Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 53
Não pertube




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Me remexi inquieta com a cabeça no colo de Niklaus, esperava pacientemente que Eliza, Oliver e os gêmeos chegassem. Estávamos na mansão de Niklaus que estava estranhamente silenciosa mesmo que houvesse muita gente no local, Finn e Sage maldita estavam em uma casa mais afastada e eu agradecia diariamente por isso assim não precisava ver a cara de bosta dos dois me olhando como se eu fosse a intrusa da família. Elena estava aos meus pés ao lado de Caroline, eu podia ouvir Damon e Stefan conversando com Bonnie e Davina na cozinha, Kol andava de um lado para o outro completamente entediado e Elijah estava com Hayley e Rebekah no apartamento que a morena dividia com Davina e Alaric.

— Se acalme amor, ela logo deve estar chegando. Não fique nervosa atoa. – suspirei.

— Eu sei Nik, mas eu não sei se quero continuar ouvindo a verdade, a ficha não está caindo.

— Nós estaremos aqui, sentimos muito por não ter vindo durante o elo. – Elena pediu.

— Aquilo não era nada comparado ao que vai acontecer agora, eu estou com tanto medo. Minha vida é uma mentira completa.

— Está em uma disputa acirrada com Hayley no quesito vida de merda. – olhei chocada para Caroline.

— Que coisa horrível Care. – ri e ouvi Katherine em uma discussão acalorada com Natalie – Alguém separe aquelas duas por favor.

— Briga de amizade não mata, espero que Katherine leve uma surra. – ri de Elena e Caroline a olhou em choque.

— Eu acho que você está passando muito tempo com a família da Sage.

— Onde está Ibis? – Elena questionou.

— Minha querida sogra voltou ao mundo dos mortos para vigiar o portal, logo ela deve voltar. Disse que é mais fácil acumular poder estando aqui fora do que lá dentro. – Klaus explicou impaciente, ele já estava nervoso com a minha impaciência.

A campainha tocou e eu me sentei ereta enquanto Niklaus ia abrir a porta, respirei fundo e me concentrei em me manter calma sentindo todo o meu corpo arrepiar.

— Sou Niklaus Mikaelson, noivo de Sage. – o loiro se apresentou.

— Cara a Sage vai mesmo casar com você? Ela enlouqueceu? Ai vó. – reclamou e eu ouvi mais alguns estalos, provavelmente ela havia batido nele.

— Não me fala passar vergonha em plena manhã Oliver, por favor. Eu não deixei de receber massagem nos pés para aguentar a sua chatice. Olá senhor Mikaelson, eu sou Eliza Verona. – provavelmente ela sorria.

— Sou Blayk. – bufei.

— Victória. – ouvi a voz da debochada – É um prazer senhor Mikaelson. – usou uma voz de flerte e eu evitei rolar os olhos.

— Entrem, Sage está os esperando. – ouvi os passos deles vindo em minha direção.

— Oh Sage, você está linda. Seus olhos estão tão bonitos e cortou o cabelo. – ela se aproximou e eu me levantei ficando completamente parada – Me de um abraço.

A abracei suavemente e me afastei indo até Oliver e o abraçando com força, ele escondeu o rosto em meus cabelos e aspirou enquanto me apertava com força.

— Oi irmã. – sussurrou – Eu disse que viria, apesar de não entender nada do que está acontecendo.

— Vamos descobrir juntos. – o puxei sentando com ele ao meu lado e Niklaus se encostou na parede que dava em direção ao corredor.

— Como sei que meu irmão não é muito simpático  e tão educado quanto eu... gostariam de algo para beber ou comer? – Kol surgiu com um sorriso malicioso e Oliver o olhou um pouco amedrontado.

— Não mocinho, muito obrigada. – os quatro se apresentaram e Kol sumiu.

— Oliver já sabe da real história?  E por favor Eliza... Não me esconda nada, eu preciso saber de tudo. Quem eu realmente sou e por que essas coisas aconteceram comigo. O quanto você sabe?

