Lances da vida escrita por Jana


Capítulo 20
Jantar no gazebo


Notas iniciais do capítulo

Momento romântico e triste noticia.



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SOLUÇO

Fui até o carro e abri a porta para a senhora Reymond, estendi minha mão para ajuda-la a sair do carro. – A senhora está quente.

Ela deu um tapinha em meu rosto – A se eu fosse uns sessenta anos mais jovem.

– Fez o que te pedi?

– Sim, Astrid disse a frase ridícula que nós combinamos.

Nós somos cumplices de um crime essa noite. O gazebo finalmente ficou pronto e meu trabalho também. Pedi a senhora Reymond para leva-la para dirigir até às seis. Planejo essa noite perfeita a uma semana.

Quando a vi fiquei paralisado.

– Não fique com essa cara de assustado, soluço. Isso não combina com você. Diz a senhora Reymond.

Astrid caminhou até a mim, seu vestido revelava curvas que só recentemente descobri que existiam.

– Seu trabalho ficou ótimo. Astrid diz

Eu não conseguia tirar os olhos dela. Estou encantado com tamanha beleza. Essas duas mulheres improváveis são meu milagre. Conduzi as duas damas para dentro.

Dentro do gazebo preparei uma mesa com refeição para três. Tudo isso graças a uns bicos cortando grama e fazendo um serviço para um restaurante italiano. Pus aquecedor no gazebo para manter o local aquecido e um rádio portátil tocando uma música suave.

Depois de puxar a cadeira para Astrid tirei senhora Reymond para uma dança.

– Quer dançar madame?

Ela riu e a conduzi para uma volta. – Soluço, sou uma velha idosa.

– Pensei que velhinhas gostassem de caras mais jovens? Brinquei e dançamos até a música acabar.

Levei- a até seu lugar e puxei a cadeira. – Cuidado com ele, Astrid. Esse menino é perigoso.

Eu recuei enquanto me curvava para sentar.

– Tem algo errado? Astrid pergunta.

– Nada. Disse depois que todos estão servidos.

Nenhuma das duas acreditou. – Tá bom, eu competi como convidado na luta livre hoje. Não foi nada de mais.

– Não sabia que você tinha entrado para a equipe.

– Foi só dessa vez, acho.

Senhora Reymond fala sacudindo sua colher em minha direção. – Pode ter uma costela quebrada ou coisa assim.

– São apenas machucados, nada de mais. Tento tranquiliza-las tanto quanto eu. Antes de derrotar Dagur no segundo round, ele me jogou no chão e ganhou cinco pontos.

Ganhei a luta, mas mesmo assim levei bronca do treinador por jogar sujo no primeiro round.

– Não vejo a hora dos narcisos florescerem. Disse Astrid. Estou mais nervoso do que o normal e não sei por que. –Você vai ter que me enviar uma foto sua para o Canadá. Astrid me fala.

Não acredito que ela vai embora justo agora que me apaixonei por ela.

– E por falar em Canadá. Senhora Reymond passa um envelope para ela. – Aproveite a viagem sem esquecer de onde veio.

– Como posso me esquecer de Berk.

Pego as caixas de Hina e sirvo fatias de torta da lanchonete para todos.

– Esse foi o melhor dia da minha vida desde que meu marido morreu. Agradeço muito aos dois por tudo o que fizeram por mim, mas esse corpo cansado precisa descansar um pouco.

– Está bem? Astrid pergunta com preocupação e nós dois nos levantamos para ajuda-la.

– Não, não. Sentem- se e divirtam-se. Só preciso descansar.

Mesmo com protestos Astrid sobe com ela até o quarto enquanto eu recolho a mesa e lavo a louça. – Ela está bem? Pergunto quando ela volta.

– Acho que sim. Ela foi ao médico ontem. Ele quer alguns exames, mas ela é muito teimosa.

Olhei Astrid. Como ela é generosa e humilde. – Quer dançar?

– Não. Sabe... minha perna.

A peguei e puxei até colar nossos corpos e dançamos um pouco.

Quando a perna dela doeu, limpei um canto no chão e nos deitamos.

