Eddie e Seus Peugeots: 2014 escrita por Eddie Peugeot


Capítulo 10
A Reunião Secreta




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[set place_ Maués]

[set date_ 03, month_ october, year_ 2014]

[Residência Família Peugeot, Rua Agrepino Aleluia, Santa Luzia – 03 de outubro de 2014 – 08:30]

Na sala de estar, Eddie Peugeot, mais o seu irmão Freddy e a amiga Shelly Marsh, estão acompanhando os telejornais sabendo sobre as pesquisas eleitorais na corrida presidencial. A matéria está mostrando o gráfico das pesquisas, apontando a definição do segundo turno eleitoral entre o Partido Vermelho – extrema-esquerda – e Partido Azul – extrema-direita.

— A candidata da situação, Dana Rosalvina, representando o Partido Vermelho, está com 40% dos votos válidos; enquanto o candidato da oposição, Adionísio Nemphis, representando o Partido Azul, está com 35% dos votos – narra a matéria.

— Mais uma babaca e um merda no segundo turno – disse a Shelly, relembrando ao um fato que aconteceu em sua terra natal.

— Essa é a sua opinião? – pergunta Freddy.

— Todo o ano eleitoral, seja lá nos Estados Unidos e aqui no Brasil, são assim – responde Shelly – até eleger uma nova mascote da nossa escola também foi assim.

— Mas aqui no Brasil, todas essas faces são tão estranhas por trás de uma simples propaganda eleitoral – disse Eddie – uma espécie de narcisismo do povo brasileiro em relação a eles, muito deles por confiança e amizade.

— Um narcisismo que nós estamos tentando desmascarar para o público saber a verdade – completa Freddy.

— Tirando a proposta de vocês dois, está acontecendo uma espécie de “desnarcisismo” da política brasileira?

— Sim – confirma Eddie – é a “Operação Lava Rápido”, da Polícia Federal. Já prenderam e delataram doleiros, chefes de empreiteira... as máscaras do narcisismo estão caindo aos poucos.

— Empreiteiras... doleiros... – disse Freddy, pensando enquanto observa o seu próprio celular – mano, um amigo meu me disse via mensagem que amanhã, véspera das eleições do primeiro turno, haverá um café da manhã marcado lá na praça de alimentação. Falam em num tal de Eric e três caras que dizem serem líderes de alguns grupos, algumas alianças... sei lá, mas, vai acontecer essa reunião amanhã.

— Então precisamos preparar uma espécie de fotografia às escondidas para identificar essas pessoas – disse Eddie, ao pegar uma câmera fotográfica Nikon, a mesma usada por ele momentos antes – se essas pessoas são os empreiteiros, líderes de gangue ou qualquer coisa, temos que ficar de olho em cada um deles para descobrir os planos para detê-los.

— Mano, eu vou tentar alugar um furgão e pedir pros caras aplicarem um insulfilm escuro para que ninguém de nós seja despercebido por eles.

— Verdade – disse Eddie e Shelly, simultaneamente.

— E qual é o horário de que eles irão se reunir na praça? – pergunta Eddie ao seu irmão.

— Deixe eu ver... – Freddy observa o seu celular – eles vão se reunir à tarde.

— Então vamos botar a nossa estratégia na mão da massa – disse o Eddie, que sai da sala acompanhado pela Shelly e pelo Freddy.

X///////X

[Residência Família Peugeot, Rua Agrepino Aleluia, Santa Luzia – 04 de outubro de 2014 – 11:30]

Fora da residência, os três estão ao redor de um furgão branco do modelo Ducato, da marca Fiat, com insulfilm escuro em todas as janelas do carro. Freddy tinha conseguido o aluguel do carro à tempo para poder aplicar o insulfilm para que ele, seu irmão, e a Shelly não fossem facilmente detectados na hora da fotografia dessa reunião secreta que será disfarçada de um almoço em um lugar público como a praça de alimentação.

— Câmera? – pergunta Shelly, conferindo os objetos necessários para a missão. Eddie está segurando exatamente a câmera fotográfica com a lente zoom acoplada.

— Confere – responde.

— Cartão de memória para armazenar as fotos?

— Confere – responde Eddie, mostrando o cartão de memória para a Shelly, e em seguida, coloca dentro da câmera.

