Minha vida adolescente não foi uma coisa agradável, fui rebelde e revoltada com a vida, me meti na furada da ilusão do primeiro amor e me entreguei de corpo e alma para algo que eu jamais imaginei que um dia fosse acontecer.
Me afastei dos meus pais, briguei com eles sobre uma coisa que eu estava errada o tempo todo e acabei pagando por isso de uma terrível forma. Ser abusada, da maneira que for, por si só já não existe palavras, no entanto quando é por aleguém que você jamais imaginaria puxar um fio de cabelo seu é muito pior.
James não era o cara mais certo do mundo e nem tentava ser um. Ele era daqueles bad boys que adora chamar atenção com sua 'super' moto e com vários tipos de garotas diferentes.
Filho único e tendo a mãe falecida ele foi criado por seu pai Phil, que é álcoolatra e agressivo.
Sou atormentada todas as noites com lembranças do que passei e formulando sobre o que teria acontecido se eu tivesse dado ouvido aos meus pais, com certeza eu não estaria aqui prestes a saber a data com a qual eu irei rever o ser que me manteve presa por tanto tempo.
 
Não foi fácil contar tudo que me aconteceu para o Sr. Jenks, sei que já deve ter tido casos piores, mas não deixa de ser vergonhoso e asqueroso.
Edward não saiu da cadeira ao meu lado um minuto sequer, o que me fez respirar mais aliviada. Não sei qual a causa ou razão de eu não ter medo dele, isso me deixa irritada ao extremo, não conseguir sentir o medo, o pavor e nem sequer a repulsa.
Talvez, só talvez, eu realmente o veja como um irmão porque não há uma outra explicação cabível.

Sim, Edward está sendo como um irmão para mim.

   - Como se sente?
Pergunta Edward quando paramos em frente ao prédio do meu apartamento.

   -Cansada e com a cabeça pesando toneladas.

Suspirei. Exausta, é  assim que eu me sinto.

   -Eu posso fazer algo para ajudar?

Sorri pela sua gentileza e balancei a cabeça.

   -Acho que prefiro ficar sozinha, sabe para pensar nas coisas e tudo mais.

Ele assentiu.

   -Sabe, você poderia pensar na ideia do Sr.Jenks, Bella você precisa de uma ajuda profissional.

   -Edward eu não sou maluca- disse irritada.

   -Claro que não é, e eu não disse isso. Mas, você tem que se abrir para si mesma, derrubar os seus muros e deixar que a dor vá embora.

Ele estava sério enquanto falava e eu odiava o fato dele estar certo sobre eu ter que me consultar com um psicólogo.

Respirei fundo.

   -Tudo bem eu vou pensar a respeito disso, preciso conversar com Ângela e Alice antes de qualquer coisa.

   -Tudo bem então, se você precisar de qualquer coisa por favor não hesite em me ligar, okay?

   -Sim, obrigada Edward- disse olhando em seus olhos esmeraldas que estavam tão cansados quanto os meus.

Ele sorriu.

   -Não precisa me agradecer Srt.ª Swan, estou apenas fazendo o meu trabalho.

Deu uma piscadela com seu olho esquerdo e eu engoli em seco.

   -Obrigada pela carona- saí apressada do carro sem esperar uma resposta sua.
Subi as escadas correndo e entrei depressa em casa; bati a porta e me encostei nela respirando com dificuldade.

   -Deus, por favor o que está acontecendo comigo?

Supliquei.

   -Simples meu amor, você está deixando as pessoas se aproximar.

Me assustei com a voz de Ângela vindo da sala.

   -Ah minha nossa, isso é jeito Ang? Quase tive um troço aqui.

Fui até o sofá em que ela estava e me joguei ao seu lado, apoiei minha cabeça no encosto e fechei os olhos, estava mesmo exausta.

   -Parece que você vai desfalecer a qualquer segundo de tão cansada.

Cruzei as pernas no sofá e a encarei.

   -Pode começar Ang.

   -Começar o que Sol?
Se fez de desentendida.

   -A me perguntar como foi lá na delegacia, sei que você queria ter ido comigo.

Ela riu.

   -Nossa Sol, falando assim parece que sou fofoqueira.

A olhei.

   -Você é Ang, mas eu te amo mesmo assim.

   -Ah isso é muito bom-falou se jogando em cima de mim e me abraçando- Mas eu não vou te desgastar fazendo você contar tudo o que houve, só quero saber se foi tudo bem lá.

   -Sabe Ângela, uma hora eu precisaria contar para alguém "maior" o que me aconteceu e, você sabe que eu não fui a primeira e não serei a última vítima de uma caso como esses. Você não tem ideia do quão aliviada eu fiquei quando me abri pro Sr.Jenks ou quando ele disse que prenderia o infeliz, no entanto ele me indicou um psicólogo para me ajudar a romper minhas barreiras internas.

   -E ele tem razão Sol, você precisa de um acompanhamento profissional, que te ajude da maneira correta, saiba que eu estarei aqui para o que você precisar.

Ela falava sério olhando para mim e eu não  segurei o impulso de abraçá-la.

   -Eu não sei o que está me acontecendo Ang- murmurei em seu pescoço- Me sinto tão bem e sinto que isso é errado para uma pessoa que sempre fora errada como eu.

Ângela me soltou e me olhou fundo nos olhos; olhos castanhos claros nos olhos chocolate.

   -Agora me escute bem Isabella Swan, você mais do que ninguém merece tudo o que a vida tem de melhor para oferecer, pode até ter errado em suas escolhas no passado e  infelizmente pagou da pior forma, mas nem mesmo por isso você merece ser castigada ainda mais. Sol você vai superar isso e um dia vai ter orgulho de si mesma por ter conseguido superar aquilo que achou ser permanente.

E eu chorei.
Lágrimas escorriam pelo meu rosto e Ângela enxugou cada uma delas.

   -Eu juro por Deus que eu estaria perdida e talvez num manicômio se não tivesse você comigo- disse fungando.

   -Eu sei disso, eu sou demais não sou?

Estufou o peito convencida.

   -Não seja convencida- disse rindo em meio as lágrimas.

   -Sabe, tem uma outra questão um pouco mais importante agora Sol.

Falou parando de brincar. A olhei sem entender e perguntei:

   -Qual?

   -Seus pais- sussurrou.