Memórias ao escurecer escrita por Hana


Capítulo 2
Olhos azuis


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu modifiquei algumas coisas, então estou repostando os capítulos.
Voltando a ativa dos capítulos kkkkkkk.



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— Kuchiki-dono... – Balbucia Emi.

— Qual o significado disso? – O capitão pergunta no seu tom frio de sempre.

— Ferrou... – Sussurra Daisuke.

Um silêncio recai sobre o grupo. Kaya ainda ofegante olha diretamente nos olhos do capitão, um suor frio rola pelo seu rosto, um misto de sentimentos estranhos surge em seu coração, sua cabeça se põe a doer e suas pernas ficam bambas por um tremor. Ela sente sua vista escurecer. Sua última lembrança é um par de olhos castanhos preocupados em sua direção.

 

** - **

Seus passos ecoavam por aquelas ruas empobrecidas e vazias pela chuva forte que caia. Uma menina que parecia ter sete anos corria sem parar sem se importar de se encontrar totalmente molhada, seus cabelos negros colados ao seu rosto pingavam e sua respiração já falhava. Por causa de sua roupa empapada ela tropeça em sua própria perna e cai em uma poça d’água se molhando mais ainda. Sente dor. Tinha torcido seu tornozelo e arranhado seus joelhos. Lágrimas escorrem pelo seu rosto se misturando a água fria da chuva que corria por sua face. Ela tinha medo, dor e tristeza, na verdade ela tinha muitos sentimentos ainda confusos no fundo de seu coração que só tornava a situação pior que já estava e nesse momento se sentia muito sozinha.

            - Minha criança...

            A criança escuta aquela voz calma, que só de ouvir faz seu choro morrer, e olha para trás imediatamente para ter certeza de que aquela era a voz que tinha reconhecido. Assim que vê o rosto conhecido, abre um largo sorriso de alegria e alívio.

            - Pretus! – Seus olhos castanhos infantis brilhavam.

            - Enfim te encontrei. – O homem loiro se abaixa e ajuda a menina a se levantar – Se apóie em mim. – Ele observa seus machucados - Vou tratar disso e arranjar roupas limpas.

            - Não quero mais ficar longe do senhor, não quero mais voltar pra aquele lugar – A garota tinha seus olhos marejados novamente – Por favor!

            - Nós estamos unidos para sempre – Pretus a abraça ternamente a menina que retribui o gesto da mesma forma – Nunca vou te abandonar.

            De repente as imagens desaparecem e a escuridão toma espaço. Apenas um par de olhos azuis se destaca. Uma voz ecoa uma única frase. “Tornaremos a nos encontrar onde não há treva”.

** - **

Kaya acorda ofegante e senta-se na cama instintivamente. Ela passa as mãos pelos cabelos tentando entender aquele sonho estranho.

            - Tudo bem? – Uma voz pergunta lhe tirando de seus devaneios.

            Ela vê um homem de cabelo espetado alaranjado sentado numa cadeira próxima a sua cama. Ela lembra que ele foi a última pessoa que tinha visto antes de desmaiar. Ele tinha um olhar preocupado. Kaya começa a sentir os mesmos sentimentos estranhos que tinha experimentado ao topar com o capitão Kuchiki, a diferença é que em relação a esse homem eles eram mais fortes. Ela não conseguia formular uma frase e apenas gaguejou.

            - O que aconteceu?

            - Você e seus amigos toparam com o Byakuya, e como você desmaiou te trouxe pra cá. Se sente melhor, Kaya? – Ele pergunta ainda visivelmente preocupado.

            - Espera como sabe meu nome? – Ela pergunta ainda alterada.

            - Seus amigos gritaram seu nome quando desmaiou... Você tá sentindo alguma coisa?

            - Quer parar de perguntar se estou bem! É irritante! – A garota brada irritada.

            - Sabe, eu te ajudei, devia mostrar alguma consideração. – Ele vira o rosto emburrado.

            - Nem pense que vou te agradecer! – Murmura Kaya.

            - Tudo bem. – O ruivo sorri ouvindo a frase da jovem.

            - Qual é a graça? – Dispara emburrada.