— Arma para poder atirar nos merdas se der merda no nosso trabalho?

— Confere – responde Eddie, tirando o seu revólver Glock para a Shelly observar.

— Teu irmão chato?

— Confere – responde Eddie, porém, aponta o seu próprio irmão Freddy, estapeando levemente a cabeça do loiro.

— Ei! – reclama Freddy.

Os três entram no furgão, sendo que o Eddie é o motorista, enquanto Shelly ocupa o banco do passageiro ao lado e o Freddy no banco de trás junto com os objetos (exceto o revólver, que está com o Eddie) necessários para a espionagem. Todos à postos, o trio deixa a residência a caminho da Praça Homero de Miranda Leão, no centro da cidade.

No meio do caminho, os três voltam a se conversar.

— Seu sobrenome não é de origem francesa, Eddie? – pergunta Shelly.

— Sim – responde Eddie.

— Então você deveria ter nascido na França ao invés.

— Na verdade, eu sou português, porque minha família é de Portugal. Eu estou há quase vinte anos em Maués porque a minha mãe queria recomeçar a vida depois que perdi o meu pai. Só temos esse sobrenome porque a gente tem a nossa descendência francesa.

— Ah. E você, Freddy? – pergunta ao loiro - É assim também no seu nome de batismo?

— Oi? – disse o loiro – Ah, o meu nome é Frederico. Freddy é apenas o apelido que o mano me deu pra facilitar a chamada, é claro. O apelido pegou em todo o mundo, menos pra mamãe, pra gatosa que me apaixonei, e pros professores.

— E vocês já tiveram namoradas...

— Ele – aponta Freddy ao seu irmão – já teve duas! Uma delas ele se casou e teve um filho, no qual hoje estão divorciados. Ele está no terceiro namoro com uma bela gostosa de Itaquera – Eddie fecha o rosto, enquanto Shelly olha para ele com semblante de surpresa com a informação.

— Qual é o nome dessa sua terceira e atual namorada, Eddie?

— Karolyina.

— Karolyina? É o nome dela mesma ou é apelido?

— É apelido, mas o nome dela é Carolina Dortmund Baragatti.

— Uau, que nome, aliás, que sobrenome – elogia Shelly – Dortmund Baragatti...

X///////X

[Praça Homero de Miranda Leão, Centro]

O trio finalmente chega ao local destinado. Eddie estaciona o furgão bem na quadra do estacionamento da praça, enquanto Freddy prepara a posição ainda dentro do veículo por onde Eddie e Shelly espionarão o tal almoço marcado em num restaurante localizado dentro da praça.

— O insulfilm que foi aplicado aqui na porta de trás pode até atrapalhar as fotografias, mas o brilho do sol escaldante ajudará no nosso objetivo – disse Freddy.

— Eu configurei a câmera – disse Eddie, com a câmera na mão – desliguei o som da captura para que ninguém possa desconfiar de nada que estamos espionando, nem essa gente perigosa.

— Ok – disse Shelly – então, é só esperar os carros que chegarão daqui alguns minutos já nessa tarde.

Fora do veículo, surge um carro que estaciona no lado esquerdo do furgão. As características desse carro é um BMW M5 de cor preta, ano 2013, sedã de quatro portas e, é claro, de classe luxuosa. Nesse carro, sai uma pessoa de cabelos castanhos, físico cheinho, porém, nem tão gordo, camisa social branca com paletó marrom e gravata preta, calça social marrom e sapatos sociais marrons, tendo olhos de cores diferentes – cujo olho esquerdo é castanho, enquanto o olho direito é azulado.

Logo ao sair, esta mesma pessoa coloca os seus óculos escuros. Em seguida, começa a caminhar indo para o restaurante da praça. Enquanto isso, dentro do furgão, Eddie começa a mirar à referida pessoa com a sua câmera e consegue tirar algumas fotografias, sendo que a última tirou logo quando o alvo virou à direita e entrou no restaurante, o suficiente de fotografar o rosto.

Freddy toma o volante do furgão e dirige o veículo para a entrada e saída à rua Getúlio Vargas, fazendo que o Eddie e Shelly tenha mais visão de onde os carros chegarão no estacionamento da praça.

— O que você fez, Freddy? – pergunta Eddie sobre a conduta do irmão em deslocar o veículo para o outro ponto.

