Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 56
Mal de família




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Elena passou o braço pelos meus ombros e grudou sua cabeça na minha quase enfiando meu rosto no sorvete, ela olhava as crianças brincando próximas do lado. Estávamos sentadas em um pequeno muro balançando as pernas tranquilamente enquanto divagamos sobre tudo, na realidade apenas sobre a nossa nova vida. Era bem estranho que tivesse mudado assim tão de repente, a essa altura estaríamos em uma faculdade organizando festas com Caroline.

— Está tranquila com a partida de Jeremy? – questionei a encarando e ela suspirou arrumando o cabelo e olhando para as próprias mãos.

— Sim, não tenho problemas quanto a isso Sage. Eu prefiro ele em Mystic do que aqui. Estamos nos preparando para uma guerra, a primeira guerra. E você logo vai de rainha para Imperatriz, diminua o seu ritmo Sage, o mundo ainda não está preparado para você. – avisou e eu apenas dei de ombros sem realmente ligar para isso.

Não me importava se o mundo não estava preparado para mim, eu estava preparada para ele. E muito bem preparada.

— Isso não me interessa Elena, sinceramente eu não estou me importando nadinha para o que o mundo está achando de mim, eu apenas estou fazendo o que eu tenho que fazer. Salvando quem eu amo, o resto vem de brinde. – ela apenas riu e deixou uma lágrima cair e a enxugou rapidamente.

Elena me encarou por breves segundos antes de olhar para baixo novamente, eu sentia que ela estava feliz e ao mesmo tempo preocupada com nosso novo rumo.

— Eu nunca achei que você chegaria tão longe. – riu com lágrimas nos olhos – Não que eu tenha duvidado da sua capacidade, eu achava que Niklaus iria te matar, depois achei que você iria se matar e depois eu achei que você ia morrer nas mãos de alguém. Mas eu agora sei que se alguém for morrer nisso tudo, com certeza não vai ser você. Você está além do que qualquer um de nós possa entender, no mesmo nível que Niklaus. Eu gostaria de poder entender a mente de vocês, mas acho que seria demais para mim. – me encarou novamente – Você sim foi feita para esse mundo Sage.

— Eu nunca achei que sairia do mesmo lugar. Daquela casa e daquele ciclo, se não fosse por Niklaus talvez estivéssemos em uma faculdade chata estudando, ouvindo aqueles adolescentes babões reclamando da vida. Chutando desconhecidos e tendo uma vida comum, não que isso seja chato... mas não parece servir mais para mim. – prendi meus cabelos.

— Sage... é impossível você deixar algo chato. Você é insana.- ela roubou meu sorvete.

— Eu sei disso, e eu realmente gosto disso.  É o que me manteve viva e sã.

— Você não é sã.- discordou rindo.

— Eu sei a diferença entre um humano e um cavalo.

— Ok. Você está semi sã. – riu ajeitando o cabelo devido ao vento forte – Damon está me enlouquecendo com essa ideia da guerra.

— O que ele tem?

— Ele e Enzo estão excessivamente empolgados com isso, mas eu sei que ele está com medo. Todos nós estamos com medo, Ibis comentou desse novo método de Esther e isso nos deixa bem preocupados Sage. Não sabemos onde o portal vai abrir, mas acreditamos que Esther virá para cá atrás de mais bruxas. Ibis não é fraca e o fato de ela distribuir seus poderes entre seus filhos com certeza vai chamar a atenção de Esther. Ela pode ir atrás de vocês. – eu a olhei compreendendo, mas não acreditava que Esther teria coragem o suficiente para isso.

— Eu irei resolver isso com Gaspar depois, eu quero mesmo que mãe vadia venha atrás de mim para sentir a força do meu soco, eu vou queimar ela inteira.- comentei maldosa sentindo minhas presas darem o ar das graças.

— Como Klaus lida com isso tão bem? Como todos eles lidam com isso tão bem Sage? – ela me olhou atentamente – Isso é muito estranho... você fala em matar a mãe deles e eles simplesmente aceitam?