            - Pai, a gente tem voltar logo pra casa. – O menino ruivo que corria há pouco tempo atrás de Kaya surge por trás da porta aberta, ele mais parecia uma miniatura do ruivo maior.

            - Sim, Ichiro – Ele levanta e caminha em direção a porta e a abre – Tenho compromissos importantes, vou indo – E caso queira saber – Ele fala antes de partir – Me chamo Kurosaki Ichigo.

            Kaya volta a se deitar na cama e observa o teto, pensativa. Como se não bastasse àqueles seus sonhos estranhos, ainda surgiram esses sentimentos em relação ao Kuchiki e principalmente o Kurosaki. Sentimentos confusos, beirando ao amor e ódio... Muito estranho... Seu turbilhão de pensamentos é interrompido por alguém que abre a porta da sala vagarosamente, com um ligeiro ruído e tornar a fechar com o mesmo padrão. Kaya se senta assim que vê quem adentrava o local.

            - Mãe!? – Exclama surpresa.

            Uma mulher trajando uma simples vestimenta composta por uma blusa lilás e saia longa azul clara, sandálias escuras em seus pés, com um pequeno salto. Sua aparência também exibia simplicidade. Seu cabelo loiro escuro se apresentava em um bem feito coque com apenas pequenas mechas soltas em seu rosto, próximos aos seus olhos castanhos. Ela tem uma feição séria no rosto e apenas declara:

 – Vamos para casa, Kaya.

** - **

Emi caminha pela suntuosa mansão no estilo japonês, pessoas pelo caminho faziam uma breve reverência a garota, pronunciando um “Ojou-sama” em voz baixa. Ela desliza o Fusuma decorado com o símbolo do clã Shimizu e adentra o cômodo quase vazio, onde havia somente um solitário vaso adornado com flores claras sobre um pequeno degrau em um canto. Ela se curva diante de um homem de cabelos castanhos.

            - Emi... – Começa o homem – Fui informado sobre o acidente com hollows na Academia e sobre os feridos.

            - Desculpe pai – A rosada abaixa a cabeça – Por minha culpa uma amiga quase morreu e eu não fiz nada...

            O homem nada responde apenas a observa com a mesma expressão fria vinda de seus olhos azuis. Após alguns minutos de silêncio ele finalmente se manifesta enquanto se dirige a saída pelo Fusuma. – Emi, volte ao seu treinamento.

            - Sim, Otou-sama. – Responde a jovem cabisbaixa seguindo o pai.

            Uma risada baixa ressoa pelo ambiente. Um rapaz escutava a conversa do outro lado do Fusuma, ele tinha uma aparência um tanto diferente, pele pálida quase transparente e cabelos brancos, da mesma tonalidade pálida da pele, cortados rente ao queixo. A única cor presente nele além de seu uniforme negro de shinigami eram seus olhos azuis escuros.

            - Parece que a princesinha se encrencou. – Dizia divertido.

            - Suigetsu! Não permito que diga isso de nossa futura líder. – Se manifesta outro jovem recém chegado, exibindo seus longos cabelos azuis tão claros quanto o azul de seus olhos.

            - Ora, ora, ora, se não é Makoto-kun, o fiel escudeiro da princesinha-sama. – Suigetsu continua zombeteiro.

            - Sou o guarda pessoal e protetor de Emi-Ojou-sama com muito orgulho e não permito que falte com respeito com nossa futura líder. – Repreende Makoto.

            - Tsc! – O pálido revira os olhos – Nesse dia nosso clã caíra de fraqueza e desgosto. Mais dia, menos dia, Shimizu-sama irá casá-la, já que não possui outro herdeiro ou quem sabe escolher alguém capaz do clã para ocupar seu lugar no futuro. – Um brilho misterioso e rápido passou pelos olhos dele.

            - O que pretende? – O de cabelos azuis pergunta desconfiado da reação do outro.

            - Essa garota não sabe nem lutar, que dirá comandar um clã como o Shimizu, um dos quatro clãs nobres da Soul Society, escute o que digo, vai perceber que tenho razão.

            - Emi-Ojou-sama é muito esforçada e um dia irá orgulhar nosso clã, ela jurou.

