A Matter of Time. escrita por Detective MA


Capítulo 2
Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Oioiio Povo. Voltei depois de um tempo com a segunda parte! (^ω^)



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A irmã, com cara de pena natural ao entender a cena amargurou o rosto ainda mais. Ela levou-os até a porta com aquela expressão e deu tchau com aquela expressão.

O cabriolé já estava lá e os conduziu até um hotel próximo. O condutor combinou uma hora para aparecer no dia seguinte e se foi. Deixando-os com as malas na porta do local.

Era um hotel com cara de casa. Bem aconchegante e familiar. Era de um casal proveniente da Itália, gente comunicativa e acolhedora. Logo os colocou num quarto. Grande, amadeirado e muito aconchegante.

Mello deixou sua mala em qualquer lugar e deitou na cama. Estava morto… De cansado. Mesmo tendo feito poucas coisas. Near carregou a pequena mala para frente do armário e deixou lá. Apagou a luz da lamparina perto da cama na volta e cobriu o loiro. Sentou-se na cama observando-o dormir profundamente de roupa formal e tudo. Tirou as Cricket sandals e se juntou ao loiro. Deitando na cama de casal. Achou que poderia dormir um pouco, só um pouco…

Mello sentou na cama de repente, puxou um lenço do bolso e tossiu nele durante longos minutos. A tosse espantou o sono de Near para bem longe. Mello correu até a mala e procurou desesperadamente pelo remédio. Near levantou e encheu um copo grande com a jarra d’água que estava no criado mudo.

O Albino levou o copo até o loiro, que estendeu a mão trêmula para alcançá-lo. Ele bebeu a água e o remédio com rapidez.

— Tudo bem? — Near perguntou muito preocupado se abaixando ao lado de Mello.

Esse acentiu e sorriu para o albino. Embora parecesse que tinha levado um surra na garganta. Sem falar que perguntar para alguém que está morrendo se está tudo bem e um pouco de falta de sensibilidade.

O loiro se levantou do chão sozinho, Near não ofereceu ajuda porque sabia que isso feriria muito o orgulho de seu amado. E ele não queria isso.

— Near! — Mello chamou enquanto deitava na cama de novo

— Sim?! — o albino respondeu com prontidão virando rapidamente nos calcanhares

— Só queria te chamar — Mello respondeu com um sorriso ladino e cansado, o mais novo sorriu também.

………………………………...………………

Já dentro da mesma sala do dia anterior o pai de Mello prontamente os reconheceu. Naquele dia falaram menos. Pois uma tempestade começou a despontar no horizonte e a irmã veio retira-los do cômodo.

— Quando você volta, meu filho? — o homem perguntou assim que a freira abriu a porta.

Mello olhou para Near buscando apoio.

— Em breve — Near disse, percebendo que o loiro não seria capaz de mentir para o pai

O senhor levantou-se e deu um abraço demorado no filho. Para Near foi de partir o coração, provavelmente a última vez que um pai abraçava um filho. Destino, aquele perturbado! Porque fazer as pessoas passarem por isso? Porque puni-las de forma tão cruel?

Near também foi abraçado pelo velho homem, eles trocaram olhares e por um momento o albino teve certeza que Hans sabia que nunca mais veria o filho. Preferiu esquecer aquilo, o situação toda já era muito triste.

Quando saíram do quarto Mello segurou sua mão, não parecia estar se importando com nada naquele momento e chorou a viagem de volta toda abraçado no Albino.

— Acha que vamos nós encontrar de novo um dia? – o loiro perguntou com o rosto avermelhando e um olhar infantil de indagação.

Near não achava. Mais não podia dizer aquilo.

— Eu acho o que você acha — respondeu do fundo de seu coração, acreditaria em qualquer coisa que Mello acreditasse, faria qualquer coisa que ele pedisse. Mello era o sol da vida de Near e sem ele, com certeza murcharia e morreria aos poucos como qualquer planta.

Os dedos do loiro dançaram no crucifixo preso a sua gravata desalinhada.

— Então prometa que vamos nos encontrar de novo! – Mello continuou no tom infantil, mais dessa vez com o olhar sério

— Eu prometo — o menor respondeu de imediato, mesmo sem nenhuma garantia de nada.

Ficaram em silêncio até chegarem na Wammys. Aproveitando a companhia um do outro. Sua habitual sintonia funcionando em força total.

Matt esperava-os sentado à porta da instituição, meio molhado pela chuva que já começara a cair, Geovanni estava lá provavelmente reclamando com o ruivo como sempre. Quando este viu o cabriolé se aproximando pulou e correu até lá, o inspetor de corredor no seu encalço como o bom agente da polícia que ele seria ( NA: Referências…) .
Abraçou-os com uma firmeza que o ruivo não aparentava ter. Ele parecia aliviado quando se soltaram. E parecia cansado, não tanto quanto Near, mais bastante cansado.