— Eles sabem que ela irá voltar cedo ou tarde Elena, tem que se conformar e não vamos tratar como se só Esther fosse o problema, temos que prestar atenção em Mikael e nos reinos que estão sendo construídos. Precisamos ter isso em mente e precisamos ficar muito atentas as bruxas que estão aqui, elas podem ajudar Esther ou servir de “alimento” para ela, temos que estar sempre com um passo a frente. – lambi o resto do meu sorvete e aspirei o ar frio, o dia estava realmente um gelo, algo nada comum de New Orleans que mais parecia uma churrasqueira com tampa.

Era um inferno de quente.

— Bem, precisamos ser rápidas. – ela olhou para frente e eu dei de ombros – Merda – Elena ofegou e apontou para frente, olhei para o local e não vi absolutamente nada, apenas algumas crianças e patos.

— É... crianças e patos Elena... eu sei. Sempre existiram para nós, talvez fossem novidade na época de Niklaus. – arqueei a sobrancelha.

Ela bufou.

— Essa historia já está mexendo com a minha cabeça. – desceu do muro e pegou a bolsa – Você não tem um curso agora?

~º~

Sorri para Katherine ao ver a maluca quase ir de boca no chão ao lado de Caroline que ria discretamente, a loira mexia-se de maneira agitada contando os passos de dança que havia aprendido e algumas dicas de decorações que ela havia conseguido de uma professora de artes. Olhei para frente e vi Natalie erguer o braço ao lado de Hayley que já tinha uma barriga imensa, não estávamos sendo nada discretas, sabíamos bem disso, mas não eram atrás de mim que estavam. Ninguém jamais sonharia que uma trombadinha como eu era a nova rainha de New Orleans, eu parecia um garoto que acabava de sair de uma revista sobre basquete.

— Oi, como estamos hoje? – perguntei quando entramos dentro do carro.

— Bem, faltam apenas três meses para ele chegar. – Hayley sorriu e vi que Natalie estava séria.

— Sage você não notou nada de diferente hoje? – a olhei sem entender.

— Não Naty, por que? – olhei ao redor vendo que estava tudo completamente normal.

— Eu achei ter visto algo, mas se você estivesse em perigo você saberia não é? – ela riu debochando.

— Claro que eu saberia, eu não sou o ser ultra paranormal desse buraco? – questionei.

— Se você diz senhora rainha. – resmungou me olhando de cara feia – Não acredito que sai de uma vampira centenária sexy para virar uma chofer, daqui a pouco precisaremos de uma van. Me sinto como se trabalhasse pra uma creche. – soquei a cabeça dela que quase bateu o carro.

— Não seja exagerada, está prestando favores por agora Natalie, vai se ferrar. – uma Katherine mal humorada resmungou – Por que o seu irmão gostoso foi embora? Fala sério Sage, você não colabora mesmo comigo hein? – ela estava mal humorada desde que foi o procurar e não o encontrou e teve que voltar pra casa com um caminhoneiro já que não tinha dinheiro pra volta, crente de que ficaria com ele.

Faz me rir, eu passei mal quando descobri isso.

— Claro que não, por que você acha que eu vou querer justo você como a mulher da noite do meu irmão? Querida estou virando uma vampira não uma psicopata ranque A. Que todas as divindades existentes e inexistentes me livrem de ter uma parte de você entrando na minha família Katherine. – gritei irritada e ri logo em seguida.

— Uou! – Caroline riu – Ei por favor, eu não quero que uma guerra estoure entre vocês duas quando estamos todas presas dentro de um carro.

— Uau, mais doce impossível. – resmungou olhando para fora – Ele será meu. – dei o meu pior olhar para ele.

— Eu duvido muito, hipnotizei para esquecer das merdas que passou ao meu lado... isso inclui você. – enfiei a mão na cara dela.

— Ei. Parem agora. – Natalie gritou.

— A única merda na vida dela foi você Sage, ninguém merece ter um estrume vagueando e infernizando sua vida. Eu sou a poderosa Katherine Pierce e não é uma Sage Mikaelson que vai me dizer o que eu posso ou não posso fazer.- ela gritou chocalhando a própria bolsa a rasgando.

— AHÁ, vamos ver se eu não posso quando a sua cabeça fizer parte do asfalto. – bati a cabeça dela contra a janela que se quebrou toda.

— Ladys, é melhor pararem. – Hayley pediu – Temos que chegar com esse carro inteiro até o castelo.- ela nos lembrou, Elijah era o dono e corações seriam arrancados caso o carro não aguentasse uma viagem de dez minutos.

