(DIAS ATUAIS)

– Para com isso Aimee.

– Só mais um pouquinho.

– Chega! – Grace olha para o espelho e sua boca se forma um ‘’o’’ perfeito.

– Viu como maquiagem é um tipo de magia? – Coloco seus cabelos para frente e sorrio para ela.

– Vou admitir Mee, você se superou.

– Tenho uns truques.

– Será que ele vai perceber?

– Bom, não sei. Acho bobagem você se maquiar para agradar ele. Eu faço para meu agrado.

– É porque você não tem um namorado. – Grace fala sem pensar. Depois olha para mim percebendo seu erro. – Ah, Mee desculpe eu...

– Tudo bem. Vamos, eles estão nos esperando.

Saímos do banheiro do cinema e lá estão eles. Thomas e Jared na fila.

– Não sei o que vocês mulheres fazem tanto no banheiro. – Fala Jared inconformado com a demora.

– Bom, não sabe e nem vai saber. Não é da sua conta. – Digo com frieza.

– Quem mandou você abrir essa boca? – Diz Thomas rindo de Jared.

Grace abraça Thomas e da um ‘longo’ beijo nele. Nossa, que constrangedor. Jared olha para mim e eu desvio o olhar. Somos amigos. Só ficamos uma vez no começo do ano. E se a idéia de Grace chamar Jared e eu para saírem com ela e Thomas, era ficarmos de novo. Mas isso não vai acontecer. Porque ele é um babaca.

– Deixa de mau humor Mee. – Ela me dá um empurrãozinho.

– Eu poderia estar em casa dormindo.

– Mas não está. Está no cinema pronta para ver ‘’ O pesadelo 5 ‘’

– Grande coisa. Esse filme nem dá medo. - Digo ignorando a expressão no rosto de Jared.

– Não dá medo? DÁ MUITO MEDO! Vi todos no cinema. E em todas as noites fiquei pelo menos 1 semana sem dormir.

– Mas no ‘seu’ caso é diferente. Você é medroso.

– Não sou medroso. – Retrucou.

– É sim.

– Parem crianças. – Diz Grace. Ela parece estar se divertindo conosco. Não acho nenhuma graça.

– Grace da próxima vez me traga para ver um filme assustador.

– Aimee não existe filme assustador para você. Tudo é fraco.

– Bom, é porque eu não me assusto fácil. É difícil alguma coisa me agradar

– Percebe-se.

Senti uma pontada no peito. Essa resposta estava intencionada a passar outra idéia. A idéia que eu não arrumava um namorado que me agradasse. Ela vivia me dizendo que eu não tinha esse ‘dom’ para relacionamento. Que eu precisava ir ao psicólogo. Não preciso de dom, psicólogo, nem namorado. Eu preciso de tempo para mim. Só isso.

– Grace você me irrita.

– Claro né! Se eu não irritasse não tinha como ser sua melhor amiga. – ela me abraça e empurra. De novo.

–Hora da sessão. – Diz Thomas.

– Você vai me proteger? – Sussurra Grace para Thomas.

– De qualquer coisa. – Ele sussurra de volta. Eles se beijam.

– Vão para um quarto! – Grita Jared.

Entramos na sala escura.

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– Nossa já estou com medo. – Digo com ironia sentando na poltrona.

– Quem está com as pipocas? – Grace pergunta.

– Eu. – Jared fala com a boca cheia de pipoca. Sem chances de eu ficar com um cara desses.

– Ah meu Deus. – Resmungo.

O filme começa, a sala fica escura e as pessoas param de falar. Logo no começo aparece umas cenas bizarras de mortes e monstros. Coisa fraca. Jared estava morrendo de medo, dava para ver só ouvindo os sons que ele fazia. Muito medroso. Ele segurou minha mão e eu retirei rapidamente. O filme estava ficando bom, várias cenas de ação e terror começaram a acontecer. Grace e Thomas estavam se agarrando igual ‘gente faminta’. De repente Jared vomita nos meus pés.

– NÃO ACREDITO!!! – Grito para Jared.

Todos olham para trás.

– Desculpa. – Jared fala e sai correndo da sala. Eu corro atrás.

Grace e Thomas nos encontram na parte de fora da sala.

– Não acredito Mee. – Grace diz rindo.

– Para de rir! Vou para casa. Tchau para vocês. – Digo agarrando minha bolsa.

– Aimee espera. Nós te levamos em casa. – Thomas diz.

– Para quê? Para vocês ficarem se agarrando e bater o carro? Não obrigada. Prefiro ir a pé.

Ando rápido até a saída do cinema.

Vê se pode? Eles adoram jogar na minha cara a felicidade deles. Mostrando o ‘casal perfeito’. Eu nem queria vir. Porque eu vim?

Olho para a rua deserta e depois para o meu relógio. São 23:36. Eu me arrependo de não ter aceitado a carona, a rua está escura e sou a única maluca andando no meio do nada. Meu apartamento ficava perto então na tinha porque eu pegar taxi. Passei por um beco e ouvi um barulho. A minha curiosidade foi longe, voltei alguns passos e entrei no beco. No final da escuridão vi duas pessoas brigando. Vendo o rumo da briga decidi sair do beco o mais rápido possível. Até que eu ouvi um grito.

– Socorro! – Um homem estava gritando.

Voltei e segui rumo a o cara.

– Ei solta ele.

Peguei no braço do agressor. Ele parou e me empurrou contra a parede. Encaramos-nos. Ele tinha olhos cinza e estavam penetrando nos meus. Senti uma conexão muito forte. Posicionei meu joelho e estava pronta para dar o bote. Dei um chute na virilha do agressor e fugi dos braços dele. Fui em direção ao cara que estava machucado.

– Precisamos sair daqui. Venha! – Eu estava mexendo ele, mas ele não respondia nem fazia nenhum sinal de que estava acordado.

O agressor me pegou por trás e uma mão colocou na minha boca. Ele me virou e colocou o dedo indicador em seus lábios.

– Shh. Calma, fica calma. Eu não vou te machucar. – Ele disse soltando a mão da minha boca.

– Como eu vou saber? Você acabou de deixar aquele homem inconsciente!

– Quer que eu te deixe também?

– Se você quisesse já teria feito.

– Verdade. Agora vai embora. – Ele disse e se virou para o homem caído no chão.

– O que vai fazer com ele? Vou chamar a polícia! – Eu disse me afastando deles.

– Você não vai fazer isso. – Ele disse olhando para mim.

– Por que eu não vou fazer isso? – Eu disse.

Ele veio em minha direção e me puxou. Ficamos cara a cara.

– Por que você não vai lembrar.

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