Moira Queen.

Oliver estava desesperado, estava no melhor de sua juventude onde passava a maior parte do tempo se divertindo com amigos, mas então um fruto da sua irresponsabilidade bateu em sua porta e a realidade bateu bruscamente em sua cara. Uma das garotas com que ele se divertia apareceu grávida alegando ser dele e não sabendo o que fazer correu até mim.

– Boa tarde, Oliver me chamou aqui. -uma moça que não deveria ter mais de 23 anos estacionou em minha sala, ela estava atenta a tudo, cada mínimo detalhe, eu podia sentir seu medo. Meus olhos se moveram acompanhando seus movimentos quando as mãos pousaram na barriga.

– Não querida, Oliver não chamou. -eu estava calma, tinha que ficar porque a virado rotina consertar os erros dos homens dessa família. – Eu chamei

– A senhora? - ela pareceu surpresa.

– Sim, eu já sei da gravidez. Oliver me contou, ele está desesperado por não saber o que fazer.

– Acredito que sim, me encontro na mesma situação. Olha Senhora Queen com todo respeito..

–Vamos direto ao ponto. - a cortei evitando escutar qualquer lamuria de sua parte. Com a cabeça indiquei onde ela devia se sentar. – Quanto quer?

– Como? Acho que não entendi o que a senhora quis dizer.

– Ah por favor, não banque a desentendia, golpe da barriga é o truque mais antigo que existe e acredito que se Oliver não tivesse a mim ele seria mais um que cairia nesse golpe. - a surpresa em seu rosto demonstrava que ela não esperava por aquela proposta . – Oliver é jovem e tem um futuro promissor pela frente, um filho agora só estragaria tudo que planejei para ele, então acredito que um milhão seja o suficiente para você tomar as devidas providencias.

– A senhora quer que eu aceite dinheiro para tirar o bebê?

– Oh não, eu não tiraria a vida do meu neto ainda que seja um bastardo. - eu sabia o que fazer, a garota estava confusa e perdida. –Tudo bem, levando em conta os gastos futuros e o fato de que está criança é um Queen talvez um milhão não seja o suficiente. Que tal dois milhões para sumir do mapa com o bebê?

– Mas e Oliver, o que direi a ele?

– Não sei diga que perdeu. Ter uma gravidez interrompida no início é mais comum do que imagina.

Eu sabia que coisas desse tipo estão sujeitas a acontecer, acho que demorou mais do que esperado para a primeira espertinha bater em minha porta. Eu poderia confrontá-la e pedir um exame que comprovasse a paternidade, mais isso poderia fazer com que ela levasse a impressa e um escândalo era tudo que nossa família não precisava, Oliver já tinha sua cota de escândalos o suficiente para duas vidas.

–Sandra perdeu o bebe mãe. - vi meu filho entrar em meu quarto em completo desespero. – Ela perdeu meu filho.

– Oh querido, eu sinto muito. - sentei na beira da cama, fazendo-o deitar com a cabeça em meu colo.

– Ollie, talvez tenha sido melhor assim, você é tão jovem filho, poderá ter muitos filhos no futuro.

– Eu sei mãe, mas era um filho, uma parte de mim.

– Vai ficar tudo bem amor, confie em mim quando digo que foi melhor assim.

[...]

Entrar naquela sala e presenciar aquela cena foi como confrontar o passado, eu não sei como isso aconteceu, mas aquela criança estava ali e eu sabia em minhas entranhas de quem se tratava. Era como ver o passado e o futuro refletidos no espelho, eram tão iguais que beirava ao surrealismo, o passado que eu fiz de tudo para ocultar estava ali em minha frente, como um lembrete que segredos por mais secretos que sejam nunca estão cem por cento guardados.

– Oliver. - meu esforço para não soar trêmula foi imenso, eu não conseguia tirar os olhos do garoto, será que Oliver sabia de tudo? Será que ele tinha percebido a semelhança?

– Eu o encontrei no elevador em meio a uma crise asmática. A mãe do garoto já está vindo. - ele não sabia, o que me fez suspirar em alivio.

– Connor. - ouvi uma voz invadir o ambiente, esse era o nome dele, só podia ser ele. Procurei saber que fim levou a tal garota uma vez só para me assegurar que ela não se aproveitaria do desaparecimento de Oliver para expor a situação, então soube que a criança era um garotinho chamado Connor e que a mãe o escondia a sete chaves. Mas tal foi minha surpresa ao ver uma loira entrar como um furacão na sala de Oliver, aquela não era a mesma garota.

Logo que aquela mulher entrou na sala Oliver começou uma discussão com ela, mas eu estava confusa demais para prestar atenção, aquela criança era tão parecida com Oliver quando pequeno que parecia até um déjà vu, mas quem era aquela mulher e o que fazia com aquela criança? Despertei do meu devaneio quando a vi sair rumo ao elevador, ela o tinha chamado de filho.

– Você sabe quem são Oliver? - questionei percebendo o olhar de Oliver preso no elevador.

– Não faço a menor ideia. - só então ele pareceu despertar. – Mas então, a que devo a honra da sua visita?

– Uma mãe não pode querer ver como o filho está se saindo como CEO?

