Monica a olhou se afastar ofegante estava tão nervosa que seus olhos se encheram de lagrimas, mas dessa vez sem nenhuma tristeza nelas, colocou as mãos sobre a bochecha e sentiu o machucado recém feito, percebeu que um pouco de sangue despontava e tentou enxugar com sua blusa.

Sustentou o olhar do Cascão, quando o mesmo a encarou assustado.

— Você só pode ser doida, a Camila não tem juízo Monica, pra ela arrebentar sua cara é um dois – Cascão a repreendeu.

— Tanto faz – Monica deu de ombros, checando todas suas unhas.

— Vocês só podem ter pirado, se o Cebola souber disso vai ficar louco – Cascão continuou a falar – Vamos te acompanho até sua casa.

— Me deixa, não estou nem ai pro Cebola, estou é cansada disso já – Monica protestou virando as costas e seguindo seu caminho pisando firme.

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Seguiu pensativa por exatamente todo o caminho até a portaria de sua casa, hora ou outra chutava uma folha que vinha em sua direção junto com a lwve brisa, aquela noite calorosa passou a ser fria, indo diretamente contra a temperatura que os termostatos indicavam. Sua bochecha ainda doía, a cabeça a acompanhava e seu pensamento vagava por entre as palavras ditas pela menina.

Ela sabia que Camila tinha lhe atacado para desestabilizá-la, o Cebola não sentia falta da menina, não podia sentir.

Monica se recusou por noites a acreditar que o que ele sentiu por ela não era real, ela sentia a sinceridade em seu olhar, ele fazia planos.

Chegou em casa cabisbaixa, na verdade naquele momento o que menos doía era seu machucado que sangrava, Magali correu para lhe abraçar e ela permitiu que as lágrimas escorressem descontroladas.

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— Cascão, você só pode estar de zoeira com minha cara velho – Cebola retrucou do outro lado do telefone

— Careca acha que eu ia brincar com uma coisa dessas? As duas estavam se atracando no meio da rua, se eu não chego naquela hora a Camila ia arrebentar a cara da Monica – Cascão continuou a contar com o telefone no viva voz, enquanto jogava vídeo game.

— Mano, não acredito – Cebola respondeu passando a mão sobre o rosto nervoso.

— Pode acreditar, e a Monica saiu machucada viu, tinha um corte no rosto dela – Cascão falou se arrependendo quase que instantaneamente.

— Tinha o que? – Cebola se levantou da cama.

— Um corte na bochecha dela – Cascão repetiu devagar – Cebola estou te contando porque é meu amigo, mas se quer um conselho, acho melhor não se meter deixa que as minas se resolvem, elas se entendem, você pode ferrar mais ainda com tudo – Cascão preveniu, ele conhecia o amigo muito bem, sabia que iria tirar satisfação com a Camila.

— Cara as vezes não acredito nisso tudo que está acontecendo e tudo por minha culpa – Cebola lamentou se sentando novamente.

— Velho você já se arrependeu, espera a Monica se acalmar, está tudo muito agitado. – Cascão tentou confortá-lo.

— Vou falar com a Camila, abraço! – Cebola desligou antes que o amigo interviesse.

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Saiu de casa nervoso, subiu na moto e partiu velozmente, sua irmã acompanhou preocupada pela janela. Chegou o mais rápido que conseguiu na casa da Camila e esmurrou a porta gritando seu nome.

—  Sabia que me procuraria – Camila respondeu abrindo a porta sorridente – Sua ex maluca me agrediu ta sabendo?

— Camila, minha ex é você e eu não vim te procurar pra bater papo, deixa a Monica fora das suas loucuras, está me entendendo? Você me conhece e eu já te disse isso uma vez, não tenho paciência, não brinca comigo!  - Cebola falou respirando fundo.

— Calma gatinho, tudo isso por que eu deixei minha marca no rosto dela? – Camila riu lembrando da cena. Foi até divertido, ela achando que conseguiria me bater.