— Demoraram! — exclamou começando a tagarelar sobre esta ou aquela situação que o casal tinha perdido na viagem.

Tagarelou também no dia seguinte e no depois desse e o resto da vida também. Mais nosso dever e acompanhar o casal e não as tagarelices do ruivo então… Assim prossigamos:

Durante o mês seguinte o quadro do loiro piorou de forma drástica. A febre constante foi a primeira a aparecer, seguida da palidez mórbida e logo depois a perda do apetite… Quando o albino viu o loiro recusando chocolate… Foi quando a ficha realmente caiu, e o desespero bateu a sua porta. Mais 15 dias e a rouquidão atingiu-o com força total assim como a fraqueza que levou Mello a ficar na cama.

No segundo mês ele tossia muito sangue e sentia fortes dores no tórax, além de falta de ar ocasional… Mais o emocional de Mello era o pior, oscilando entre a aceitação fria do seu fim e um desespero súbito e aterrorizante, Near ouviu coisas nada sãs do seu amado.

No terceiro mês tudo junto e piorado. Near não saiu do seu lado um momento. Lia pra ele e conversava. Em certa manhã eles falavam sobre frivolidades:

— Não acredito que o conde não ficou com o antigo amor dele! — Mello declarou indignado com um chocolate entre as mãos e olheiras debaixo dos olhos, na verdade não sentia fome, mais sabia que se não comesse preocuparia o albino — preferiu a princesa grega… Quanta decepção…

— Acho que você não entendeu Mello —
Near se aconchegou ao loiro com o livro ainda em mãos — ele foi em busca da vingança, não do amor antigo, isso já era passado, ambos já tinham envelhecido e se superado

— Acho que ainda sou um romântico afinal — o de olhos azuis declarou colocando sua mão sobre a do albino

— Sim, você é — Near concordou — um romântico e um idealista, coisas que nunca achei que você fosse…

— Talvez a morte deixe as pessoas assim… — o loiro comentou mórbido de repente, a voz bem rouca, os lenços ensanguentados no seu criado mudo, ele parecia tão frágil quanto um dente de leão, um sopro e não restaria nada.

— Talvez você sempre tenha sido assim… — Near corrigiu com um olhar de reprovação — só não demonstrava…

Mello acentiu e Near percebeu que ele suava, mesmo com o fria daquele dia. Molhou uma compressa e pôs sobre a testa do loiro com muito cuidado e obstinação.

— Me sinto cansado Near — o loiro sussurrou, de repente muito desconfortável na sua posição, mais sem força para se mecher muito

— E só momentâneo – o mais novo logo disse descobrindo-o por conta do suor.

— Eu me sinto cansado de tudo isso — o sucessor de L olhou em volta, os lenços, a máquina de umidificação que fazia um horrível (e era puro embuste), os milhares de remédios analgésicos, e então virou os olhos para o albino que mordia o lábio, ele já tinha entendido.

— Mello… — ele começou, a voz falhando — você… Está indo bem, os médicos disseram que você está indo bem!

— Nos sabemos que eles não disseram isso — o loiro pegou a mão de Near com força — o último médico me deu duas semanas… Eu ouvi Near, muito bem.

— Você não pode me deixar sozinho Mello — o mais novo pediu, um tom desesperado que nunca tinha adotado em toda sua vida — você é a única coisa que eu tenho!

— Você tem o Matt, tem a sucessão de L, tem uma vida toda pela frente — levantou a mão com dificuldade e acariciou o rosto de Near

— Não tenho… — os olhos de Near estavam vermelhos, as lágrimas à beira de sair, beijou a mão de Mello — Eu te amo tanto

Mais tarde o albino notaria que aquela era a primeira vez que ele tinha dito, e a ultima. O loiro sorriu, o coração acalentado pela frase, embora sempre tivesse sabido muito bem dos sentimento do outro.

— Eu também te amo muito — disse ainda sorrindo pacificamente — sempre vou amar, amo mais do que qualquer coisa, então quero que viva! — Mello deixou bem claro que repudiava qualquer ideia do albino de tirar a própria vida — Diga para o ruivo que peço desculpas por ter esquecido os charutos dele, e por outras coisas, e que se ele não cuidar bem de você ele vai se ver comigo.

Near assentiu, segurando as lágrimas, não queria que o loiro o visse chorar.

