Chloe

Chloe estava observando o acampamento de um dos galhos do pinheiro de Thalia.

— Então eles finalmente descobriram a profecia, huh?

— Chloe!! Você não está fazendo corpo mole de novo, está?

" ... Vai se..."

— Claro que não chefia. - Chloe se apoiou em suas pernas e ficou de cabeça pra baixo. - Eu tô fazendo o que você falou.

— Hum.... Então eles acabaram descobrindo a profecia?

— É, sim... Parece que o Oráculo de Delfos voltou á ativa.

— ... Mais alguma coisa?

— A "princesa"... E o filho de Hades parecem bem próximos, chefinho.

— N...Não me chame de chefinho.... Mas... Isso é adorável. E...EU DIGO... A GAROTA E O FILHO DE HADES.... Isso é adorável...

Chloe riu um pouco.

— Oh, bem... A "princesa" trouxe duas outras semi-deusas. Filha de Ártemis e filha de Ares.

— Hum... Nada de muito importante. Enfim, eu quero você no outro acampamento. Amanhã de manhã.

— De manhã? Nããão! Eu não quero acordar cedo! - Chloe falou com uma voz manhosa e cruzou os braços.

— ... Você parece uma criança mimada..... Ok... Acho que não precisa ser tão cedo...

— Sério? Ah, cara eu te adoro, chefinho!

— ........

Ele acabou desligando, fazendo Chloe rir um pouquinho.

— Hum... Acampamento Júpiter né? Chloe tenta apoiar as mãos no galho, mas acaba escorregando e caindo de costas no chão.

— Aaai.... Isso, Chloe. É exatamente isso que você tem que fazer. Se matar.

— O que aconteceu? Quem está aí?

Alguns campistas vieram correndo, porém ao chegar lá não acharam nada. Eles apenas aceitaram não foi nada e voltaram ao acampamento.

— Uff... Essa foi fácil.

Chloe pegou sua capa preta e a colocou. Ela olhou pra sua espada embainhada, e a encaixou no cinto em suas costas.

— Ali! Eu disse que não estava ouvindo coisas!

— Huh? Ah... Sabia que foi fácil de mais.

Antes que os campistas a alcançassem Chloe jogou uma bomba de fumaça que tinha em seu cinto no chão, fazendo-os tossirem e se desorientarem. Quando conseguiram se ver livres da fumaça, a única coisa que puderam ver foi a capa de Chloe balançado ao longe.

—Falou otários!

—----------

Chloe acordou com o cabelo tão bagunçado que parecia mais um pavão agitado.

— Whoa... Olá, pavão zumbi. - Disse a garota olhando seu reflexo num pedaço quebrado de espelho. Ela penteou seu cabelo e vestiu suas roupas usuais. A garota olhou para a lâmina de sua espada, e se sentiu um pouco solitária. Ela logo embainhou a espada novamente.

—... Ok. Hashtag partiu!

Ela andou até encontrar a entrada do acampamento Júpiter. Entrou e logo se misturou com um grupo de campistas de Ares, andando até o pavilhão. A garota logo reconheceu Reyna, a pretora. Ela inspecionava algumas das atividades que estavam sendo realizadas naquele dia.

— Hum... O que será que tem de curioso por aqui...?

Chloe andou por todo o lugar, viu briguinhas bobas, ouviu conversas aleatórias e viu campistas aleatórios. Ela roubou um pacotinho de salgadinhos do chalé de Mercúrio (ironicamente) pro almoço e se sentou atrás do chalé de Febo porque tinha sombra (mais ironicamente ainda).

Ela estava andando sem ver nada de muito interessante, quando escutou alguém gemendo atrás de uma árvore. Ela obviamente foi lá ver. Mas, infelizmente não era o que ela estava pensando... ( ͡° ͜ʖ ͡°)

A garota viu alguns campistas de Marte chutando algo. Então ela furtivamente chegou mais perto, e ficou observando atrás de uma árvore. Eles chutavam um filho de Febo, que estava encolhido sem proteção alguma, cheio de ferimentos abertos e arranhões por todo o corpo. Ele segurava fortemente um pingente contra o corpo, tentando protegê-lo.

