Resumption escrita por kang


Capítulo 6
Aqueles olhos cinzas


Notas iniciais do capítulo

Hey! Essa fic eu exclui ela e fui ver de novo as fics que eu tinha excluído e não achei nenhum motivo por ter excluído essa, porque está realmente boa. Postando esse capitulo para vocês se habituarem novamente com a história, já que faz muito tempo desde a última postagem.
Enjoy :)



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POV. Maia

— Onde você vai vestida assim?

Eu fecho os meus olhos momentaneamente quando percebo que fui flagrada pela equipe de segurança fazendo algo que não deveria depois do susto que eu levei há duas semanas. Levei um tiro no ombro – o que todos falam ser sorte, mas eu discordo porque doeu como um inferno – e tive algumas costelas quebradas. A cirurgia foi um sucesso e as cicatrizes mesmo que feias agora, pareciam estar cicatrizando bem e melhorando a cada dia.

E era por esse motivo que estava indo se encontrar com aquele médico. O que eu não conseguia chamar pelo primeiro nome, mas que ele existia que eu o fizesse.

Hayden Wilson.

Isso não queria dizer que eu estava apaixonada muito menos perdida pelo médico, mas o modo como ele me tratou foi tão distinto de tudo que eu havia experimento na minha vida miserável, então eu me sinti na obrigação de agradece-lo, por querer saber quem eu realmente sou, mesmo que eu não possa mostrar.

— Maia? Maia está me ouvindo?!

— Mike, eu tenho que ir ao Chung Pub esta noite – responde ao telefone.

— Você sabe que é arriscado sair por enquanto e Marx já sabe que você está em São Francisco! – Mike suspira – Olha, fique em casa por enquanto. Qualquer coisa que você fizer aqui vai ter que ser deixado de lado de qualquer jeito.

— O que quer dizer com isso? – pergunto.

— Estamos programando uma evacuação da cidade. Marx já descobriu que você está aqui, então é só uma questão de tempo até que ele tente te matar de novo.

As palavras de Mike ressoam em meus ouvidos. Marx, Marx, MARX. Esse maldito homem arruinou a minha vida estando ou não estando ao meu lado. Eu estava cansada disso! Eu queria poder fazer amigos, rir, me divertir e principalmente dizer meu nome quando as pessoas me perguntassem dele.

Eu só queria criar raízes.

— Eu não quero ir embora. – Sussurro.

— O que disse? – ele pergunta novamente, mas eu sei que Mike ouviu muito bem.

— Eu disse que não quero ir! Não quero sair de São Francisco.

— Você não tem que querer Maia, nós somos sua equipe de segurança e nós é que decidimos isso.

Mike era o agente mais próximo de mim. Eu sempre o tive como irmão mais velho. Ele me dava ordens, ficava irritado quando eu ficava em perigo e me salvava quando eu não o ouvia e me envolvia em encrenca, porém essa conversa arrancou o que havia de pior nessa jornada de sete anos sendo uma testemunha protegida pelo governo.

— Quem decide sou eu sim senhor! Estou farta disso! Não seria simplesmente mais fácil eu subir na ponte de São Francisco e me atirar de lá? Eu não estou vivendo de qualquer forma! – eu explodo sem me preocupar se estou gritando ou não.

— Nunca mais diga isso. – Mike fala calmamente, uma calmaria que me assusta – Se eu estou a protegendo por sete anos e você ainda não morreu é porque você tem mais valor do que pensa, então não jogue meu trabalho fora com esse discurso suicida barato.

Eu o magoei, sei disso. Porém, não quero dar o meu braço a torcer e dizer que aceito obediência cega, poxa, também é minha vida.

Fico calada na linha considerando o que eu acabei de dizer, se devo ou não me desculpar quando Mike quebra o silêncio.

— Avise quando for sair. – Mike diz enfático – Se fizer como da última vez pode ser que não cheguemos a tempo e seu desejo de morte se realize.

Ele desliga o telefone. Na minha cara.

Mike está realmente irritado.

