessária aquela conversa, não é mesmo? – Murmurou com um sorriso forçado.  – Melhor eu ir... – Falou se afastando para a porta.

— Não. – Murmurei me precipitando e me erguendo para alcança-lo. – Espere! – Estremeci de dor no exato momento em que segurei seu braço. – Droga! – Soltei apertando fortemente seu braço, ele olhou-me confuso antes de baixar seus olhos para meus pés descalços, eu já me equilibrava em um pé tentando examinar o outro enquanto ainda segurava seu braço, o efeito foi pior porque tropecei e desci o pé machucado automaticamente tentando me firmar, machucando-o ainda mais.

— Felicity, pare. Vai piorar. – Pediu segurando meus ombros, em instantes ele passou seu braço em minhas pernas, colocando-me em seus braços.

— Eu estou bem. – Protestei apesar de me sentir perfeitamente confortável em seus braços, e no que diz a dor, eu não estava nada bem. Ele ignorou meu protesto e levou-me até minha cama.

— Eu vou pegar algo para limpar isso.  – Avisou-me.

— Oliver... – O chamei, mas estava claro que ele estava ansioso para ficar longe de mim, pois ele já tinha se afastado e com uma rapidez invejável e escondeu-se em meu banheiro.

Estúpida.

Encarei meus pés descalços e tardiamente percebi que esta não era a única parte de mim despida, eu não vestia muito além de minhas roupas intimas e uma enorme camisa masculina. Ok. Eu podia não me lembrar de ter ligado para Helena, mas eu certamente havia deitado com minhas próprias roupas.

— O que aconteceu com minhas roupas? – Murmurei em voz alta, mas não esperando de fato uma resposta.

— Eu as tirei. – Voltei a encarar Oliver que voltava de mãos vazias. – Desculpe por isso, apenas me pareceu que ficaria mais confortável com elas fora, eu não quis...

— Oliver. – O interrompi. – Está tudo bem. – Murmurei tentando tranquiliza-lo. – Você voltou com nada. – Apontei para suas mãos vazias.

— Por que eu achei melhor leva-la para o banheiro. – Explicou. – É melhor para lavar seus pés.

— Eu posso ir sozinha. – Falei me levantando e segurando um protesto de dor, mas mais uma vez ele me ignorou e voltou a me pegar em seus braços, deixando-me dessa vez sentada na borda da banheira e ocupando-se de ligar o pequeno chuveiro, direcionando a água para meus pés, sangue sendo levado pela a água limpa, senti a tradicional ardência e fixei meu olhar em seu rosto que parecia tão concentrado na pequena ação.

— Não parece ter sido profundo. – Observou.

— Não foi. – Murmurei. – Oliver... – Chamei-o era tão estranho tê-lo tão próximo e ainda assim distante. Ele demorou alguns bons segundos antes de finalmente erguer seus olhos até os meus, segurei minha respiração com o que vi neles, ele parecia tão chateado. Levantei minha mão e alcancei seu rosto, ele me surpreendeu ao fechar seus olhos quando sentiu o contato, e quando voltou a abri-los o que eu vi me deixou ainda mais sem fôlego. Era tão intenso. – Desculpe. – Pedi novamente.

— Por quê? – Perguntou tirando minha mão de seu rosto e sentando-se no chão, virei-me um pouco para encara-lo melhor. – Você só estava conversando com sua amiga, você só disse algo que nunca iria acontecer de qualquer jeito, não falou por maldade, ou me desmerecendo, é apenas como as coisas são. – Deu de ombros. – Eu só estou confuso. Ontem pareceu que...

— Pareceu que...

— Esqueça. – Murmurou erguendo-se. – Eu nem deveria estar falando sobre isso, eu tenho certeza que meu pai não aprovaria essa conversa. – Falou indo até o balcão e pegando algumas coisas que já havia separado. Trouxe consigo uma toalha pequena e me entregou. Rapidamente sequei meus pés. – Coloque isso. – Pediu voltando a se sentar e me passando um frasco. – Vai evitar que infecione.  – Assenti fazendo um rápido curativo enquanto absorvia o pouco do que ele havia falado, ele parecia chateado com o que eu disse, e parecia se importar com a reação de seu pai a algum relacionamento íntimo entre nós dois, ou ao menos foi isso que ele passou para mim, teria Oliver realmente considerado algum envolvimento comigo? Tudo por conta do beijo? – Tudo bem aí? – Perguntou encarando meu rosto de onde estava, desci meu olhar até o seu e assenti. Mas quando ele fez menção de se levantar para me deixar a sós eu o impedi colocando uma mão em seu ombro.