— Viu o que acontece, Michael? Viu o que acontece, quando você não nos dá o que queremos? Isso acontece, Michael.

" Filhos de Marte tentando roubar um filho de Febo?... Se fossem filhos de Mercúrio já teria conseguido. "

— Nos dê logo isso, Michael. Por que isso é tão importante pra você?

O garoto estava segurando o pingente firmemente, e não iria soltar. Chloe olhou pra ele e lembrou de si mesma, quando pequena. Isso a encheu de raiva.

— Eeei, galera, galera. Pra que a violência?

Chloe andou calmamente até os garotos, que a olharam perplexos. O cérebro deles parecia tão pequeno que processava apenas uma coisa por vez. O garoto no chão, Michael, a olhou com lágrimas escorrendo, e parecia com medo.

— O que está fazendo aqui, mocinha?

— É. Garotinhas como você deveriam estar treinando como pintar as unhas.

Depois desse comentário ridículo, os filhos de Marte riram histericamente.

— Ah, é mesmo? Então o que as meninas fazem aqui?

O cérebro deles pareceu processar aquilo mais rápido, por que eles fizeram uma expressão de raiva, e "rosnaram" para a garota. O maior deles avançou para Chloe e tentou dar um soco nela, mas a garota sumiu em uma ventania.

— Não, não, não. Garotas boazinhas não deveriam bater nas outras. Isso magoa as outras menininhas!

Os otários de Marte ficavam olhando de um lado pro outro procurando a garota, enquanto o filho de Febo tentava se arrastar para longe dali.

— Ei, você está tentando fugir Michael?

O garoto no chão controlou um gemido ao ser pisoteado novamente.

— Você não vai a lugar nenhum, Michael.

—É, Michael. Escute as garotinhas e seja um menino bonzinho! Meninos bonzinhos não fogem das menininhas mimadas.

Novamente, os filhos de Marte olharam em volta procurando por Chloe irritados. Porém, nada encontraram. Antes de eles se voltarem novamente a Michael, uma ventania trouxe Chloe de volta, deixando-os com cara de otários.

— Ué? Parece que nunca me viram!

— Você.... Estava aqui... Então sumiu.... Aí a brisa soprou... E você voltou...

— Hum? Eu estive aqui o tempo todo. Acho que vocês estão ficando loucos! - Assim que Chloe falou isso, parecia que três Chloes falavam juntas, fazendo os garotos estremecerem - Sim, sim. Completamente, loucos. Loucos, malucos, doidos....

— Eu não sei o que está acontecendo, mas eu tô caindo fora!

— Nós também! - Os garotos começaram a correr loucamente de volta ao acampamento.

— Você... Você... Não vai contar a Reyna sobre isso... Vai?

— Hum? Não. Sabe, eu não deveria estar aqui.

— C...Como assim? Você... Não deveria... Estar aqui?

— Shii... Esse vai ser nosso segredo, ok?

Chloe deu um sorriso travesso e ajudou o garoto a se levantar.

— Você... Não é alguém em quem eu deveria confiar... Não é? 

—.... Acho que não. 

— E você não deveria ter me ajudado, não é?

— Provavelmente não.

— Então por que fez isso?

— Hum... Digamos que eu não goste de seguir regras. 

Chloe ajudou o garoto a chegar a enfermaria onde os irmãos se apressaram para ajudá-lo. Nenhum deles nem mesmo se preocupou em perguntar a Chloe quem ela era, o que foi bom, por que ela não deveria nem estar viva. Á noite, quando todos já haviam deixado a enfermaria, e Michael parecia mais calmo, Chloe se levantou pra ir embora.

— Ei, onde você vai?

— Huh? Eu acho que eu vou... "Sumir" novamente. 

— Mas... Eu tenho uma pergunta.

— ... Sinta-se livre.

— Você... Como você fez aquilo? Como sumiu em uma ventania, e então voltou?

— Hum? Ah, é um truque de manipular a névoa. Vê, uma hora estou aqui...

