[ Eu: Pra quê que eu peguei essa joça? Luiza: Porque você é uma trouxa. Giulia: Péssimo trocadilho. ]

Ficamos ali, paradas, encarando os três. Enquanto minhas irmãs ficavam babando pelos seus ídolos, eu ficava ali, boiando geral. Olhei para elas num estado de urgência cômico:

— Então? Quem fala primeiro?

— O quê? — Elas me perguntaram, viajando legal.

— Vocês tão bem? Ou os N.O.M.’s fritaram todos os seus neurônios? — o ruivo, Ron, perguntou. — Mas, pera, vocês não estavam lá dentro fazendo a prova ainda? Porque eu jurava que estavam. Como vieram parar aqui? E o quê estão fazendo na nossa árvore?

— Tem seu nome escrito aqui, por acaso? — eu resmungo, mas sou ignorada. De novo.

— Whoa. Muitas perguntas. — Luiza arregalou os olhos.

— Então — Giulia diz. — É uma história meio complicada. Vocês estão com tempo?

Então, depois de eles se sentarem, começamos a contar nossa história, a qual eles escutaram de olhos arregalados. Contamos desde o ponto em que caímos de um portal interdimensional vindo do nada até nossa conversa com McGonagall, passando por nossa condução coercitiva pela menina da Brigada. No final da história, os três estavam com caras espantadas de ‘what the fuck’ ´[ Giulia: E a Sofia vai negar isso, mas ela começou a rir de puro nervoso. Eu: Não comecei não. Giulia: Viram só? ].

— Vocês não podem achar que vamos acreditar nisso. — Ron disse. — É sério, gente, deixem as pegadinhas para Fred e George.

[ Luiza: Ai que aperto no coração. Giulia: Eu podia chorar muito agora. Luiza: Eu podia chorar o suficiente pra encher o Lago. Giulia: Eu podia chorar- Eu: Gente. Tá, já entendemos. Ele morre. Vocês choram. Fim da história. ]

— É a verdade — eu disse. — Podemos provar.

— Podemos provar? — Giulia me pergunta, incerta.

— Então provem. — Hermione disse, desafiadora.

[ Luiza: Pagou língua, idiota. Agora prova. Eu: Vou provar, tá bom? ]

Mesmo não tendo muita experiência com meus poderes, concluo que essa é a única saída, embora minhas irmãs ainda me encarem com cara de quem vê alguém fazendo merda [ Eu: E só pra constar, eu nunca faço merda. Giulia: Uhum. Tá. ] quando eu digo:

— Nós temos poderes.

— Dã. Vocês são bruxas. — Ron joga, enquanto eu vejo Giulia e Luiza batendo em suas testas e se perguntando ‘por quê, nós, Deus?’. Ignoro-as.

— Não esses poderes. — eu devolvo, tentando melhorar minha situação, mas eles só parecem mais confusos e incrédulos.

— Quais, então? São animagas agora? — Hermione ironiza, e eu boio de novo. Mas que merda era uma animaga?

Impaciente [ Luiza: E sentindo-se humilhada, embora ela nunca vá admitir.], canso de pessoas duvidando de mim. Pondo-me de pé, direciono minhas palmas para o chão, e, sentindo-me o Homem de Ferro, me impulsiono para cima com rajadas de ar. E, como não domino bem meus poderes, consigo subir meros um metro e meio no ar antes de perder o controle entrar em desespero. Eu teria caído em cima da Luiza de novo, se ela não tivesse rolado para o lado, então tombei na grama mesmo. A minha felicidade foi que, por ter rolado na grama, ela ficou mais ou menos tão suja quanto eu.

— Vocês acreditam agora ou querem que eu incendeie a escola? — Giulia fala, acendendo uma chama em sua mão.

Hermione faz uma cara de quem ainda vai contestar, mas Harry a interrompe. [ Giulia: Ele ainda tava ali? Luiza: Eu honestamente tinha esquecido da presença dele. ]

— Hermione, talvez nós devêssemos confiar nelas. — ele diz, parecendo surpreender a amiga. — Eu nunca vi Sofia voando, muito menos a Giulia incendiando coisas. E feitiços sem varinha são extremamente difíceis, uma menina do quarto ano nunca conseguiria.

— Você está me minimizando?!

— Sofia, você já é baixa o suficiente. Ninguém precisa te minimizar. — Luiza me enche o saco.