— Eu sei de muita coisa. – ela mudou completamente o tom de voz e vi seus olhos ganharem um brilho amarelado, ouvi minhas amigas ofegarem assim como Oliver – Você sempre esteve envolvida em um mundo sobrenatural, a sua mãe Isobel acreditava que você ficaria protegida se estivesse camuflada por lobisomens, na época em que nasceu ninguém tentava transformar híbridos da maneira com que Klaus faz, era mais do que comum a rivalidade entre lobisomens e vampiros, por isso ela acreditou que se te colocasse em uma casa com Lobisomens não haveriam problemas.

— E por que ela realmente fez isso? – Oliver apertou minha mão ainda confuso.

— Pra te tirar do seu pai verdadeiro. Ela teve uma conversa breve com minha filha, a sua mãe adotiva. Explicou que você era um caso raro, filha de bruxos que haviam sido implantada em seu útero. Isobel ficou assustada que você tenha evoluído tanto quanto o bebe que ela carregava no ventre, ela tinha medo que isso chamasse atenção de pessoas erradas para sua filha verdadeira... mesmo que ela soubesse que o pai biológico estivesse apenas interessado em uma delas, Isobel não tinha certeza se Elena havia sido afetada. Então ela as separou.

— Por que ela me aceitou?

— Ela sempre teve um coração enorme Sage, ela jamais deixaria você desamparada. Isobel estava viajando pela Itália tentando se esconder de Gaspar quando acabou tendo vocês duas, foi Nara quem fez o parto. Sinceramente ela nem sabia qual era a filha verdadeira. Por isso ela separou as duas e desapareceu cortando contato, para que nunca fossem encontradas por ninguém- ela me olhou atentamente.

— Sage não é minha irmã?

— Vejo por outro ponto de vista. – Eliza pediu – Vocês se amam muito, sempre se ajudaram... Sage é sua irmã Oliver, independente de qualquer coisa ela sempre será.

Olhei os dois gêmeos vendo que eles pareciam completamente a vontade.

— Misael sabia? – a olhei duramente e ela me retribuiu com um olhar carinhoso.

— Não sei, Nara conseguiu esconder dele, mas era meio óbvio que você não era filha dela. Você era bem menor que Oliver, quando nasceu Misael estava a um mês de viagem então não pode acompanhar o parto. Nara achava que você seria aceita se fosse desse jeito, ela não queria te dar para outra pessoa.

— Antes tivesse dado, por que eu não fui aceita Liz. – meus olhos se encheram de lágrimas – E Oliver pagou por minha culpa.

— Você um dia a perdoaria se tivesse sido abandonada por ela? Será que um dia entenderia isso? Você é assim hoje Sage, graças ao que te forçou a ser desse jeito. Você pode ser louca, mas sempre foi bem estruturada. Eu sei que não foi fácil, eu imagino que deve ser doloroso apesar de ninguém nunca ter me contado nada sobre o assunto, mas você está aqui hoje vivendo... e montando um império e provavelmente todos que estão do seu lado estarão mais seguros do que qualquer pessoa pois você sabe o valor de uma vida, você sabe o valor de ter alguém do lado.

Pensei por um breve momento, não compensava tanto assim.

— Ela morreu, seu marido morreu... para me proteger.

— Sage não é nada disso... É um bem maior, hoje nós sabemos que valeu a pena. – Oliver se remexia irritado ao meu lado com a mão na cabeça tentando compreender a situação.

— Eles sabiam? – apontei para os gêmeos vendo que não estava com uma expressão nada boa.

— Sim, sabiam disso. – Victoria parecia despertar de um transe aos poucos me encarando em fúria.

— Valeu a pena? Valeu a pena? – ela se levantou tremendo – A minha mãe está morta! – Blayk tentou a puxar para baixo enquanto eu a encarava ainda em choque – Por sua culpa o meu pai e a minha mãe estão mortos! Por sua culpa, por sua maldita culpa eu nunca tive uma vida normal! Por sua culpa eu passei por tudo aquilo. – as lágrimas caiam de forma desenfreada pelo meu rosto – Você deveria ter morrido!

Ouvi um estrondo e Damon apareceu na sala sendo segurado por Stefan, Oliver se levantou imediatamente e Niklaus o acompanhou com os olhos friamente lançando um olhar gélido em direção a Victória.

