Sentou no chão tirando a sapatilha de ensaio, desenrolou uma faixa que estava protegendo alguns machucadinhos nos seus pés e os esticou fazendo alguns dedos estralarem. Massageou com calma cada dedinho para relaxa los, mexeu no celular, e por fim ouviu a porta lá de baixo abrindo, chegou a hora de falar com ele.

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Monica levantou com cautela, respirou fundo, tomou coragem e desceu pra sala com alguns papeis na mão.

– Oi Pai, boa noite tudo bem? – Monica cumprimentou o vendo pendurar sua mala no mancebo, junto do seu terno.

– Boa noite filhinha, como foi hoje na escola de dança? – Sr. Sousa perguntou sorrindo enquanto se sentava no sofá.

– Foi legal papi, inclusive... – Ela olhou pra sua mãe indicando que essa era a hora para falar – ... Sabe a Le Ballet?!

– Sim sei sim... Aquela Academia de dança que você sempre fala, por que filha? – Ele perguntou ligando a TV e procurando algum canal com o controle remoto.

– Abriram vagas para a equipe deles pai, e já lançaram as datas das audiências – Monica respondeu ansiosa.

– Nossa, que ótimo filhinha, é seu sonho não é? – Ele perguntou a olhando.

– Sim papi – Ela respondeu repirando fundo, era agora... – E eu acho que vou me inscrever.

– Nossa filha, isso é ótimo, que eu saiba é uma das melhores escolas de dança do Brasil – Ele respondeu orgulhoso – Você é ótima, tenho certeza que vai passar.

– Obrigada pá, mas assim... A audiência e a sede da academia são em São Paulo – Ela falou fechando os olhos esperando o pior.

Seu Sousa hesitou, coçou a cabeça e pareceu demorar um pouco para digerir todas as palavras faladas pela filha.

– Em São Paulo? – Ele perguntou se levantando.

– Sim papi... É minha chance – Monica respondeu se sentando chateada no sofá ao ver a cara do pai.

– Eu sei filha, mas São Paulo é uma cidade grande, você nunca viajou sozinha... Não sei se gosto da ideia – Ele conclui cruzando os braços.

– Bem vai ter uma palestra com alguns professores da academia de dança, eles vão dar dicas – Luisa entrou na conversa vendo que essa era a hora de agir – Vai ser naquele bairro em que moramos quando jovens, logo que casamos lembra? O Limoeiro.

– Hum... – Ele respondeu ainda de braços cruzados.

– É, me deixa ir nela pai, pelo menos pra conhecer São Paulo, é uma oportunidade de ver como é o local, conhecer os professores – Monica respondeu se animando que sua mãe tinha entrado na conversa, ela sempre acalmava ele.

– Não precisa se preocupar amor, falei com a Lili, ela disse que a filha dela a Magali, recebe a Monica lá sem problemas.

– Nossa você conseguiu falar com a Lili, quanto tempo, como está o Carlito? – Ele perguntou lembrando dos amigos da adolescência.

– Estão todos bem, também se mudaram de lá, mas ela me disse que a filha está morando em um apartamento no bairro, voltou para estudar coincidentemente na escola de dança do Limoeiro, que é considerada muito boa. – Luisa contou sorrindo.

– Hum, bom, se é assim pode ir nessa palestra, mas quero noticias o tempo todo, não acha melhor mandar o Jorge junto Lu? – Seu Sousa perguntou para a mulher.

– Não precisa né amor, além dela já ser bem grandinha, o Jorge não vai ficar com elas no apartamento, nossa Monica cresceu, deixa ela ir atrás dos seus sonhos – Luisa conclui passando as mãos nas costas do marido.

– Por favor papi, é muito importante pra mim – Monica concluiu fazendo os olhinhos do gato de botas, era perita nisso.

– Pode ir filha, mas vê se toma cuidado – Ele concluiu.

Monica saiu correndo e o abraçou com um sorriso no rosto.

– Obrigada pai, prometo que tomarei cuidado – Monica concluiu o soltando.

Sr Sousa sorriu com o abraço da filha, ele tinha medo, mas não podia prende lá para sempre, e era seu sonho, ver a felicidade da sua filha valeria a pena.

– Vou providenciar suas passagens, amor por favor já confirma com a Lili e pede o número da filha dela pra Monica ligar quando chegar lá – Ele pediu pegando o celular para fazer suas ligações.

– Vou ligar para ela agora – Luisa respondeu sorrindo, saindo da sala.

