Um dia quando você menos esperar

Eu vou voltar sorrindo

Como se nada tivesse acontecido

Um dia quando você menos esperar

Eu vou voltar cantando

Quarto letras— Cazuza

Toda manhã era a mesma coisa ela levantava antes dele para preparar o café dos dois e também para fazer seu lanche que deveria levar para a escola. Naquele dia não foi diferente, como se nada tivesse acontecido na noite anterior ela levantou já de banho tomado e a roupa adequada para seu trabalho. Hoje, mais estilosa do que ontem com um terninho composto com calça pantacur na cor cinza e uma camisa branca com pequenos detalhes em rosa, acredito que seja flores bordadas.

— Bom dia, mamãe! – Ele já acorda sempre com muita energia, que tenta ao máximo passar para sua mãe – está melhor da dor de cabeça?

— Bom dia – ele jamais conta ou sequer comenta sobre as noites sombrias dela. Sempre finge que nada aconteceu e assim todas as vezes ela pensa que dormi nos braços do pequeno não passa de um sonho – aqui está seu lanche, sanduiche de atum, do jeito que você gosta.

— Obrigado, mamãe! – Pegando o pacote de saco de pão da mão da rosada e rapidamente colocando em sua mochila – mamãe? – Ele para como que esperando um sinal para continuar – hoje tem uma apresentação especial na minha escola, e eu queria que você fosse.

— A que horas vai começar? – Ela ainda virada de costas para seu monstrinho, se vira para ouvir sua resposta.

— Vai começar uma hora mais cedo do que geralmente é meu horário de saída – ele olha com suas esmeraldas para sua progenitora, com esperança – você acha que consegue ir?

Ela para, pensa e responde:

— Tenho uma reunião hoje à tarde – ela olha para ele vendo decepção em seu semblante – mas não é nada sério – ele levanta a cabeça já sorrindo – então acho que dá sim para ir te assistir.

— Ebaaaaa! – Ele sai correndo contornando a mesa que os separava e a abraça – obrigado, mamãe!

— De nada, agora vamos nos apressar – ela dá um tapinha no menino – ou eu vou levar uma bronca do meu chefe!

Os dois saem pegando suas respectivas bolsas e mochilas, para logo ela tranca a casa e ir em direção as escadas.

***

— Naruto? – A morena ainda com voz sonolenta – você está atrasado.

O louro levanta de supetão, fazendo a pequena tomar um susto e sair rindo.

— Por que não me acordou antes, mulher? – Ele diz enquanto tenta colocar seu uniforme. Fazendo com que sua esposa se levante para ajudá-lo.

— Amor, você acha que a Tenten quer se separar do Neji? – Ela pergunta sem olhar nos olhos do marido com medo de se derramar em lagrimas.

— Hinata, a Tenten deve estar passando por um momento difícil, e mesmo que ela queira você conhece seu irmão – ele passa a mão na cabeça da morena. Terminado com um beijo na testa – por isso, não se preocupe demais.

Ela somente acena com a cabeça, confirmando.

***
— Bom dia, Sakura.

— Bom dia, senhor Uchiha – ela responde entrando e fechando a porta atrás de si – sabe, senhor. Queria saber se depois da reunião das 15hrs posso me retirar – ela para analisando seu chefe – tenho um assunto a resolver.

Ela sabe que seu chefe não gosta de que seus subordinados saiam antes do horário descrito em seus contratos, mas era a primeira vez que ela fazia um pedido assim.

— Bom, deve ser um assunto muito importante para você estar me pedindo para sair antes do seu expediente – ele para tentando decifrar seu olhar – contando que termine a reunião.

— Muito obrigada, senhor!

***

— Delegado Uchiha! – Uma moça com salto alto corre em sua direção – queria saber se você tem tempo para umas perguntas?

— Senhorita? – Ele para se virando, colocando as mãos nos bolsos da calça.

— Ah, que educação a minha – ela diz rindo sem graça, para logo depois estender a mão – Anko, meu nome é Anko, sou reporte do jornal Asahi Shimbun, muito prazer.

— E o que um dos principais jornais do Japão está a minha procura? – Ele diz fingindo desinteresse.

— Oras, senhor delegado – ela ri, como se fosse obvio – você realmente não sabe? – Vendo que ele não parecia estar brincando, ela solta um pigarro e continua – bem, estou aqui em nome do jornal pois o senhor é um dos destaques do Japão, pois se formou em direito e rapidamente conseguiu uma vaga para se tornar delegado do distrito de Tóquio. Com isto, queremos saber qual o segredo para diminuir o índice de corrupção em seu local de atuação?

— Eu preciso mesmo responder essa sua pergunta? – Ele olha para ela se perguntando se é alguma piada – então, o único segredo que tenho para revelar sobre este assunto é que diferente de alguns delegados que você deve estar me comparando – ele sorri – eu faço meu trabalho – ele termina se virando indo em direção a sua sala.

— Ele realmente é tudo o que dizem e um pouco mais! – Ela diz suspirando.

— Sasuke? – Uma moça de pele morena e cabelos vermelho fogo entra em sua sala.

— Olá, karui. O que são esses papeis? – Diz apontando para sua mesa.

— Bom dia. São documentos que o senhor precisa assinar – ela diz enquanto separa uma pilha – esses outros são relatórios dos meninos sobre as ações cometidas semana passada – ela coloca outra pilha enorme sobre a mesa.

