Acordei com o sol batendo em meu rosto. Fui até o banheiro e olhei meu reflexo: estava inchada. Pudera, tinha passado metade da noite chorando!

Voltei para o quarto e olhei em volta. Era imenso, três vezes maior do que o meu antigo quarto. Achei que seria menor, pois a mansão que eu estou morando não se compara em quesito de tamanho com o castelo em que morava na Romênia. Acho que Amy e Michael Stardawn aproveitam melhor seu espaço do que os Reynolds, mas vai entender esses vampiros.

Minha cama também era imensa, bem maior do que qualquer kingsize. O quarto era pintado em cores claras, com detalhes em dourado aqui e ali. Ainda bem que gosto de cores claras. Se vou ficar aprisionada aqui, tenho que pelo menos gostar da cela.

Fui até o meu closet que era o que? Sim, imenso. Sabe, tem hora que isso cansa. Peguei uma roupa qualquer e vesti, fui até o espelho e fiz um rabo-de-cavalo e passei lápis de olho. Sorri ao lembrar que minha mãe odiava quando eu fazia isso. As vezes, quando estou triste, faço isso. Sei que não é bom desrespeitar os mortos, mas não me importo. Minha mãe merece isso, e fazer-lo me faz esquecer um pouco de meus problemas. Olhei no espelho. As roupas que eu usava no momento eram do tipo que jurei nunca usar um dia. Era toda justa e curta. Encontrei muitas dessa em meu guarda roupa. Perguntei a Amy o porquê disso, e ela me disse que se eu precisasse de fugir, roupas longas e folgadas seriam um empecilho. Depois disso me proibiu de ir a floresta.

Por que não posso ir a floresta? Do que precisaria fugir? Sabe, ia ser bem melhor se me respondessem isso tudo. Iria me poupar tempo e saliva.

Peguei minha estaca e minha espada, enfiei no cinto que os Reynolds me deram e saí do quarto. Fui andando pela casa quando notei estar sendo seguida. Virei-me e vi uma espada vindo em minha direção. Desembainhei minha espada na hora e comecei a lutar com o garoto que me seguira. A luta durou poucos segundos. Logo o menino estava desarmado e seu pescoço entre a parede e minha espada.

“Quem é você? O que faz aqui?”

“Eu moro aqui. Quem é você e o que você faz aqui?”

“Mentiroso! E além do mais, você não está muito em posição de fazer perguntas, não é mesmo?”

No segundo seguinte comecei a me sentir mal, a mesma sensação do dia anterior, pelo visto, o outro também sentia o mesmo.

“Que merda é essa?”

“Sou eu. Parem de brigar! Karl está é Eowyn, Eowyn, este é Karl. Vocês dois moram aqui e não tem a permissão de se matarem. Agora posso voltar a meus afazeres?”

Amy não esperou a resposta. Virou-se e saiu. A sensação deixou o meu corpo tão rápido como veio.

“Acho que não preciso perguntar o poder dela, não é mesmo?”

Karl riu um pouco. - “Amy pode controlar nossas emoções, e as vezes pode até nos fazer sentir dor.”

“Então quer dizer que perto dela eu nunca vou ficar estressada? Ela vai ter muito trabalho.”

“Não é bem isso o que ela faz. Ela gosta de mexer dentro de nós, não dá pra explicar muito bem.”

“E o Michael? Qual o poder dele?”

“Não sei ao certo. Só sei que os outros vampiros o respeitam muito por causa de seu poder. Agora você vai se levantar ou continuar ai a vida inteira? Venha, eu te ajudo.”

Karl estendeu a mão para mim e eu aceitei. No segundo que eu fiquei de pé reparei bem nele. Seus olhos eram de um tom de verde lindo. Seu rosto e corpo pareciam ter sido esculpidos por deuses. Notei que ele também reparava em mim, principalmente em certos lugares.

“Ei!”

“Oque?”

“Se vai encarar, seja pelo menos discreto, garoto!”

“Desculpe-me, é que não olhar pra você é simplesmente impossível.” - há dois anos teria me derretido com essas palavras. Mas hoje eu não era mais ingenua, e sabia quais partes eram 'impossíveis de não serem olhadas'.

“Seu cu menino!”

Saí para os jardins e deixei ele para trás.

Ouvi ele me gritar, mas ignorei. Olhei por cima do muro, para a floresta, e reparei que tinha alguém lá. Um segundo depois algo passou unindo por mim. Não pude ver o que era, pois Karl pulou sobre mim, me fazendo cair no chão.

“Ao meu sinal, corre pra dentro.”

Mais coisas passaram zunindo por nós. Estacas de prata.

“O que é...”

“Agora!”

Saímos os dois correndo para dentro, Karl trancou a porta atrás de si.

“Ok, o que aconteceu? Quem são eles, ou elas? Por que querem nos matar?”

Karl tomou fôlego, por causa da corrida, antes de me responder.