Cidade de Boston, Dez anos atrás...
Eu estava no meu quarto fazendo o dever de casa, quando ouvi a campanhia tocar. Eram exatas 1:15 da tarde. Meus pais haviam saído para visitar um parente doente no hospital, e eu fiquei para cuidar da casa.
Fui atender a porta e vi que era a tia Teresa(a mãe do Jack). Teresa mantinha um olhar triste e parecia cansada.
– Oi Teresa, como vai quer entrar?
– Não, obrigado. Sua mãe está?
– Não, ela saiu com meu pai para ver o vovô no hospital, ele tem piorado bastante ultimamente.
– Certo querida, quando ela chegar avise que...
– Que o que tia?
– O Jack, morreu. - Lágrimas já inundavam seus olhos. Não posso dizer que fiquei melhor que ela, Jack era meu amigo a anos e de repente ouço essa notícia.
Comecei a chorar desesperada, e tia Teresa me abraçou, ela sabia que não seria fácil para mim ouvir essa notícia.
– Encontraram seu corpo perto da praia. Não havia nada ao seu redor que incriminasse alguém. Quando chegaram já estava morto.
Não consegui absorver essas palavras, quando percebi já soluçava alto.
– O que vai acontecer tia? - Disse em meio a um soluço.
– Eu não sei querida. Eu não sei.
...
Três dias depois de tia Teresa aparecer lá em casa foi o enterro de Jack.
Ocorreu normalmente, as pessoas passavam, diziam algumas palavras de conforto. Mas não me sentia confortável.
– Meus pêsames. - Disse uma tia de Jack, ela morava distante, nunca havia ouvido falar dela.
Quando começaram a enterrar o corpo as pessoas jogaram rosas no caixão. Eu não queria jogar uma rosa, queria me jogar lá dentro, não suportava a idéia de crescer e enfrentar o mundo sozinha.
Enterraram o corpo por completo e as pessoas começaram a ir embora.
– Querida, nós precisamos ir. - Disse meu pai, Frederic.
– Me deixa ficar mais um pouco?
– Só mais um pouco, estamos esperando no carro. - Ele disse e saiu com minha mãe, me deixando lá, sozinha.
Como seria minha vida daqui pra frente? Como uma garota de oito anos que não sabe nem se defender sozinha conseguirá crescer? Como vou viver sem o Jack?
Ouvi um barulho, parecia vir das moitas que tinha aqui perto. Me aproximei das moitas e procurei de onde vinha aquele barulho.
...
Eu o vi!
...
– Lara, precisamos ir! - Gritou meu pai.
– Eu já vou. - Gritei de volta.
Quando virei novamente para a moita, não havia ninguém. Achei estranho. Seria possível ele estar vivo? Eu acabei de ver seu corpo morto.