Heroes escrita por DreamingAboutLife


Capítulo 3
[Parte I - It starts with ULTRON] Capítulo 2 - Awake


Notas iniciais do capítulo

Arô meus amores (:
Bem, venho avisar que o capítulo 3 vai demorar um bocadinho mais para sair do que os restantes. Por norma já costumo ter o capítulo seguinte pronto quando posto, mas tenho tido pouco tempo para escrever e isso vai-se manter pois preciso de me dedicar quase por inteiro a um trabalho da faculdade que tenho de entregar no inicio de Janeiro. Espero que compreendam ^^
Espero que o capitulo de hoje vos aguarde e peço desculpa por qualquer erro que me tenha passado despercebido.



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Sentia o corpo pesado. Os seus músculos recusavam-se a responder a qualquer tentativa de movimento. Os seus olhos estavam cerrados, recusando-se também a abrir.

Sons agudos enchiam os seus ouvidos e o característico cheiro sético e estéril de hospital infiltrava-se nas suas narinas.

Podia sentir a agulha de um cateter nas costas da sua mão direita, deixando um ligeiro desconforto na sua pele.

Nunca gostara de hospitais. Os chãos e paredes brancos, as luzes fortes e o cheiro sético nunca a haviam reconfortado. Memórias das suas visitas ao local inundaram a sua mente. Lembrava-se de ser levada após a sua segunda missão. Um corte longo e profundo adornava a sua coxa direita, sangrando abundantemente a cada movimento que fazia. Precisara de pontos, treze no total conseguia lembrar-se, e uma fina e clara cicatriz ficara naquele local para lhe lembrar a nunca baixar a sua guarda. Uma cicatriz que já não existia, mas o ensinamento ficara.

No entanto, algo puxava a sua atenção no mais profundo recanto da sua mente, tentando furar o seu caminho em direção à superfície. Tentou focar a sua atenção no pensamento e o sobressalto preencheu-a quando o conseguiu fazer. Como é que tinha chegado a um hospital?

Os seus olhos abriram-se subitamente e o ar abandonou-a em golfadas ásperas. Tentou sentar-se, os seus músculos respondendo o suficiente para que ergue-se os ombros do fino e demasiado suave colchão. Mas os seus movimentos foram travados por um par de mãos, que pousaram nos seus ombros e a obrigaram a deitar-se de novo.

— Hey, hey. Calma. Calma. Está tudo bem.

Os seus olhos procuraram freneticamente, inicialmente desorientados, pela fonte da voz masculina, profunda mas com um toque de suavidade. Foi quando encontrou um par de olhos de um azul líquido e translúcido que os seus movimentos cessaram e a sua respiração voltou, lentamente, a um ritmo próximo ao normal.

Concentrou-se na figura diante de si. Olhos azuis, curto cabelo loiro, ombros largos, figura musculada. Uma figura que ocupara capas de jornais, aparecera em livros de história e que tivera direito a uma exibição no Smithsonian.

Steve Rogers. Capitão América.

E a visão daquela face só poderia significar uma coisa. Estava a salvo.

Abriu os lábios para falar, apenas para descobrir que a sua garganta estava demasiado seca para tal. Tudo o que saiu foi um rouco gemido, o ar evocado pelo som agredindo a sua garganta. Tosse apoderou-se dela. Os seus olhos fechando e lacrimejando um pouco.

Sentiu então a sua cabeça ser ligeiramente erguida e uma superfície de vidro foi levemente pressionada contra os seus lábios. Um copo. Bebeu a água que lhe foi oferecida com cuidado, um golo de cada vez, de forma lenta. Afastou-se do copo após quatro longas tragadas e voltou a abrir os olhos, encontrando a Capitão com um sorriso simpatizante no rosto.

— Onde estou? – conseguiu finalmente perguntar com a sua voz ainda rouca e grave. Pouco mais do que um suspiro.

— Avengers Tower. – ele respondeu-lhe num volume de voz não muito superior ao seu. – Está a salvo agora.

— Strucker?

— Preso.

Assentiu. Preso. Strucker estava preso. Ótimo. Que apodrecesse para o resto dos seus dias numa húmida cela. Não merecia nada mais do que isso.

— A bela adormecida acordou? – uma voz masculina perguntou. Uma voz masculina que ela reconheceria em qualquer lado.

— Clint.

