Beyond Two Powers escrita por Annie


Capítulo 3
O Acordo


Notas iniciais do capítulo

Esperamos que gostem. Boa leitura!



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ADELAIDE

Adelaide passou o resto de seu dia trancada em seus aposentos reais, o silêncio do ambiente fazendo com que os guardas estancados em sua porta preocupassem-se frequentemente. Detestava transparecer fraqueza, e no entanto, era impossível que mantivesse a postura após assistir ao banimento de uma feiticeira.

Em certo ponto da tarde, a princesa se levantou, respirou fundo e encarou o próprio reflexo. Ergueu os dedos na altura de seu rosto, apertando-os em um punho para evitar que usasse magia. Não importava o quanto ela quisesse, magia simplesmente não poderia ser a solução.

Batidas ressoaram em sua porta, fazendo com que Adelaide lançasse um olhar monótono à mesma.

— Princesa Adelaide! — chamou um de seus guardas, com uma estranha urgência em seu tom. — Alteza, por favor, abra.

— Qual é o problema? — indagou Adelaide, aproximando-se da porta e cruzando os braços ao parar em frente a ela. Não havia absolutamente nada que pudesse ter ocorrido de grave no Reino, não com a guarda redobrada devido aos hóspedes.

— É a Rainha Melissa!

Foi o bastante para que Adelaide abrisse a porta abruptamente, deparando-se com o guarda, cujo olhar quase desesperado implorava para que a princesa o seguisse.

— O que houve com a minha irmã? — questionou a princesa, semicerrando os olhos para ele. A pergunta foi suficiente para sancionar que ele despejasse o problema em suas costas.

— A Rainha Danielle veio até aqui. — começou ele, recobrando a postura. — E, após uma conversa com ela, a Rainha Melissa parece ter... enlouquecido.
Adelaide não esperou que ele encerasse a explicação. Fechou a porta atrás de si com o pé, passou pelo guarda sem dar-lhe ouvidos e correu escadaria abaixo até o Salão.

A Rainha Danielle estava desaparecida há uma enorme quantidade de tempo, e simplesmente não era possível que tivesse visitado Melissa anteriormente a todas as outras rainhas. Principalmente pelo fato de que Danielle não suportava Melissa.

No Salão, já não mais haviam plebeus. Apenas nobres e guardas, cercando o trono da rainha, enquanto seus soldados mais confiáveis tentavam inutilmente afastar a curiosidade dos presentes.

Adelaide começou a apertar seus passos para correr até sua irmã, porém alguém a parou no meio de seu caminho. Duas mãos fortes seguraram seus ombros e a impediram, e ela teve de erguer o olhar para o rapaz que a havia parado.

— Cavaleiro — sibilou ela, reconhecendo o jovem da Cavalaria de Honra do Reino da Prata que continha olhos castanhos claros e cabelos castanhos desgrenhados. — Saia do meu caminho.

— Alteza — disse ele, com suavidade, encarando-a. Seu ar de calmaria fez com que Adelaide tivesse vontade de arrastá-lo para o lado e simplesmente continuar avançando. — A Rainha Melissa não está em condições neste momento, mesmo para falar com a senhorita.

— Meus guardas pensam de maneira diferente. — desafiou-lhe Adelaide, pronta para lançá-lo para longe. — Deixe-me, cavaleiro, para que eu não tenha de denunciá-lo ao seu rei.

O olhar do cavaleiro encheu-se de empatia conforme ele começou a levantar uma de suas mãos, como se estivesse prestes a deixá-la ir. Porém, ele olhou em volta, certificando-se de que ninguém mais os observava, e moveu os dedos.

Da ponta deles, explodiram minúsculos fogos de artifício.

Adelaide teve de prender a respiração ao ver a magia. Um cavaleiro que utilizasse magia era suficientemente raro; um Cavaleiro de Honra que fosse capaz de fazê-lo e estivesse disposto a mostrar a ela para convencê-la a ouvi-lo era suficiente para que ela se rendesse.

— Você pode usar magia. — disse ela, lentamente, em uma tentativa desesperada de não se entregar.

Ele sorriu quase imperceptivelmente.

— A senhorita também. — comentou, semicerrando os olhos, e Adelaide teve vontade de correr. — Alteza, eu não tenho intenção de assustá-la. Acontece que aquilo que assustou a rainha está além do conhecimento de qualquer um dos nobres ou das famílias reais que possam vir a analisá-la.

