Mente Perigosa escrita por MissLockhart


Capítulo 4
Capítulo 03


Notas iniciais do capítulo

Oukai peoples, mais capítulo para ustedes HUDASHFUFHA
Risadas são permitidas. D
Reviews também. GDYIAGHADGLDFA
Bezuuú, boa leitura!



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[Bill’s P.O.V.]

 

  A correção dos exercícios havia terminado, e com sorrisos faceiros nos rostos constatamos que acertamos todos que fizemos. Era sempre assim. Sempre que eu fazia trabalhos de dupla com a Yessica, me dava bem. Hey, eu não me aproveitava que ela era super inteligente, eu não era tão burro assim. Pelo menos, sei que sou o gêmeo esperto. Yessica desenvolvia as questões e eu corrigia os pequenos erros de cálculo que para ela, eram inevitáveis.

- Bill, acertamos tudo! Parabéns! – Yessica abraçou-me apertado.

- É... que novidade. – ri um pouco.

- Ah, não seja assim! Veja como somos inteligentes... tanto que causamos inveja nos populares. – Yessica fez uma cara de como se estivesse pensando, e coçou o queixo.

- Uau, daí eles descontam na gente por serem umas mulas e não passarem nas provas... – afirmei.

- Exatamente. – ela soltou um estalo com a língua e se levantou da cadeira onde estava.

  O sinal já ia tocar, e depois de duas aulas seguidas de física teríamos aula de alemão. Perfeito. Era tudo o que eu queria para poder dormir um pouco.

 

°°°

 

  Acordei com Georg me cutucando de sua classe. Ele indicou a professora com o olhar, e logo tratei de me manter desperto, pois ela iria escrever no quadro algumas dicas interessantes para a prova da semana seguinte. Anotava tudo sem parar, desacelerando a escrita para tirar o chiclete da boca e colá-lo embaixo da classe. Oras, já estava cheia de chicletes velhos... um a mais não faria diferença. Nisso, minha mente fez um “plec”. Sim, eu estava tendo uma ideia.

  Uma ideia maravilhosa. Numa folha de caderno ao lado, escrevi algumas coisas e desenhei desajeitadamente alguns esboços do que tinha pensado. Brilhante. Era o que eu estava esperando para poder rir da cara do Tom.

 

[ /Bill’s P.O.V.]

 

[Tom’s P.O.V.]

 

  Lá estava eu, com os pés atirados em cima da classe, com os fones nos ouvidos. Gustav fazia cara feia como se reclamasse da altura da música. Vai ver as pessoas estavam escutando... mas e daí? Assim todo mundo já ouve música também. O professor de química terminou de escrever a matéria do dia no quadro e recomendou alguns exercícios para serem feitos em casa. Aham, farei todos... he he.

  O sinal tocou, e suspirei aliviado por aquela aula maçante ter acabado. Começou um alvoroço costumeiro, já que o professor de química já tinha saído e o de história ainda não tinha chegado. Vi, como sempre, uma porção de garotas rodeando um cara de cabelos castanhos, um pouco mais baixo que eu. Digamos que ele era “apenas” o Julian, o galã do último ano inteiro. Secretamente tinha inveja de mim, pois tentava ultrapassar o meu recorde de quantidade de garotas “pegas”. Tsc tsc, faltavam umas 20 para ele me alcançar. Eu não me preocupava em ser popular. Eu tenho a mulher que quero na cama que eu escolho. Não preciso ficar correndo atrás de ninguém. Tanto que nenhuma garota me recusou até agora.

  Decidi sair da sala para ir ao bebedouro tomar água, e chamei Gustav para vir comigo.

- Chefe, está ouvindo esse barulho? – Gustav pôs o indicador nos lábios, como se pedisse silêncio.

  Prestei mais atenção, e ouvi bastante barulho vindo do andar de baixo.

- Sim. Estou ouvindo sim. – respondi – Deve estar havendo alguma confusão com as turmas de lá embaixo.

  Segurei os dreads de lado e pressionei o botão do bebedouro. Bebi água por uns segundos e terminei limpando a boca na manga do casaco. É triste ser curioso, pois tal curiosidade me impedia de voltar para a sala sem saber o que estava acontecendo no andar de baixo.

- Gustav... – chamei com o indicador e sem me virar para ele – Vamos até lá embaixo.

- Tom, o professor de história está...

- Agora.

- Tá bom. – finalizou.

  Adorava como Gustav sempre ia comigo a todos os lugares. Nos dirigimos às escadas e descemos os degraus. Pretendi descer os três últimos com um pulo, para dar aquele impressão de “cheguei”. O detalhe é que eu não estava olhando para o chão no final dos degraus, estava espichando a vista até diretamente o corredor. Aí que eu me dei mal.

 

[ /Tom’s P.O.V.]

 

[Bill’s P.O.V.]

 

  Como eu havia planejado. Foi sublime ver Tom se contorcendo e caminhando sem sair do lugar. Que bom que a mesada que mamãe me dá é maior que a de Tom, que a gasta com porcarias sempre. Ok, gastei com porcarias desta vez, mas era por uma boa causa. Grudados nos tênis Nike tão amados de Tom, estava uma grande quantidade de chiclete mascado vinda do chão.

  Eu inocentemente comprei muitos chicletes no bar da escola durante a troca de aulas e... ofereci a todos do corredor. Nunca me agradeceram tanto. Ah, eu só estava querendo ser amigável. Assim que todos se satisfizeram, pedi que cuspissem a goma no chão da escadaria que dava para o andar de cima. Estavam vendo que eu planejava algo para meu irmão – o que era bem comum na escola inteira – e decidiram fazer o que pedi. Riam, como riam. Pareciam um bando de hienas. Eu não esperava isso, mas serviu muito bem como chamariz. Eu sabia que Tom era um curioso incurável.