— Não vá. – Pedi. – Precisamos conversar.

— Felicity. – Murmurou em tom de protesto. – Eu realmente acho que não é preciso.

— Eu te beijei. – Interrompi o chocando. Por um momento pensei que ele voltaria a se afastar novamente, mas ele finalmente relaxou sobre meu toque, passei minhas pernas para fora da banheira e sentei ao seu lado. Girando-me para encarar seu perfil.

— Você me beijou. – Assentiu colocando meus pés em seu colo e deixando seu olhar lá por alguns segundos. - Por causa de um trote. – Murmurou buscando a confirmação em meus olhos, mas eu era incapaz de lhe dar. Meneei minha cabeça em negativa, notando-o tomar uma respiração profunda com o gesto.

— Por que eu quis. – Murmurei por fim. – Por que por um longo tempo eu desejei fazê-lo, mas apenas ontem tive coragem, por que em cada momento em que eu disse que eu não era sua irmã, eu desejei que fosse você a dizer, eu queria que fosse você a deixar claro para qualquer um que duvidasse disso, que insistisse que era assim que deveríamos agir. Por que eu sempre gostei de você, e nunca foi como todos esperavam, e eu sempre desejei que você sentisse o mesmo. Mas eu nunca pensei que você sentisse o mesmo, posso ter fantasiado, mas nunca ousei ter tamanhas esperanças, mas você sente não é? – Perguntei não deixando de encara-lo, precisando que ele confirmasse ou negasse o que eu havia dito. – Ao menos uma fração.

— Eu te amo. – Murmurou sem hesitar. Pisquei diante a facilidade com que a frase veio aos seus lábios, enquanto eu rodeava, gaguejava, evitava trazer apenas a ideia de tal sentimento ligado a ele, diante dele. Ele soltou isso sem nenhuma hesitação.

Oliver me amava.

Era demais para acreditar.

— Como um irmão a uma irmã. – Sondei ainda descrente.

— Como um homem ama a mulher com quem quer passar o resto da sua vida. – Corrigiu. – Eu te amei quase que imediatamente.

— Então... Eu não entendo. – Balancei minha cabeça, confusa demais. Descrente demais. – Por que você nunca disse? Por que nunca se aproximou? É impossível que você não tenha ao menos suspeitado de como eu me sentia em relação a você, mas se você sentia o mesmo, ou ao menos algo perto, por que não me dizer? Por que manter para si mesmo?

— Por que ama-la nem sempre pareceu o certo. – Respondeu sincero.

— Por causa da diferença da idade. – Murmurei. – Por conta do casamento dos nossos pais?

— Por que você era nova demais. – Explicou-me. Abri a boca para protestar, mas ele me interrompeu. – Você tinha tanto pelo o que passar ainda. A primeira bebedeira, a primeira vez, o primeiro coração partido. Tantas primeiras vezes, muitas das quais eu já havia tido. Não era justo prendê-la em um relacionamento, não era certo, por que eu a privaria de muitas coisas, namorar alguém mais velho faz isso. Ter um relacionamento em que os dois não estão na mesma posição faz isso.