Imediatamente uma cabeça de cabelos claros e olhos azuis, com um pequeno sorriso trocista, apareceu sobre o ombro de Steve.

— Hey pequena. – ele respondeu, daquela vez suavemente. Steve então afastou-se, dando espaço ao arqueiro para se sentar e dirigindo-se à porta enquanto dizia algo sobre ir chamar alguém. Mas ela não prestou atenção às palavras do Capitão, toda a sua atenção focada no homem à sua frente. – Todos pensamos que tinhas morrido. – Clint disse quando a porta se fechou.

— É verdade? – ela optou por perguntar, evitando responder ao comentário. – Strucker disse que a SHIELD tinha caído. Eu não quis acreditar. Mas o Capitão Rogers disse que eu estou na Torre. Eu deveria ter sido levada para uma das bases, não trazida…

— Hey. Hey. Ells! – ele interrompeu-a, tentando quebrar a torrente de palavras. E ela calou-se, e de alguma forma o olhar que ele lhe dedicou pareceu confirmar todos os seus medos. Clint suspirou. – Sim. Já não existe SHIELD. A agência caiu Elia.

Olhou nos seus olhos azuis por momentos. Depois, fechou os próprios olhos, obrigando-se a inspirar profundamente e a engolir as lágrimas que ameaçavam cair. Já não existe SHIELD. Não soube quanto tempo esteve perdida nos seus pensamentos, mergulhada em memórias e rostos. A Hydra ganhara. Mas quando voltou a abrir os olhos já não era apenas Clint que se encontrava com ela no quarto esterilizado.

O outro lado da pequena cama afundou quando alguém se sentou.

English.

O cumprimento trouxe o fantasma de um sorriso aos seus lábios ainda quebrados.

Russian. – respondeu no mesmo tom, olhando então para a figura da espiã russa que se sentara do seu lado direito. A expressão no rosto de Natasha deixou-a ligeiramente enervada. – Vá lá. Posso afirmar com toda a certeza que nem sequer estou com mau aspeto.

A russa riu, um riso baixo e sem humor e Elia sabia que não sairia daquela com facilidade. Feridas ainda a cicatrizar seriam abertas e ela sabia que não estava preparada para a dor que seguiria. A dor comprovava a realidade.

— Foste dada como desaparecida. Passado algum tempo tudo o que nos restou foi assumir que estivesses morta. – a ruiva começou num tom ligeiramente exasperado – Não havia qualquer registo de para onde poderias ter ido. Tu e a tua equipa simplesmente desapareceram sem deixar rasto.

Encolheu-se perante o discurso. A menção da sua equipa doendo mais do que qualquer ferida física que já tivesse sofrido nos seus anos enquanto agente.

— Agente Steal. – a voz do Capitão chamou a sua atenção, fazendo-a olhar na sua direção e ver, pela primeira vez os quatro outros ocupantes do quarto. – O que é que aconteceu?

E ali estava ela. A pergunta de resposta simples e dolorosa. A história sanguinária que lhe trazia lágrimas aos olhos. Lágrimas que nunca se derramavam pois não restavam lágrimas para chorar.

Humedeceu os lábios, preparando-se para o longo discurso que se seguiria.

— Tudo começou após a STRIKE ter saído para iniciar o resgate do Lemurian Star. – começou – Pierce chamou-me ao seu gabinete apenas uma hora após a partida da equipa. Quando cheguei ao gabinete ele este virado para a janela e um ficheiro estava à minha espera em cima da secretária. Uma missão.

— Uma missão? – Clint interrompeu-a, ao que Elia acenou afirmativamente. – Mas o Pierce nunca passava missões aos agentes. Não era essa a sua função.

Elia voltou a assentir.

— Continuava a ser uma ordem vinda de um alto cargo da agência. Mesmo sendo uma agente de nível elevado não estava no meu lugar questionar.

— Que missão era essa? – Natasha perguntou.

— Era uma missão de extração. Aparentemente tinha chegado informação de que um grupo de terroristas, sediado na Rússia, tinha na sua posse um artefacto. Possivelmente algo oriundo da Batalha de Nova York, obtido no mercado negro. A missão era simples. Viajar até Omsk, invadir o armazém que eles usavam para as suas operações, extrair o artefacto e neutralizar a célula terrorista.

Clint voltou a interrrompê-la:

— Mas algo correu mal, não foi?

Ela deixou escapar um pequeno suspiro. Os seus olhos fecharam-se por breves momentos.