  E diante de minha face sorridente e bem pintada, graças às maquiagens que pedi emprestado de Penélope, estava um Tom envergonhado sem saber onde se esconder.

- Tom! – disse com a voz tranquila – Eu não sabia que era você descendo as escadas. Quem sabe você não olha mais por onde pisa?

  Soltei um gargalhada alta e satisfeita. E todos ao meu redor, que me ajudaram, riram também. Ele estava recebendo o troco. Bem, uma parte do troco. Eu já estava farto de ser feito de idiota pelo Tom, e agora ele iria se arrepender de tudo o que fez. Eu começava naquele momento. A cara de Tom estava hilária.

  Parecia assustado e emburrado, ao mesmo tempo. Tentou se aproximar de mim, que era a pessoa mais perto dele, mas foi em vão. A massa de chiclete já estava seca, caso andasse mais cairia de cara no chão. Mas, como meu irmão é burro como uma porta, ele fez o que não devia. Deu um passo mais largo e o chiclete o puxou de volta, fazendo-o perder o equilíbrio e cair direto no chiclete mascado. Sua face se contorceu de dor e de nojo. É, a saliva ainda era visível... só sei que eu não gostaria de passar por isso, he he. Todos a essa hora, já estavam voltando para suas respectivas salas, e acenando para Tom com a maior meiguice do mundo, retornei à sala acompanhado de Georg que ainda chorava de rir.

 

°°°

 

- Você o quê??? – Yessica berrou ao telefone.

- Sim, minha querida... precisava vê-lo. Estava nojento e humilhado. – me gabei enrolando o fio do telefone no dedo indicador.

  Voltei sozinho para casa naquele dia. Ah, que agradável. Mamãe até estranhou de não o ver me pentelhando enquanto entrávamos em casa. Disse que deveria estar fazendo algum trabalho extra, já que ia mal em praticamente todas as matérias da escola. A tarde foi feliz e ociosa, bem como eu gostava. Estava atirado na cama falando com Yessica ao telefone, quando ouvi um estrondo vindo da sala de entrada da casa.

- Yessi, vou desligar... acho que o monstro chegou. – ri de leve.

- Olha... cuidado com o que você vai fazer, hein? Não quero te ver cheio de hematomas, sabe que o Tom seria capaz de te esmurrar até seus olhos não precisarem mais de sombra preta!

- Ih, vira essa boca para lá... ele não vai encostar um dedo em mim, eu te garanto. Um beijo querida, até amanhã.

- Beijos, Bill... se cuida. – disse com a voz preocupada, e desligou.

  Coloquei o fone no gancho e fui silenciosamente até a porta do meu quarto, que estava fechada. A abri e pus a cabeça do lado de fora. Ouvi Tom conversando com mamãe na cozinha, e não parecia que aquela casa poderia desabar em alguns instantes. Saí do meu quarto e fui, como se não soubesse de nada, até a cozinha pegar um bolinho inglês dos que mamãe trouxera da padaria. As risadas tiveram de ficar guardadas em minha garganta, pois se saíssem eu iria parecer um maluco.

  Tom estava sentado à mesa, com a cara mais feia que já vi na vida, comendo justamente um bolinho inglês. Vi que mordia a guloseima com raiva, quando me viu na porta da cozinha. Ele estava sem o casaco de hoje de manhã, e sem os tênis. Seus dreads coloriam-se de alguns pontinhos cor-de-rosa chiclete. Ha ha, legítimo rosa chiclete.

- Bill, você sabe que espalharam pelo chão do seu andar um monte de chiclete mascado? – mamãe perguntou quando me avistou na porta.

- Jura? – me fingi de desentendido – Que horrível.

- Sim, e pelo que Tom me contou... – ah não, Tom me dedurou, canalha! – Ele tropeçou num degrau e caiu na meleca!

  Meus olhos deviam estar parecendo duas bolinhas de gude redondinhas, devido ao meu espanto simultâneo ao alívio.

- Nossa Tom... veja o seu estado... – aquele sorriso teimava em se formar em meus lábios, mas o contive.

- É. – ele falou, lacônico – Quem fez isso merecia um castigo. Daqueles bem detestáveis.

  Ele proferira tais palavras com tanto ódio que já não tinha mais graça. Não que eu estivesse arrependido ou com medo, mas sabia que quando mamãe saísse aquele tarde para visitar nossa avó, sobraria para mim.

  Eu tinha que estar preparado.

 

[ /Bill’s P.O.V.]

 

[Tom’s P.O.V.]

 

  Vi Bill saindo da cozinha com um bolinho inglês na mão. Como eu queria ter posto veneno nele. Ah, que raiva. Mas ele iria ver só. Era naquele dia que ele se sossegava no cantinho dele. Mamãe disse algo sobre ir visitar nossa avó, e passaria a tarde lá. Voltaria de noite.

  Que maravilha! Sorri para ela e recebi um beijo estalado na bochecha. Mamãe pegou a bolsa e as chaves do carro, e me dando algumas recomendações a serem seguidas na sua ausência e na de Gordon em casa, saiu porta afora. Certifiquei-me de que ela já estivesse dobrando a esquina, e saí da mesa abruptamente. Meus passos ecoavam pela casa enquanto ia ao quarto de Bill. A porta estava fechada. Abri-a quase como se quisesse arrombá-la, e não vi um Bill assustado, um Bill raivoso ou um Bill suplicante por perdão. Vi-o de costas para mim, olhando pela sua janela.

- Então... – ele disse – Pronto para o acerto de contas?

- Quando quiser. – fechei a porta, trancando-a e jogando a chave longe.

 


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