— Aquele ponto de onde nós estávamos, mano, não era ideal para a fotografia – responde Freddy – aqui é o ponto ideal para fotografar rostos dos fuleiros que saem dos carros que estão chegando por aqui – explica.

— Eddie, mais um carro está chegando por aqui – avisa Shelly, avistando a presença de mais um carro se aproximando na área de estacionamento da praça.

O carro que a Shelly detectou trata-se de um Mazda RX8 de cor vermelha – modelo-ano 2012, sedã esportivo de quatro portas – que estaciona ao lado do BMW M5 de cor preta, exatamente no espaço de onde o furgão do trio estava estacionado anteriormente. Quem sai do carro é mais uma pessoa para que Eddie e Shelly ficassem de olho para fotografar algum detalhe para reconhecê-lo mais tarde: é um homem de cabelos ruivos, pele clara com sarnas, vestindo uma camisa social branca, calça bege e sapatênis vermelho, além de óculos escuros e relógio de pulso dourado.

— Fotografe aquele ruivo! – ordena Shelly, no qual Eddie tira algumas fotografias da referida pessoa (mais especificamente o rosto) enquanto a mesma continua caminhando para dentro do complexo da praça.

— Espero que as fotos sejam melhores para identificá-los – disse Eddie, após fotografar o segundo alvo.

— Tua câmera é rica em megapixels, mano! – disse Freddy.

— Cala a boca, Freddy – contesta Eddie.

De repente, mais um carro surge a caminho da praça de alimentação. Trata-se de um carro esportivo, um Mitsubishi Lancer Evolution X de cor branca – ano-modelo 2014, sedã de quatro portas – que estaciona ao lado do Mazda RX8 do último alvo do trio. Quem sai do carro – para o foco de Eddie e Shelly – é um homem de cabelos castanhos, vestindo uma camisa social vermelha, calça marrom e sapatos pretos.

— Fotografe aquele cara! – ordena Shelly, no qual Eddie tira algumas fotografias da referida pessoa enquanto a mesma continua caminhando para dentro do complexo da praça de alimentação.

— Shelly – disse o Eddie – você já teve o conhecimento dessas pessoas antes?

— Com o passar do tempo, fiquei só no esquecimento, apenas lembro do meu irmão e de certos amigos deles e dos meus. Não sei como eles estão hoje, pelo que lembro de... Cartman, Kyle, Kenny...

— Mano, agora que eu vi no retrovisor que mais um carro está vindo pra cá – avisa Freddy – olho nele!

Surge no estacionamento da praça de alimentação um Mercedes-Benz Classe E350 de cor prateada – com aplique cromado, ano-modelo 2013, sedã de luxo quatro-portas – no qual estaciona ao lado do BMW M5 do primeiro alvo de Eddie e Shelly. Quem sai dentro do carro – para o foco de Eddie e Shelly – é uma mulher. Mas o que os dois não esperavam é que essa mulher é idosa e está acompanhada pelo seu acompanhante que a ajuda a caminhar para dentro do complexo da praça.

— É uma velhinha? – questiona Shelly – nós vamos espionar uma velhinha?

— O que importa é que precisamos saber se essa pessoa faz parte de uma organização criminosa que iremos investigar em breve. Então, precisamos fotografá-la para tentar identificá-la – disse Eddie, que fotografa a alvo várias vezes.

Enquanto isso, os outros três que haviam entrado no complexo da praça de alimentação retornam para recepcionar a idosa. O homem de porte físico cheio chama a atenção da Shelly.

— Eddie, fotografe novamente aquele gordo que foi o nosso primeiro alvo! – ordena Shelly.

De imediato, Eddie não só fotografa o alvo requerido pela Shelly, mas acaba reconhecendo-o ao observar o rosto.

“Puta que pariu, é o Eric Cartman! Aquele que quase matou o meu irmão quando roubamos o veículo dele para o desmanche!”— pensa Eddie, relembrando do referido caso que acabara de citar mentalmente. Isso faz o Eddie tirar muitos takes de fotos não só dele, mas também do quarteto já formado.

Logo depois, o quarteto retorna para dentro do complexo da praça de alimentação, enquanto o trio começa a deixar o local para retornar para a residência do Eddie, com o intuito de objetivo cumprido.

