Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 2
Aniversário? E eu ligo?




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Acordei sentindo fortes dores pelo corpo, definitivamente hoje eu não iria para o colégio. Me levantei sentindo cada pedaço do meu corpo doer e agradeci imensamente por Misael estar trabalhando, sua presença assustadora não me incomodaria nesse dia em especial, já me bastava os cortes e os hematomas que queimavam em minha pele.

Tomei um banho rápido e prendi meus longos cabelos em um rabo de cavalo, coloquei uma blusa de frio grande, um short e desci para o andar de baixo logo indo em direção a cozinha. Blake, Victória e Oliver estavam com feições irritadas enquanto devoravam o café da manhã.

Blake e Victória eram meus irmãos mais novos, gêmeos assim como eu e Oliver. Todos nós possuíamos uma personalidade diferente, que algumas vezes confundiam as pessoas, pois a maioria imaginava que como irmãos deveríamos ter personalidades iguais. Os mais novos eram gentis, carinhosos, companheiros, quietos, porém fúteis e covardes. Oliver já era amoroso, fiel, preocupado, corajoso. Eu? Bem, eu sou tudo de bom e de mal e mais um pouco. Alguém tem que ser a maçã podre.

– Liguei para Eliza. - a voz de Oliver nos despertou, paramos de comer imediatamente.

– Era o número certo? - perguntei com a expressão neutra, eu esperava que sim.

– Sim. - o loiro me olhou.

– Ótimo. - suspirei.

Eliza era a nossa avó materna, com a qual perdemos contato depois do falecimento de nossa mãe e avô. A dois anos estávamos tentando encontrar a mulher e com muita dificuldade finalmente conseguimos. Eliza seria responsável por tirar Blake e Victória das mãos de Misael. Era o que eu esperava.

– Ela concordou? - Blake perguntou sorrindo esperançoso.

– Sim. Misael fará uma entrega longa, irá durar cerca de quatro dias, é o suficiente para voltarmos e ajeitarmos tudo. - remexeu sua comida.

Lidar com nosso pai não seria fácil. Nossa mãe havia falecido a cerca de 9 anos atrás em um acidente de carro junto com nossa avô, desde então Misael que antes escondia as agressões que fazia contra nós, passou a pratica-las abertamente. Certo de que nunca iriamos tentar fugir ou abrir a boca para a policia. O que ele não contava era que iriamos além. Eu e Oliver estávamos prestes a fazer 18 anos e logo toda a herança viria para nossas mãos, assim poderíamos finalmente limpar o nome de nossa mãe e acabar com Misael. Enquanto Blake e Victória ficariam sob custódia de minha avó, por segurança. O motivo de ela não tentar lutar pelos próprios netos e pelo nome da filha? Ela não sabia dos abusos. Iria acolher os netos mais novos com a desculpa de que Misael não era um homem bom, passávamos fome e estava agressivo. Não que isso fosse mentira, mas poupamos detalhes. Ela tem o coração fraco.

Meu telefone tocou de forma estridente me assustando, bufei e o peguei.

– Oi? - atendi esperando a identificação do infeliz.

Isso é forma de se atender um melhor amigo?– a voz soou divertida.

– Desde quando você está nesse posto? - brinquei com Stefan.

Uou, desculpe. Estou descendo do pódio. Onde está? riu.

– Em casa ilustre Salvatore. - sarcasmo né?

Vejo que hoje a fera será deixada em nossas mãos. - se referiu a Caroline.

– Ela sempre esteve em suas garras. - bufou.

Vai demorar muito para vir?

– Hã? Nem vou. Tchau Tefinho. - revirei os olhos encerrando a chamada.

Era bom desconversar, era muito provável que ele viesse me buscar, quanto menos informações melhor. Eu não estava com humor para lidar com Caroline.

Voltamos a comer quando uma batida na porta nos interrompeu, com um bufo me levantei e abri a porta com força fazendo ela bater na parede e voltar a se fechar, mas antes pude ver Stefan emburrado. Abri a porta novamente, mas dessa vez com cuidado e deu meu sorrisinho cínico de sempre.

– Vim passar o dia com você. - passou por mim e seguiu em direção ao meu quarto onde deixou sua mochila.

– Se você quer. - comentei quando ele voltou para o andar de baixo passando brevemente os olhos pelo meu corpo.

Bem, ele via marcas, muitas marcas. Stefan sabia, mas não interferia. Ele tinha uma ideia dos meus planos, mas eu implorei para ele não se intrometer e me dar o gostinho da vingança. Mesmo que eu não fosse cometer um assassinato.

– E não foi para aula por?

– Não quis rever os inimigos hoje. Deixo a batalha para outra semana. - resmunguei e Stefan riu se sentando no sofá.

Meus irmão apareceram logo depois se sentando de frente para nós no sofá ridículo que eu tanta odiava.