— Cala a sua maldita boca sua pirralha mimada de merda. Ele nunca encostou uma única vez em você, eu passei anos levando uma maldita surra daquele desgraçado e não foi por culpa da Sage, foi por que ele era um tremendo de um doente que só estava interessado no dinheiro da nossa mãe. Agradeça...

— Eu não vou agradecer absolutamente nada, se ela nunca tivesse existido ele nunca teria se tornado aquilo com a gente! Eu não teria me mudado pra outro pais e então teria uma vida normal! – Blayk a segurava com força.

Me levantei e senti os braços de Caroline a minha volta enquanto Elena parava em minha frente, vi Damon pegar uma garrafa de bebida e a segurar com força enquanto Stefan olhava Victoria com os braços cruzados. Katherine surgiu se encostando na parede do lado contrario a Niklaus e encarou minha irmã friamente. Eu estava sendo acolhida, protegida pela minha verdadeira família, e eu tive certeza que aquela guerra valeria muito.

— Deixa de ser burra sua imbecil! – Oliver gritou – Não finja que se importa com isso, pois você nunca ligou para disso, a sua vida sempre foi ficar cercada de futilidades, isso substituía tudo uma mãe, um pai e irmãos pra você. Agradeça e agradeça muito por Sage nunca ter deixado ele encostar em  um único fio de cabelo seu, agradeça por Sage ter surgido ou a essa altura você poderia ser uma prostituta ou um cadáver. Jamais ouse falar mal da minha irmã na minha frente! Ela deu sangue por vocês e continua dando até hoje, e provavelmente vai morrer para manter vocês vivos. Eu não sei o que ela está fazendo aqui, mas eu acredito que envolve a vida de todos nós... ou ela nunca teria concordado com isso. Ela nunca teria vindo se sacrificar dessa forma ficando longe da família sem saber se estávamos bem ou não, eu conheço minha irmã melhor do que ninguém.

Victória solução e nos lançou um olhar irritado. E então ele avançou contra Oliver e Blayk tentou a segurar, Niklaus imediatamente se intrometeu e segurou o braço dela dando um olhar duro.

— Sage pode não estar aqui no momento, então quem está assumindo o controle dessa briga familiar sou eu. Se comporte dentro de minha casa e não encoste em nenhum dos meus familiares ou eu irei te matar arrancando membro por membro... estamos entendidos? – sua voz saiu cortante e ela se encolheu confirmando com um aceno.

— Sage jamais terá uma família completamente normal, 3 família e uma mais problemática que a outra. – Kol saiu resmungando em direção a cozinha.

— Então eu sou...

— Filho de Nara. – Eliza concluiu o questionamento de Oliver e se levantou vindo em minha direção – Sage nós te amamos muito, jamais duvide disso por favor... nós realmente te amamos e eu acredito que Nara te amou como se você fosse a filha dela. Infelizmente tudo começou e acabou de um modo errado, mas olha o que você se tornou... uma rainha que está lutando pelo seu povo, com a mesmo intensidade com que seus amigos lutaram por você. – se aproximou sussurrando – Eu só tenho um último pedido para te fazer Sage.

— Sim vó. – acenei com a cabeça e ela segurou minhas mãos.

— Não deixe que ele se transforme, eu sei que o quer por perto, mas ser um lobisomem pode ser doloroso demais para ele. Oliver é forte, mas só como humano... ele não está preparado para isso, nem Blayk e nem Victoria.

— Entendi.

— Deixe que ele tenha uma vida normal Sage, não o transforme em híbrido.

— Não irei, eu cuidarei dele. – ela sorriu para mim.

— Ótimo, vamos... me leve ao aeroporto por favor eu estou louca para ir para casa, essa cidade de arruaceiros está me enlouquecendo. – Niklaus riu quando ela passou a descer as escadas correndo praticamente saltitando dentro de seu terninho azul – Vamos Sage.

— Qual a pressa Eliza? – ri descendo as escadas e pegando a chave da mão de Nik – Não quer ficar mais?

— Sage eu estou aqui a dois dias nesse inferno.

— E por que caralhos eu só fui saber disso agora? – ela me olhou com uma careta.

— Não te devo satisfação de nada, mas como estou empolgada eu digo. Fiquei os dois dias encomendando vestidos, sapatos e pratarias para a minha casa. – falou agitada e eu virei para trás vendo Oliver.