            - De que adianta jurar algo que ela nunca irá cumprir? – Suigetsu rebate.

            - Eu acredito nela e tenho fé, que provavelmente você desconhece o significado.

            - Fé? Não diga merda Makoto, todos sabem que ela é um fracasso, até seu pai. –Completa ele saindo do local – Só você não quer enxergar algo mais claro que a água de nosso clã.

** - **

Uma bela e baixa mulher retira seu avental rosado e desamarra os curtos cabelos negros, ela olha de relance para o relógio e sai da cozinha em direção a sala da casa. A morena vê a porta se abrir e um garoto com cabelo ruivo alaranjado entrar em companhia de um homem muito bonito, com o mesmo tom de ruivo no cabelo que o pequeno. O garoto enxugava suas lágrimas com um lenço, que seu pai nem sabia de onde ele tinha tirado, e dramatizava:

            - Pai, eu fiquei com medo do titio contar aquilo pra mamãe, eu juro, não conta nada pra ela, por favor, e foi culpa daquela garota malvada.

            - Não precisa tanto, Ichiro. – Repreende o ruivo mais velho observando o filho exagerar mais uma vez para escapar do castigo.

            - Não contar o que pra mim? – A mulher pergunta com os braços cruzados.

            - Ruk... – O homem não consegue terminar de falar, pois é jogado por um chute da esposa contra a parede mais próxima criando um grande buraco.

            - Ichigo! – A mulher berra furiosa.

            - Ficou doida mulher! – Ichigo reclama saindo do buraco ainda zonzo – Me batendo assim que chego em casa.

            - Seu idiota! – Ela põe as mãos na cintura com uma veia saltada na testa – Cadê as compras que te pedi pra trazer? É bom que tenha uma ótima desculpa!

— Querida, temos que conversar. – O Kurosaki fala se levantando com uma fisionomia séria.

— O que aconteceu? – Rukia nota a mudança de tom dele.

** - **

Kaya senta-se a uma mesa de madeira simples naquela cozinha mais singela ainda e pequena. Um prato com comida quente é posto em frente à garota, sem perder tempo, ela logo começa a comer. Ela observa sua mãe lavar pratos de costas, silenciosamente.

            - Mãe... – A jovem quebra o silêncio - Está chateada por causa do acidente na Academia? Eles vão investigar como aqueles hollows foram parar lá, não se preocupe.

            - Não me preocupar? – A mulher se vira e olha diretamente para a filha ainda séria – Você quase morreu! Eu disse para você não se juntar com shinigamis e veja, estava certa.

            - Não começa mãe – A garota levanta e faz um “x” com os braços num gesto de negação. – Já conversamos sobre esse assunto.

            - Kaya, você sabe que nunca vou aceitar – Ela gesticula muito – Isso é perigoso... E aquele seu acidente que te deixou marcas no corpo...

  - Chega! – Grita Kaya batendo na mesa – Vou para o meu quarto, definitivamente não quero falar sobre isso. – Ela sai da cozinha e caminha por um pequeno corredor até sumir dentro de um cômodo a uma porta de madeira escurecida.

** - **

Um homem com belíssimos traços masculinos em seu rosto delicado contemplava a paisagem de pé em frente a uma janela esboçando um meio sorriso no rosto. Seus cabelos dourados que caiam sobre seus ombros esvoaçavam levemente junto da brisa que adentrava o local. Suas mãos que repousavam sobre a janela se ataram a sua frente como se estivesse fazendo uma prece.

            - Pretus-sama, o acidente de Hollows na Academia saiu quase perfeito, a garota se acidentou. – A voz de um homem alto, de óculos escuros se destacou no silêncio. Ele acabava de chegar acompanhado de outro homem com um buraco na altura do peito, eles estavam de pé próximos a porta.

            - Tudo bem, oportunidades para testá-la não irão faltar.

            Nenhum dos dois respondeu, o homem de buraco no peito revirou seus olhos verdes maquiados e saiu enquanto o outro apenas se retirou da sala.

            - Minha criança querida... – Murmurou Pretus na sala vazia ainda olhando para o horizonte.


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Notas finais do capítulo

Comentem amores.



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