– O que você viu na Kendra?

Eu na verdade não sei. – Ela era bonita e popular, o tipo de garota que todos os caras queriam. Ela me olhava como se eu fosse o único cara que pudesse fazê-la feliz.

– Você parece um idiota falando assim. Eu realmente era um.

Nos beijamos por um tempo até ficarmos ofegantes.

– Deixa eu ver as cicatrizes?

Toquei a barra de seu vestido e levantei lentamente. Ela parou colocando sua mão sobre a minha e voltando o vestido para o lugar. – Não.

– Confie em mim.

– Não posso. Não com essas cicatrizes.

Isso soou como uma porta de cela se fechando. Mesmo que ela diga que me perdoou, me faça promessas de perdão. Mesmo me beijando como se eu fosse seu herói. Eu agora percebo que a raiva nunca vai sair de dentro dela. Nunca terá plena confiança em mim.

Deitei de novo, frustrado. – Nunca vai dar certo né?

– Eu estou tentando. Sua voz tinha remorso.

Eu queria contar a verdade a ela, que não fui eu, mas não posso. Eu não posso deixar minha irmã ir para a cadeia. De qualquer forma já paguei pelo crime e estou marcado para o resto da vida. Se a verdade vier a tona não tirará as marcas de ter sido preso. Só faria outra pessoa pagar também.

Naquela noite eu deveria levar Luane para casa, mas estava muito bêbado e com raiva das acusações da Astrid. Ficar com Kendra e me certificar que ela não ficaria com outro cara naquela hora era mais importante. Não percebi que Luane pegou minhas chaves do carro até ela voltar para a festa nervosa falando de um acidente.

O resto é história.

ASTRID

Tinha tudo na minha mão e perdi. Soluço me amava e eu só precisava de uma atitude para provar que confio nele e correspondo ao seu amor.

Só que não. Alguma força estranha me prende nessa forma de proteção que criei para mim mesma.

Não fui à escola na manhã seguinte, disse a minha mãe que não me sentia bem e passei a manhã chorando em meu quarto. Eu perdi o Soluço tão rápido quanto o ganhei.

Quando fomos para casa, ele se despediu de mim e disse que sempre fomos bons amigos e continuaríamos sendo.

Liguei para a casa da senhora Reymond para saber como ela estava e quem me atendeu foi o Sr. Reymond.

– Oi, é a Astrid. A senhora Reymond está?

– Oi, Asty. Minha mãe morreu esta manhã.

– O quê? Eu estava com ela ontem a noite. Conversamos, ela dançou e riu...

– Ela te amava muito, como uma neta. Te considerava uma amiga.

– Mas como aconteceu?

– Ela morreu dormindo. Sem dor.

Ela me ensinou tanto nesses meses que passamos juntas. Ela não verá os narcisos florescerem.

– Vou sentir saudades dela.

– Ela não queria ter um funeral, dizia que era uma desculpa para pessoas deprimidas se reunirem para ter conversas sem sentido.

– Ela comprou um vestido ontem.

– Um azul pendurado na cadeira?

– Sim, ela disse que seria enterrada com ele.

– Vou me certificar disso. Se você quiser pegar alguma coisa na casa antes de vender é só pegar.

– Você não pode vendê-la. E os narcisos, o gazebo e tudo aquilo que ela se preocupou nesses dois meses?

Mais tarde minha mãe me levou a casa da senhora Reymond pela última vez. Cumprimentei o Sr.Reymond e ele disse – Pegue o que quiser Asty.

Olhei o mumu dobrado na lavanderia. O peguei e abracei contra meu peito, era a forma dela de me proteger para minhas roupas não sujarem. – Posso ficar com ele?

Ele ficou surpreso e disse – eu falei sério quando disse qualquer coisa.

Haviam apenas mais duas coisas que eu queria. Peguei a receita de biscoitos favorita dela e subi ao sótão e peguei uma foto.

Sr. Reymond disse. – É seu.

Na foto, um casal apaixonado.

Que descansem em paz.


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Notas finais do capítulo

O que acharam da morte da senhora Reymond? O que será do casal agora sem sua fada madrinha.