"Só um risco real testa a capacidade de uma fé."

C.S. Lewins

A música têm seu fim e Josh se sente feliz como nunca. Ah, se todas aquelas pessoas soubessem que era ele o garoto que provou para toda uma turma da faculdade que Deus não está morto... mas ele não fez questão de tal gloria ou reconhecimento, pois sabia que foi apenas usado por Deus. Os hinos eram animados. Todos pulavam e dançavam. Poderia ficar melhor? Mas em um determinado momento, as mesmas ficam mais lentas. Um soluço foi ouvido por ele. Olhou para trás e encontrou a jovem que, há pouco tempo, observou que o conhecia da faculdade.

- Hey, está tudo bem? - perguntou.

- Um pouco... não é nada demais. - ela respondeu.

- Se precisar de um ombro... ou um abraço...

- Estou bem! - ela insiste.

Não demorou muito para o vocalista pegar uma Bíblia e dar uma breve palavra sobre a própria. Uma música lenta logo depois e Josh pôde perceber que muitas almas estavam sendo consagradas a Cristo naquele minuto, incluindo a de seu amigo Martin. Não era possível não sentir a presença de Deus naquele lugar. Pouco depois, as músicas voltam a ser animadas, mas infelizmente foram apenas três até o término do show. Em compensação, todos saíram de lá revigorados. Josh e Martin conversavam na porta da casa de show até perceberem novamente a garota morena.

- Acho que conheço aquela garota. - comentou Martin.

- Não me lembro o nome dela... é da faculdade. Me reconheceu logo no começo do show. - respondeu o rapaz.

- Tenho que ir. Ainda não sei como contar o que aconteceu hoje. - explicou o chinês.

- Fique tranquilo, Martin. Ele vai entender.

- Eu duvido. - respondeu – Ore por mim. - pediu se retirando.

- Sempre, cara! - respondeu Josh.

A garota permanecia debaixo do sinal. Já havia parado de chover e ela parecia encarar a poça no chão. Josh havia acabado de sair de um relacionamento, mas lhe correu o seguinte pensamento: ela é bonita. Já havia a observado, uma vez, cobrindo seu rosto com um pano preto, deixando apenas os olhos de fora. Quando se deu conta, já caminhava em sua direção.

- Você de novo? - ela perguntou, observando sua aproximação.

- Bom, é que... você estava sozinha e eu achei que... talvez quisesse companhia.

- Não seria ruim. - respondeu sorrindo.

- Qual o seu nome mesmo?

- Ayisha.

- Ah, você não é americana, é?

- Não. Bem observado. - ela riu.

- É... - ele riu – O meu é Josh.

- Prazer. - ela respondeu, apertando sua mão.

- Então... o show foi legal, não? - Josh puxou assunto.

- Sim. Ganhei o ingresso de um pastor que viajou. Conhece? Reverendo Dave?

- Está brincando?! Frequento a igreja dele! - afirmou animado.

- Nossa! Que coisa! Foi a igreja mais próxima de minha casa que eu achei, eu não tinha para onde ir... - e, do nada, ela perde toda a empolgação - E... e então ele... me ajudou.

- Sua família? Ela também segue a Deus?

- Meu pai e meu irmão são muçulmanos. Eu era, mas conheci a Cristo e tive que guardar segredo. Mas isso você não precisa saber...

- Não! Continue!

- Bom... meu irmão descobriu, me dedurou e meu pai me expulsou de casa. É isso! Minha triste história de como fui expulsa da própria casa.

- A vida nem sempre é perfeita. Jesus disse que no mundo teríamos aflições. Na verdade, no seu caso, eu me alegraria!

- "Bem-aventurados sois quando injustiçados por causa do Meu nome...", não é o que diz a Bíblia? - ela completou.

- Hoje consegui provar para toda a minha turma que Deus não está morto. É claro, eu envergonhei meu professor, perdi minha namorada, estou com muita matéria atrasada...

- Um minuto: você é o garoto que falaram?

- Eh... eu não pretendia que todos soubessem. - Josh responde coçando a nuca sem braça.

- Isso foi incrível. - ela falou sorrindo.

Seus olhos se encaram por um momento. Sorriem um para o outro. Era um momento em que se lembrariam para sempre, pois nasceu uma amizade. Ou quem sabe, algo mais além disso...

- Não. Você foi incrível. Preferiu ser expulsa de casa à negar sua fé em Jesus Cristo. O que eu fiz não foi nada.

- Você é um cara legal, Josh. - ela afirmou.

- Você também, Ayisha. - respondeu - Já tem onde ficar?

- O pastor me emprestou o quarto de hóspedes dele, mas vou ficar as férias inteiras sozinha lá. Parece que ele foi para a Disney com outro pastor. - ela ri e olha para baixo – Me parece um lugar legal.

- É, parece. - respondeu Josh - Está ficando tarde. Tenho que ir.

- Nos encontramos amanhã? - ela perguntou.

- Mas não tem aula amanhã! - ele respondeu confuso.

- Não precisa ser no campus! Em um café perto da igreja. Conhece?

- Acho que sim. - respondeu Josh – Que horas?

- Umas... nove da manhã? Nove e meia? - sugeriu.

- Pode ser! - respondeu - Até lá, Ayisha!

- Até! - ela respondeu acenando.

E assim, cada um foi para seu canto, e quando Josh e Ayisha se encontraram no café marcado, não imaginaram que aquele encontro se tornaria tão frequente, muito menos que a amizade cultivada lá se tornaria muito mais do que só uma amizade.