— Carro nenhum sobrevive quando Sage está dentro, ainda mais sendo uma Mikaelson. Vadia maldita. – Kath resmungou e eu dei um chute nela a prensando contra a porta que caiu, a morena me puxou para fora nos fazendo rolar no asfalto molhado e gelado.

Senti meu corpo inteiro ser ferido e me levantei puxando Katherine pelo cabelo dando uma joelhada nela que gritou irritada e enfiou as mãos nos meus braços escorregando na rua molhada me levando junto, bati o quadril e gritei de ódio. Chutei um cara que veio tentar nos  separar e peguei minha mochila batendo em Katherine com ela que agarrou minha blusa a rasgando.

— Ai meu Deus Elijah vai morrer. – Caroline gritou e todas nós paramos encarando o carro sem a porta.

— Acha que ele repara? – perguntei indo em direção ao carro – Eu tenho uma cola lá em casa, talvez se passar ai ou entrarmos pelo lado contrário, ela pode cair quando ele abrir a porta e colocamos a culpa na fábrica... podemos colocar a culpa em Katherine, eu voto por isso. – ergui a mão e Caroline fez o mesmo assim como Hayley – Perdeu vadia. – pisquei.

— A sua ficha é bem mais imunda que a minha Sage, mesmo você não tendo nenhum um quinto da minha idade. – ela resmungou me empurrando e eu a joguei em cima de um carro.

— Ok vovó, nós já entendemos o motivo do seu choro, então Shiu ok? Já deu por hoje. – entrei no carro – Não esquece do cinto de segurança. – ri da cara de fúria dela que estava com o rosto todo arranhado e o cabelo bagunçado, eu não deveria estar muito diferente.

— Coisa de louco. – Natalie sussurrou – A próxima vez que alguém fizer merda quando a responsabilidade está em minhas mãos... eu vou cortar em pedaços, triturar e depois beber. Não duvidem.

— Ninguém fez isso. – Caroline jogou a cabeça para trás enquanto nós tampávamos os ouvidos devido ao vento forte que entrava pela porta arrancada.

A motorista apenas riu de maneira sádica e aumentou mais ainda a velocidade, dei de ombros. Eu estava com muita fome, assim que o carro parou eu desci correndo e fui em direção a cozinha do castelo, passei pela imensa sala cheia de vampiros e híbridos que acenaram para mim, passei pela sala de jantar que tinha uma mesa imensa que deverei ter pelo menos umas 50 cadeiras, eu sabia que havia um refeitório no terraço que era onde a maioria dos vampiros ficavam. Cheguei na maldita cozinha e vi os imensos balcões lotados de comida. Joguei a mochila no chão sabendo que eu sentia sede, mas eu iria comer. Por que eu quero.

Enfiei um bolo imenso de chocolate na boca e gemi de contentamento, eu realmente estava com fome. Bebi o suco de laranja direto da jarra e peguei algumas rosquinhas as enfiando na boca, achei queijo, sanduiche, hambúrguer, pizza e umas comidas estranhas que Niklaus sempre pedia para o almoço. E quem fazia? Eu não tenho ideia, mas mandava muito bem.

— Arg. – tossi me sentindo enjoada, ops.

Eu realmente havia exagerado dessa vez com a comida, era bem estranho. Por que eu havia comido uma refeição que daria para pelo menos 200 vampiros. Será que exagerei mesmo ou acordei com o estômago sensível?

— Era o nosso almoço. – Kol reclamou – Eu estou com fome...

— Não tanto quanto eu Kol, eu juro que se você não calar a boca vai parar no meu estomago, eu estou com muita fome. – peguei uma taça de vinho e fui até a geladeira imensa.

— Bebe sangue Sage, eu já te avisei. Você não bebe nada desde que voltou da sua lua de mel e já tem duas semanas, fora que a sua transição está bem avançada. – Stefan entrou na cozinha sugando uma bolsa de sangue.

O olhei um pouco surpresa, mas feliz que ele não estivesse tendo problemas com sangue, talvez alguém tivesse o hipnotizado. Ou fosse vontade própria.

— Me dá então... – estiquei o braço para pegar a bolsa e ele apenas virou de costas para mim e esticou o pulso, sem hesitar eu o mordi e ele fez careta – Mas que raios é isso? Isso dói muito Sage. – minhas presas eram finíssimas e imaginei que deveria mesmo doer.