— Vou com Damon e Stefan. – ele avisou indo para o carro de Elijah.

Dei de ombros e entrei dentro do carro assumindo o volante, Blayk e Victoria se sentaram no banco de trás. Eliza se sentou ao meu lado com um suspiro e acenou para Niklaus que acenou de volta enquanto entrava em casa rindo.

— Esse seu noivo é bem gostoso Sage, por favor, assim você me orgulha. – abanou as mãos rindo.

— Oh sim. Orgulho. – ri baixo.

— Deve estar sendo difícil para Oliver admitir que é um lobisomem. – Blayk sussurrou.

— Ele ainda não é um, e não será. – acelerei em direção a estrada.

— Tantos segredos. – resmunguei ainda sentido o aperto no peito, querendo ou não Victoria estava certa.

Eu havia matado sua mãe.

— É o mundo sobrenatural minha querida. – Eliza começou a passar a maquiagem.

— Sim.

— Você odeia Nara? – Victoria perguntou e eu temi que ela começasse outra briga, eu jogaria o carro contra a árvore.

— Claro que não.

— Eu também não odeio você. – sussurrou baixo.

— Ninguém se odeia aqui. – Blayk se agitou incomodado – Eu queria ter tido mais tempo com você Sage, mas também não gostei dessa cidade. Tem um pessoa vestido muito estranho.

Me engasguei com uma risada e voltei a prestar atenção na rua enquanto dirigia tranquilamente, olhei a pista molhada e balancei a cabeça para retirar o cabelo do meu olho.

— Deveria cortar mais, conselho de uma avó. – olhei para Eliza que já começava a pintar as unhas dentro do carro.

— Eliza abre a merda da janela esse cheiro está insuportável. – briguei com ela.

— Olha lá como você fala comigo sua merda, ainda sou eu que mando aqui. – ri e ela abriu a janela e pegou minha jaqueta no banco de trás a jogando pra fora do carro – Porcaria feia, parece roupa de marginal.

Evitei a xingar e ri baixo.

— Como sabia que eu era rainha?

— Não é oficialmente, só pra te lembrar. Ouvi comentários, esses vampiros daqui não são nada discretos. Você já viu o castelo que Klaus está fazendo? Eu fui lá de taxi só pra ver, não tem como não ver aquela coisa imensa, é lindo demais.

— Eu ainda não vi.

— Deixa de ser boba. Faça seu casamento lá! É lindo, eu adoraria ver. Só morro depois que ver. – abanou as mãos.

— Tudo bem. – ri.

— Agora muda essa merda de música. – se inclinou.

Encarei o imenso caminhão que vinha correndo pela pista contrária e acelerei um pouco mais ao ver que o carro de Elijah estava bem próximo ao meu. Joguei o carro para o lado fugindo do caminhão que deslizou pela pista e tombou, tentei escapar, mas a carroceria nos atingiu com força lançando o carro para longe.  Os cintos estouraram com a força e nossos corpos foram lançados para fora, me levantei rapidamente sentindo uma fisgada em meu abdômen e gritei ao ver Blayk jogado no chão com pescoço quebrado.

— Não... não... – cai no chão e olhei para baixo vendo a enorme ferragem atravessando meu corpo – Blayk... Blayk não .... – vomitei uma boa quantidade de sangue enquanto engatinhava até o corpo mais próximo que era o de Eliza que ainda respirava com um buraco imenso no peito.

— Você sempre vai ser uma merda dirigindo Sage, mas isso não foi culpa sua. Nem pense... em encher... sua cabeça de coisas... – ri enquanto chorava.

— Stefan já deve estar vindo. – vi que o caminhão ainda deslizava pela pista.

— Ah eu estou cansada disso, eu já vivi tempo demais... – sua boca se encheu de sangue, se engasgou com o líquido e virou a cabeça para o lado – Case no castelo. – ela esticou o braço tocando meu rosto e o manchando com seu sangue – Eu... te amo minha querida.