Narrador

Trambolizando os dedos sobre a bancada de madeira do Pub, Hayden espera impacientemente a chegada de Ária. Eles combinaram de se encontrar as 07 PM, mas já era 07:15 e nada dela chegar. Hayden não era um daqueles caras chatos que implicam com o atraso dos outros, mas aquela situação o colocava nessa posição porque ele estava inseguro, com medo de que levasse um bolo. Não que ele não tivesse levado um bolo antes, mas sempre ficava conformado quando acontecia, porém, agora se ela não aparecesse talvez ele não ficasse tão conformado assim, pelo contrário.

A porta do Pub faz um barulho de sinos e Hayden se vira de novo para ver se era ela que tinha chegado – ele já tinha perdido as contas de quantas vezes tinha feito isso – mas dessa vez era Ária que entrava pela porta do lugar e puxa vida, tirou o fôlego de Hayden de uma maneira que ele pensou em sua cabeça de médico que estava tendo um insuficiência respiratória grave.

Maia estava casual com uma saia abotoada de cintura alta e uma blusa lisa que deixava seus ombros a mostra. O sapato era uma botinha fechada preta. Ela não queria parecer estar indo para um encontro, estava mais para dois amigos que iriam beber e conversar.

Ao entrar pela porta ela logo viu Hayden que estava com a cabeça virada para porta em uma posição que parecia um tanto quanto desconfortável e sua expressão jorrava surpresa e ela se questionou se havia escolhido a roupa certa, mas então ele sorriu, e foi um sorriso que ela amou desde aquela visita que ele fez em seu quarto no hospital.

Ela sorri de volta.

Caminhando em direção a Hayden, Ária percebe que um de seus seguranças acabou de entrar no recinto. Mike não deu detalhes da segurança, só perguntou o horário. Ela afasta a discussão com o amigo da cabeça e beija o rosto do médico.

— Uau você está linda!

E ela estava mesmo. Era possível ele não babar em cima dela? No hospital as marcas dos machucados ainda maculavam o rosto dela, mas agora o rosto dela já não tinha quase nenhuma marca e algo estava diferente nela. O cabelo que ele lembrava ser comprido e escuro, agora estava na altura dos ombros e tinha pequenas mexas loiras destacando seus olhos castanhos.

— Obrigada, mas eu fiquei receosa se estava casual demais. – Ela sorri. – Vivo a muitos anos aqui, mas não me acostumo com os hábitos de socialização de vocês.

— Ainda bem, porque os americanos são loucos.

Ária se lembra de situações inusitadas que teve ao tentar se comunicar nos primeiros anos sem um inglês fluente e ri com o comentário de Hayden.

— O que é engraçado? – ele pergunta curioso.

— Acho que você tem razão. Vocês são um pouco doidinhos.

— O jeito de você falar em fofo. Eu gosto do seu sotaque... De onde você é?

O sorriso de Maia se desfaz aos poucos. Não seria seguro falar que ela era da Rússia, pois o doutor Hayden é esperto, ele já estava curioso de como ela veio parar no hospital e agora queria colher informações dela a todo custo.

— Eu sou da Bielorrússia.

— Ah como eu desconfiava, descendência eslava.

— Sim. – ela sorri casualmente – Mas eu te chamei aqui porque queria te agradecer por tudo o que fez por mim.

— Não precisa agradecer, eu fiz o meu trabalho.

— Eu sei que fez, mas as enfermeiras comentaram que você nunca ia ao quarto do paciente depois de uma cirurgia, e mesmo assim foi no meu quarto e cuidou de mim.

— Aquelas enfermeiras do hospital são umas fofoqueiras de primeira, isso sim. – ele resmunga.

— Não precisa ficar bravo. – Ela ri. – Foi por elas que eu percebi que o doutor é realmente um bom médico. Você foi um dos poucos que se preocupou comigo sem saber absolutamente nada sobre mim.

— Não precisa me chamar de doutor, me chame de Hayden – ele pega a mão dela. – E não fiz aquilo por você ser minha paciente, foi... foi algo diferente.