— Você se ofereceu meu caro. – Kol se afastou enquanto eu drenava o sangue de Stefan.

— Sage já foi o suficiente. – continuei – Pare. – o mordi com mais força. – Pare agora.

Stefan se afastou rapidamente e eu fui para perto dele, mas fui segurada por Niklaus que colocou o pulso em minha boca, ele me olhava com uma careta. Estava descontente com a situação era mais do que óbvio, ele não iria se importar se eu drenasse uma cidade inteira, ele iria se importar se eu sofresse com isso. Esse era um dos motivos de ele não ter forçado a transição a se completar.

— Vamos precisar de mais pessoas para alimentar Sage, não sei como Ibis deu conta de se alimentar só de Gaspar, vai ver Sage é o problema. – o olhei de feia.

— Mal de família. É melhor quando alguém da mesma espécie alimenta. – Gaspar cruzou os braços entrando no local– Mas vai ter que esperar, Sage precisa treinar. Aprender alguns truques da família e tem que ser logo, precisam de muito tempo para aprender a dominar, mas creio que com Sage não vamos ter esse tipo de problema.

— Claro que não. – o olhei de cara feia – Vou me dedicar, já posso fazer algumas coisas. Eu andei treinando.

— Isso deve explicar a sede excessiva, não se esforce muito, você faz parte do grupo de caça Sage. Embora eu ache que talvez seja melhor ficar com a estratégia, as lutas podem forçar muito do seu corpo em transição, embora o sangue de Niklaus seja forte, você não pode cometer abusos. O sangue que recebe dele agora ajuda a te curar, mas é o sangue dele que você recebeu antes e durante a morte que te mantem viva. Toda vez que você se desgasta um pouco desse sangue vai junto e você ainda não está nem na metade da transição embora esteja mais avançada que o normal. – ele foi em direção ao jardim e eu o segui – Me mostre o que aprendeu.

Dei de ombros e senti que Niklaus me observava. Olhei confusa tentando entender qual seria o melhor a se fazer no local, eu não queria destruir o meu castelo. Vi um banco próximo a mim e fechei os olhos os abrindo completamente transformada, eu sabia que meus poderes se intensificavam mais ainda dessa forma. Ergui não somente um banco, mas todos o 15 que estavam posicionados pelo local, o problema foi na hora de soltar todos eles. Os bancos foram arremessados para longe e um deles quase nos acertou, mas Gaspar os parou.

— Muito bom Sage. – elogiou e eu abri um sorriso para um poste – Conseguiu evoluir rápido. É um bom e um péssimo sinal. – se aproximou tocando meu rosto e pela primeira vez notei que meu nariz sangrava – Vamos descansar, está mais do que na hora.

~º~

— Sage isso não é uma boa ideia, Kol vai ficar furioso com isso. – Hayley resmungava ao meu lado enquanto me passava os sapatos dele.

— Foi você quem deu a ideia. – estávamos no quarto do moreno vasculhando as coisas dele, peguei o sapato da mão dela e enchi de super bonder por dentro.

Ele vai arrancar a pele quando for tirar, tomara que perca os dois pés. Vampiro inútil.

— Que tipo de lição espera dar nele desse jeito?- suspirei.

— Não muitas, só quero respeito. – murmurei e Cosmo fez um barulho atrás de nós, me virei para ele e o vi destruindo a cama de Kol – Acho que nem vai incomodar, Kol é um vampiro. Portanto...

— Estou surpresa de ele não estar morando no castelo com vocês. – falou baixo.

— Eu também estou um pouco, contudo acredito que seja devido a Klaus. Ele estando longe pode fazer o que bem entender ao invés de seguir algumas regras do castelo.

— O castelo tem regras? – a olhei atentamente e percebi que não, não haviam regras em nada do que eu construía, mas eu tinha certeza que eles sabiam se comportar.

— Ok, reformulando a resposta. Todos tem bom comportamento, não tivemos problemas lá e sabemos que Kol lá seria um problema. Brigas aos montes, discussões, coisas quebrando e esse tipo de coisas.

— Te entendo perfeitamente. – olhei ela e vi o quão grande sua barriga estava, logo o bebê sairia e eu me sentiria perdida em como poderia lidar com isso.