X///////X

[Escritório do Eddie, Residência Família Peugeot, Santa Luzia – 15:45]

Na mesa do escritório, estão o próprio Eddie – guiando o seu computador já conectado com a câmera profissional – tendo ao seu lado o seu irmão Freddy e a Shelly, todos observando as fotos que tiraram na praça de alimentação o quarteto que esteve reunindo secretamente no local, com a intuição de identificar os rostos destes.

— Eu acho que esse primeiro aí deve ser o líder – aponta Freddy – mas vamos ver os outros fuleiros que estiveram presentes aí. Infelizmente só deu pra ver essa bunda feia desse gordo de terno marrom – ironiza.

Atendendo ao pedido do irmão, Eddie prossegue para observar mais fotos da chegada do quarteto. Era a vez do segundo alvo, um homem de cabelos ruivos e pele clara e sarnenta.

— Esse ruivo com rosto cheio de sarnas? – Freddy tenta identificar, apenas observa as características – ainda bem que essa posição de onde tiramos a foto era muito ideal. Tu conhece, Shelly?

— Eu só lembro do amigo do meu irmão, que é ruivo, mas quase não tem pele clara e sarnas, como é característico para um ruivo normal. Esse merda aí, eu não conheço não – nega Shelly.

— Nem eu, mana – nega o loiro – nem eu. Passa, mano.

Atendendo ao pedido do irmão, Eddie prossegue para observar mais fotos da chegada do quarteto. Era a vez do terceiro alvo, um homem de cabelos castanhos que veio de Mitsubishi Lancer Evolution X vermelho.

— Ele é um pouco gordinho – destaca Freddy, notando as características físicas do terceiro alvo – mas nem tão gordo que o primeiro – ironiza a comparação – dá para identificá-lo, Shelly?

— Deixe eu ver, aumenta o zoom, Eddie – Eddie atende o pedido e aumenta o tamanho de visualização da imagem que mostra o rosto do terceiro alvo – essa cara me parece um pouco familiar...

— E aí? – duvida Freddy, esperando a identificação da moça.

— Esses olhos, esse cabelo... parece que me lembra um dos amigos do meu irmão! – identifica – mas eu não sei o nome dele, só lembro desse cara que ele teve uma tragédia familiar que envolveu a mãe dele.

— Caralho – Freddy fica espantado com a revelação – já que você não citou o nome dele, vamos deixar para outro plano. Mano, próxima foto!

Atendendo ao pedido do irmão, Eddie prossegue para observar mais fotos da chegada do quarteto. Era a vez do último alvo, uma mulher idosa que veio acompanhada pelo seu guarda.

— Como pode ter uma velhinha sendo convidada pelos três fuleiros para essa reunião tão suspeita? – questiona Freddy.

— Sem respostas, Freddy – disse Shelly.

— Sem respostas mesmo – disse Eddie.

— Se fosse a nossa avó, só que numa reunião familiar com a gente, normal. Agora uma senhora idosa sendo a convidada pela reunião tão suspeita?

— Crime organizado é para todos, Freddy, independentemente de idade! Até idoso sabe organizar um esquema criminal – disse Eddie.

— Caralho – disse Freddy.

— Agora a próxima foto, aí eu o identifiquei de imediato – Eddie avança a foto, dessa vez mostrando o rosto do primeiro alvo, já identificado pelo mesmo – esse filho da puta aqui chama-se Eric Cartman, o dono das empreiteiras multinacionais Eric Cartman Industries. Esse filho da puta quase matou o meu irmão porque roubamos um carro dele que iria ser entregue para o desmanche. E esse filho da puta me botou numa merda quando ofereceu um trabalho obrigatório de servir uns servicinhos benéficos para o esquema criminal dele. Essa reunião que esse filho da puta fez é para aumentar as porras que ele planeja causar não só na cidade, mas com a gente. Ele pode estar envolvido em esquemas de propina, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção e tudo para beneficiar as campanhas eleitorais para o Partido Vermelho. E se eu não concordar para fazer esses servicinhos, esse filho da puta não só me matará, mas matará o meu irmão! – desabafa com tonalidade alta.

— Você falou com muita razão – disse Shelly.

— Como assim, você sabia de tudo o que ele pode fazer?