Solucei sentindo uma dor excruciante atingir meu abdômen, engasguei com meu próprio sangue e puxei o corpo de Blayk para perto do meu tocando seu rosto. Eliza engasgou uma ultima vez em meu colo e morreu encarando o céu com seus imensos olhos azuis que nunca voltariam a brilhar. Gritei e senti os braços de Stefan rodearem meu corpo, Oliver se ajoelhou ao meu lado e me apertou com força enquanto Damon foi até Victoria que eu só localizei graças a ele, pude ver ele rasgar o pulso, mas ela segurou o braço dele.

— Eu não... não quero... ser um monstro... a Sage... sinto... a Sage. – ela tombou a cabeça para o meu lado e me olhou – Desculpe... eu realmente sinto... não era pra... acabar assim. – seus olhos ficaram vidrados em mim quando ela parou de respirar.

Damon agachou a minha frente se segurou meu queixo com força, neguei com a cabeça e ele se abaixou dando um beijo em minha testa enquanto eu aos poucos deixava a dor me dominar por completo.

~º~

Olhei a imensa árvore de natal com um sorriso e meu avô me pegou no colo me erguendo até o topo dela onde eu encaixei a estrela. Sorri para Oliver em seus 8 anos e ele correu em minha direção quando fui colocada no chão e me deu um abraço apertado, sorri para Blayk e Victoria que se aproximavam de nós de banho recém tomado.

— Oi Se. – Blayk se agarrou em minhas pernas com força quase me derrubando – É natal.

— Vespé. – Victoria o corrigiu se aproximando de mim.

— Tudo bem crianças! Vamos lá! – Nara sorriu nos puxando para o sofá e nós sentamos enquanto Eliza se aproximava com uma câmera – Sorrisos por favor, essa foto vai parar na carteira do papai.

Fiz uma careta sabendo que ele não gostava de mim e nem de Oliver que apenas apertou minha mão tendo o mesmo pensamento que eu.

— A gente ama todo mundo. – Blayk gritou parecendo adivinhar nossos pensamentos – E ele ama todo mundo.

Nara se virou sorrindo para mim me encarando carinhosamente e apertando minha mão.

— É mais do que suficiente que eu ame por dois. – sorriu em nossa direção – Sempre tem espaço para mais um. – sorriu docemente – Nós somos assim Sage, leve isso consigo... nem sempre os laços de sangue são os mais fortes.

A olhei confusa sem entender nada do que ela falava e ajeitei o suéter novo que havia ganhado.

— Eu amo vocês. – ela sorriu com lágrimas nos olhos.

— Eu também amo você.

— Todos nós. – Oliver corrigiu.

Eliza tirou a foto e Nara se afastou de nós mexendo no celular com uma careta.

— Droga... O Misael disse que não vai ter tempo para ir comprar o vinho. É melhor eu ir logo.

— Eu vou com você. – meu avô se dispões imediatamente – Está tarde e perigoso demais.

Os dois concordaram com um aceno.

— Mamãe cuide das crianças por favor. – minha mãe pediu e deu um beijo em nossa testa saindo de casa – Amo vocês. – gritou.

— Até logo e não aprontem. – vovô fez o mesmo e isso nos surpreendeu, ele só fazia isso quando ia embora e sabia que ia demorar para nos ver.

A sensação foi estranha, ele fechou a porta lentamente e a ultima coisa que me lembro de ver foi Nara salta na neve e colocar a mão sobre o coração enquanto sorria para mim. Foi a ultima vez que a vi viva. Eu conhecia bem aquele sinal, ela sempre colocava a mão sobre o peito como forma de dizer “guardado no coração”.

2 horas depois o policial passava pela porta e se sentava de frente para nós, eu nunca absorvi nada do que ele disse, eu vi Eliza cair de joelhos enquanto chorava gritando. Eu vi Liz a mãe de Care passar pela porta e a consolar, eu vi Oliver me olhar com lágrimas nos olhos assim como os gêmeos e eu não precisei de palavras para entender nada.

Eles nos abraçaram como sempre faziam e passaram a chorar.

— Não vai embora. – Blayk nos apertava com força – Ninguém mais vai embora.

Eles só tinham 6 anos e já sabiam o que era a morte e pareciam entender mais do que eu. Minutos depois eles se acalmaram, mas pareciam tão dispersos quanto eu. Os policiais nos encaravam preocupados esperando alguma reação, e a única que veio foi de Victoria que se levantou do sofá e retirou a pequena pulseira infantil de seu braço.