— Então você ficou apenas assistindo eu ter todas essas primeiras vezes. – Meneei a cabeça. – Quando na verdade eu queria você. Mais do que tudo, eu queria ser sua. Eu nunca me importei com a idade, nunca me importei com nosso “parentesco”. Eu nunca me importei com nada além de você. Você é a única razão pela qual eu nunca falei nada, por que eu sempre achei que eu era a única a sentir algo. Eu te amei, Oliver. - Murmurei por fim. Isso fez com que ele voltasse a me encarar intensamente. – Te amei tanto que é vergonhoso.  – Falei com um sorriso de escárnio. – Todo mundo sabia, eu posso apostar que minha mãe sabia, você sabia. – Frisei. Ele encolheu os ombros parecendo envergonhado. - Todos esses anos... Eu vi você namorar garota atrás de garota, eu tive que abraça-las nos natais, sorrir forçadamente quando elas confessavam algum detalhe intimo sobre vocês. Eu tive que aturar Laurel, pelo amor de Deus! Quem estava certa que um dia iria casar com você. E por quê? Por experiências que eu ficaria feliz em passar com você? Eu queria que você fosse meu primeiro, e eu poderia ter ficado muito bem sem a experiência de um coração partido. Por que ao que parece Cooper não foi o único ao me magoar. – Ele me encarou confuso. – Machuca saber que você agiu tão racionalmente, mantendo-se afastado. Eu entendo manter distância quando eu tinha apenas dezesseis anos. Mas quanto tempo isso iria durar? Passaram-se seis anos Oliver. E a única razão de você ter me dito foi por que eu o beijei. - Falei levantando-me e deixando-o para trás, apoiando-me em apenas um pé e desviando-me dos cacos de vidros fui até meu guarda roupas, precisava encontrar algo para me vestir e a ação desviava um pouco meus pensamentos de nossa conversa.

— Eu voltava para casa por você. – Segurei o short jeans em minha mão e voltei-me para encarar Oliver que não estava muito longe. – Você não era única a sorrir forçadamente nos natais. Você não aturava Laurel? Você não tem ideia do quanto eu odiava Cooper. E eu sequer tinha ideia do idiota que ele era, eu o odiava pelo simples fato dele ter você. Eu tinha uma vida em Coast City, mas ela não parecia completa, então eu buscava desculpas para vir para aqui, para ver você. E tudo parecia estar completo, exceto por não estarmos juntos, e isso foi piorando, gradualmente. Até o ponto de que semana passada eu liguei para meu pai e disse que estava pronto para assumir a presidência da QC aqui. Que eu queria morar aqui. – Pisquei surpresa. Quando ele chegou aqui ele deu a impressão que havia sido seu pai a tomar a iniciativa.  – Ele ficou confuso, por que ele sabe que nunca tive interesse na daqui. Ele questionou-me e me pressionou. Até que eu disse a verdade, que como em todas as outras vezes, eu voltei por você.

— Você disse o quê? – Murmurei surpresa. Ele aproximou-se invadindo meu espaço pessoal.

— Eu não preciso dizer o quanto ele ficou puto comigo. – Sorriu. – Na mente do meu pai, nós realmente éramos irmãos. A viagem repentina foi ideia de sua mãe. Ela queria que tivéssemos a sós e a vontade, longe da interferência ou do julgamento do meu pai.

— Você falou com minha mãe?!! – Murmurei cada vez mais incrédula.

— Eu não faria nada que fosse ofendê-la. – Falou. – Eu a respeito, ela precisava saber antes do meu pai.

— Antes de mim? – Retruquei agora irritada.

— Meu ponto é: Eu não disse apenas por que você me beijou. – Continuou ignorando minha irritação. – O beijo foi uma surpresa, um pouco confusa, mas uma boa surpresa. Eu já planejava contar como eu me sentia, mas eu me acovardei, por que a primeira coisa que vi quando cheguei foi você beijando aquela cara. Eu voltei por alguns momentos a pensar que você poderia seguir sua vida com outro, eu pensei que apesar de saber como você se sentia antes, eu não tinha ideia de como você se sente agora. Então para quê? Para quê deixa-la confusa, e se não fosse uma boa mudança?

— E se nos tratássemos como estranhos depois? – Murmurei soltando o short de volta a gaveta, sabendo que essas haviam sido as mesmas perguntas que eu havia feito a mim.

— Você disse que me amou. – Lembrou-me. Tão perto agora que era impossível fugir de seu olhar. – Eu disse que te amo. – Respirei fundo. – Eu te amei e sigo te amando, mas e você? Segue me amando? Ou esperei demais?

