Dear Will escrita por Jenny Lightwood


Capítulo 2
Pingente de joaninha




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Querido Will,

Você se lembra desse pingente? Você que me deu, na primeira vez que nos vimos. Eu lembro de ter pensado "por que esse maluco está me dando isso?", por algum motivo você queria que eu ficasse, na época eu não sabia, mas você me contou um tempo depois.

Mas você lembra quando me deu isso?

Foi no baile de formatura. Eu tinha ido com Kyle White, um babaca, se quer saber minha opinião, lembro que depois de ter visto ele beijando aquela garota loira, Sophie, eu saí correndo.

E quando eu saí do prédio, esbarrei em alguém. Um garoto sozinho em pé, segurando algo, era você.

Quando você se virou pra ver quem tinha batido em você, senti como se o mundo tivesse parado, eu nem lembrava mais do que tinha acontecido lá dentro quando você perguntou "por que está chorando?" e começou a limpar minhas lágrimas com a camisa preta. Falando nisso, eu nunca entendi o porquê de você ter ido com uma camisa preta e um jeans velho para um baile, a única coisa formal em você era a gravata com um nó errado.

Você colocou a mão do meu braço e me guiou até o banco e quando eu sentei, não parei mais de chorar.

"Péssimo dia também, não é?", foi o que você me perguntou, com um sorriso aborrecido.

Mas eu não consegui te responder por causa dos choro, eu só consegui balbuciar um "sim" como resposta.

"Bailes de escolas são tão previsíveis", você parecia desapontado. "O garoto chama a garota para dançar, então começa uma música lenta e eles se beijam, pronto, final feliz. Mas bailes também são ótimos pra se livres do namorado chato que se apaixonou perdidamente por você, não é?".

E nessa hora eu percebi que não fui a única com o coração partido naquela noite. Parei de chorar e fiquei te encarando, curiosa e espantada, me assustou aquela sua cara calma, aquele sorriso que fingia estar tudo bem, você fingindo que não se importava, mas mesmo assim seus olhar triste para o céu dizia outra coisa. Você me encarou e disse que queria me mostrar um lugar.

Entramos na mata que ficava ao lado do prédio, quem nos visse pensaria que éramos um casal apaixonado em busca de mais privacidade ou algo do tipo. Me pergunto se você sabia para onde estávamos indo ou se você só queria sair de lá, eu acho que a segunda opção. Se você ler isso, por favor me diga.

O fato é que chegamos em algum lugar, quero dizer, quando eu te perguntei no caminho "pra onde estamos indo?" você apenas sorriu e falou "lugar nenhum". Te achei louco, claro, pensei seriamente em fugir antes que você tirasse uma faca do bolso e eu nunca mais fosse encontrada, mas eu continuei. Eu até entendi a parte de "lugar nenhum" quando chegamos lá, porque se eu tivesse que descrever um lugar como nada, seria aquele, era uma parte da mata sem árvores, a grama parecia morta e não se ouvia nenhum som, se eu tivesse que esconder um corpo algum dia, seria lá.

Mas apesar da aparência, era confortável, tinha cheiro de terra molhada. Você soltou meu braço e se sentou na grama seca, com as penas esticadas. Com algum esforço por causa do vestido apertado que eu havia pego da minha irmã, eu consegui fazer o mesmo. Ficamos por um tempo, sentados ali, sem dizer uma palavra.

"Minha namorada terminou comigo", você finalmente disse, "ela me trocou por outro cara, e quando eu perguntei o porquê ela disse que é porque ele tem uma piscina em casa". Você deu um riso seco. Mas mesmo assim eu sabia que você estava triste.

Ei, Will, você ficou assim quando nós terminamos?

"Meu namorado me traiu, com uma loira gostosa", dei de ombros.

"É, nós dois estamos na merda, não estamos?", você me olhou e nós dois começamos a rir, cientes da droga de vida que nos esperava atrás das árvores. Nos deitamos na grama e conversamos sobre tudo, família, escola, política... Você me disse seu nome, William Collins. E eu disse o meu, Natasha Evan.

"Ei, Natasha, aqui", você me entendeu uma caixinha preta, eu peguei e abri. Não era nada menos que um simples pingente de joaninha mas mesmo assim eu falei "eu não posso aceitar", tentando ser educada. Você apenas falou "eu não quero isso, por favor fique". E eu fiquei, mas agora estou devolvendo, tome, porque eu também não quero isso.

Paramos de conversar quando o sol começou a nascer. É isso. Saímos do "lugar nenhum" e nos despedimos. Em um daqueles livros de amor que minha irmã gosta de ler, o garoto e a garoto se beijariam no nascer do sol, e depois se encontrariam novamente por culpa do destino.

Mas isso não é um livro de romance. Não nos encontramos novamente por culpa do destino, a não ser que destino seja um novo nome para Chris.

Com amor,

Natasha.


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