A segunda feira chegou e eu acordei cedo para poder procurar emprego, não sei, mas acho que hoje eu vou encontrar um, acho que isso é intuição.

Alice não apareceu como Ângela disse, talvez ela tenha levado a sério o papo de eu não querer ser minha amiga, mas ela nem me deixou explicar. Não é que eu não queira ser amiga dela é que eu não sei como isso funciona, nunca fui de ter amigos e desde minha infância não sei o que é ter a casa cheia de amiguinhas fazendo bagunça.

Uma lágrima traiçoeira escorregou pelo meu rosto e eu apenas deixei, precisava pelo menos me aliviar um pouco dessa tensão que é minha vida.

Um pouco mais calma saí do box do banheiro e fui me trocar.

Olhei na Internet ontem e vi uma vaga de balconista em uma boate familiar, pode não dar certo por ser um lugar cheio de homens,a maioria deles velhos nojentos que estão a procura apenas de sexo.

Já que é uma boate não me arrumei formalmente, apenas uma calça jeans preta, uma blusa de seda branca e uma jaqueta de couro preta, nos pés calcei meu velho e querido All star, fiz um rabo de cavalo no cabelo e coloquei pouca maquiagem apenas rímel, lápis e um gloss. Odeio maquiagens, mas se é para ser mais apresentável e tentar arrumar emprego, abro exceção.

Quando chego ao endereço, vejo que por ser cedo,ainda está fechado há apenas uma porta que está aberta, talvez estejam limpando o lugar. Tomo a liberdade de adentrar no local e me surpreendo quando vejo que realmente é uma boate familiar. Há mesas de madeira por toda parte com toalhas brancas com azul e um pouco mais afastado tem uma enorme porta dupla preta, ali deve funcionar a parte da boate.O lugar está com certeza sendo limpo, o cheiro de cloro e desinfetante não me deixa na dúvida.

— Posso ajudá-la?

Dou um pulo de susto quando ouço a voz que mais parece de trovão.

Atrás de mim está um senhor sério, que porta consigo uma cadeira de rodas.

—Hmm, Sou Isabella Swan, a garota que ligou ontem, vocês me disseram que era para eu vir cedo, bom aqui estou eu-sorri nervosa.

E como num estalo ele pareceu se lembrar de quem eu sou.

— Ah, claro me desculpe, sou Billy Black-Aperto a mão que ele me estende e tento dar a ele o meu melhor sorriso, o que é difícil e acredito não ter dado muito certo-Vou chamar minha esposa Sue para conversar com você.

O senhor Black deslisa com facilidade para uma porta, onde deve ser o escritório.

Não demora muito e ele volta acompanhado de uma mulher não muito alta, morena, com seus cabelos compridos e lisos, parece meio indígena, ela não é nem muito velha nem muito nova e é bem bonita por sinal.

— Senhorita Swan?

Me cumprimenta com dois beijinhos no rosto.

— Sim e a senhora é a sra.Black?

—Sim, queira vir ao escritório para conversarmos um pouco.

— Claro.

Antes de sair ela se vira para o marido.

— Billy não deixe os garotos entrar no escritório vou acertar as coisas com a senhorita Swan.

~

—Você pode começar hoje se preferir, como um dia de aprendizagem.

Eu ainda não acreditava que tinha conseguido, tentava a todo custo esconder meu sorriso mas não estava dando muito certo.

—Mais uma vez muito obrigada sra. Black.

— Que isso menina vai ser um prazer te ter aqui e pare de me chamar de senhora, não estou tão velha assim, chama-me apenas de Sue.

Ela me deu um sorriso que me fez lembrar minha mãe e logo meus olhos arderam mas fiz com que esses pensamentos fossem embora rapidamente.

— Bom então até mais tarde Sue.

— Até mais tarde Isabella, aqui-Levantou e foi até um armário- Esse é seu uniforme.

Peguei a sacola preta que ela me estendia e saí do escritório, ao pisar na calçada me despeço do senhor Black, ele ainda me assusta com sua voz de trovão, por isso apenas dou um aceno com a cabeça.

Já é mais de meio dia quando consigo enfim pegar um táxi e meu estômago embrulha de fome, mudo meu caminho de casa e dou o comando para o motorista me deixar no restaurante mais próximo.

O lugar é ótimo, não parece ser tão caro e é bem acolhedor. Escolho uma mesa no canto perto de uma enorme janela e logo um garçom vem me entregar o cardápio. Não demoro a fazer meu pedido e enquanto ele não chega beberico uma coca-cola.

— Isabella?

Tiro minha atenção da janela e olho para a pessoa que me chamou.

— Oi-sussurro.

— Posso me sentar com você?

—Claro, fique a vontade.

Ela se senta e ficamos em um silêncio constrangedor, logo ela também faz seu pedido.

— Olha eu não aguento mais okay? Me desculpe se fui grossa com você ontem, nada do que eu falar vai explicar a reação que eu tive, eu só queria ser normal e ter amigos de verdade entende?

Alice estava magoada mas não comigo, estava magoada por ter dito tudo aquilo que disse para mim.

— Não se preocupe mais com isso Alice eu também disse coisas que não queria, mas você não me deixou explicar e já foi deduzindo as coisas. Entenda, não é que eu não queira ser sua amiga, é que para mim é complicado. Eu não sei ser amiga, nunca fui de ter amigos e sou péssima nisso. Aí do nada chega você dizendo que não consegue não se preocupar comigo e que quer ser minha amiga, é complicado para mim essas coisas.

Depois de eu ter dito isso nosso prato chegou e comemos em silêncio, precisávamos para poder pensar com clareza e esclarecer algumas coisas.

Mas Alice não deve gostar muito do silêncio e logo o quebrou.

—Tudo bem, eu disse coisas chatas, você para se defender também disse coisas chatas e essa é a hora em que eu te peço desculpas e você faz o mesmo.

—Você ainda vai insistir nisso?

Perguntei surpresa.

—Claro, o que te fez pensar o contrário? Isabella escute eu só disse aquilo por que me preocupo com você e queria que você curtisse um pouco o Domingo, não me julgue por querer que minha amiga se divirta um pouco.

Rimos.

Depois disso, fomos nos conhecendo mais. Descobri que Alice é uma fanática por shoppings está fazendo faculdade de moda e seu sonho é ter sua própria marca, descobri também que quando ela abre a boca é difícil fechar é um assunto atrás do outro, uma ótima companhia e eu acho que estou criando uma bela e grande amizade.