— Mamãe disse que quando a gente quer muito que alguém viva pra sempre... temos que dar presentes pra ele...

— Que mostre que o ama.

Os olhos dela se encheram de lágrimas.

— Não morra nunca Sage, por favor.

— Prometa. – Blayk pediu.

— Não morrerei nunca. – fechei os olhos

~º~

Klaus tinha uma mão firme sobre meu ombro esquerdo e o apertava com força a medida que o velório prosseguia, me mantive o mais longe possível para não ouvir nada e foquei meus olhos em Oliver que era consolidado por Caroline e Stefan. Engoli o choro e escondi minha cabeça no peito de Nik e senti as mãos frias de Katherine segurarem meu braço com força, a olhei e ela deu um sorriso amargo se aproximando do imenso grupo que estava próximo dos três caixões.

— Por favor Nik me xinga.

— Isso não vai te fazer rir amor. – ele estava extremamente sério – Não ignore esse momento Sage, você precisa passar por isso para entender que já acabou.

Nik não estava sendo duro, ele estava sendo realista. Isso me impediria de viver em uma ilusão eterna que eu criaria para explicar a ausência dos três, eu nunca superaria isso. Eu posso não ter sido o exemplo de irmã mais próxima, mas eu os protegi com meu corpo e com a minha alma, eu não tinha remorsos, eu fiz o que pude para os deixar a salvo. E não me arrependo de absolutamente nada.

Damon acenou com a cabeça em minha direção e em passos vacilantes comecei a ir até o local sendo sempre amparada por Klaus e por incrível que parece por Rebekah que tinha os olhos vermelhos. Talvez ela tivesse se colocado em meu lugar por um momento, Kol deu um beijo em minha bochecha e se afastou ficando ao lado de Niklaus. Elijah colocou a mão em meu ombro e foi para o lado de Hayley que apenas acenou em minha direção, toquei o braço de Oliver e o apertei e ele apenas virou a cabeça levemente em minha direção.

— As ultimas coisas que eu disse pra ela....

— Ela sabe que você a ama, eu tenho certeza disso.

— Eu espero que sim.

— Você sabe que sim Oliver. – eu havia contado sobre meu poderes de bruxa e sobre Ibis.

— Ela os ama. – ouvi a voz da dita cuja e vi Oliver arregalar os olhos trocando olhares entre nós – Me senti na obrigação de vir dizer isso... Todos eles os amam e sabem como foi difícil a vida de vocês. – ela deu uma breve olhada em nós – E agradecem.

Elena se aproximou de mim passando os braços ao meu redor.

— Você ficou por mim... é a minha hora de ficar por você. – nos ajoelhamos na terra molhada vendo o primeiro caixão descer.

Era muito mais doloroso, encostei minha cabeça em seu ombro e segurei a pequena pulseira infantil com força, Victoria havia me dado e eu nunca havia me desfeito dela. Engoli um soluço e quebrei a pulseira a lançando dentro das covas. Só me restava os imortalizar em minha mente.

~º~

— Sage não faz isso. – Niklaus pediu arrancando as fotografias da minha mão e me tirando de perto da lareira.

— Eu não preciso disso para me lembrar deles. – resmunguei baixo e ele passou a mão em meu cabelo.

— Eu vou deixar isso aqui para meu filho ver, acho que muitas pessoas tem que aprender com você.

— O que seu filho pode aprender comigo Nik?

— A se sacrificar pela família. É a maior prova de amor que alguém pode dar. – fechou a caixa e a guardou na estante.

— Ei garota. – dei uma encarada feia para a outra Sage – Não me olhe assim que eu não te fiz nada, só quero dizer que sinto muito pela sua família.

Finn parou ao lado dela dando uma aceno com a cabeça concordando com a esposa, eu apenas dei de ombros e olhei para a parede.

— Obrigada. – agradeci e me joguei em cima de Niklaus dando um pequeno sorriso – Me trás um sorvete?

Ele riu e se afastou.

— Eu estou esperando ouvir isso a duas semanas, mas preferia te levar amor. Não fique tão trancada nessa casa Sage.