— Chloe estralou os dedos e sumiu em uma ventania - Na outra não estou. Funciona melhor se os alvos estão distraídos.

A ventania se dissipou, e  Chloe voltou a aparecer.

— Isso... Você pode me ensinar?

— ... Acho que não. Mas tenho certeza que alguém do acampamento pode. 

— Você... Não vai contar nada sobre o que aconteceu, vai?

— Não... Mas só se você não contar que eu estive aqui, ok?

— Mas... Eles viram você! 

— Na verdade não. A única coisa que te acompanhou foi uma forte ventania até aqui.

— Você... É incrível.

— Ah, que é isso, Michael. Agora, eu tenho que ir. Sabe como é... Ventanias sopram em todos os lados, não é mesmo? 

Chloe se levantou e limpou a poeira da roupa. Ela ajeitou sua espada na bainha, e arrumou sua capa. Estava saindo pela porta, quando foi interrompida por Michael.

— Eu... Você... Você pode me chamar de Mike ou de Pete....

— Pete?... Que... Bonitinho.

Ela se virou novamente, mas o garoto a interceptou.

— Qual seu nome?

— Eu não deveria te dizer isso.

— ... Por favor. Juro pelo Estige, que nunca vou contar nada. 

— Ah... Bem... Você pode me chamar de Chloe.

— .... Eu vou te ver de novo, Chloe?

— ... Duvido. Me ache, se puder.

A garota deu um sorriso desafiador, e saiu andando até encontrar um ponto isolado da floresta, onde escalou uma árvore e se sentou em um galho.

— Será que... Eu deveria ligar para o chefinho?..... Oh, bem. Ele iria ficar preocupado se eu não desse notícias.

—-----

— O QUE?

— Calma, eu juro que não aconteceu nada de importante!

— COMO ASSIM? VOCÊ PASSOU A TARDE TODA ENVOLVIDA COM UM... UM... GAROTO? 

— .... Está com ciúmes?

— ........ NÃO! ÓBVIO QUE NÃO! EU SÓ... VOCÊ NÃO... ARGH!

— Relaxa, chefinho. Eu vou te dar notícias quentinhas amanhã, pode ter certeza.

— ..... VOCÊ... É... EU.... NÓS.... AAAAAARGH.....

— ... Nós?

— NÃO FOI O QUE EU QUIS DIZER! QUER SABER? VAI DORMIR! JÁ TÁ TARDE!

— Huh? Mas eu não dis-

— CALA A BOCA! ME DEIXA PAZ! EU TE ODEIO!

— .... Ele desligou... Na minha cara....

Chloe olhou para o telefone e fez uma cara emburrada. 

— Idiota...

Ela encostou a cabeça na árvore, e adormeceu.

—--- 3 dias ----

Chloe não havia descoberto nada de muito interessante ou importante ainda. A única coisa que ela descobrira foi que Mike era muito tímido e fraquinho, por isso os outros campistas sempre o incomodavam. Ela também descobriu que o garoto era muito curioso, e por isso ficava difícil se esconder dele. Todos os dias, depois dos treinos, ele ia pra floresta procurar por ela, e ficava cada vez mais difícil se esconder. Chloe estava comendo um sanduíche perto de uma enorme construção no centro. cheia de estátuas. Ela não sabia o nome daquilo.

— Hum? 

Reyna entrou furtivamente na construção, tomando cuidado pra não ser vista. Chloe a seguiu, sempre se escondendo e se mantendo segura. A pretora foi até o porão da construção, no andar inferior, e entrou em uma ampla sala totalmente preta. Dentro da sala, uma pessoa de capuz preto e capa dourada a esperava. 

— E então? Conseguiu mais alguma informação?

— Claro que sim, Reyna. Você sabe, eu sou incrível.

O ser encapuzado tinha uma voz de adolescente com um tom brincalhão.

— Claro, claro. Eu quero saber... Sobre Nyx.

— Shii.... Você tem certeza que ninguém te seguiu não é?