— Não, Eddie. Porque ele é um filho da puta sim porque a mãe dele é uma puta! Transou com vários homens na minha cidade, inclusive transou com o meu pai! E o Eric Cartman é o filho bastardo dessa puta, Eddie. O pai dele foi um jogador de futebol americano do Denver Broncos que foi morto, aliás, morto pelo seu próprio filho bastardo para virar picadinho de chili para que o meio-irmão dele comesse! – revela Shelly.

No momento em que a Shelly revelou sobre o caso da morte do pai do Cartman, Freddy fica surpreso e assustado com a revelação.

— Puto canibal do caralho! – grita desesperadamente o loiro.

— Freddy, calma – tranquiliza Eddie – o que ela acabou de contar é para aumentar a nossa raiva a ele, mas ainda não é hora de acabá-lo – vira para a Shelly – agora, o meu argumento será fundamental para os nossos futuros planos de acabá-lo, além do seu argumento. Temos que nos unir e formar um grupo secreto que tentará acabá-lo de vez, mas não será nada fácil porque eu tenho percepção de que ele se fortalecerá ainda mais.

— E o que faremos, Eddie? Não temos armas, você só tem uma pistolinha herdada do seu falecido primo do exército, mas não temos equipamentos de última geração. Vou repetir: o que faremos?

— A resposta é o seguinte: o que faremos é tentar recrutar alguns conhecidos e experientes e tentar arriscar nos roubos de carga de armamentos e equipamentos que estão sendo entregues de forma clandestina provavelmente para um grupo militante.

— Mano, arriscar de roubar um arsenal igual do Exército é sinônimo de missão suicida! – reclama Freddy.

— Freddy, eu tenho estratégias, e estratégias bem elaboradas para fazer que a missão seja bem-sucedida, mesmo de altos riscos.

Freddy começa a ficar bastante preocupado e com nervosismo dessa declaração do seu irmão. Porém...

— Mas não agora – disse Eddie, tranquilizando o seu irmão – isso eu irei fazer o planejamento para o outro dia, mas você precisa ficar atento desses boatos que estão circulando por toda a cidade.

— Ok, mano.

— Em outro dia, nós três estaremos discutindo várias estratégias, porém, primeiro, vamos procurar alguns bons nomes que tenham uma boa habilidade.

Shelly se dispersa do escritório, deixando os irmãos Peugeot à sós.

— Mano, porque tu disse que quer “procurar alguns bons nomes que tenham uma boa habilidade” se a cidade está carente desses “habilidosos nomes”?

— Você e a Shelly irão procurar pelos dados das redes sociais algum nome com habilidade essencial para o nosso grupo. Primeiro, precisamos de um informante... – Eddie vira para o seu irmão com o semblante de pessoa séria – e sério!

— Ok, mano.

— Espero que esse informante tenha conhecimentos claros do Eric Cartman e de sua trupe, do que ele tenha articulado antes e o que ele está armando para agora ou para amanhã.

— A gente vai derrubar o filho da puta que quase acabou com a gente.

— E nós vamos, mas não vai ser fácil, Freddy, só para lembrar.

Os irmãos Peugeot prosseguem no escritório enquanto reveem todas as fotografias feitas durante a espionagem da reunião secreta na praça de alimentação. O que o Cartman deve estar tramando? Como foi essa tal reunião secreta que Eddie, Freddy e Shelly tentaram espionar e fotografaram os protagonistas desse evento?

[flashback mode on]

[Praça Homero de Miranda Leão, Centro]

Um BMW M5 de cor preta estaciona ao lado de um furgão branco. Em seguida, sai o motorista do veículo, de cabelos castanhos, físico cheinho, porém, nem tão gordo, camisa social branca com paletó marrom e gravata preta, calça social marrom e sapatos sociais marrons, tendo olhos de cores diferentes – cujo olho esquerdo é castanho, enquanto o olho direito é azulado – e coloca os seus óculos escuros.

Após cruzar o estacionamento e chegar ao restaurante, surge um Mazda RX8 de cor vermelha – modelo-ano 2012, sedã esportivo de quatro portas – que estaciona ao lado do BMW M5 de cor preta, exatamente no espaço de onde o furgão do trio estava estacionado anteriormente. Quem sai do carro é um homem de cabelos ruivos, pele clara com sarnas, vestindo uma camisa social branca, calça bege e sapatênis vermelho, além de óculos escuros e relógio de pulso dourado. Segue o mesmo trajeto da primeira pessoa que chegou ao local.

