Rolou o mouse um pouco mais para baixo, encontrou alguns lugares que iriam receber a palestra, olhou as datas e a mais perto era nesse final de semana, viu um número e resolveu ligar.

Pegou o celular, abriu e discou, atenderam e ela ouviu do outro lado,

– “Lemon Dance boa tarde, em que posso ajudar?”...

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–... Er... Alo? – Monica respondeu ansiosa.

– Alo, com quem eu falo? – Cebola perguntou do outro lado da linha.

– Oi, é a Monica, eu gostaria de saber como faço para me inscrever na palestra da Le Ballet – Monica respondeu um pouco insegura.

– Oi Monica pode aguardar um minuto por favor?! A recepcionista já está vindo, ai ela te explica melhor – Cebola respondeu educadamente.

– Sem problemas, muito obrigada er... Como é mesmo seu nome? – Monica perguntou sendo gentil.

– Cebola – Ele responde.

– Muito obrigada Cebola – Monica conclui rindo baixo do nome engraçado.

– Ela está vindo, vou passar – Cebola se despediu entregando o telefone na mão da recepcionista.

Ele entregou o telefone e foi se juntar aos amigos que esperavam pela aula no corredor de frente para o salão de danças. A escola estava tão cheia que a recepcionista não parava na mesa para atender o telefone, quando isso acontecia alguns alunos veteranos sempre a ajudavam.

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Monica desligou o telefone ansiosa, entrou no site indicado pela Lemon Dance e preencheu a inscrição para palestra, hesitou um pouco antes de confirmar, e por fim deu enter gerando sua fatura, pagou online mesmo e imprimiu sua confirmação de inscrição, agora era só avisar seu pai, e ela sabia que essa seria a parte mais difícil.

Voltou para a pagina da Le Ballet e assistiu novamente aos vídeos de apresentações publicados, era realmente lindo, os passos, a leveza dos saltos, a delicadeza dos detalhes, era um sonho.

Monica continuaria ali sonhando a tarde toda se sua mãe não entrasse no quarto lhe causando um susto.

– Oi Filhota – Luisa a cumprimentou adentrando.

– Oi Mami – Monica respondeu abaixando rápido a tela do seu notebook.

– Não teve aula das crianças hoje? – Luisa perguntou reparando que sua filha estava a tarde em casa, normalmente ela auxiliava nas aulas infantis.

– Teve mãe, mas eu vim pra casa, precisava ver uma coisa – Monica respondeu dando um sorriso um pouco forçado.

– Hum, tem algo a ver com o que está me escondendo ai atrás dessa tela? – Luisa perguntou percebendo que a filha se assustou quando entrou.

– É... Talvez sim... – Monica pensou um pouco e resolveu contar para a mãe – Mãe sabe a Le Ballet?

– Sim, claro ótima escola de balé, o que que tem? – Luisa perguntou sentando ao lado da filha na cama.

– Ela abriu vagas para a equipe, e já publicou as datas das audiências, o Marcos acha que eu devo participar – Monica respondeu bem rápido como se aquilo lhe desse mais coragem para falar.

– Nossa... Que ótimo filha, realmente é uma das melhores escola de Balé que existem, e você é uma grande dançarina, por que não tenta? – Luisa respondeu sorrindo.

– ... É que, tem um porém, a audiência é em São Paulo e a sede da Academia de dança também – Monica respondeu respirando fundo se preparando para a resposta.

– Hum... Bom, ai temos que ver com seu pai, o que ele acha, mas eu achei uma boa oportunidade, lógico que vou sentir saudade da minha filhinha, mas você já amadureceu, e é seu sonho desde pequena – Luisa concluiu se levantando.

– Mãe.

– Sim querida?!

– Tem... É... Outra coisa – Monica a olhou sorrindo novamente.

– Pode falar filha.

– Vai ter uma palestra sábado lá em São Paulo e eu já me inscrevi, não posso perder é com os professores da Le Ballet – Monica choramingou vendo a cara de susto da mãe.