Monica subiu correndo para o quarto radiante, o final de semana estava chegando, e precisava fazer a mala, contar para as amigas, para o Marcos e tudo mais.

Abriu sua caixinha de musicas e tirou sua pulseira pandora de lá, a olhou por uns instantes, e a colocou no braço.

Ela nem acreditava, sempre quis conhecer São Paulo ainda mais com a oportunidade de ouvir os professores da Le Ballet palestrando, tudo estava incrível, se jogou na cama, pegou o celular, mandou mensagem para o seu professor Marcos, jogou o celular em cima do travesseiro e levantou abrindo a gaveta de baixo do seu armário. Pegou sua mala e abriu sobre a cama, foi colocando todas as roupas que vieram na sua mente, parou quando viu que para dois dias já tinha o suficiente.

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Cebola estava saindo da aula quando seu professor o chamou.

– Careca – Ele chamou se aproximando.

– Opa, fala cara – Cebola respondeu amarrando seu tênis para ir embora.

– Sábado vou ter que mudar a programação, vamos fazer um workshop de uns 5 minutos de cada dança aqui da escola, para promover né, tentar prospectar novos estudantes – Seu professor falou o acompanhando para fora.

– Ah, da hora, sem problemas – Cebola respondeu sorrindo.

– Vamos fazer aquela coreografia que você trouxe, demoro? – Ele perguntou lhe dando a mão para se cumprimentarem.

– Demoro, valeu! – Cebola o cumprimentou indo no caminho oposto do professor.

Cebola fazia aula há um bom tempo, e sempre que tinha uma coreografia de Hip Hop nova, mostrava para seu professor, afim de que ele o corrigisse, acertasse alguns passos e aprovasse. Quando seu professor gostava, eles usavam em aula.

Viraram amigos no decorrer desse tempo, e até faziam apresentações juntos quando recebiam propostas.

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A sexta feira chegou, e Monica foi incrivelmente feliz para a aula de balé, suas passagens estavam em mãos, já havia conversado com a filha da Lili uma tal de Magali, pelo celular e de se encontrar no aeroporto sábado de manhã, tudo estava bem, seu pai tinha aceito de começo a ideia dela prestar a prova, iria aproveitar que estaria no Limoeiro e faria a inscrição da audiência lá mesmo.

Chegou na escola sorridente e seu professor como sempre nem precisou que ela lhe contasse o motivo.

– Opa, vejo que o pai de alguém aceitou a ideia – Marcos falou sorrindo.

– Ainnn professor nem acredito, criei coragem falei tudo que veio na cabeça e deu certo – Monica contou radiante.

– Viu Monica, sabia que daria certo, me conta quando vai fazer as inscrições? – Ele perguntou sentando no chão para arrumar sua roupa.

– Olha amanhã viajo para São Paulo, vou assistir a palestra dos professores da Le Ballet, vão dar dicas e até exemplos de movimentos, estou tão ansiosa – Monica começou a contar – E ai lá na escola onde vou assistir é ponto de inscrição das audiências, vou me inscrever lá.

– Moniquinha não sabe como fico feliz em ver você correndo atrás do que sonha, estou torcendo pra que tudo de certo, e pode contar comigo – Marcos concluiu se levantando.

– Prof, com certeza você vai me ajudar a criar minha coreografia, vou ter um mês para ajusta la – Ela comentou terminando de prender seu cabelo.

– Será um prazer, olha sua pulseirinha de apresentações, faz tempo que não há vejo usando – Marcos comentou reparando na pulseira que a menina usava.

– Ah, desde que meu pai deixou, eu a coloquei novamente, oh tem todos os pingentes que me deram, o primeiro é da Fé em Deus que é o mais importante e foi o primeiro que comprei, o segundo meus pais me deram que é o da família, o terceiro você me deu que é a sapatilha de balé, o quarto é o que meu vovo me deu antes de falecer de um “dream”, para eu sempre acreditar nos meus sonhos, e tenho o do cachorrinho também que comprei para representar o Monicão – Monica tornou a explicar para seu professor o significado de cada pingente em sua pulseira.

Ela sempre a usava em todas as apresentações que tinha, e todos os eventos importantes que comparecia. Tinha um significado muito grande para ela, pois os pingentes representavam todas as coisas que amava.

– Tenho certeza que você vai brilhar Moniquinha – Ela concluiu chamando a turma para fila.

– Espero – Monica respondeu indo para seu lugar.