POV OLIVER

Observei o rosto feminino com expectativa e apreensão. Entrar no quarto e ouvir sua conversa me afetou, por que suas palavras haviam me dito que ela não tinha qualquer interesse em um envolvimento comigo, não mais. Escuta-la depois confessar que havia me amado me trouxe uma mistura de sentimentos, eu já sabia que ela havia sentindo algo por mim, eu sempre classificava Felicity como alguém fácil de ler, mas não era mais assim também. Então eu esteva confuso, confuso como o inferno sobre o que ela sentia agora. O beijo havia me dado esperanças, mas ela havia as tirado no dia seguinte. Eu voltei com planos, planos que envolviam ela, mas agora eu temia ter esperado demais.

Eu entendia por que ela estava chateada comigo por ter esperado, mas não conseguia me arrepender de não ter agido antes, não quando parecia tão errado. Ela tinha suas razões para acreditar que devíamos ter começado algo muito antes, eu tinha as minhas para acreditar que nosso momento era agora. Isso se ela ainda sentisse algo por mim, se eu não tivesse ferrado com tudo. A fitei sem perder o momento em que ela suspirou aborrecida, sua cabeça balançando-se de um lado para o outro com desaprovação. Senti meu coração se apertar.

— Com toda certeza você esperou demais. – Falou sem me preocupar em esconder o quanto isso me aborrecia. – Você esperou anos Oliver Queen. – Assenti decepcionado comigo mesmo, sem poder encara-la optei por fitar meus pés.

Eu a perdi.

O sentimento que isso trazia era muito pior do que eu havia imaginado.

Machucava.

Respirei fundo tentando controlar meus pensamentos e tentando uma forma de sair dali sem tornar tudo ainda mais estranho do que já estava. Seria difícil estar no mesmo ambiente que ela daqui para frente, mas eu teria que dar um jeito de não deixar que isso arruinasse nossos momentos juntos, ainda que pequenos, ainda que como apenas amigos. Abri minha boca para dizer que estava tudo bem, ainda que não estivesse, mas parei ao sentir seu toque delicado em meu rosto, sua mão forçando-me levar meus olhos aos seus, eu me sentia como um adolescente envergonhado após ser rejeitado, eu estava com vergonha de encara-la. Pisquei confuso quando finalmente a encarei.

Ela estava sorrindo.

Um daqueles malditos sorrisos que não conseguia sair da minha mente.

— Sorte a sua que nunca esteve em meus planos amar alguém que não fosse você. – Murmurou fazendo com que eu segurasse minha respiração. Ela havia realmente dito isso? Eu não estava imaginando? Percebendo minha hesitação suas mãos desceram até meus antebraços a aproximando de mim e encostando-me ao seu corpo.  - É claro que ainda o amo.  – Eu finalmente me permiti sorrir. Ainda hesitante eu sorri, por que escuta-la dizer tais palavras e não sorrir era quase impossível. Eu temia estar me precipitando, mas eu não podia me segurar. - Eu te amo, Oliver Queen. – Repetiu não deixando mais espaço para dúvidas, ergueu-se nas pontas dos pés para que pudesse me beijar, mas recuou pouco antes de encostar seus lábios aos meus. A encarei confuso notando que ela encolhia e voltava seu olhar para baixo. – Droga de pé. Não é hora para empatar meu beijo. – Murmurou em tom baixo, não pude deixar de sorrir com seu comentário, sem hesitar abracei sua cintura erguendo-a e fazendo com que ela soltasse um pequeno grito de surpresa, antes que qualquer palavra fosse dita, tomei posse dos seus lábios com os meus.

Seus braços abraçaram meu pescoço, a dor aparentemente sendo esquecida, sua boca movendo-se com entusiasmo contra a minha. O beijo rapidamente se transformando em algo a mais, mas sendo bruscamente interrompido com o toque do celular.

— Ignore-o. – Pedi tentando distrai-la com beijos suaves em seu pescoço.

— Eu não posso. – Murmurou em meio a um gemido. – Eu perdi uma reunião importante hoje, provavelmente eu devo dizer que estou muito doente.

— Isso vai a manter em casa pelo resto do dia? – Perguntei ainda sem solta-la. A ideia definitivamente me agradando.