Se olharam durante um tempo perdidos no brilho dos olhos um do outro, em silêncio. E então a mão de Mello afrouxou o aperto e caiu do rosto do mais novo. Mello tinha partido. Para uma terra longínqua que Near não tinha acesso tão facilmente.

Ficou de pé ereto por alguns instantes e depois desmaiou ali mesmo. Cansaço ( mal dormia não últimos meses), nervosismo, falta de comida e um bilhão de outros fatores juntos, o albino só voltou a consciência dois dias depois. Abriu os olhos sem saber aonde estava, Matt estava lá, o rosto vermelho e inchado do fumante fez com que Near lembrasse do ocorrido.

No momento seguinte estavam se abraçando, sem nenhuma explicação ou palavra. Choraram bastante, sem coragem para confiar na voz para dizer alguma coisa o ruivo e o albino só se soltaram quando a posição realmente ficou incomoda para ambos. Matt nunca imaginou ver Near chorando, sempre achou que no dia que isso acontecesse ( se viesse acontecer) ia choca-lo mais não aconteceu… Ele achou perfeitamente normal, perfeitamente normal…

****************************************************

O albino estava à frente da lápide do loiro. Demorara 10 anos para vê-la de novo e mesmo assim as lágrimas não lhe deram descanso. Chorou silenciosamente no cemitério londrino cheio de neblina e o cheiro característico de putrefação. 1937 era o ano, na lápide podia se ler “Mihael Keehl : Amado”.

Quando questionado sobre o que colocar no sepultura Near não conseguiu pensar em mais nada. Ele amava o loiro, Matt amava o loiro, o pai de Mello também o amava e… Era isso, dizer que ele era amado bastava, sua relação com o albino não tinha uma nomeclatura certa e era até crime*.

Pôs as flores que tinha trazido na terra, elas eram brancas ( motivos óbvios).

— Anh — tentou falar mais sua garganta fez um barulho estranho, respirou fundo — Oi! — cumprimentou tentando parecer mais animado — Eu… Me desculpe não vir todo esse tempo… Acho que eu estava tentando me convencer de que eu não ia ver nenhum fantasma por aqui, mas vou ser breve, juro.
Não sei se onde você está já sabe dessas coisas mas… Agora eu tecnicamente sou o L, ele morreu a alguns anos atrás, e é exatamente como eu esperava, terrível, e como andar com dez mil quilos nas costas, não sei porque você almejava tanto isso, sempre fico pensando que se fosse, eu e você… Juntos nós com certeza superaríamos L. Matt ainda me ciceroneia para todos os cantos — dá um pequeno sorriso — mando ele parar mais não quero que ele pare, depois que Gevanni morreu ele ficou ainda pior! Matt é um cara muito bom, bom demais… — Near lembrou de um assunto que tinha que tratar, talvez estivesse louco por falar com um túmulo, mas ele sentia necessidade de fazê-lo. — Cinco anos atrás… Eu fui visitar seu pai, visito-o uma vez por mês, e ele quase sempre pergunta por você, e quando eu voltava parei para comprar alguns charutos e tabaco para Matt, senti alguém sutilmente tentar puxar minha carteira do bolso, quando virei, era um menino… Cinco anos, cabelos castanhos, roupa esfarrapada e olhos azuis exatamente como os seus – sorriu mais um pouco, lembranças do menino passaram por seus olhos — Edmund é o nome dele. Eu o tenho criado desde então, lembro que na época eu não pensei muito nisso, apenas o coloquei no cabriolé, levei para casa e para todos os outros lugares que eu ia, também repreendi quando necessário e amei da melhor forma que pude, eu ainda faço isso, eu e Matt. Não estava nem um pouco determinado em ter filhos, mais quando notei… Já era pai. Queria que vocês se conhecem, tem tanto em comum — Near saiu da imersão que estava por que teve certeza de ouvir um “Pai” gritado ao longe, olhou para o tumulo realmente o enxergando, vendo quanta loucura era aquilo, o quanto ele, o Near de 25 anos, adulto e sério, não se recuperara da morte do loiro — eu vou voltar, não em breve. Ainda dói… — “ Eu te amo ” completou mentalmente.

O albino deu uma última olhada para o estafe, e se foi. Matt e Edmund o esperavam do lado de fora. Sorriram amorosamente para ele, e o abraçaram-no com carinho. Quando o abraço acabou Near sabia que ia ver Mello de novo algum dia, uma certeza brusca e inexplicável, mais também teve certeza de que viveria mais um pouco, afinal tinham muitas coisas a serem feitas ainda, antes de partir.


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Notas finais do capítulo

Ss quiser me dizer o quanto vc amou ou odiou tá aí o espaço pra contar. Nos vemos na próxima Meronia hehe



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