Não era complicado entender o que ele estava dizendo; Melissa havia sido vítima de um trauma causado por uma feiticeira. Muito provavelmente, por uma extremamente poderosa.

— Me chamo Jay. — continuou o cavaleiro, respirando fundo. — E eu preciso que a senhorita escute o que tenho a dizer.

— Ou o quê, cavaleiro? — questionou Adelaide, erguendo o tom de voz a um timbre suficientemente ameaçador. Jay levantou as sobrancelhas. — Você contará aos meus súditos que sua princesa é uma aberração?

— Eu não tenho intenção de contar a ninguém — disse ele, e o tom ameno quase a fez acreditar. — Entretanto, se a senhorita não se dispor a me ouvir, eu não poderei ajudar sua irmã.

Não havia forma possível para Adelaide ignorá-lo. Ele podia utilizar magia e revelera isso a ela; caso fosse de sua preferência, a princesa poderia simplesmente contar a Maurice e fazer com que Jay fosse julgado e condenado. Se o ponto de Jay realmente era importante ao ponto de que ele mostrasse sua magia para Adelaide, então ela devia ouvi-lo.

— Muito bem, cavaleiro. — Adelaide falou, cruzando os braços de forma impaciente. Toda a movimentação em torno deles e de Melissa fez com que ela desejasse poder afastar todos de sua irmã. — Fale.

— Bom. — disse ele, soltando os ombros dela e assentindo ligeiramente como um pedido de desculpas. — Não estou certo de que a senhorita esteja ciente, porém feitiços de transformação são extremamente eficientes para diversos efeitos, exceto por um: um feiticeiro não é capaz de enganar o outro. Portanto, quando alguém utiliza um feitiço de transformação, todos os outros ao seu redor hão de cair sobre o efeito deles, mas não outros feiticeiros.

— Ou seja, — interrompeu-lhe Adelaide, procurando avaliar a verdade nas palavras de Jay. — todos verão o feiticeiro da forma que ele se disfarçou, exceto pelos outros feiticeiros.

Jay sorriu, satisfeito por ela ter compreendido.

— Exatamente, Alteza. — comentou, e apressou suas falas ao notar o tumulto às suas costas. — Felizmente, sou o único feiticeiro do Reino da Prata que teve a possibilidade de vir até aqui. E vi quando uma feiticeira adentrou, passando-se pela desaparecida Rainha Danielle.

— Você a viu?

Ele assentiu.

— Prestei toda a atenção possível e posso garantir-lhe que ela foi para Badlands. — contou-lhe Jay, e Adelaide sentiu um frio percorrer sua espinha. Uma feiticeira em Badlands. — A questão é: ela não utilizou feitiço algum na Rainha, visível ou não. O trauma foi verbal. A única forma de deletá-lo é apagando a memória de sua irmã.

— Não. — disse Adelaide, rapidamente demais, fazendo com que Jay franzisse o nariz diante de sua reação. — Não, eu não irei apagar a memória da minha irmã. Faça-o você mesmo. Eu lhe dou minha autorização.

— Alteza. — interveio ele, juntando as sobrancelhas de forma interrogadora. — A senhorita não acha que teremos de distrair todas estas pessoas? Como cavaleiro, deixe-me fazer isso. Tudo que a senhorita precisará fazer é desejar que a memória da Rainha do evento desapareça, e ela desaparecerá.

— Eu não uso magia, cavaleiro. Sob hipótese alguma.

— Eu imaginei que a senhorita abriria uma exceção ao considerar a condição de sua irmã.

Aquilo a atingiu como uma facada. A verdade era trucidante: era de sua irmã que estavam falando. Melissa, a rainha do Reino do Ouro, que podia ser extremamente teimosa e arrogante, porém continuava a ser a irmã mais velha e a única família que Adelaide tinha. Ela não podia simplesmente deixar que sua família enlouquecesse.

— Como posso ter certeza de que você está falando a verdade? — indagou ela, semicerrando os olhos para ele. — Tens alguma garantia?

— Não, Alteza. — respondeu ele, com tranquilidade. — A senhorita terá de confiar em mim.

Ela o analisou por alguns longos segundos. Notando todo o tumulto sobre Melissa, percebeu não ter mais escolha.

— Está bem, Jay. — disse Adelaide, cerrando os punhos. — Se você alega ser de confiança, é bom que não desperdice esta oportunidade. Despiste os nobres e os guardas. Quero todos fora.