— Possivelmente. – Piscou com um sorriso. E olhou ao redor em busca de algo, percebi se tratar de sua sandália quando ela a alcançou. Sem demora pegou se celular e soltou um suspiro. – É Ray.

— Quem? – Perguntei erguendo uma sobrancelha. – O rapaz do outro dia? – Ela sorriu percebendo que minha aparente casualidade que tentei empregar na pergunta não era real.

— Ciúmes lhe caem bem, Oliver. – Murmurou. – Eu preciso retornar essa ligação. Você seja bonzinho e limpe essa bagunça que você fez.

— Por que você disse que não queria transar comigo. – A lembrei.  Ela riu.

— Agora você sabe que eu quero. – Retrucou antes de caminhar até a porta.

— Por que você está saindo do seu próprio quarto?

— Por que é um quarto, com uma cama e você dentro. – Falou fazendo um gesto vago com a mão. – É muita tentação. E por que você vai limpar isso. – Voltou a falar abrindo a porta.

— Ei. – A chamei ela me encarou esperando que eu continuasse. – Quem diabos é Ray? – Ela se limitou a sorrir e me dar às costas.

Droga, era mais fácil quando eu fingia não me importar.

POV TOMMY

Encarei o jornal a minha frente enquanto ignorava os sons a minha volta, desde a saída de Oliver ontem a noite eu não conseguia deixar de pensar naqueles dois, e em mim mesmo. A conversa com Oliver me trouxe memórias de algo que eu queria esquecer. Algo de que eu deveria esquecer.

Flasback on

— Vamos Ollie. – Murmurei sem paciência. – É muito simples, basta juntar suas mãos, o resto é comigo.

— Não. – Negou rapidamente, estava encostado a parede, os braços cruzados e com a cara mais azeda que eu já havia visto. 

— Oliver... – O chamei impaciente. – Seja um bom amigo. – Pedi.

— Não. – Repetiu. – Quando você me disse que precisava de ajuda para algo, você nunca me disse que era para pular um maldito muro e invadir o baile de formatura de Felicity! Eu não vou fazer isso.

— Eu pedi para me ajudar a invadir o baile de formatura de Sara. Eu não tenho culpa se elas estudam juntas. – O lembrei. – Felicity não é a única que está nesse baile. Sara está lá.

— E? – Perguntou inquieto. – Você disse que não chegaria perto dela. – Lembrou. – Algo sobre não mexer com bebês.

— Eu não estou correndo atrás dela. – Murmurei irritado. – Tenha dó Oliver, me dê algum crédito.

— Então por que diabos você que pular esse muro?

— Eu suponho que não vão me deixar entrar de outro jeito. – Dei de ombros.

— Tommy... – Chamou-me impaciente.

— Está bem, eu quero pular esse maldito muro por que eu prometi ok? – Falei. – Agora junte as mãozinhas e dê um impulso.

— Prometeu?

— Namorar você deve ser como namorar uma mulher. – Murmurei observando seu rosto. – Tem mesmo que perguntar sobre tudo?

— Apenas responda. – Exigiu. – É da melhor amiga de Felicity que estamos falando.

— Ela me fez prometer algo. – Cedi. Ele me encarou esperando por mais. Supirei admitindo derrota. – Ela pediu que eu dançasse com ela, pelo menos uma música. E eu prometi. Eu cumpro minhas promessas.  O baile já está acabando, e eu lhe devo essa dança. Agora, você pode, por favor, fazer o que eu estou pedindo?

— Sara Lance vai te colocar em problemas. – Alertou-me embora juntasse as mãos, com um suspiro de alívio eu subi e me agarrei o muro, passando uma perna encarei o prédio e depois desci meu olhar até Oliver.

— Você vem? – Perguntei com esperança. Ele balançou a cabeça em negativa.

— É a noite dela. – Murmurou. Eu não precisava perguntar para saber de quem ele estava falando. – Eu não quero estragar isso.

— Ela ficaria feliz. – Murmurei com toda certeza que aqueles dois haviam me dado. Ainda assim ele meneou a cabeça, seus olhos parecendo tristes.

— É a noite dela. – Repetiu. – Não há espaço para mim hoje.