— Eu e a EAGEL saímos da base uma hora depois. Quando chegamos ao local inspecionamos o perímetro através de aparelhos de scan antes de traçar o plano de ação. – engoliu em seco antes de continuar – Tudo parecia simples. Simples demais. O armazém estava mal guardado. O scan detetava baixa atividade no interior. Entramos sem qualquer problema, nada levantou suspeita no interior. Foi então que uma equipa tática invadiu o edifício. Mais de trinta agentes entraram armados com semiautomáticas. – naquele ponto a sua voz começou a tremer, a memória vivida na sua mente – Eles estavam à nossa espera. A missão não passava de um engodo.

— Um engodo montado por quem? – a voz de Steve perguntou, levando os olhos da agente aos seus.

— Pierce. – o nome saiu num tom de desprezo, quase como que venenoso. – E Miles.

— Miles? – a voz surpresa de Clint perguntou. – O agente Miles?

— Eu tinha um traidor na minha equipa. Na equipa que eu criei, para a qual escolhi pessoalmente os agentes. – um risada sem humor saiu dos seus lábios – Eu coloquei um traidor na minha equipa, na minha família. E paguei o preço por isso. – dirigiu o seu olhar para o arqueiro sentado à sua direita, um sorriso estrangulado no seu rosto – Eles estão todos mortos Clint. E eu não os salvei. Ele matou-os. Um por um. Um único tirou na cabeça. E a única coisa que eu pude fazer foi ver.

— Els. – ele respondeu-lhe suavemente, as mãos sobre os seus estreitos ombros – A culpa não foi tua.

— Não. Não. – ela negou ferverosamente enquanto abanava a cabeça. – A culpa foi minha. Eu coloquei-o na equipa. Eu coloquei um agente da Hydra na equipa e assisti enquanto ele matava as pessoas que eu deveria proteger. Não fiz nada! Foi só quando ele apontou a arma para mim. Foi apenas quando era eu que estava para ser executada que reagi.

— Mataste-o. – não era uma pergunta. Natasha conhecia-a bem o suficiente para saber que ela o tinha feito.

— Um único tiro na cabeça. – um pequeno sorriso apareceu no rosto da ruiva, e Elia sabia que ela estava a apreciar a ironia daquela frase. – Fui alvejada logo a seguir, com algum tipo de tranquilizante. Foi apenas quando acordei na cela que percebi que o objetivo nunca foi matar-te.

Entendimento passou pelos olhos de Clint.

— Eles torturaram-te por informações.

Ela apenas assentiu.

— Qual era o ponto disso? – Tony Stark fez-se ouvir pela primeira vez, captando a atenção de todos os que estavam no quarto. – Toda a informação foi parar à Internet. Qualquer um podia ter acesso a ela.

Os olhos de Elia abriram-se como pratos, voltando-se rapidamente para Natasha em busca de respostas. Se toda a informação estava disponível para qualquer pessoa que possui-se um computador…

— Nat? – ela perguntou em voz baixa. O seu ritmo cardíaco acelerou e a sua respiração ameaçava tornar-se irregular outra vez em resposta ao pânico que a assolou. Quantas vidas estariam em risco?

A espiã russa suspirou, abanando a cabeça negativamente.

— Não toda. – esclareceu olhando para todos os presentes. – Havia informação sensível de alto nível contida num diferente servidor. Essa informação continua protegida.

Um suspiro de alívio saiu dos lábios da morena, toda a sua postura relaxando. Um momento de silêncio imperou enquanto toda a informação era processada.

A mente de Elia encontrava-se num tumulto de pensamentos e emoções. Tudo pelo qual sempre lutara, a família que jurara proteger, não passavam agora de memórias distantes. Tudo em que acreditava, os juramentos que fizera não passavam de um castelo de cartas destruído num único sopro. E havia apenas um inimigo a quem culpar – Hydra.

Por momentos desejou voltar ao seu estado de dormência. Desejou que a escuridão e o esgotamento tomassem de novo conta de si. Desejou entrar num sono sem sonhos para de novo acordar mais tarde, na sua cama na base enquanto o sol lhe batia no rosto, e perceber que tudo não passara de um pesadelo. De um terror noturno que se apoderara da sua mente, distorcendo à sua passagem, como tantos outros já o haviam feito.

Porque desde aquele dia que cada acordar se tornava mais doloroso.


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