Ele a obedeceu rapidamente. Com sua magia disfarçada, atraiu a atenção de todos para o lado de fora, arrastando até o último guarda e nobre. Do lado de dentro do Salão, Adelaide aproximou-se de Melissa, que a encarava com os olhos vidrados, e ela segurou a mão da irmã.

As mãos de Adelaide apertaram as de Melissa e ela fechou os olhos, concentrando todos os seus pensamentos de uma só vez. Não utilizava sua magia há anos, e nem mesmo tinha consciência de que eles poderiam funcionar perfeitamente bem. Apenas desejou que pudessem.

Começou a imaginar que implorar para seus poderes talvez fosse a solução. Então se lembrou de quem era. E entoou:

— Eu sou Adelaide, a princesa do Reino do Ouro. — disse, com toda a firmeza, e sua voz ecoou por todo o Salão. Todo o medo se esvaiou e as correntes de ar em torno de Adelaide começaram a circular de forma forte e acelerada. — E eu ordeno que as memórias de Melissa a respeito da feiticeira sejam apagadas.

Por um momento, foi como se nada tivesse acontecido. Então os olhos de Adelaide se abriram, brilhando em cores completamente diferentes, e ela teve de soltar as mãos de Melissa. A princesa fechou os olhos, tomou fôlego e os abriu novamente. Sua irmã a encarava, uma expressão quase vazia no rosto.

— Melissa? — chamou Adelaide, engolindo a bile em sua garganta. — Melissa, você está bem?

— Eu... — A rainha começou, o tom baixo. Então foi como se um relampejo de realidade a atingisse, e ela encarou a irmã mais nova com as sobrancelhas arqueadas. — É claro que eu estou, Adelaide, mas que bobagem. Onde estão todos?

Adelaide deixou um suspiro de puro alívio escapar, estreitando seu olhar para a entrada do Salão. Jay estava parado à entrada, com os braços cruzados e um sorriso consideravelmente convencido no rosto.

— Eu estarei de volta em breve. — disse Adelaide à sua irmã. Melissa lançou um olhar estranho a ela conforme a princesa caminhou até a entrada, parando em frente a Jay e forçando sua expressão mais destemida. — Para onde foi a feiticeira?

Ele ofereceu a ela um olhar incrédulo, ainda que a sombra de um sorriso surgisse em seus lábios.

— Alteza, não está pensando...

— Leve-me até ela, cavaleiro — exigiu ela, em alto e bom tom, ao semicerrar os olhos para ele. — Ou sua bravura não é capaz de durar o bastante para enfrentar Badlands?

Jay soltou uma gargalhada.

. . .

Badlands era uma floresta sombria e completamente aterrorizante, porém caminhar por ela em busca de uma feiticeira na companhia de um feiticeiro havia sido, sem sombra de dúvidas, a ideia mais inconveniente que Adelaide tivera.

— Não entre em pânico, Alteza — disse Jay, em certo ponto da caminhada. — Porém estamos sendo seguidos. E quando digo para não entrar em pânico, refiro-me ao fato de que conheço nosso perseguidor.

Adelaide observou a mata com o canto dos olhos, notando o cavaleiro que surgiu por entre os galhos. Era o companheiro de Jay, o segundo Cavaleiro de Honra do Reino da Prata, que segurava um arco e flecha. A princesa se perguntou se ele também era um usuário de magia e se não havia acabado de ser pega em uma armadilha.

— Princesa. — cumprimentou-lhe o cavaleiro, com um tom petulante que não agradou Adelaide. — Jay, o que você está fazendo?

— Perry, a princesa solicitou minha ajuda para resolver problemas mágicos.

O cavaleiro chamado Perry lançou um olhar de desprezo para Adelaide. A mesma não pôde se conter.

— Algum problema, cavaleiro? — indagou, arrastando as palavras.

— Ah, eu tenho muitos problemas, Alteza. — replicou ele, encarando-a.

Adelaide teve vontade de lançar uma rajada que vento que o atirasse até o reino mais próximo com um movimento de sua mão, porém a voz de Jay a impediu.

— Alteza, Perry. — disse Jay, gesticulando com a cabeça para uma área à frente da floresta. — Chegamos.