– Moira Queen, sempre controladora. - desdenhou se colocando atrás da mesa. Eu precisava de mais informações, informações que Oliver não podia sonhar existir.

Assim que sai da sala dele fui procurar por respostas, eu precisava saber quem era aquela mulher e o que ela fazia ali, se ela representava perigo eu precisava estar um passo a frente.

Moira Queen no departamento de RH não é algo costumeiro de se ver, mas só precisei de algumas palavras persuasivas para descobrir quem ela era. Felicity Smoak, recém contratada do departamento de T.I com um belo currículo, solteira e um filho adotivo de quase cinco anos. Segundo alguns funcionários, ela ficou com a guarda da criança depois da morte da mãe biológica, que por acaso era sua melhor amiga. Pelo visto a senhorita Smoak teria uma visitinha surpresa em breve.

– A mamãe sabe dessa sua ideia, Ollie? - ouvi a voz de Thea ecoar pela sala.

– Que ideia? - pousei o olhar nos meus filhos que agora estavam sentados em minha frente.

– Ollie está planejando uma confraternização na empresa mamãe, não é o máximo? Seria para comemorar a volta ao mercado.

– Vai com calma Thea, é só uma ideia ainda, preciso saber o que a senhora acha.

– Acho uma ótima ideia, estamos num bom momento e festejar com os funcionários só nos deixaria bem.

– Então já que a ideia foi aprovada, vou cuidar dos preparativos. - falou indo em direção as escadas.

– Oliver. - chamei. – É bom te ver empolgado com os negócios da família.

– Alguém precisa honrar o nome da família.

Eu tinha filhos maravilhosos, eram seres humanos incríveis e bons, o que só me fazia ter mais certeza que eu tornaria a guardar todos os segredos que guardo, eu faria tudo de novo, eu construiria um muro protetor se no final do dia eu tivesse aqueles sorrisos intactos. Eu já perdi Oliver uma vez e não posso perder de novo, quanto a Thea, ela era apenas meu bebê e eu os protegeria de tudo. Eu sabia o que tinha que ser feito.

– Felicity Smoak? - perguntei para a mulher parada em minha frente. – Sou Moira Q...

– Eu sei quem a senhora é. - ela parecia tensa. – O que deseja?

– Vim falar sobre o garotinho. - ela fez menção em fechar a porta. – Se eu fosse você, me deixaria entrar e ouvia o que eu tenho para dizer.

– Eu sabia que era idiotice vir para esta cidade. - ela parecia falar consigo. – O que a senhora que?

– Vejo que sua casa não é tão grande, mas bastante confortável.

– Vá direto ao ponto. - ela era ríspida, na defensiva.

– Me diga Felicity, quanto você quer para ir embora de Starling com essa criança?

– O que? - e lá estava a cara de falsa ofendida.

– Vamos pular essa parte em que você se ofende, eu já tive demais disso de sua amiga, e olha só, no fim ela aceitou, golpistas como vocês sempre aceitam.

– Qual é o seu problema? Vir na minha casa me ofender, oferecer dinheiro para manter o Connor afastado, você é tão seca assim? Não imaginava nada diferente vindo dessa família.

– Acredito que o Connor tenha uma gorda poupança, graças a mim. Mas e se dessa vez, o dinheiro fosse para você? O que acha? Acredito que sua amiga não pensaria duas vezes.

– A Sandra pode até ter aceitado esse seu dinheiro sujo, mas ela estava confusa e sozinha no mundo. Sabe, por várias vezes ela tentou justificar sua atitude, chegando até a te defender, ela dizia que só sedo mãe para entender você. Mas eu nunca consegui entender, era seu neto e mesmo assim você comprou a distancia dele.

– Sandra foi inteligente, ela conseguiu o que queria e eu também, no fim todos saímos ganhando.

– E Connor? Onde ele fica no meio disso tudo? Você lhe tirou o direito de ter um pai, uma figura masculina, assim como impediu Oliver de conhecer o filho, e tudo para que? Para não jogar o sagrado nome da família em escândalo. Isso é baixo até mesmo para você Moira Queen. - eu estava surpresa com o atrevimento daquela garota, me dizer todas aquelas coisas e com toda aquela ferocidade era no mínimo afoito.

– Não me faça perder tempo garota, se não veio aqui para contar a Oliver sobre a criança, o que faz nessa cidade? Você acha mesmo que essa conversinha convence? Tudo bem, você tem seu orgulho e eu admiro isso, então o que acha de três milhões numa conta na suíça e essa conversa nunca existiu? Oliver já tem problemas demais, não precisa de mais esse.

– Você é louca, sai da minha casa. - ela parou na porta me indicando o caminho.

– Pense na minha oferta mocinha, você só tem a ganhar. - atravessei o espaço pronta para sair de lá.

– Sabe senhora Queen, Connor é um menino muito especial que acabou de perder a mãe, se eu vim para está cidade é porque achei que ele merecia um recomeço. Nunca foi minha intenção contar nada ao seu filho ou me aproveitar da situação, muito pelo contrario, não quero Connor perto desse seu mundo tóxico, ele é puro demais para conviver com pessoas como senhora. Passar bem. - ela bateu a porta.
Quem aquela mulher pensa que é para me tratar dessa forma?