Não sei se te agradeço ou te mato.

Você, se grande imbecil, me obrigou a ler Guerra dos Tronos no ano passado e simplesmente me viciou com aquele livro. Exatamente um ano depois, já terminei todos os livros lançados pelo Martin e assisti a série inteira. Estamos na sua casa tentando decidir com qual fantasia iremos à CCXP 2014. Bem, esse era o intuito da visita, mas o computador estava mais divertido.

Você está no computador, pra ser mais exata, porque eu, como pode-se notar, estou escrevendo no me caderninho.

Virou com uma expressão engraçada no rosto. Algo me diz que fodeu.

***

Deixando aqui o nosso belíssimo diálogo:

“De que Casa você acha que vem os caras mais pegáveis de GOT?” perguntou. Estranhei, pois você já sabia a resposta.

“Stark, oras. Eles são totalmente pegáveis. Todos.– Falei e você riu alto. “O que foi?”

“Acabei de fazer um teste pra ver de qual Casa de Got eu era. De acordo com você mesma, eu sou totalmente pegável.”

Senti minhas bochechas pegando fogo. Você deveria ser muito cego mesmo para não notar que eu gostava pra caralho de você. Sério. Recuperei minha dignidade – que foi passear na esquina – e dei um sorriso de lado, meio acusatório e meio divertido.

“Sem comentários.”

No fim daquela tarde, já sabíamos o que vestiríamos na CCXP 2014.

***

No táxi, ficamos discutindo sobre os pais do Jon Snow, o homem que deu origem às roupas que você vestia. E você estava realmente parecido com o personagem com seus cabelos negros e cacheados até a linha do pescoço e olhos da mesma cor dos dele.

Você deveria estar derretendo naquele casacão preto e peles que pegou do guarda-roupas da sua mãe.

Eu, por outro lado, passava um pouco de frio vestida de Daenerys. A peruca platinada e enorme estava quente na cabeça, mas o vestido fino e aberto compensava.

Acho que posso falar que uma das melhores parte daquela tarde antes de irmos foi o dragãozinho de pelúcia que você me deu para ser o Drogon.

Na CCXP, várias pessoas nos pararam para tirar fotos, e em todas as vezes você pôs a mão na minha cintura. Ainda não sei como aqueles choques elétricos que insistiam em descer pela minha coluna não me mataram.

Ainda estou rindo daquela hora extremamente bizarra que um homem vestido de Khal Drogo veio me pedir pra ser sua “Khaleesi” e você teve um ataque, xingando-o de nomes que nem Davos conhece e pegando minha mão para arrastar-me para longe daquele homem.

E então o momento chegou e pudemos ir pedir autógrafos ao vivo para Jason Momoa, o homem maravilhosamente perfeito que interpretou Khal Drogo. Enquanto estávamos na fila, fiquei tão animada que te fiz buscar um copo d'água.

Ver você falando em dothraki com o Jason foi extraordinário, e quando o Momoa, com seus 1,93 de altura, levantou e me deu um abraço, quase tive um ataque cardíaco. As fotos estão em um porta retrato do lado da minha cama.

Aqueles momentos podem ter sido fantásticos, mas acho que nenhum foi melhor que o fim da nossa noite, lá pela meia-noite, quando você me deixou em casa.

Você fez a viagem inteira em silêncio, o único ruído no carro era o rádio, que tocava R U Mine. Chegando na minha casa, você saiu do táxi e me abraçou ao se despedir, coisa que nunca tinha feito desde que nos conhecemos.

E não deixou apenas por isso. Enquanto nos separávamos, aproximou rapidamente a cabeça da minha e me deu um beijo.

Ou melhor, O beijo.

Nos separamos apenas quando o ar acabou. Meus pulmões queimavam, mas eu estava feliz demais. Um sorriso bobo pairava em meu rosto. No seu também, se quer saber. Seus olhos brilhavam como duas ônix sob a luz do poste.

– Moon of my life. – você sussurrou a mesma frase que Drogo usava para Daenerys. A frase que, como você bem sabe, eu sempre quis ouvir daquele cara especial. E não havia cara mais especial que você naquele momento.

– My sun and stars. – respondi extasiada. Estava no céu naquele momento.

Você me pediu em namoro no dia seguinte e foram os melhores meses da minha vida.

Unidos por Game of Thrones e separados pela sua faculdade.

Foi o fim do mundo para mim quando você me contou que em dois dias se mudaria para o outro lado do país pois recebera bolsa em uma faculdade de prestígio.

Claro que ficou feliz, mas a parte egoísta em mim realmente queria que você ficasse comigo.

Decidimos manter um namoro a distância, mas então descobri que você estava me traindo com uma caloura de lá. As borboletas no estômago morreram. Seu número na minha agenda morreu. Seu Facebook morreu. Você morreu. Pra mim. Khal Drogo te matou durante o sono.