Maia quase estava a retirar sua mão quando olhou para os olhos de Hayden cinzas dele. Havia sinceridade naquele olhar, curiosidade e devoção. Nenhum ser humano a tinha olhado daquele jeito antes, talvez com raiva ou pena, mas aquele olhar nunca foi direcionado a ela e isso a queima por dentro, parecendo que tudo que ela queria esconder pode ser revelado a qualquer momento somente com o olhar daquele homem sobre ela.

“Ele pode fazer isso?” Se pergunta ela.

De repente esse olhar é muito intenso para que Maia o sustente, então ela desvia os olhos e separa sua mão da dele.

Hayden acha que foi muito evasivo e radical. Ele planejou conhecer mais ela com calma, fazendo as perguntas de modo tranquilo para que ela não se sentisse acuado, mas nas poucas perguntas que ele fez, percebeu que ela estava sendo evasiva e possivelmente estava mentindo, então ele resolveu mudar a estratégia. Quando ele tocou em sua mão e olhou em seus olhos, aquilo que ele achava completamente ilusório aconteceu. Ele se sentiu completamente conectado a ela. Seus pensamentos eram dele, suas ações, atitudes e hábitos. Pela expressão dela Hayden percebeu que ela também sentia. Então é isso que se sente quando está apaixonado?— se perguntou.

Mas então ela retirou sua mão. Seu rosto corava e ela se retraiu como se alguém a tivesse machucado. Hayden se arrependeu por um segundo de ter sido tão apressado. Para tentar quebrar o gelo ele fez um gesto com a mão para chamar a atenção do bartender, mas antes que ele chegasse, Ária ficou de pé.

— hum... Eu preciso ir.

— Mas já? Nós nem tomamos um drink.

— Acho melhor não beber hoje, ainda tenho umas coisas a fazer em casa.

— Eu te acompanho então. – Ele logo se levanta.

— Não precisa. Tome seu drink com calma, eu não quero atrapalhar sua noite.

— Mas...

Antes que ele terminasse a sentença, Ária já estava a sair pela porta e os sininhos nunca irritaram tanto Hayden como naquele dia.

POV. Maia

— O que foi isso?

Era uma noite amena de outono, mas Maia se sentia quente. Quente pelo toque de Hayden, quente pelos olhos enervadores, simplesmente quente.

Sabia que se ficasse mais alguns minutos algo iria acontecer. Ou ele descobriria tudo sobre mim, ou eu lhe contaria tudo. Nunca existiu uma pessoa que eu quis tanto contar a verdade e compartilhar esse peso. Hayden não era um homem que parecia ser o exemplo de que sairia ganhando em uma briga. Não por ele ser fraco, ou algo do tipo, mas por ser médico ele parecia ser mais o cara que salva as pessoas do que machuca. E parecia ser esse ponto que me deixava tão segura ao redor dele, mas se eu contasse nem eu nem ele estaríamos seguros e eu teria que suprimir o que aqueles olhos cinzas fazendo comigo, não importa o que fosse.

Caminhando até o carro da segurança que os meninos haviam estacionado no fim do cruzamento para não levantar suspeitas, os pelinhos da minha nuca se arrepiaram. Eu sai tão depressa do pub que não fiz o sinal para o segurança de que estava partindo.

Burra, burra, BURRA!

Meu passo se acelerou, mais alguns metros e eU estaria segura, se isso falhasse eu poderia gritar de qualquer modo. A sensação de ser perseguida foi substituída por sons de passos apressados, que confirmaram que o visitante estava atrás mim.

Comecei a correr, até que o meu perseguidor me segurou pela mão.

Pronta para gritar, me conteve no último minuto surpreendendo-me com quem estava me segurando.

— Calma, sou eu. Você esqueceu o seu celular no banco.

Aliviada, respiro com calma e deixo a minha respiração se acalmar.

Era Hayden que segurava a minha mão.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? O negócio vai esquentar no próximo capítulo.
xoxo



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