Memórias ao escurecer escrita por Hana


Capítulo 1
Primeiros encontros


Notas iniciais do capítulo

Bem, bem, aqui vai meu primeiro capítulo.



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A escuridão da noite já se fazia presente, somente as luzes do local clareavam a cena de desespero. Pessoas corriam gritando na direção oposta de onde se ouvia rugidos assombrosos, vindos de monstrengos enormes com uma máscara branca e um buraco no peito, eles destruíam algumas torres do lugar desferindo golpes com seus braços ou caudas. Apenas uma jovem permanecia alheia a tudo. Ela ficava imóvel no caminho, enquanto outros passavam por ela correndo e até mesmo esbarrando. Seus olhos azuis observavam silenciosamente duas das criaturas que vinham em sua direção urrando, fazendo com que seus claros cabelos rosados esvoaçassem como se ventasse muito.

- "Jikai seyo, rondaniini no kuro inu! Ichidoku shi, yaki harai, mizukara nodo o kaki kiru ga ii" Bakudō N°9! – Grita uma voz masculina.

Uma energia vermelha rodeia uma das criaturas por inteiro, ela urra e cai ao chão, paralisada. A garota arregala os olhos como se estivesse despertando de um sonho.

- Emi! – Grita afobado um rapaz correndo na direção da garota.

Ela vê o garoto de cabelo azul escuro se aproximando e se pondo em sua frente com sua espada empunhada, para se defender da outra enorme ameaça restante que se aproximava. O monstro com buraco no peito prepara suas enormes caudas pontiagudas na direção dos dois jovens.

- Droga! – Pragueja em voz baixa e afligida o garoto – Não vai dar.

- Daisuke-kun! – Grita a rosada assustada e ciente que aquelas caudas iam atingi-lo em cheio.

Os dois permanecem na mesma posição, a moça sem reação e o rapaz esperando ser perfurado. Tudo acontece muito rápido. Eles veem apenas um vulto negro e gotas de sangue caindo em seus rostos e roupa.

- Kaya... - Sussurra Daisuke num fio de voz.

Emi põe as mãos na boca numa reação instintiva, lágrimas brotam de seus olhos e suas pernas tremiam. Ela ainda olha a garota de cabelos negros ensanguentada a frente de Daisuke com caudas atravessadas em seu corpo.

- Ka... ya... –chan... – Emi pronuncia o nome da jovem com dificuldade, sua voz estava trêmula em meio a seus soluços.

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- Acorde. – Uma voz ordena num tom calmo e ao mesmo tempo imponente.

Seus olhos se abrem com um pouco de dificuldade devido à claridade, numa reação instintiva, tenta por as mãos nos olhos para protegê-los, mas percebe que não conseguia e lembra que estava amarrada aquela cadeira fria de ferro. Ela olha em volta e vê que não era um pesadelo, era real. A sala branca. A luz clara e forte. O cheiro de éter. O sangue. Os gemidos de dor. Todas as imagens voltavam à tona quando acordava. Tudo o que tinha sido obrigada a ver amarrada.

- Minha criança, enfim acordada – Diz a mesma voz calma de antes.

Ela olha na direção da voz e arregala os olhos assustada. Ela vê um homem. Ele tinha um semblante bondoso e belo, acentuado por seus olhos azuis que se destacavam em seu rosto e seu cabelo muito loiro descia até seus ombros, ele vestia um jaleco branco por cima de sua roupa negra.

- Vamos continuar então. – Declara com um doce sorriso.

O homem se volta para uma mesa de ferro, pressiona um pequeno botão e a mesa se posiciona de pé com um homem fortemente preso a ela e amordaçado. Ele já tinha vários cortes pelo corpo além de um maior em sua barriga, todos ainda sangravam, sua expressão no rosto se misturava com medo e dor. O loiro com mãos enluvadas posiciona seu bisturi na direção do corpo a sua frente e continua a abrir o abdômen dele observando suas vísceras e o sangue que se esvaia em grande quantidade, com um olhar calmo e concentrado. O homem preso gemia e chorava entre sua boca amordaçada, parecia sentir muita dor.

- P-pare Pretus! Por favor! Pretus! Não! – Gritava e se debatia descontroladamente a criança amarrada à cadeira.