– Onde vai ser filha? Você sabe ao menos o lugar?– Luisa perguntou voltando a sentar se.

– Ó a mais próxima que achei foi essa – Ela indicou com o dedo - Em um tal bairro Limoeiro, fica na capital. – Monica respondeu virando a tela do computador para a mãe ver a localização.

Luisa nem precisou olhar o mapa, aquele nome a remeteu ao passado. Buscou na sua memória em alguns minutos de transe o nome do bairro que acabará de escutar.

– Monica, nós já moramos nesse bairro filha – Luisa respondeu sorrindo.

– Como assim?! Eu morei lá? Já moramos em São Paulo? – Monica perguntou se sentando repentinamente na cama.

– Tecnicamente você não morou, nos mudamos de lá você tinha acabado de nascer, viemos para o Rio devido ao emprego do papai, e ficamos, você tinha meses – Luisa respondeu nostalgicamente.

– Nossa que legal mã, acho que o pai não vai implicar então né? A palestra é lá – Monica concluiu sorrindo.

– Melhor você falar com ele quando ele chegar – Luisa respondeu saindo do quarto a mandando um beijo.

– Ok. – Monica respondeu voltando a se concentrar no note.

Então ela já tinha morado no Limoeiro, que coincidência, nunca sequer tinha imaginado, mais um ponto positivo para convencer seu pai.

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Cebola saiu da aula de Hip hop cansado, o dia foi pesado e estava com um pouco de sono, só de pensar em acordar cedo no sábado lhe dava moleza.

Saiu da escola acompanhado da Magali e da Denise, encontraram o Xaveco que os esperava do lado de fora.

– Oi amor – Xaveco cumprimentou Denise com um selinho. – Oi pessoal.

– Oi lindo – Denise respondeu o abraçando.

Cascão os encontrou no meio do caminho e tratou logo de se aproximar da Magali, sutileza passou longe.

Como moravam todos perto sempre iam embora juntos.

– Fala pessoal beleza? – Cascão cumprimentou sorrindo.

– Oi – Responderam em coro.

– E ai Maga como foi seu dia? – Cascão perguntou mais baixinho

– Foi ótimo Cas, e o seu? – Magali perguntou sorrindo.

– Foi bom, mas melhorou muito agora – Cascão respondeu com cara de bobo.

Cebola observou e segurou o riso, se isso era ser sutil, imagina como era ser direto.

Observou o dois “casais” e virou o olho para cima, ia começar o climinha de romance e ele não estava nem um pouco afim de ficar de vela, tratou de apertar o passo para sair daquele meio, não porque se sentia mal, e sim porque não tinha muita paciência, era um doce, mas não curtia esse negocio de namorar, gostava de sair pra dançar nas baladas, encontrar meninas, sabe esse negocio de dançar hip hop ajudava muito nessa questão, sempre que começava a dançar algumas garotas se aproximavam, ele gostava era disso.

Chegou em casa e viu sua moto estacionada na garagem, de semana seus trajetos eram tão próximos que nem a utilizava direito, mas era um xodó e a conservava sempre em bom estado.

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Conversar com seu pai nunca tinha sido tão difícil, normalmente ele dava o que ela quisesse, Monica nem reclamava de nada, mas era super protetor, e a fazia comparecer em todos os eventos da família, como iria convencê-lo de que iria para São Paulo?!

Em dias que ficava ansiosa parecia que o tempo não passava, já tinha ensaiado toda sua peça em frente ao espelho do seu quarto e seu pai não tinha chegado.

Sentou no chão tirando a sapatilha de ensaio, desenrolou uma faixa que estava protegendo alguns machucadinhos nos seus pés e os esticou fazendo alguns dedos estralarem. Massageou com calma cada dedinho para relaxa los, mexeu no celular, e por fim ouviu a porta lá de baixo abrindo, chegou a hora de falar com ele.