Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 3
Nem tudo merece ser dito




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Estavamos sentadas na varanda do quarto, Eliza como uma boa inglesa tomava uma xícara de chá enquanto eu bebia chocolate quente. Chovia bem forte no momento, o vento fazia com que pequenas gotas de água batessem contra nossas pernas, mas não nos incomodava. Puxei minhas pernas e as cruzei sobre a cadeira, as meias longas cobriam os hematomas.

– Minha querida. Quanto tempo não nos vemos. - me mandou um sorriso aquecedor enquanto eu engolia o bolo na garganta - Tem certeza que não quer ir conosco? Londres é linda. - falou com sotaque evidente enquanto cruzava as pernas.

– É algo que queremos fazer por nossa mãe.

– Pode fazer de lá. - abanou as mãos.

– Sei que posso começar uma vida lá. Mas gosto daqui, tenho amizades que eu não gostaria de deixar, nem de manter distância.

Suspirou colocando a xícara sobre a mesa.

– Oliver me contou de seu novo temperamento. - me olhou com cuidado - Eu não fiquei surpresa, na realidade isso é típico das mulheres da nossa família. É quase uma tradição que as mulheres da família tenham a fibra de um guerreiro, na realidade de mil guerreiros. Criamos vocês assim, espero que não deixe que essa frieza te consuma. Estou assustada, bastante. Você é muito jovem, para ser tão gelada. - apertou meu pulso direito - Não deixe ser dominada pelo vazio, ele pode ser mais doloroso que a raiva. Muito mais cruel. Seja fria quando necessário, nunca vi olhos tão angustiantes na minha vida. - respirou fundo ajeitando o cabelo loiro - Não deixe que te derrubem, mas não tema a vida e nem as emoções. É isso que torna tudo mais emocionante. -

Suspirei olhando a doce mulher, nem parecia estar tão doente. O sorriso doce era reconfortante, a pele limpa, com suaves rugas emoldoradas pelo cabelo loiro vibrante. Eliza parecia a propria rainha vestida em seu terninho rosa claro, com manias de uma verdadeira senhora da realeza.

– Somente se cuide. Eu cuidarei dos dois meninos. E não tenha pressa para ajeitar tudo, eles podem ficar o tempo que quiserem. Até o fim de suas vidas, e você e seu irmão serão sempre bem vindos em minha casa. Nossa casa. - comentou animada e logo me olhou desconfiada - Sinto que escondem algo muito grave de mim.

– O que a senhora tinha que saber já sabe. E já está nos ajudando em absolutamente tudo vovó. - me levantei e ela me acompanhou - Você fez o máximo que poderia fazer. Eu vou te poupar dessa outra dor, vou entrar com uma ação judicial contra ele. Você ainda é jovem, mas tem que cuidar bem da sua saúde. Avisarei e você receberá a notícia de que tudo deu certo.

– Dinheiro não é problema para mim querida. Se precisar de algo, me avise imediatamente. - me permiti sorrir para ela.

– Eu espero poder resolver tudo o mais rápido possível, sei que Blake e Vic podem ser insuportáveis quando quiserem.

– Não se preocupe quanto a isso, estarei cuidando de vocês em qualquer lugar.

–-

– Bem. Aqui estão os papéis. Acho que Misael não será burro o suficiente a ponto de querer disputar a guarda deles comigo. Sei que ele iria arrumar um problema enorme com vocês caso os dois ficassem sob sua guarda. Então eu os levarei comigo, caso ele resolva interferir entrarei com a ação para pegar a guarda dos dois. Sei que estão deixando eles comigo apenas por prevenção. Mas se precisar, colocaremos juízes nisso. - piscou e eu assenti.

– Hã e quanto a casa? - Oliver perguntou.

–É sua. Sua mãe não era casada com Misael, então foi passada diretamente para vocês. Os documentos e a cópia estão aqui, a ordem de restrição também. A herança vocês sabem como prosseguir, acesso completo para vocês. Usem com sabedoria. - sorriu berevemente.