MAXINE

A floresta estava tão silenciosa quanto um campo de batalha antes do primeiro tiro disparado. A feiticeira deslizou sua mão pelas águas do rio Callaghan, que cortava as terras da Mata Negra. Os carvalos esculhos subiam até suas copas, quase impedindo a luz solar de entrar e tocar o chão de terra úmida e fértil. A mulher alisou o focinho de seu dragão e pediu-lhe gentilmente que o mesmo sentasse-se em sua frente. Com um simples estalar de dedos, o lagarto alado havia se transformado num homem esbelto, bronzeado e galanteador. Lance abriu um sorriso de dentes brilhantes, seus olhos dourados refletindo a luz solar. Os cabelos negros combinavam perfeitamente com o bronze de sua pele.

— Fico imensamente grato por não ter transformado-me em um pangaré novamente, milady.

— Não é tão ruim. - ela sacudiu a mão em descaso, levantando-se da margem do rio - Prepare-se, Lance. Há forasteiros tentando entrar em Badlands.

O sorriso do homem se fechou e sua expressão suave tornou-se calculista e fria. Desembainhou uma espada feita de metal e galhos fortes de um cipré antigo, forjado pelos ancestrais da feiticeira. Com mais um estalar, os dois agora estavam na entrada da floresta, observando com cautela três adolescentes caminharem pela mata, perdidos. A primeira era claramente princesa Adelaide, com seu vestido dourado e branco e os cabelos extravagantemente arrumados. O outro era um rapaz alto, forte, de cabelos castanhos e olhos da mesma cor. Trajava uma farda, e a insígnia do Reino da Prata brilhava em seu peito, além de sua espada embainhada. O outro também era um soldado, possuía olhos negros e cabelos escuros como o mais puro carvão. Um arco de madeira entalhado descansava em sua mão, enquanto a aljarva de couro repleta de flechas pendurava-se em seu ombro, mas a princesa e o outro soldado não pareciam tê-lo reparado. Maxine suspirou ao vê-lo, surpresa. Mas sacudiu a cabeça e pulou da árvore de onde se encontrava, caindo de pé em frente aos três que lhe procuravam.

— O que forasteiros fazem em minhas terras? - a voz da mulher retumbou pelas árvores. Os animais correram, assustados.

— Fora você, não foi? - a garota fora direta, semicerrando os olhos - Você se passou pela Rainha Danielle e ameaçou minha irmã.

A feiticeira riu, alisando os cabelos. Lance saltou do galho em que se encontrava, pousando graciosamente em frente ao outro moreno. Ele puxou uma flecha e apontou contra o lagarto, enquanto este sacava sua espada.

— Ainda não, Guardião. - Maxine cessou o fogo - Diga-me, princesa, o que vieras fazer em meu território?

— Primeiramente, este lote pertence ao Reino do Ouro, portanto estas terras não são suas. E aliás, quem é você?

— Geograficamente não são. Mas nada posso fazer se a Terra quer a mim como sua dama. Sou Maxine Chase.

— E em segundo lugar, vim aqui pois não posso aceitar o que fizera com minha irmã! - a princesa parecia estar perdendo o controle. A feiticeira riu.

— Estava tendo ajudar a ti e a Sharon, a prisioneira.

— Como sabes dela? - o moreno pronunciou-se.

A feiticeira tombou sua cabeça para o lado, olhando profundamente em seus olhos castanhos. O azul da moça era escuro e brilhante, com pequenas faíscas palpitando de poder. Ela apoiou seu cotovelo no ombro de Lance, enquanto ainda observava o rapaz, que a aquela altura, estava tenso e com pequeninas gotas de suor escorrendo pelas laterais de seu rosto. Percebera também a clara tensão entre o Guardião ao seu lado e o Arqueiro escondido entre as árvores. Ambos trocavam olhares mortais, o dourado do dragão bombardeando o negro do soldado. Adelaide estava igualmente nervosa, apesar de estar lutando para permanecer em sua forma educada de princesa. Max era a única calma entre os cinco ali, e isso a fez rir novamente. Ouvir o suspiro sincronizado do moreno e da garota fora como música para seus ouvidos.

— Como disse a Melissa, jovem praticante da magia, as notícias correm mais rápido do que imaginam. Como ousam entrar em minhas terras? Sabem que posso desmaterializá-los com um estalar de dedos, não sabem?

— Você é a Dama da Floresta. - o moreno disse outra vez, revelando a verdade - Todos aqueles que têm magia sabem de sua história.