— Ah, tá, falou a alta. — resmungo de volta.

— Vocês duas, foco! — Giulia nos chama, em alerta. — Olhem a porta!

Nós olhamos e vimos nós três daquela dimensão saindo do Castelo juntas, a altas gargalhadas. Foi como se alguma coisa clicasse na cabeça dos três amigos, mas eu ainda solto um raivoso:

— Acreditam agora?

Mais uma vez ignorando-me, Hermione nos alerta:

— Rápido! Escondam-se! — diz, nos empurrando para trás do tronco. — Se vocês realmente são de outra dimensão, elas não podem te ver!

Apertamos-nos atrás do tronco com a cabeça de Giulia quase aparecendo por entre os baixos galhos. As três se aproximaram de Harry e seu grupo, Luiza – daquela dimensão, não da nossa – carregando um livro e Giulia pensativa, olhando pro nada [ Luiza: Idêntica a da nossa dimensão! Giulia: Ei!!!!]. Já eu daquela dimensão, estava escutando música no seu/meu walkman. Putz! Aquele negócio além de feio e velho, parecia mais pesado que a Luiza. [Luiza: Ei! Eu ouvi essa, palito de dente! Eu: Me deixa contar a história. ] Ver aquilo me fez perceber que estávamos nos anos 90!!! OMFG! Sem celular, música moderna sinal da TIM, 4G e muito menos wi-fi. Após minha genial avaliação sobre a nossa terrível situação, decidi que deveríamos sair dali o mais rápido possível. Foi quando Luiza chamou minha atenção para a conversa que estava acontecendo entre Luiza 2(Luiza 2, Giulia 2 e A Outra Eu é como eu chamo a mim e minhas irmãs daquela dimensão) e Hermione. Luiza 2 estava comentando sobre o livro que estava lendo:

— É muito top esse livro, porque, tipo assim, fala sobre viagens interdimensionais. E nele tem várias teorias de que isso algum dia será possível e tal.

— Algo me diz que já é possível — murmurou Ron.

—O que você disse? — perguntou Luiza 2

—Ah, nada não — ele devolveu rapidamente.

—E nesse livro não fala nada sobre como essas pessoas podem sair de uma viagem interdimensional e voltar a sua dimensão original? — disse Harry, claramente tentando obter respostas para nos ajudar.

— Sim — respondeu Luiza — Nesse livro diz que, viajar em dimensões é algo complicado. A viagem ocorre de forma cíclica.

— De forma o quê? — disse Giulia 2 voltando a realidade.

—Cíclica. Tipo, tudo ocorre em um ciclo. Existe uma sequência no qual as coisas tem que acontecer. E não há forma de voltar atrás, apenas ir adiante — disse A Outra Eu, divamente e nerdamente, lembrando que ela é da Corvinal. O que realmente me surpreendeu, foi o fato de que ela estava realmente prestando atenção na conversa.

— Aah — devolveu Giulia 2

— Enfim. Gente!- disse Luiza 2,chamando a atenção para si — A parte mais interessante disso tudo, é que, não dá para sair de uma dimensão e ir para outra sem antes coletar um objeto de valor que marca a dimensão em que você está.

Ao ouvir isso, eu e minhas irmãs arregalamos os olhos. Tínhamos achado a solução para o nosso problema! Bom, mais ou menos. Ainda faltava descobrir o objeto, e encontrar o objeto e só aí abrir um portal que, nos levaria a outra dimensão. E, como se isso não bastasse, teríamos que passar por várias dimensões antes de finalmente voltar para a nossa. Meu único consolo nisso tudo, era que em pelo menos uma dimensão deveria ter wi-fi [ Giulia: o cúmulo do vício! Eu: Pelo menos não fumo pozinho de fada!]. Bem, depois de um mais um boooom tempo conversando, nós da outra dimensão saíram rindo e conversando alegremente em direção ao Lago.

Assim que nós saímos, Hermione se virou para nós e perguntou:

— Vocês ouviram tudo?

Assentimos com a cabeça e Luiza lhe estendeu o cilindro que havia pegado com McGonagall dizendo:

—Nós temos uma pista sobre qual pode ser o objeto.

Hermione pegou o cilindro e o analisou. Após ler o que estava escrito, se virou para nós dizendo:

— Sigam-me. Eu tenho um plano!