–Como resolveu tudo tão rapido? - Blake questionou se agarrando ao braço dela.

– Vantagens de ser milionária. - abriu um sorriso malicioso enquanto se aproximava de mim e me abraçava - Me ligue sempre. - sussurrou.

– Eu te amo vovó. - sussurei engolindo o choro.

– Eu também meu amor, independente de qualquer coisa.

–-

– Não acha estranho isso? -apontei para o céu.

–Sim. - olhou a nuvem roxa que se aproximava rapidamente - Não é nem comum chover assim em Mystic Falls.

– Tsc. - fiz o som com a boca e pisquei olhando para a rua.

– Vou surtar. - Oliver avisou parando o carro - Já vai se preparando, eu preciso socar alguma coisa para depois ir atrás de Misael.

Mas hein?

– Oliver...

Saiu do carro. Senti o celular vibrar e logo atendi a ligação de Care.

– Hey loira. - saudei.

Olá morena. Como foi? Já estão vindo?– perguntou eufórica.

– Sim. Tudo nos conformes. - falei lentamente.

Hum... Sage. Não foi por isso que te ligamos. Ele está voltando. E prgou um atalho. Acabei de falar com a minha mãe. Vai chegar hoje.

– Entendo Care. Nós vamos chegar a noite.

Estaremos lá.

– Aconteceu algo de bom enquanto estive fora? - perguntei curiosa.

Na realidade aconteceu sim. Stefan descobriu que Elena está com Damon, eu esperava um reação pior, mas ele resolveu aceitar sem problemas.

– Você esperava que ele batesse em Damon. - tenho certeza.

E quem não pode sonhar hoje em dia? Pare de me julgar.

Antes que eu pudesse falar alguma coisa uma pancada na porta do meu lado me fez gritar de susto enquanto Oliver gritava de raiva e socava a porta do carro de Damon. Damon vai arrancar pedaços do meu corpo, com toda certeza.

O que foi isso? Estão com problemas?– ignorei Caroline.

– Oliver vamos logo. Ele está voltando. - coloquei a cabeça para fora e olhei o carro procurando alguma amassado - Se tivesse amassado, Damon iria concertar com a sua cabeça.

SAGE.– bufei colocando o celular na orelha - O que foi?

– Oliver surtou. Apenas. Estamos voltando. Obrigada Care. - encerrei a chamada.

Oliver se recompos, mas um brilho sádico estava em seu olhar enquanto ele dirigia em silêncio. Eu sabia muito bem que o surto ainda não havia acabado. Na realidade os nossos acessos de fúria sempre se intensificavam quando descontávamos em alguma coisa, vai entender não é?

Era 19:00 horas quando saimos do carro e entramos na casa, ambos com um sorriso malicioso. Misael dormia tranquilamente no sofá rodeado de garrafas de cerveja, subi até o quarto e juntei todas as suas coisas em uma mala. Desci e joguei a mala no chão ao lado de seu corpo provocando um estrondo.

– Boa noite papai. - juntei as mãos na frente do corpo.

– Hum? - olhou a mala se levantando com dificuldade.

Entreguei o papel para ele que leu rapidamente bufando.

– Essa sua avó é louca. Despejo da casa da filhinha dela. Vamos. - falou com desprezo pegando a mala.

– Não. Loucos fomos nós que pedimos isso para ela. Aliás, ordem de restrição. - entreguei outro papel.

– Não acredito que estão tramando isso contra seu próprio pai. - pegou os papeis.

– Acredite. Eu já acredito que você foi capaz de fazer todo aquele estrago em nossas vidas.

Ele leu, resmungou e se virou lançando uma garrafa em nossa direção. Desviei com dificuldade e me lancei contra seu corpo chutando a barriga com força, usei uma das garrafas para bater em seu rosto o desnorteando. Misael cambaleou e tirou a garrafa de minha mão a quebrendo eu meu rosto.