– A propósito, feliz aniversário.

O loiro me deu um abraço rapidamente enquanto meu rosto se retraia, me soltou e se dirigiu a Oliver dando um rápido abraço no mesmo. Como eu sou burra, cega e distraída. Céus.

– É hoje. - falei chocada, como deixei passar?

– Sim? - questionou confuso.

– Misael vai fazer a entrega de quatro dias hoje. Ou já está fazendo. Não importa. - me controlei adquirindo uma expressão fria - Rápido. Os dois pra cima, passaporte, identidade, malas. Tudo.- ditei para os mais novos.

Stefan entendeu rapidamente, afinal ele já sabia de tudo. Rapidamente passou a discar o número de Damon, teve uma breve conversa com ele e logo estava no andar de cima ajudando a descer algumas poucas malas. Stefan era um ótimo amigo, mesmo eu o conhecendo a pouco menos de um ano. Eu o tinha como um de meus irmãos.

– Damon chegou. - avisou antes mesmo que o carro tivesse virado a esquina.

O moreno logo parou o carro na nossa frente e relutantemente me passou as chaves. Sua expressão era a mesma de sempre, uma mistura de tédio e malícia que me fazia revirar os olhos todas as vezes que eu o via.

– Não entendo o motivo de eu não poder ir. É só para levar até ao aeroporto. E passar um tempo com a vovó. - revirei os olhos.

– Chega de cena Damon. - repreendi - Não vou ficar 3 dias com você em um carro.

– Não amasse meu carro.

– Não irei.- talvez um pouco.

Passei as chaves para Oliver. Iriamos para a capital e logo os gêmeos estariam indo para a Inglaterra. O que nos deixaria livres para atacar Misael sem te medo de um contra ataque.

Senti meu braço ser segurado com força, e logo meu rosto estava pressionado contra a jaqueta de couro de Damon que exalava um perfume cítrico bem suave. Passei meus braços ao redor da cintura dele e o apertei enquanto ele apoiava o queixo em minha bochecha.

– Feliz aniversário pequeno pássaro. - sussurrou com sarcasmo enquanto me empurrava em direção ao carro.

– Valeu Chernobyl. - despejei veneno entrando em seu carro enquanto o mesmo ficava ao lado de Stefan na entrada de minha casa - Tranque minha casa. - virei para Damon - Não mexa nas minhas calcinhas.

– Beijos. Traga lembranças da capital. - Damon revirou os olhos enquanto imitava Caroline.

Engoli a risada enquanto lhe dirigia minha expressão mais séria. Damon era um amigo merda. Um querido amigo merda.

Suspirei e fiz uma careta com os lábios, coloquei o cinto e acenei para os dois. Com toda certeza Misael não deixaria barato, teríamos de nos precaver de agora em diante. Oliver fez uma careta quando viu meu olhar inexpressivo, eu era uma mestre em em não sentir absolutamente nada, e por vezes fingir que não sentia. Pelo menos Misael serviu para isso, dificilmente eu me sentia mal com alguma situação e evento. Ninguém nunca sabia o que eu realmente sentia, isso quando eu sentia algo.

Logo o carro saia da pequena Mystic Fells, a cidade sumiu rapidamente e alguns quilômetros depois já não se via mais nada. Para os outros três no carro o clima era tenso, mas para mim parecia apenas mais um dia normal. Uma musica calma que ninguém conhecia estava tocando, Damon fizera o favor de deixar seu pen drive conectado no radio e eu o agradeci por isso. O carro estava extremamente limpo, o moreno provavelmente cuidava muito bem do veículo, tão bem que eu quase tive dó de deixar minhas botas encostarem no piso do carro.

– Jujuba? -Victória me ofereceu.

Assim que tentei pegar o pacote, Oliver passou por um buraco que fez com que as jujubas saltassem para fora do pacote caindo no piso impecável. Nos olhamos. Victória começou a tremer até que...

– CARALHO. O Salvatore vai arrancar o meu pescoço. - começou a pegar as jujubas.

– Concordo plenamente. - me voltei para frente ignorando os prováveis ataques histéricos que viriam.

– VICK!- Blake esbravejou e eu pude ver seu corpo arrepiar - O Salvatore vai surtar! - gritou jogando os braços para cima o que resultou em seu celular sendo lançado pela janela.

Revirei os olhos em descontentamento quando vi o carro de trás passar por cima do aparelho.

– Bem. Menos um filho da Apple no mundo. - resmunguei olhando meu celular antigo que parecia mais um tijolo. Fazer o que? Não tenho esse dinheiro todo.

Esperei pela nova crise de histerismo, que veio em forma de um choro altíssimo. Revirei os olhos novamente e abri a janela colocando a cabeça para fora, não estou para drama. Não sou obrigada. Sinto muito.