Pretus ignorou totalmente os protestos dela e o sofrimento do homem que torturava, ele permanecia como se nada estivesse acontecendo. Gotas de sangue espirram nele e a cabeça do homem tomba. Estava morto.

- Que pena – Declara aborrecido – Já morreu.

A criança tinha a cabeça baixa, ela chorava e não ousava olhar para sua frente, para não ter que ver um corpo morto com suas entranhas expostas. Pretus retira suas luvas ensangüentadas e lava suas mãos, ele olha para a menina de cabeça baixa com o rosto coberto pelo cabelo. Após secar suas mãos caminha em sua direção e se posiciona a frente dela.

- Minha criança, olhe para mim...

A menina levanta a cabeça mesmo sem vontade, aquela voz tinha autoridade sobre si, sem ela mesma saber o motivo. Ela sente a mão de Pretus em sua cabeça.

- Não chore minha criança... – Ele acaricia ternamente o cabelo negro da garota. – Eu te farei perfeita... Não se preocupe com nada.

- Mas... – Balbuciou ela.

- Eles não vão te tirar de mim – Interrompe-a sorrindo - Nunca irão nos separar.

De repente todas as imagens desaparecem restando apenas uma escuridão, uma luz começa a surgir e se foca em um par de olhos azuis. Uma voz ecoa numa única frase.

- Tornaremos a nos encontrar onde não há treva.

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Kaya desperta assustada e suando “- Só um pesadelo” – Pensa na tentativa de se acalmar, pois seu coração estava acelerado e parecia que ia estourar. Kaya não tem muito tempo para pensar no sonho, logo sente uma pontada de dor nas suas costas. Ela percebe que tinha seu tronco enfaixado, assim como seu braço esquerdo. As imagens de quando foi totalmente perfurada pela criatura de buraco no peito aparecem em suas lembranças.

- Kaya- chan! – Grita alguém em urgência.

Kaya sente o abraço que a faz sentir um pouco de dor pelos ferimentos, mas não reclama, apenas retribui e observa o cabelo rosado em seu rosto. Ela ouve um choro abafado e sente lágrimas caindo em seu ombro, Kaya levanta o rosto e vê um rapaz de cabelo azulado e bagunçado encostado na parede assistindo a cena com um leve sorriso no rosto.

- Sua louca, nos preocupou. – Diz ele ainda sorrindo.

- Emi, calma. – Fala Kaya delicadamente com a amiga que chorava muito.

- A culpa é minha. – Declara Emi após desfazer o abraço e se afastar com os olhos então azuis avermelhados pelo choro.

- Emi... – Sussurra o rapaz preocupado.

- Por minha culpa, Daisuke-kun quase se feriu e a Kaya-chan... – Ela abaixa a cabeça e chora mais cerrando os punhos.

- Emi. – Exclama Kaya olhando para a rosada.

- Por minha culpa, Kaya-chan quase morreu! – Grita ela numa voz séria com a cabeça levantada e os punhos ainda cerrados – Culpa da minha fraqueza! Um hollow quase matou Kaya-chan... E eu fiquei só olhando e não fiz nada, só atrapalhei... Isso não é postura de uma herdeira de um dos quatro clãs nobres da Soul Society! Imagina o que minha família diria... A Princesa herdeira dos Shimizu parada diante de um hollow e sem mexer um dedo para ajudar os amigos! Só fui salva mais uma vez...

- Não adianta se martirizar, Emi. – Daisuke calmamente tenta acalmá-la.

- Não se deve pensar no “e se”, isso é bobagem. – Kaya toma a palavra olhando diretamente nos olhos da amiga - O que importa é o agora, estou viva e vocês estão

bem, é isso o que realmente importa. De resto o que podemos fazer é nos preparar melhor para a próxima.

A garota tinha a cabeça baixa novamente com seus cabelos rosados escondendo seu rosto. Ela sente uma mão em seu queixo, levantando seu rosto. Emi levanta o olhar e vê Daisuke esboçando um leve sorriso, ela cora imediatamente.

- Da próxima vez, vou salvar as duas, não vou deixar essa maluca se jogar na frente. – Exclamou Daisuke secando o rosto molhado de Emi com um lenço, enquanto ela corava mais. – Afinal, eu sou o homem mais perfeito da Academia.