Quer dizer... nada estava muito claro, ainda estávamos em dúvida sobre como fazer as coisas. Não sabíamos se Hayley viria conosco para o castelo ou se ficaria no apartamento com o bebê. Não sabíamos se iriamos apresentar o bebê ao reino ou se o deixaríamos escondido até crescer, provavelmente Klaus o apresentaria.

— O que? – ela me olhou curiosamente.

— Nada. – sorri fracamente pensando no que faria depois e joguei as coisas de Kol no chão.

Saímos do quarto e fomos para o jardim, tirei meu sapato e me deitei em uma espreguiçadeira com Hayley ao meu lado, ela olhava tudo entretida e então se virou para mim com uma expressão de curiosidade e eu arqueei uma sobrancelha.

— Seu irmão Elliot tem quantos anos? – Ih sinto cheiro de treta romântica.

— Creio que 32. – eu não tinha total certeza se essa era idade dele... – Ah não... é 28. – corrigi.

— Não conheceu os outros ainda?

— Não. Gaspar disse que Phoebe está em uma viagem para França terminando o intercâmbio, Dore está por aqui e ninguém sabe exatamente onde, Akio e Scarlet estão com a família se despedindo. Eleonor será traga daqui algumas semanas para ficar com eles.- me lembrei das informações.

— Oh sim. São mais velhos que você?

— Sou a caçula. – sorri para ela – Phoebe tem 22 anos, Eleonor tem 19 assim como Dore, Akio e Scarlet são gêmeas e tem 35.

— Uau, uma família grande. – sussurrou – E problemática. – concordei.

— Você não imagina o quanto. – ri baixo e me espreguicei fechando os olhos sentindo o sol queimar minha pele.

— Como é ser a esposa de Niklaus? – me questionou rindo – Tem muitos acessos de raiva?

Ah se ela soubesse que quem sofria era ele. Cosmo se jogou em cima de mim quase me esmagando e eu mexi em sua cabeça.

— A mesma coisa que namorar com ele, mas as provocações são mais constantes que o normal. Devo admitir, é muito divertido. – sorri para o céu – Niklaus perde o juízo a cada dia que passa.

— Achei que ele já não tivesse nenhum. – resmungou baixo.

— A gente sempre se engana a respeito dele. – murmurei.

Niklaus sempre me surpreendia.

~º~

— Sou Phoebe. – a loira me olhou sorrindo e se aproximou me dando um abraço apertado que quase me sufocou – Elliot me falou muito sobre você. – percebi que ela tinha um sotaque francês.

— Oh sim, Gaspar comentou um pouco sobre você. – deixei claro que não sabia muita coisa sobre ela.

Elliot pegou as malas dela e começamos a sair do aeroporto, a analisei bem e ela sorriu para mim. Phoebe era excessivamente delicada, loira dos olhos tão verdes quanto poderia ter e ela era super branquela. Muito parecida com Gaspar. Ela usava um vestido azul bebê e um salto branco, fora o sobretudo bege. A personalidade dela me lembrava a de Caroline em uma mistura com a de Elena, Caroline a odiaria. Eu tenho certeza.

— Está gostando de morar com Gaspar?- a olhei com a sobrancelha arqueada, parece que Elliot não disse muita coisa sobre mim.

Entramos no carro e ela ficou no banco do meio enquanto eu me sentava no do passageiro ao lado de Elliot. O olhei atentamente vendo ele ligar o carro de maneira impaciente e previ que merdas seriam feitas

— Não estou morando com ele. – avisei – Sou casada, moro com meu esposo.

Ela me olhou com a testa franzida.

— É uma novidade para mim, a maioria de nós sempre abandona tudo quando entra nesse mundo.

Talvez Elliot não tivesse prestando atenção em nada do que havia ocorrido na minha vida. Tenho fortes suspeitas de que ele tenha dormido por boa parte do tempo, como ele seria um médico sendo tão desatento? Sinceramente acho que será um tipo de milagre se ele se formar.

— Meu esposo é um híbrido. – ela me olhou confusa – Niklaus Mikaelson. – ela arregalou os olhos.

— Você é a rainha louca de que todos estão comentando?

— Que todos? Eu louca? – absurdo, eu sou louca quando quero, e só sou louca quando me contrariam.

Coisa que acontece o tempo todo, talvez seja hora de procurar um psiquiatra.