– Acho melhor pararmos. Vamos passar um bom tempo no carro, temos que ir comer. - Victória já estava mais tranquila quando sugeriu.

Olhei o chão lotado de açúcar, espero que Damon seja míope.

Oliver confirmou com a cabeça, e então três horas depois fizemos nossa primeira parada em um postinho com padaria e um restaurante. Saímos do carro e fomos em direção a padaria, havia apenas um cara magrelo andava de um lado para o outro observado o único carro no estacionamento. Que era de Damon. Suspirei e fui até a padaria, peguei um punhado de bolo, doces, salgados e bebidas. Vi um livro grosso ao lado do caixa e me interessei, Drácula.

Olhei para o funcionário e mantive a expressão séria no maior estilo: Ou você me dá, ou eu te explodo junto com o posto.

– Quanto quer pelo livro? - perguntei já mexendo na carteira.

– Mas...

– Quanto? - abriu um sorrisinho malicioso e eu fechei a cara o olhando com uma das minhas piores feições.

Eu vou te queimar seu merda.

O cara engoliu em seco.

– Pode levar. - me estendeu o livro e eu o peguei rapidamente.

Assim que sai da padaria vi o cara magrelo indo em direção ao carro, meus irmão estavam atrás de mim quando ele me mostrou o canivete, as mãos tremiam consideravelmente e eu revirei os olhos. Ele parecia estar tendo uma convulsão.

– A chave. - pediu.

– Não. - falei com cinismo.

– A chave branquela.

– Não sou obrigada. - mantive a expressão fechada, mas meu gênio temperamental arrombava portas e quebrava paredes.

– V.A.D.I.A passa a chave do carro. - frisou e eu o encarei com ódio.

Ele estava ali, sujando o carrinho do Damon que um dia seria meu. Me chamando de vadia, me apontando um canivete e ainda tendo a audácia de cuspir na minha cara enquanto falava. Era pedir demais para uma pobre alma.

Deixei a ira transparecer em meu olhar enquanto mantinha a expressão fria, provavelmente eu estava vermelha. Antes que ele se quer ousasse repetir alguma palavra, lancei meu grosso livro do Drácula em sua direção, o livro da grossura da minha coxa bateu em deu rosto com força dando um nocaute perfeito. Peguei o livro do chão e fui para o banco do passageiro enquanto meus irmãos entravam no carro.

Abri o livro e passei a ler. Eu hein. Cara folgado.

–-

– Hey Care. - saudei enquanto ouvia ela respirar irritada.

Onde você está? – me questionou enquanto ouvia a voz de Elena e Stefan próximos ao telefone. - Estamos te esperando, você é uma sem coração, é o seu aniversário, e você nem apareceu pra me dar um alô, fomos na sua casa e ela estava vazia! Estão todos te esperando aqui no Grill e você nem pra dar as caras!– revirei os olhos imaginando a careta que Caroline estava fazendo. - E não revire os olhos pra mim.

Stefan e Damon pelo visto haviam ficado quietos. O que era uma novidade já que Damon era um tremendo fofoqueiro.

– Estou na estrada, estamos indo para o aeroporto Care. - expliquei enquanto imaginava a expressão compreensiva passar pelo seu rosto.

Oh, poderia ter nos chamado.

– Eu sei, mas não queria ter metido nenhum de vocês nisso, é uma coisa só nossa Care. Logo eu voltarei.

Eu sei, quando ele voltar vai ficar furioso.– Stefan e Elena se calaram - Nós vamos estar aqui, já disse que minha mãe pode te ajudar com isso.

– Ela vai matar ele? - dei uma risada amarga - Só assim pra me livrar dele, definitivamente.

É isso que quer? Ele morto?– perguntou com a voz dura.

– Não Care, só quero que ele desapareça. Só isso.

Ok, boa sorte na sua missão. Traga lembranças da capital! Eu ligo se virmos ele rondando. – reprimi um riso me lembrando que Damon adivinhara a fala da loira.

– Ok, obrigada.

Nós te amamos!- Care e Elena gritaram juntas.

Desliguei o celular já conseguindo enxergar o hotel. Já havia se passado 26 horas desde que saímos de Mystic Fells. Havíamos dormido em um hotel na beira de estrada, jantado e finalmente no dia seguinte estávamos na capital, mais rápido do que planejávamos. Agora eu entendia a relutância de Damon.

– Eliza Verona. - me encostei no balcão e a recepcionista sorriu me entregando o cartão.

– Quarto 801.

Sorrimos para ela e seguimos em direção ao elevador, minutos depois estávamos em frente a porta. Passei o cartão no leitor e entrei, assim como nossa avó havia instruído.

– Olá Eliza. - anunciei minha chegada vendo a mulher a nossa frente se virar sorrindo.

–É um prazer rever minha pequena família. - abriu um sorriso carinhoso que quase foi o suficiente para me fazer desmoronar.


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