Para Todos Os Garotos Que Já Amei escrita por BTShiver


Capítulo 3
A Memory Or Just A Dream?


Notas iniciais do capítulo

"Real or not Real?"
— The Mockingjay - p.417.
Sim, eu ainda estou viva.
Não sei se por muito tempo.
W.S.



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Acho que o pior de tudo é que não consigo lembrar sequer do nome dele. Simplesmente sou incapaz disso.

Às vezes me pego recordando como nos conhecemos. Meus pais, donos de uma bem sucedida pizzaria em nossa pequena cidade natal. Eu, a criança que passava suas noites dormindo sobre cadeiras ou no espaço designado às crianças, brincando. Conheci muitas crianças, mas não me recordo de nenhuma delas.

Além dele, é claro.

Na primeira vez que nos vimos, lembro que discutimos ferrenhamente por causa dos desenhos que tínhamos acabado de fazer. O meu era uma borboleta. Ele teimava que se parecia com uma caveira. O dele, um pássaro, parecia mais um boneco palito colorido.

Naquele dia, se me dissessem, eu nunca pensaria que viraríamos amigos. Mas viramos.

A nossa idade na época? Não faço ideia. Apenas sei que visitei seu apartamento algumas vezes. Lembro de uma específica com estranha riqueza de detalhes. Sua mãe – platinada como o filho – parou em uma padaria e deixou-nos sozinhos no carro. Não sei o que ficamos fazendo lá. Provavelmente discutindo ou brincando.

Já no apartamento, lembro dele e seus olhos – azuis, acho – brilhantes mostrando o lugar. Ele tinha uma banheira de hidromassagem em tons pastéis que, posteriormente, tornou-se a base militar das nossas brincadeiras.

Discutíamos infernalmente, mas nossas brigas sempre acabavam repentinamente e davam lugar a novas brincadeiras. Era sempre assim.

Acho que foi a amizade mais pura que já tive. Éramos crianças. Ingênuos. Ainda não tínhamos sido corrompidos pela vadia insensível que é a vida. Sinto falta de nossos momentos onde a maior preocupação era o que faríamos em seguida e nossos maiores problemas eram saber quem seria o comandante da base e quem sairia na missão especial.

Como será que ele é hoje em dia? Será como eu, leitor, inteligente, o queridinho dos professores europeus, ou o esportista com garotas caindo aos seus pés e derretendo a um mínimo sorriso? Acho que ambas as possibilidades podem ser reais. Será que possui uma namorada ou namorado? Alguém que o guarda no coração como eu fiz e faço por todos esses anos? 

Ele sequer lembra de mim? 

Reencontrá-lo seria uma alegria ou uma desilusão? Tenho muito medo da resposta.

Não lembro de seu nome. A cor dos seus olhos. Seu cabelo era mesmo loiro ou é apenas um truque da minha memória? Apenas um sonho, ou realmente existiu aquele amigo fiel? Sequer sei por quanto tempo nossa amizade durou.

Foi aquele garoto meu primeiro amor? Ou apenas um querido amigo que ainda guardo no peito, um resquício de todo o sentimento que tive por ele? São perguntas impossíveis de responder.

Engraçado como, em um torvelinho de confusão mental, bloqueio criativo e dificuldades pessoais em todas as áreas possíveis, consigo escrever uma página inteira sobre ele em um caderno grande e com minha letra minúscula.

Espero que minhas lágrimas não borrem a tinta da caneta. Esse é meu aderno de matemática. .


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Notas finais do capítulo

W.S.



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