Senti minha testa queimar enquanto uma grande quantidade de sangue se espalhava pelo chão, tentei levantar o rosto, mas ele pendeu para frente. Os sons da briga entre Oliver e Misael desapareceram e o único som que eu ouvia era um zumbido alto que me desnorteava mais ainda, ignorando a tontura me levantei com dificuldade, abri os olhos e me dirigi para a porta a tempo de ver Misael cambalear para fora de casa e bater no retrovisor do carro de Damon o fazendo despencar. Senti uma dorzinha no coração, já que né? Vai sobrar pra alguém. Misael entrou em sua caminhonete e desapareceu no exato momento em que o carro de Caroline aparecia na esquina.

Quem fez isso no meu carro?– Damon foi cutucado por Caroline.

– Misael.

O moreno fez uma careta e quase foi atrás do homem, mas olhou para mim e bufou enquanto fazia uma careta.

– Vem. - me pegou pela mão e me arrastou até o banheiro.

Damon pegou a caxinha de primeiros socorros e passou um algodão molhado em minha testa, fechei levemente o olho direito sentindo uma ardência leve. Ele começou a dar pontos em minha testa e acredite, até que não doia tanto assim, era apenas um leve incômodo, eu já havia sentindo coisa muito pior do que isso. E ei... Damon é bonito. Dá vontade de morder.

Seus olhos azuis se fixaram nos meus brevemente quase que adivinhando meu pensamento sujo, e logo depois voltaram-se para minha testa.

– Por que Stefan não podia entrar? - perguntei.

– Ele tem alguns problemas com sangue. - bufou.

– E você saber dar pontos desde quando? - questionei.

– Aprendi. Stefan era um bagunceiro. - o moreno sorriu malicioso.

– OK. Desculpe pelo carro. - Damon parou de dar os pontos enquanto eu respirava aliviada.

– Sem problemas, eu vou dar uma surra nele por isso. Mas isso aqui, é por ter deixado ele te acertar. - Damon espremeu o algodão cheio de alcool na minha testa.

A queimação me fez dar um soco em sua cara que só o fez rir mais ainda. Empurrei ele para fora do banheiro e tratei de tomar logo um banho rápido, limpei o rosto com cuidado e fui para o espelho olhando os pontos.

" O babaca sabe o que faz" pensei enquanto olhava para os azuleijos. Burra, esqueci as roupas.

Uma batida na porta soou e eu coloquei apenas a cabeça para fora, Stefan esticava uma calça e uma blusa vermelha para mim. Peguei imediatamente e vesti, logo saindo do banheiro.

– Eu sabai que iria esquecer. - revirou os olhos - É bem típico de pessoas que tem alguns miolos a menos.

– Stefan não me repreenda. Você é muito mala.

– Eu? Tem certeza disso? - cruzou os braços rindo da minha feição irritada.

– Tsc. - o deixei no corredor e logo ele me seguia. - O que perdi?

– Você tem uma outra loira para acalmar. - apontou em direção a porta onde Rebekah estava me olhando com uma sobrancelha erguida.

Pelo visto não será hoje que terei descanso.

– Deveria ter nos esperado. - bufou cruzando os braços.

– E onde é que vocês estavam que era tão longe a ponto de eu chegar aqui antes?

– Uma boa desculpa é que...

– Não há uma desculpa. Caroline estava arrumando o cabelo - Elena riu quando viu a expressão de surpresa no rosto da loira.

– Elena não seja falsa.

– Não estou sendo. - ergueu as mãos.

Dei uma olhada geral na casa me perdendo em meus pensamentos. Cara isso aqui está um lixo, havia sangue e pedaços de vidro e cerveja espalhados por toda a casa. Parecia um bordel de esquina, balancei a cabeça e voltei meu foco para ele.

– Ele está de volta, chegou de New Orleans ontem.

– Não acredito. - Caroline sussurrou achando que eu não escutava.

– Acredite.

– Bem... o bom filho a casa torna - Damon ironizou.

Hum... quem seria esse meu novo colega tão esperado?


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Notas finais do capítulo

Ei, Nik já está chegando!!



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