— Eric Cartman! – disse o ruivo, cumprimentando a primeira pessoa que estava sentado na mesa do restaurante.

— Davin Miller! – retribui – ainda eu estou no aguardo dos nossos companheiros a chegarem para o nosso almoço especial.

— E que almoço especial, Eric?

— Um almoço para selar a nossa grande parceria dos nossos negócios e discutir sobre o nosso futuro junto com os companheiros.

— Eu posso falar uma coisa, Eric? – o moreno acena a cabeça, aceitando o pedido do ruivo – o seu primeiro grande negócio bem feito era para livrar dos seus três amigos babacas. Aquele cara que vomitava na namorada dele, aquele ruivo de descendência judia, e aquele loiro que vivia de capuz laranja que sempre morria.

— Cara, cê nem precisa ter lembrado deles – disse Cartman – apesar de existirem apenas na minha memória, eles nem sabem como foi que eu consegui chegar ao topo. Desses três, só um poderia ter dificultado a minha caminhada: aquele judeu babaca que compartilha o mesmo cabelo que o seu.

— Praticamente eles não devem estar no seu mapa.

— Depois que me mudei para o Brasil, nunca mais tenho contato com eles. Eu tô tranquilo, Davin.

— Olha quem está chegando, Eric – aponta o ruivo para uma pessoa que acabou de estacionar o Mitsubishi Lancer Evolution X cor branca – ano-modelo 2014, sedã de quatro portas – que se trata de um homem de cabelos castanhos, vestindo uma camisa social vermelha, calça marrom e sapatos pretos – é o babaca!

— Você tem razão, ele é um babaca, como sempre.

— E aí, pessoal? – disse o motorista do Lancer branco ao se aproximar dos dois.

— E aí, Clyde? – recepciona Cartman.

— Fala, Clyde – recepciona Davin, apertando calorosamente as mãos – tudo tranquilo com você e seu monotestículo? – ironiza.

— Porra, Davin – reclama – não fode – os dois ri – e a nossa nova contratada, será que ela vem?

— Calma, Clyde – disse Cartman – ela vem, só para complementar o nosso almoço que nós agendamos e depois discutir os nossos futuros planos.

— Vamos sair daqui rapidinho só para recepciona-la, porque vocês sabem que ela é uma idosa e precisa de ajuda e cuidados – disse Davin, no qual todos concordam.

Os três saem do restaurante e vão para o estacionamento, quando observam a chegada de mais um veículo: um Mercedes-Benz Classe E350 de cor prateada. Saindo de lá, está um motorista acompanhante de cabelos castanhos e pele clara, vestido de traje social e óculos escuros, enquanto ajuda a saída da passageira do carro, uma idosa de quase 90 anos, já com os cabelos brancos e pele enrugada – por conta da idade – e vestindo um vestido branco com colete de renda, segurando uma bengala para se apoiar durante a sua caminhada.

— Senhorita Deborah Stotch – disse Cartman, cumprimentando a moça – seja bem vinda ao grupo.

— Senhor CEO do Cartman Industries, Eric Theodore Cartman – disse a idosa, cumprimentando de volta – obrigada pelo convite.

— Por nada – retribui Cartman, junto com Davin e Clyde ao mesmo tempo. Cartman olha para trás com a cara fechada, não gostando da forma que os dois falaram ao mesmo tempo com ele – a gente iremos te acompanhar para o restaurante para o nosso almoço especial, uma reunião especial para os nossos negócios. Pessoal, alguém ajuda a senhorita Stotch?

Cartman, Davin, Clyde e Deborah – acompanhada pelo Davin – caminham rumo ao restaurante da praça de alimentação. Enquanto isso, o furgão – de onde está Eddie, Freddy e Shelly – que estava estacionado na saída do estacionamento deixa o local.

X//////X

No restaurante Guaraná Grelha, o quarteto reunido havia terminado de almoçar. Cada integrante teve seu prato principal diferente respectivamente: Cartman almoçou com rosbife grelhado; Davin, com pirarucu à milanesa; Clyde, com jaraqui assado; e Deborah, com uma sopa.

Enquanto o quarteto se limpava após as refeições, Cartman, como líder do grupo, é o primeiro a dar a palavra.