— Eu adoro aqui.

— Mentirosa. Fale isso para ele. – apontou para a armadura no canto da sala, me levantei em um salto e segui para fora da mansão Mikaelson – Efetivo. – debochou, era capaz de andar com a armadura grudada nas costas.

— Ai meu Deus Niklaus... – resmunguei irritada vendo que iriamos caminhando.

— Sage você nem se cansa mais, devido a pausa em sou loucura nessa ultima semana você evoluiu muito na transição.

— E na bruxaria.

— Se você acha que incendiar um prédio inteiro com uma cortina e um isqueiro é evolução... tenho que concordar. Eu não cursei psicologia, mas eu tenho a impressão de quem tem algo errado com você! – ele me encarou sério reprimindo uma risada ao me ver de cara feia, eu sabia muito bem que ele estava se esforçando para tentar me trazer de volta ao normal.

— Jura que é só comigo? Eu comecei a matar pessoas depois que te conheci... Deve existir realmente algo de errado comigo. – fiz uma careta para ele que apenas riu.

— Concordo. O problema vem todo de você. – dei um soco em seu braço e ele passou uma mão pela cintura – Onde está Oliver?

— Conhecendo a faculdade nova. Ele disse que logo estaria indo para casa, provavelmente já está. – franzi o cenho.

— Ele não gostou de New Orleans?

— Minha vó estava certa quando disse que Oliver não iria se dar bem no mundo sobrenatural, depois que ele descobriu que aqui está lotado de vampiros ele passou a andar com medo da própria sombra. Ontem mesmo ouvi um som horrível perto da confeitaria e quando fui ver era ele chorando com medo de ir pra casa no escuro.

Rimos e eu paralisei ao ver ele, Niklaus o encarou completamente irritado e o ambiente mudou completamente quando meus olhos cravaram em Misael. Vi Oliver se aproximar sorrateiramente em completa fúria e socar a cabeça dele com força, quando estavam prestes a iniciar uma briga eu retiro Oliver de perto de Misael ao ver a arma escondida sob sua blusa.

— Olha só... as informações estava certas mesmo, Sage pequena filhinha. – debochou – Fruto de uma outra pessoa. – sussurrou puxando a arma.

— Você sabia? – o olhei irritada, mesmo sabendo da verdade.

— Claro... coletei seu sangue logo depois da morte da mamãe... não se lembra? Eu te bati tanto que você sangrou por dias, era óbvio que tinha alguém manipulando os resultados. Que coisa feia sua pequena usurpadora.

— Não se arrepende de matar Nara? – questionei friamente.

— As vezes sim... o dinheiro foi todo para vocês que não podiam pegar até os dezoito e eu não podia nem se quer ver ele graças o testamento do seu avô. – eu vivia em um mudo sobrenatural, esse motivo para matar alguém me parecia algo tão tolo, tão imbecil.

— Você nos enganou por todos esses anos e me fez achar que a culpa era minha? Eu fiquei anos com um peso maldito na minha consciência quando eu era uma vítima sua. – grunhi me transformando e ele me olhou assustado tremendo enquanto me aproximava.

— Vá Sage. – Oliver me estimulou – Eu espero por isso a anos.

— Não o morda. – Klaus pediu.

Me aproximei dele como uma bala e quebrei seu braço o fazendo largar a arma que chutei para longe, ele me encarava completamente aterrorizado, da mesma forma que eu o encarei por vários anos.

— Que tipo de monstro você é? – ele sussurrou com a voz trêmula.

— O monstro que você criou. – falei de maneira sombria segurando seu rosto com força próximo ao meu – Por que estão tão assustado? Eu sou apenas o seu próprio reflexo, não gosta do que vê?

O lancei no chão com toda a minha força ouvindo um estalo alto, ele gritou e suas pernas amoleceram completamente.

— Ninguém quer te ouvir.

Enfiei a mão em sua boca arrancando sua mandíbula, eu me sentia uma sádica vendo ele desfalecer aos poucos enquanto agonizava. O olhei de cara feia, foi tão rápido e fácil, mas aplacou completamente a dor que eu vinha sentindo a anos. Ele não respirava mais e isso era o suficiente.


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