— Que história? - Adelaide perguntou, enquanto o guarda encarava Max maravilhado - Jay?

— Eu fui presa nas Ilhas de Rubi. - a Dama explicou, orgulhosa por ter sido reconhecida - O Rei tentou me ajudar, tentou livrar-me do exílio e lembro-me perfeitamente disto. Aliás, por que acham que as terras de seu reino são totalmente férteis? - ela sorriu - Enfim, ele deu-me três chances para mentir e dizer que eu não praticava magia. Disse a verdade e tive de ser expulsa do reino. A Floresta me acolheu e hoje sou quem sou.

— Todos vêm procurando por você. - Jay confirmou - És uma lenda em todos os reinos.

— Isso não vem a caso, guarda. - Maxine sacudiu a mão - Retirem-se de minha Floresta antes que o Guardião se irrite. Lance não é um dragão muito paciente.

— Melissa pode ter privado-me de aprender com meu dom. - a princesa observou - Mas ensinou-me a ser uma boa líder e ter muito cuidado e liderança sobre nosso reino. Sei claramente como governar meus súditos e mantê-los sob controle.

— Você não entende, princesa? - Maxine riu, sínica - Se continuarem a exilar e matar os nossos, não sobrarão mais ninguém.

— Mas… Magia nasce com vocês, não é?

O rapaz dos cabelos escuros pronunciou-se pela primeira vez. A feiticeira suspirou e o encarou profundamente. Sentiu Lance bufar por ter perdido o foco. Ela sorriu, enquanto o guarda engolia em seco. Mesmo sendo uma transgressora da lei, a mulher era estonteante e bela.

— Não és tolo como eu havia pensado, arqueiro. Magia nasce conosco, de fato. Mas a alguns anos, uma grave doença mágica espalhou-se entre nosso clã. Agora, são muito raros os casos em que dois humanos deem a luz a um feiticeiro.

— Isso significa que…

— Isso mesmo, Jaime. - o soldado engoliu em seco ao ouvir seu nome - Nós, praticantes da magia, estamos entrando em extinção.

Era complicado. A doença havia afetado todos os reinos do continente, forçando os feiticeiros a guardarem ainda mais segredo. Sua raça não poderia desaparecer para sempre. E era isso que Maxine vinha buscando impedir. Adelaide suspirou, frustada e tocada. Não queria seu povo extinto. Magia era um gracioso dom que havia nascido com ela, e que desejava espalhar pelo mundo. Seus neurônios começaram a trabalhar velozmente, tentando encontrar uma solução. De repente, uma ideia brilhou em sua mente como uma labareda de fogo na escuridão.

— Gostaria de fazer um acordo, Dama. - a princesa propôs - Levarei-te como minha convidada real para o castelo, e farei com que Melissa e Maurice mudem de ideia e reconstituam uma nova Lei.

— Não acredito nisto. A família Cecília é extremamente teimosa.

— Por favor, Maxine. Juro-lhe que irei fazê-los mudar a Lei. Apenas preciso de um prazo.

A loira suspirou. Talvez essa fosse uma jogada muito melhor do que continuar ameaçando os líderes dos reinos. Lance dirigiu suas pepitas de ouro para a mulher, em um sinal de apoio. Se ela quisesse ir, ele a apoiaria. Mas no fundo, ele realmente queria que sua dona ficasse. Há quem dizia que Guardião e Feiticeira fossem amantes. Bom, talvez por parte dele, mas nunca dela. Após ter sido exilada e ridicularizada por todos de seu reino, principalmente o rapaz do qual havia muito afeto, ela deixou de acreditar no amor de uma vez por todas.

— Seis meses, Adelaide. Tens seis meses para mudar a Lei.

Ela suspirou aliviada e deu um sorriso. Logo, os guardas e a princesa levavam uma intrusa para seu castelo. Antes de saírem da Floresta, Maxine virou-se para seu dragão, que ainda estava em sua forma humana, e deu-lhe um beijo suave em sua bochecha, com um sorriso no rosto. Sussurrou um encanto, dando-lhe liberdade para transformar-se em rapaz quando quisesse.

— Não demore. — Lance beijou os nós da Dama e direcionou um sorriso vitorioso na direção do arqueiro, que bufou e revirou os olhos - Badlands precisa de você.

Ela sorriu novamente e acompanhou os outros três para sua de sua morada. Aqueles seriam longos e problemáticos seis meses.


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Notas finais do capítulo

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