— Senhoras e senhores, tenho um recado muito importante para vocês. A Cartman Industries recebeu um investimento intenso dos nossos acionistas que ajudarão a nossa balança financeira. Com isso, a Cartman Industries continuará se expandindo para fora dos Estados Unidos, e o Brasil é o nosso principal alvo.

— E como será o principal investimento, Eric? – pergunta Davin.

— Nosso principal investimento é fortalecer os nossos parceiros daqui do Brasil que vem de vários cantos. É claro que tem essas minorias, afinal, estamos num país da América Latina, mas para garantir os empregos não só para a nossa empresa, também para os parceiros que a gente injeta muito dólar no cofrinho deles.

— Eric – pergunta Deborah – e as eleições daqui? A forte expectativa é que o Partido Vermelho ganhará mais uma vez na corrida presidencial.

— Escute aqui vocês – alerta Cartman – estou injetando uma tonelada de dinheiro para a campanha presidencial da Dana Rosalvina, porque ela e o partido são nossos parceiros. Estamos massificando a mídia para favorecê-la, porque não podemos deixar que esses coxinhas fodem os nossos planos. Agora que apareceu essa porra da “Operação Lava Rápido”, os caras estão sendo presos, mas estamos tentando dar uma graninha para eles em troca de silêncio para que esses juízes não saibam de nada dos nossos planos.

— Porra... – Davin fica surpreso – de onde você tirou essas ideias para silenciar os delatores, Eric?

— Eu já fiz isso uma vez com um antigo amigo meu.

— Cartman – fala Clyde – se a Polícia Federal está fazendo a “Operação Lava Rápido”, será que tem alguém com uma boa capacidade que possa tentar impedir os nossos planos assim como a polícia e a delação?

— Ótima pergunta, Clyde, apesar de alguma enrolação na sua elaboração – disse Cartman – tem sim. E essa pessoa é muito bem conhecida daqui de Maués. Tive um prazer de conhecê-lo junto com o irmão dele. É um cara esperto, muito esperto, assim como eu, a esperteza dele foi experimentada quando ele roubou um carro meu e destruiu no meio do caminho.

— E quem é esse cara, Eric? – pergunta Deborah.

— O nome dele é Eddie Peugeot – responde Cartman – eu estou de olho nele porque ele será o nosso contato especial para ajudar nas nossas artimanhas, porém, se desconfiá-lo de alguma atitude suspeita que possa acabar com os nossos planos, a gente trucida-o junto com o irmão dele.

— Então nós temos que arrumar uma forma de proteger os nossos interesses secretos, Cartman – disse Clyde.

— Eu tenho um contato de um grupo muito forte, Eric – disse Deborah – é chefiado por um casal e sua base é em Campinas, numa faculdade tão famosa do país. Possui vários representantes por vários cantos, incluindo um no Amazonas, e está na mídia desde 2013 causando muita depredação. Vocês acham que é ruim contratá-la como segurança particular, mas o alvo tem um nome: Eddie Peugeot.

— Por que esse grupo tem um rancor pelo Eddie – pergunta Davin.

— Quando estourou as manifestações em 2013 durante um grande torneio de futebol que acontecia ao mesmo tempo, esse grupo causava várias depredações de vários estabelecimentos em vários pontos das capitais do país. Já queimaram carros e profissionais da imprensa, mas isso foi o suficiente para que o Eddie Peugeot começar a propagar ataque contra esse grupo, segundo o próprio relato. Esse grupo tem como as características de usar máscaras de cor preta, roupas pretas, tudo de cor preta, para evitar a identificação das autoridades e se camuflar facilmente nas noites.

— Ótimas características – disse Clyde.

— Nessa época, usavam pedras, rojões e lutas corporais. Agora, eles conseguiram de forma clandestina várias armas, como pistolas, submetralhadoras e fuzis. Eles recrutam várias pessoas, especialmente estudantes de faculdade pública e tentam seduzi-los pelo juramento marxista de lutar pela classe estudantil e pelos direitos contra a burguesia. Tem o apoio de diversos professores e reitores que também tem essa mesma característica.

— Caralho – disse Davin, espantado.

— E qual é o nome desse grupo, senhorita Deborah? – pergunta Cartman.

— O nome desse grupo, chama-se: Blackbox.

