Simples & Intensamente escrita por Dama do Poente


Capítulo 2
Presente Revelado


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, muitíssimo obrigada àqueles que comentaram! Eu nem tenho muitas palavras para dizer aqui, apenas que espero que gostem desse capítulo tanto quanto gostaram do último e que os fantasminhas (posso ver vocês), saiam da sombra e digam oi! Eu não mordo, amores!!
Enjoy it!



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“Segundas chances não adiantam,

as pessoas nunca mudam”

– Misery Business, Paramore

Quando Nico comprara o apartamento que dividia com a irmã, ambos ganharam duas chaves. A dela foi dada ao namorado, algo que Nico até queria se opor, mas não conseguia sentir ódio de Frank.

A dele, por muito tempo, ficou trancada dentro de uma gaveta e, depois, usada como reserva ― eles a deixavam sob o capacho, como se fosse um bom esconderijo. Porém, quando precisou viajar e deixar seu gato para trás, Nico soube a quem deveria entregar aquela chave.

“― Por que eu?

― Você me deu o gato: é parcialmente responsável por ele! ― ele explica

― Não pode simplesmente deixá-lo em minha casa? ― ela resmunga, detestando a idéia de ter que ir para um lado de Nova York, para brincar e cuidar de um gato, antes de ir para sua casa.

― Para Luke dar sumiço no coitado do gato? Não, vamos deixar Ches em seu cantinho: ele adora tia Thalia, que não se diz alérgica só porque odeia gatos. ― claro que ele estava criticando o marido da amiga, mas quem ligava? Eles não, com certeza.

― Tudo bem! ― a contragosto, ela aceitou a cópia da chave.”

Como era o editor-chefe de uma grande revista, Nico costumava viajar bastante, fosse por matérias inéditas, fosse por prêmios que sua equipe recebia e ele tinha o prazer de representá-los ― e sempre levava a irmã junto, como companhia. Nessas ocasiões, Thalia cuidava de Cheshire. E as viagens eram tantas, que ele resolveu ser mais seguro deixá-la com a chave, caso houvesse uma emergência e ele precisasse partir de última hora.

Nesse dia, havia uma emergência, mas era a vez dele de socorrer a amiga.

Ainda sem pronunciar uma palavra, Nico ergue Thalia no colo e caminha com ela até a cozinha, onde a senta em uma cadeira. Vai até a geladeira e enche um copo com água, adicionando duas colheres de açúcar, antes de colocá-la na frente da morena, que bebe tudo rapidamente.

E como se seu corpo absorvesse o líquido rápido demais, mais lágrimas rolam por sua face, deixando-o verdadeiramente preocupado: Thalia Grace ― sim, Grace: ela se recusara a mudar o nome; para ela, casar-se e trocar seu sobrenome pelo o do marido era o mesmo que perder a identidade ― não era de chorar. Talvez lágrimas rolassem por seus olhos quando ria muito, ou quando seus filhos ficavam terrivelmente doentes, mas ter crises de choro não era com ela.

― Quer falar agora? ― ele pergunta pacientemente, puxando uma cadeira para frente da dela.

― Consegui meu melhor furo! ― desde a faculdade, Thalia sonhava com a carreira de jornalista investigativa, mas quando casou e constituiu família, parara com o sonho.

― Isso não deveria ser algo bom? ― ele estava confuso: furos de reportagem eram o sonho de qualquer jornalista.

― Seria! Para muitos paparazzi seria mesmo! Até para a antiga jornalista investigativa que um dia você conheceu. ― ela suspira, trêmula. Ergue o copo, e ele sabe que ela precisa de algo mais forte do que água. ― Não precisa exagerar na dose!

― Tudo bem. Contanto que você me diga o que viu. ― ele serve uma dose de uísque para ela, e no último instante resolve por uma para si: sentia que a noite seria muito longa.

Thalia conta como dirigiu por algum tempo depois que se falaram, de como estava ansiosa para chegar em casa e em como o tempo não cooperava. Falou sobre o outro sinal e sobre como achara a paisagem ao redor bonita, até perceber onde estava.

― Eu estava parada em frente ao Ero’s Hotel, quando vi duas pessoas saindo. Podia ser apenas um casal qualquer, mas o homem era incrivelmente lindo; tão lindo que eu possivelmente teria batido, se não estivesse parada. ― ela pausa a história e ergue a câmera ― Se qualquer repórter estivesse ali, perceberia na hora quantos milhões estavam na sua frente, se a mídia tivesse conhecimento do que acontecia. Eu percebi, e claro, garanti minha fatia do dinheiro. Mas estou na dúvida em qual dessas está melhor.

Ela lhe passa a câmera, e é com horror que Nico vai vendo a bateria de fotos. Se fosse um trabalho comum, em que ela estivesse dividida entre uma pose ou outra, ele estaria concentrado, apontando pontos bons e ruins de cada imagem, mas tudo o que se passava por sua mente era a incredulidade.

― Thalia... ― ele a encara, pasmo.