— O senhor precisa entregar para a central até amanhã à tarde – com um sorriso meio desconfiado ela continua – pois seu superior já ligou cobrando – nosso distrito é sempre o último.

— Ok – ele diz massageando a têmpora – estou vendo que hoje será um dia muito longo – sentando em sua cadeira, ele olha novamente para a papelada – pode se retirar karui.

— Qualquer coisa, estou em minha sala, senhor – se virando ela fecha a porta para logo depois voltara a abri-la – senhor? – Sasuke levanta a cabeça – você precisa que eu de um jeito naquela repórter?

— Não, karui – ele sorri – por enquanto não.

***

— Senhor? – A rosada abre a porta com cuidado, chamando a atenção do moreno – a reunião começa em três minutos.

— Sim, Sakura – ele respondeu já se levantando – estou indo.

Ela sai fechando a porta a trás de si, andando em direção a sua mesa que pega uma pilha de papeis que seria usado na reunião tanto por ela quanto por seu chefe. Ela caminha em direção ao elevador e indo até o vigésimo andar que é onde sempre acontece as reuniões do conselho. Saindo do elevador ela entra pelo corredor numa enorme porta dupla.

— Boa tarde, senhores – ela entra de cabeça erguida deixando seus medos de lado – o senhor Uchiha está a caminho – assim que ela terminar sua frase as portas se abrem e seu chefe aparece se sentando no topo da mesa, dando sinal para que ela possa começar – Bom, a pauta de reunião para estar tarde é sobre o lançamento dos kit’s de cosméticos que a empresa está lançando. Em suas mesas tem amostras grátis para que todos conheçam o produto – ela para analisando todos na grande mesa – como podem ver os kit’s com edição limitada tem o tema do filme que está para ser lançado pelos estúdios Disney – ela para novamente vendo que todos admiram o designer dos produtos – o batom por exemplo, que leva estampa com livros e a rosa é a mais cobiçada dentre os produtos...

***

— Crianças! – A professora que já estava de cabelos em pé tentava em vão organizar os alunos – crianças falem mais baixo e fiquem nas posições!

Ela vê que um certo Eri está meio cabisbaixo, indo em sua direção chamando por seu nome.

— Eri? O que está te preocupando? – Ela passa a mão sobre sua cabeça – hein?

—A professora... estou com medo de minha mãe não conseguir vir ver a apresentação – ele limpa uma pequena lagrima que teima em cair.

— Oh, querido – ela pega no queixo dele fazendo com que ele olhe para os olhos dela – se ela disse que virá então não se preocupe.

***

— Uma coisa que está sendo muito criticado pela mídia, mesmo que o produto não tenha sido lançado ainda é o slogan que leva o tema da coleção – ela dá uma pausa para recuperar o folego.

— Por que você acha que está sendo criticado senhorita Haruno? – Um dos presentes na reunião pergunta, um senhor velho, mas com um terno que deve valer milhões.

— Sendo franca senhor Kimura, eu acredito que a crítica venha pelo fato machista que acompanha o produto – ela levanta as mãos com sinal de dos dedos sinalizando as aspas – o produto que te deixa mais bela – abaixando novamente as mãos, fazendo com que todos na sala levante as vozes.

— Silencio! – O moreno, atual presidente se pronuncia pela primeira vez – quero saber por que e quando esse slogan foi aprovado?

— Senhor presidente – o tal Kimura se pronuncia – sabe que não íamos ter tempo de esperar o senhor voltar da china para que pudéssemos aprovar o projeto, o prazo ia ficar muito apertado!

— E por isso foi aprovado um slogan nojento que pode comprometer anos de conquista do nosso público alvo! – Sakura que olhava seu relógio se assusta com o tom de voz do presidente.

Todos abaixam a cabeça e em seguida um deles se pronuncia.

— E então o que vamos fazer? – Itachi se levanta indo em direção a sua secretaria, desligando o Datashow para em seguida pegar o microfone

— O que vamos fazer é o seguinte – ele massageia a têmpora – vocês têm até amanhã para mudar este slogan ou vou descontar o prejuízo do contrato com a Disney do salário de todos vocês! – Ele sai pisando duro deixando todos atônicos.

Enquanto todos se retiram da sala, a rosada arruma a bagunça que foi deixada. Sempre olhando o relógio constatando que já está bem atrasada para seu compromisso.

— Droga, o monstrinho vai ficar muito chateado comigo...

Ela sai correndo em meio aos corredores do grande prédio, desce de elevador sempre com a impaciência no olhar, pega um taxi para chegar mais rápido que se fosse de ônibus. Assim que paga o motorista sai em disparada a escola indo em direção a sala de aula do pequeno.

— Oh, Sakura – a professora se assusta com a presença da rosada – esqueceu alguma coisa?

— Já acabou? – Ela olha a sala que estava vazia somente a mulher de jaleco colorido se encontrava ali – onde está Eri? E a apresentação?

— Mãe... a apresentação começou uma hora antes do horário de saída e não uma hora mais tarde – ela termina pegando seus materiais de cima da mesa indo em direção a porta.

— E o Eri? – Ela olha novamente dentro da sala – onde ele está?

— Ele disse que iria embora – professora pronunciou as palavras cuidadosamente – achei que a senhora já tinha chegado...

— Como assim? Ele não sabe ir embora sozinho!

Todo esse tempo de dor que eu passei andando por aí

Todo esse tempo eu tentei gritar a palavra amor bem alto

Para ver se me convencia de uma vez do significado dessas quatro letras

Quatro letras - cazuza