— E cadê o número de contato desse líder, senhorita?

— Está aqui – mostra o seu celular o número de contato do líder desse grupo. Em seguida, Cartman digita o número e liga para o contato.

— Alô? Aqui é o Eric Theodore Cartman. Eu estou ligando porque estou oferecendo uma verdadeira grana preta para que os seus membros viessem para o município de Maués, para se servirem de meus seguranças particulares. Não aceita? Ah, e eu tenho uma contraproposta: eu pago a viagem e as despesas dos seus membros, enquanto lhe darei uma informação “hiperconfidencial”: o seu alvo, Eddie Peugeot, está aqui neste município. E ao princípio, seus membros precisam proteger alguns pontos e meus interesses para que ele não atrapalhe. Aceita? Obrigado.

— E o que ele disse, Eric? – pergunta Deborah.

— Ele aceitou a contraproposta. Os membros virão daqui alguns dias depois das eleições do primeiro turno e em bom número de encarregados. Provavelmente entupirá os barcos-motores vindo de Manaus cheio de passageiros e driblarão os guardas da Marinha, pagando um belo suborno, para que não haja nenhuma desconfiança das autoridades.

— Por que não aluga um jatinho particular lá no aeroporto de Flores? – pergunta Clyde.

— Porque eu não quero que a Infraero fique na minha cola – explica erroneamente, sendo que a Infraero e sua alfândega fica no outro aeroporto de Manaus, Aeroporto Eduardo Gomes, este de grande porte – iria foder com todos os nossos planos. Lembrem-se da Polícia Federal.

— Podemos trazer algumas armas de forma clandestina que a gente dribla a Marinha lá em Belém e traga aqui em Maués para reforçar os nossos seguranças, no caso, desses membros da Blackbox – disse Davin – aquele porto abandonado faz parte da nossa zona, e a gente possa pegar os contêineres para levar ao nosso esconderijo.

— Ok, pessoal – disse Cartman – concordo com as palavras do Davin. Portanto, a reunião está encerrada. A Blackbox virá para proteger os nossos interesses, reuniões secretas... e... – Cartman não complementa a fala já que o seu celular começa a despertar a ligação. Cartman tira o celular do bolso e atende a ligação:

— Alô? Sim, é o Eric Theodore Cartman. Aham – concorda – Ok, escala para São Paulo, Brasília e Manaus. Pago com o cartão de crédito. Ok, obrigado.

— O que era, Eric? – pergunta Davin.

— Era a companhia aérea, provavelmente os caras que chefiam a Blackbox entraram em contato com a companhia aérea primeiro e depois mandaram o meu número para eles entrarem em contato comigo. Era só para confirmar os dados e pagarei com o meu cartão toda a viagem.

— Ok – disse Davin.

— Domingo, todos nós estaremos acompanhando a situação eleitoral do primeiro turno. Depois que terminada a apuração, novas reuniões. Porque estou injetando uma tonelada de grana não só na campanha da Dana, mas para fortalecer os jornalistas para atacar a oposição e manipular esta minoria de população chamada Brasil! E juntos seremos mais fortes, porra! – termina, com alta euforia, porém, chamando a atenção de outros presentes no restaurante – desculpe aí. Cadê o garçom, porra?

[flashback mode off]

[loading POV, set Eddie Peugeot]

A situação de Maués quando eu cheguei era praticamente tranquila. Agora, a situação está crítica porque acabei descobrindo várias mazelas inimagináveis. Um cara que é CEO de uma grande empreiteira está ligado a um partido político que está, no momento, liderando as pesquisas eleitorais, um partido que está envolvido em grandes escândalos e alvo de investigações como a “Operação Lava Rápido” e que esteve envolvido no assassinato do meu primo...

Isso não me cheira bem. Para tentar descobrir os planos, preciso formar um grupo, um grupo experiente que irá infiltrar nos dados dos planos dele, saber suas artimanhas e descobrir outras façanhas anteriores que ele fez. Parece que um dia ele se fortalecerá, mas eu fortalecerei o mais possível para poder derrubá-lo e tentar mostrar ao mundo as verdadeiras mazelas desse cartel que está corrompendo com os altos poderes do país.

Mas isso é só o início de uma verdadeira caminha pela justiça e vitória.

(CONTINUA)

[stage one ends]

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