― Tenho que reconhecer que ele, ao menos, teve a decência de não levá-la para casa, mas o Ero’s é a um quarteirão de distância. ― ela recomeça o choro ― E hoje... Hoje ele deveria estar sorrindo para mim.

Queria dizer que ela estava enganada, que aquele não era Luke, mas quantos loiros ele conhecia que tinham uma cicatriz no rosto, que adquirira ainda criança ao cair num parquinho?!

De qualquer forma, não fazia sentido: Luke era louco por Thalia, qualquer um via. Desde sempre fora assim, tanto que no início, diziam que ele a amava mais do que ela a ele; foi preciso muito para que ela aceitasse se casar com ele, e muito mais para que ela entrasse na igreja e dissesse sim ― ela fugiu, correndo por Nova York, vestindo apenas um robe e sua lingerie.

― Sinto...

― Não diga que sente muito, Nico! Por favor!! Eu não vou suportar um olhar de pena seu! ― e ela o deixava em um grande impasse.

Queria matar o amigo; queria ter certeza de que aquilo realmente acontecia ― preferia que fosse uma alucinação ou um sonho ―, mas o que mais queria era tirar a dor de Thalia.

Abriu os braços, e deixou que ela se acomodasse mais uma vez em seu colo. Beijou-lhe o alto da cabeça, até que ela se acalmou o suficiente para pausar a sessão de xingamentos.

― Não sei de quem sinto mais raiva: dele, por me trair; da mulher que estava com ele; de mim, por não ter desconfiado; ou de todos vocês que me apoiaram e coagiram a namorá-lo, noivar, casar... Apesar de tudo o que aconteceu antes...

Eram boatos, Nico gostaria de dizer com tanta certeza como dissera há anos, mas depois daquela noite, jamais teria certeza se aquele era o segundo deslize de Luke ou não.

― Não te coagi a ter filhos! Nem ao ato que se pratica para concebê-los! ― e ao terminar de dizê-lo, Nico arrepende-se de seu discurso.

― Como vou contar aos meus filhos que papai traiu mamãe? ― ela ergue a cabeça de seu pescoço e encara os olhos negros dele.

― Não pense nisso agora, ok? ― ele tira uma mecha suada do rosto dela. ― Tome um banho e descanse, fique no meu quarto para que as crianças não acordem ou suspeitem de algo.

― E você dorme aonde?

Ele poderia dizer que dormiria no sofá, ou que perguntaria à irmã se poderiam dividir a cama ― como muitas vezes fizeram na infância ―, mas sabia que Thalia se oporia e brigaria com ele por não dormir direito. Também sabia que mentir para ela era ruim, mas hoje abriria uma exceção e daria seu melhor.

― Tenho trabalho para fazer: vou ficar no escritório mais um tempo! ― não era uma mentira completa, também não era verdade, mas foi aceita.

Subiram silenciosamente as escadas, seguiram no mesmo ritmo pelo corredor ― onde pararam no antigo quarto de hóspedes, que agora servia de quarto para as crianças, e os observaram dormir por um tempo, alheios e inocentes em relação à terrível noite ― até a porta do quarto de Nico.

― Vá tomar seu banho: vou pegar umas coisas com a Hazel e já volto! ― e sem lhe dar tempo de dizer não, Nico retoma o trajeto e vai ao quarto da irmã.

― O que é todo esse barulho? ― ela resmunga sonolenta.

― Thalia está aqui! Veio passar a noite e precisa de roupas para dormir. ― ele informa, abrindo as portas do gigante closet.

― Os pijamas estão do lado esquerdo! ― a irmã informa, despertando graças a preocupação na voz dele ― O que aconteceu com ela?

― Não sei se posso falar, então apenas espere para que ela mesma lhe diga. ― ele escolhe um pijama qualquer, e volta a sair do quarto ― Só não faça alarde: as crianças ainda não podem saber.

A irmã assente e ele enfim volta para seu quarto, onde escuta ruídos no banheiro; mas não do chuveiro, e sim de alguém vomitando.

― Thalia, o que houve? ― talvez fosse a pior pergunta para se fazer na noite, mas vê-la vomitar era algo a mais para preocupá-lo.

― Houve o presente de cinco anos de casamento que ia dar a Luke! ― ela sorri fracamente. Estava pálida e fraca depois do esforço e do nervosismo.

― Lia, eu não entendi muito bem... ― ele se apóia na borda da banheira, e se ajoelha na frente dela ― Qual seria o presente?

E mais lágrimas jorram dos olhos cristalinos. Se ela não estivesse tão frágil, ele pediria que ela parasse o quer que estivesse fazendo e simplesmente voltasse a ser a Thalia Grace de sempre. Ela era o elo forte do grupo.

― Nico... ― ela inicia, fixando seus olhos no dele ― Eu estou grávida!


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Notas finais do capítulo

E então? O que me dizem? Esperavam por isso: sim ou não?
Digam-me tudo o que acharam, por favor!!
Beijoos