— Meu recado está dado – Cebola concluiu nervoso virando as costas e sumindo em cima de sua moto.

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Monica sentou com as duas mãos na cabeça preocupada, deu pause na câmera que filmava sua coreografia nova e repassou o filme para avaliar.

Fazia exatamente um mês que vinha se dedicando à criação da nova coreografia, em todas as vezes que avaliou não achou boa, era bonita e os passos impecáveis, porém o principal pedido que foi a inovação, simplesmente não encontrava.

Em vários momentos se pegou pensando na possibilidade de dançar o street sozinha, de inclui-lo aos passos do jeito que era com o Cebola, ela tinha aprendido alguns era só assumir as duas partes da dança, podia ver vídeos de tutoriais e até criar alguns ela mesma, mas em contra partida sabia que a cada passo que daria se lembraria dele e de como riam juntos toda vez que acertavam a coreografia, ou de como ele a ensinava, toda hora parando o ensaio para um carinho.

Ela sabia que quando se dançava com a alma, sentindo o que a musica passava saia muito mais bonito, mas dessa vez era diferente, essa dor a entristecia, sentia de alguma forma que ele já tinha a esquecido.

Terminou de assistir a coreografia em sua câmera e a largou no canto decepcionada, não estava contente com o que tinha criado, não estava gostando do resultado final e tinha apenas dois meses para concertar o que ela não conseguia ajustar.

Era a primeira vez em sua carreira que estava com bloqueio na formação de passos novos, lembrou vagamente da primeira apresentação para a Le Ballet e de como ela desequilibrou por causa dele, era sempre por causa dele.

Encarou sua pulseira, aquela na qual tanto gostava, viu o tênis de hip hop e sorriu involuntariamente, passou novamente as mãos pela cabelo e abraçou os joelhos exausta por tudo isso.

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Cebola saiu da aula de street mais cedo naquele dia, estava mais conformado, depois de muito pensar, decidiu que não atrapalharia mais a vida dela, ele errou, a magoou e não queria mais causar lhe problemas, uma vez que a apresentação dela se aproximava.

Não, não tinha esquecido ela de forma alguma, muito pelo contrário, a saudade em seu peito aumentava cada dia mais, só que foi maduro o suficiente para perceber que só atrapalhou os planos dela quando entrou em sua vida. Também não estava preparado para vê-lá com outro, exatamente por isso se afastou.

Parou no armário do vestiário para se trocar, hoje tinham futebol e era até bom para se distrair de tudo que vinha acontecendo, a Camila tinha sossegado depois da discussão, os casais de amigos já tinham feito as pazes e a ONG conseguido arcar com os uniformes e as coisas que precisavam para as crianças, até mesmo recebeu alguns e-mails os chamando para fazerem apresentações em mais eventos, mas como dito antes ele tinha decidido que não a atrapalharia, ela estava super focada na nova coreografia e não queria que se preocupasse com outras.

Saiu do vestiário com sua mochila nas costas, e caminhou a largos passos para não se atrasar, parou bruscamente quando aquela musica da sala do meio o atingiu em cheio.

Era a musica deles, a que eles ensaiavam, voltou alguns passos e espiou por cima do vidro da porta, com um susto viu a Monica arrancando folhas as amassando e jogando fora, continuou a observar encucado e a viu se levantar tentar mais alguns passos de hip hop novos, inclusive que ele nunca tinha visto, agachar e colocar as mãos na testa tentando se acalmar.

Estranhou pois ele sabia que ela tinha mudado de musica, logo que tudo aconteceu ela já decidiu por isso, era compreensível uma vez que a Apologize era extremamente carregada de lembranças.

Foi ai então que percebeu que a menina estava com dificuldades para adaptar a coreografia por ele passada, era claro, ela tinha os passos impecáveis a técnica de arrepiar os jurados, mas a criação dos passos era dele, do professor Marcos, da Alice, ela sempre lhe disse que não tinha muita criatividade para criar coreografias, e ele a tinha abandonado nesse momento, que ela tanto precisava.