— Eu volto já. – Prometi. – Não me abandone e leve meu carro. – Alertei antes de finalmente pular para dentro da escola. Felizmente eu já conhecia bem esse lugar, nós dois já havíamos estudado aqui, não demorou muito e entrei no ginásio, era impossível não chamar atenção, eu estava velho demais para essas coisas, eu poderia muito bem estar ensinando a essas crianças. Oliver estava certo, eu não devia estar me esgueirando e evitando professores, apenas para ter uma dança com Sara. Apesar disso a procurei com o olhar.

A encontrei na pista de dança, ela e Felicity estavam dançando animadas, ambas estavam lindas em seus vestidos. A observei por alguns momentos, sua espontaneidade nos movimentos, sua alegria.

Talvez Oliver estivesse certo.

 Não havia espaço para nenhum de nós dois ali. Guardando a imagem a minha frente em minha mente eu girei em meus calcanhares deixando-a para trás.

— Já? – Oliver perguntou confuso. Estava encostado ao carro, seu olhar perdido.

— Não a encontrei. – Menti. – Ela já deve ter ido. – Dei de ombros. Ele me observou com leve suspeita, sorri tentando minimizar o desgosto que eu sentia comigo mesmo agora. – Que tal uma rodada de cervejas?

— Isso soa bem. – Assentiu. – Mas eu vou dirigir.

— O quê? – Perguntei. – Por quê?

— Por você pisou em minhas mãos com seu fodido pé cheio e lama. – Acusou-me mostrando as mãos. Ri com seu aborrecimento.

— Justo. – Falei abrindo a porta e entrando. – Mas limpe essas mãos antes de tocar no meu bebê. - Ele me lançou um olhar exasperado antes de tirar um lenço e limpa-las na minha frente, apenas Oliver Queen carregaria um lenço consigo, meneei a cabeça deixando meus pensamentos voltarem-se para nossas criancices, invés de irem até a garota que deixei esperando.

Flashback off

Maldito Oliver Queen por me fazer pensar em algo que já havia praticamente esquecido.

— Hey! – Ergui minha cabeça, meus olhos focando em Sara que parou a minha frente. – Por que esse encontro súbito? – Perguntou abraçando-me e beijando meu rosto rapidamente. Inalei seu perfume antes de indicar que se sentasse.

— Eu só queria tomar café com minha loira preferida. – Brinquei.

— O que aconteceu com Felicity? – Perguntou franzindo o cenho, ocultando um sorriso.

— Não a deixe saber que é a segunda. – Pisquei.

— Seu segredo será guardado. – Prometeu. – Mas sério, aconteceu algo?

— Eu vi Oliver ontem. – Falei. Ela assentiu assimilando. – Tivemos uma conversa interessante.

— Deixei-me adivinhar. – Pediu. – Sobre um certo beijo, com uma certa garota, por quem ele é apaixonado por um bom tempo. – Assenti concordando. – Eu tive uma conversa interessante, com essa certa garota. Será que eles finalmente ficaram juntos?

— Eu o aconselhei. – Confessei. – Tentei fazê-lo entender que ele não pode ignorar a mulher que ama por mais tempo, tentei fazê-lo enxergar um futuro sem ela.

— Eu meio que fiz o mesmo com Felicity. – Assentiu.

— Ele saiu, acho que decidido a mudar isso. – A informei. – Eu acho que o convenci.

— Isso é bom. – Comemorou. – Ainda não falei com Felicity, por que imaginei que ela teria uma senhora ressaca hoje, mas ainda hoje ligarei para ela. Dependendo da situação, talvez eu a visite. Foi algo bom o que você fez Tommy. – Murmurou segurando minha mão.

— Sim. – Assenti vagamente. Meu olhar fixo em nossas mãos unidas. – Mas eu percebi que estava sendo hipócrita, que aconselhei meu amigo a fazer algo que eu mesmo nunca tive a coragem de fazer.

— Tommy? – Murmurou confusa, sua se afastando da minha, a segurei impedindo.

— E foi para isso que a chamei aqui. – Falei por fim. – Para corrigir isso.


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Notas finais do capítulo

Vejo vocês nos comentários, espero que tenham gostado!!
Xoxo, LelahBallu.