- Quem disse isso? – Pergunta Kaya erguendo uma sobrancelha.

- Eu fui eleito numa votação democrática feita pelas alunas – Continua ele empolgado - Passando em todas as categorias com excelência... Belo, forte, viril, gentil, simpático, inteligente... Por isso sou qualificado para salvar donzelas em perigo.

- Haha essa foi boa, não vai ser perfeito enquanto não me vencer em zanjutsu. – Rebate Kaya rindo em provocação – Não esqueça que sou mestre espadachim da minha classe e estou entre os melhores da Academia.

Daisuke fuzilava Kaya com o olhar, ela havia tocado em sua ferida declarando sua superioridade em zanjutsu e seu título na Academia, enquanto Emi finalmente sorria levemente observando a discussão de seus amigos. Kaya observa melhor o ambiente onde se encontrava, pela primeira vez.

- Ei pessoal – Chamando a atenção dos amigos. – Que lugar é esse?

- Aqui é o 4° esquadrão da Sereitei. – Responde Daisuke.

- Seus ferimentos eram muito graves, então permitiram seu tratamento aqui. – Completa Emi.

- Intrusos! – Berra uma voz.

Os três se voltam para a direção de onde vinha a voz. Eles veem na entrada do cômodo um menino com aparência de treze anos, cabelos alaranjados e arrepiados, seus olhos escuros em tom violeta tinham uma expressão feroz enquanto apontava uma espada de madeira para o trio dentro do quarto. Após um breve silêncio, uma risada se destaca. Kaya caia na cama e rolava as gargalhadas, sem se importar com seu cabelo negro desarrumado em seu rosto.

- Espera um pouco – Sentando-se novamente na cama, ela tentava articular as palavras – Quem é esse anãozinho com cabeça de laranja?

- Anãozinho?! – Grita o menino muito irritado – Eu sou capitão, me deve respeito!

- Capitão? – Lágrimas escorriam de seus olhos castanhos e suas costelas voltaram a doer de tanto que ria, e até mesmo Daisuke e Emi se contagiaram e riam junto – Ouviram essa? O anãozinho ai é capitão, por isso a katana de madeira haha.

- Parem de rir e me respeitem senão serei obrigado a mostrar meu poder! – Grita o menino corado.

- Sério? – Debocha Kaya respirando com dificuldade – Falando assim me deu até medo.

O menino tinha uma expressão muito irritada e também envergonhada pelo deboche de Kaya, ele entra no ambiente, sobe em cima da cama que a morena estava sentada e fica de pé em frente a ela apontando sua espada de madeira.

- Vai pagar intrusa! – Ele bate com a espada no braço enfaixado da garota, mas logo se arrepende ao ver o modo como ela o olhou.

- Ai! Seu pirralho desgraçado estou machucada! – Brada ela ficando de pé sobre a cama na frente do menino, lançando um olhar mortal para o mesmo. – Agora você vai pagar!

O garoto se alarma, desce da cama num pulo e sai correndo da sala gritando, Kaya corre atrás irada, Emi e Daisuke os seguem chamando a garota. O quarteto corre como louco por todo o 4° esquadrão, oficiais que andavam por ali saiam do caminho com receio de serem “atropelados”. Sem perceber que tinham saído daquele esquadrão.

- Volta aqui sua cabeça de laranja! Anãozinho maldito! – Berrava Kaya com uma veia saltada na testa.

- Ahhh! – O ruivinho continuava a fugir gritando.

- Kaya – chan! Pare! Vai ter problemas! – Emi tentava chamar a morena que nem a ouvia.

- Como assim? – Perguntava Daisuke ofegante ao lado da rosada.

- Aquele garoto é... – Ela para de correr de repente e olha para frente com os olhos arregalados.

Daisuke também repete a ação de Emi, até mesmo Kaya para de correr. O garoto esbarra em alguma coisa e cai sentado no chão desnorteado. Ele olha para frente na intenção de ver no que tinha batido. Seu olhar vai subindo até que para com uma expressão assombrada e o rosto já suando. Todos gelam e miram na direção do homem parado.

- Kuchiki-dono... – Balbucia Emi.

- Qual o significado disso? – O capitão pergunta no seu tom frio de sempre.


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