— Ela é sim. – Elliot confirmou acelerando o carro.

— Ponto para a sociedade opressora. – ironizei olhando para fora.

— Bem eu estou surpresa, admito que orgulhosa e feliz também.- vi ela sorrir discretamente – É bom ver que alguns de nós não perderam completamente suas vidas, fico feliz por você Sage.

Como ela conseguia ser tão normal? Estava me dando náuseas.

E então aconteceu, só aconteceu o esperado. O carro capotou e Phoebe gritou em desespero quando começamos rolar serra abaixo, meu banco soltou e eu atravessei o vidro junto dela enquanto Elliot continuava no carro. Olhei para o lado vendo Phoebe inflar de ódio e gritar.

— Elliot seu filho de uma puta aquela mala era nova! – berrou vendo o carro pegar fofo, ela ergueu a mão e as chamas cessaram imediatamente, mas o carro caiu no lago.

Segundos depois Elliot estava ao nosso lado nos olhando sorrindo. Observamos o carro ir rio abaixo e eu fiz uma careta vendo o quão ridículo isso era, perdi o meu celular. De novo. Bufamos e Phoebe o socou com força enquanto eu subia em direção a estrada, olhei meus braços vendo os cortes extensos e decidi dar de ombros, poderia ter sido pior.

— Mas que inferno. – a loira gritou descontrolado – Que inferno de lugar é esse que nós viemos parar! – gritou fazendo sua voz ecoar pela floresta – Nós estávamos saindo de New Orleans!

Chegamos na estrada e olhamos ao redor vindo que estava completamente vazia, ela nos olhou cruzando o braços.

— Eu posso correr e pegar um carro, mas estou de mal humor. – se virou para a rua vendo que vinha uma van.

A van parou e o caminhoneiro desceu dela vindo em nossa direção, Phoebe o agarrou e enfiou o dentes no pescoço dele, assim que drenou seu sangue ela quebrou o pescoço e entrou na van e nós entramos em seguida.

— Para casa. – cantarolou e eu fechei os olhos, por favor.

Socorro Nik. E ajuda por favor. Pedi mentalmente quando ela começou a correr com o carro, pedi internamente que ela fosse piloto ou algo assim, eu não queria morrer, de novo.

— O que faz da vida Phoebe? – questionei.

— Sou estilista e participo de corridas nas horas vagas.

— Ilegais. – Elliot frisou sem realmente se importar, e bem, isso me aliviou um pouco mais.

Phoebe realmente corria como uma maluca, mas ela não chegou a entrar diretamente na cidade, ela a rodeou por fora e parou em uma loja extremamente elegante, a olhei sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo ali. Descemos e despreocupadamente ela foi em direção a entrada, a seguimos de perto e vi que as funcionárias nos encaravam com assombro a medida que avançávamos, Phoebe parou perto do balcão e abriu um sorriso. A olhei de cima a baixo vendo que ela estava completamente suja de terra, com pequenas manchas de sangue pelo corpo e dezenas de folhas nos cabelos, eu não deveria estar muito diferente. Cruzei os braços.

— Eu liguei ontem e encomendei uma torta. – falou com a funcionária – Está no nome de Phoebe Resh.

— Vocês sofreram um acidente? – uma mulher se aproximou e logo se afastou quando eu a olhei com uma careta.

— Sim claro, precisa que eu ligue para alguém? – a funcionária que a atendia nos olhava com assombro.

— Não, está tudo bem. Roubamos um caminhão e já estamos indo para casa. – a olhei com assombro e ela apenas sorriu para elas – Estou com sede.

Phoebe simplesmente quebrou o pescoço de todas as funcionárias, me encostei na parede e observei ela drenar o sangue das pessoas no local e olhei para Elliot que simplesmente encarava tudo, assim como eu ele ainda estava em transição e não poderia fazer algo comparado a Phoebe. Demos de ombros e a loira pegou a torta e colocou fogo no local e no caminhão enquanto nos puxava em direção a cidade.

— Vamos voltar andando?- Elliot questionou com as mãos nos bolsos.

— Você quer que andemos por ai com um caminhão de um homem morto que a essa altura já deve ter sido achado?- questionei e ela apenas acenou com a cabeça me apoiando – Elliot.

— Sim Sage. – enrosquei seu braço.

— É melhor você calar a boca.


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