Chloe havia entrado atrás de uma enorme estátua de Mercúrio, e tinha uma ótima visão deles. Ela também mantinha a névoa em cima de si, e naquele local, a névoa era muito mais poderosa.

— Claro que sim. Não sou imprudente e descuidada como você. 

— Eei, calma aí gatinha. Você não deveria primeiro dizer miau, e depois rosnar?

Reyna agarrou o garoto pela blusa e o aproximou dela de um jeito ameaçador.

— Olha aqui... Eu poderia cortar sua cabeça agora mesmo.

Ele se aproximou mais da pretora e lhe deu um beijo rápido, fazendo-a se afastar.

— Não, você não pode. 

— Ok... Só... Me diga o que tem que dizer e vá embora. 

O garoto abriu um sorriso sombrio, e estendeu a mão para Reyna, que deu um longo suspiro e entregou um saco enorme cheio de vários dracmas de ouro para o garoto.

"Waaaah... Com aquilo tudo eu poderia fundir as moedas e fazer outra espada!"

— Hehe... Então, minha querida Reyna. Vamos falar de negócios.

— ...

— Sobre o que você me perguntou... É sim. Nyx, a deusa da noite... Da escuridão, penumbra, do que quiser chamar. Ela esteve no fundo do tártaro até agora, mas está juntando forças para voltar.

— E... Como ela pretende fazer isso?

— Depois de ver como Cronos se refez, alguns semideuses que estavam escutando Nyx sussurrar em seus ouvidos durante a noite resolveram que iriam a fazer retornar do mesmo modo: Juntariam seguidores até que seu corpo pudesse ser reconstruído, e então dominariam o Olimpo e blá, blá, blá.

— ... E você acha que isso vai dar certo?

— Se eu acho? Como eu posso saber? Tenho cara de oráculo? Mas uma coisa eu te digo. Nyx esteve apenas observando Cronos e Gaia se reerguerem, enquanto tramava seus planos, no fundo do Tártaro. Eu não duvido de que o plano dela não vai ser tão direto quanto o de Cronos e Gaia.

— Ha... Um plano no claro vindo da deusa da escuridão... Eu acho que não é muito plausível, huh? 

"... Um espião. Eu tenho de reportar isso ao chefinho... Ah, ele vai ficar tão irritado."

Chloe se levantou e iria deixar a sala, quando escorregou no chão liso e caiu de costas no chão.

— O que foi isso? - Reyna e o garoto encapuzado disseram ao mesmo tempo e correram pra trás da estátua a tempo de ver Chloe correndo pra saída. Antes de passar pela porta ela virou a cabeça pra trás e deu um sorriso, levando o dedo indicador a boca fazendo o sinal de silêncio.

— Shiiiiu.

Ela levantou seu capuz e saiu correndo da construção, indo para a saída do acampamento.

— PEGUEM AQUELA ESPIÃ!

Reyna gritou para todos os campistas ao ar livre, que correram atrás de Chloe brandando as espadas. Chloe estava bem na frente de todos, e naquele aspecto, ela tinha sorte de ali não ter nenhum filho de Hera. Ela estava quase saindo do acampamento, quando algo segurou sua capa. Ao se virar, a garota deu de cara com Mike, que pareceu tão surpreso quanto ela.

— C-Chloe? O que você... Pra onde... Por que está fugindo?

— Eu disse, Mike. Eu não deveria estar aqui.

Os outros campistas se aproximavam, e Chloe se desesperou. Ela tentou de todo o modo soltar sua capa das mãos de Mike, mas ele era bem mais forte do que aparentava.

— Eu... Eu... Eu...

— Shiiu. É nosso segredo ok?

— Eu... Não deveria...

Chloe se aproximou do garoto e beijou sua bochecha, deixando-o tão surpreso que ele a soltou, deixando-a correr até a saída do acampamento.

— EI! EU... EU VOU TE VER DE NOVO? 

— ... Você vai, Michael Petterson. Você vai.

—... Ela sabe meu nome?

Chloe deu um sorriso travesso e fugiu antes que os campistas alcançassem se quer Mike.

— Hehe... Adeus otários.