Sob a luz do luar - One Shot escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 1
Verdadeiro, Peeta.


Notas iniciais do capítulo

Oi! *sorriso e aceno* Como vai? Espero que goste da leitura! *outro sorriso gentil*
OBS.: A música traduzida que vem no capítulo se chama Two Pieces, Demi Lovato! Link na primeira palavra! :)



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um menino que perdeu o seu caminho
Procurando por alguém para brincar
Há uma garota na janela
Lágrimas rolam em seu rosto

— Até quando vai agir como se eu fosse a única coisa que te restou, Peeta? Por que me ignora? - perguntei, depois que ele saiu apenas de toalha do banheiro, com os cabelos e corpo molhados. Vi que se assustou com a minha presença na borda de sua cama.

– Pensei que só viria depois... Está cedo ainda. - ignorou minha pergunta, mas eu não me esqueci do que havia perguntado

Somos apenas crianças perdidas
Tentando encontrar um amigo
Tentando encontrar o nosso caminho de volta para casa

– Peeta, olha pra mim. - ele tinha caminhado até o outro lado do quarto, até sua cômoda

– Você sempre foi minha única opção, Katniss. - levantou a cabeça, olhando pela janela, então se virou para mim - Fazem seis meses que voltei da Capital hoje, e quatro que voltamos a nos falar.

– Mas... - senti vontade de chorar, por estar sentindo sua indiferença a tempos - Peeta, você não quer que eu fique aqui. Verdadeiro ou falso? - ficamos em silêncio. Ele não se mexeu, apenas segurou a cômoda, só que não era um flashback. Reconheço todos os seus gestos, e sabia que estava longe de ser um ataque - Ok. - ergui as mãos em rendição, sem dizer nada.

Fui para o segundo maior quarto de sua casa, apertando-me no robe rosa bebê, pois queria ver se ele notava algo em mim.

Não é o Peeta, e sim a pior parte dele, uma parte que até as mais sensacionais pessoas possuem.

Desde o dia que ele chegou, nós trocamos olhares rápidos, sofridos, e teve aquele abraço que demos quando nos encontramos pela primeira vez, e eu molhei seu ombro, assim como ele molhou o meu, mas não nos importamos. A guerra tinha acabado, mas ainda lutávamos por e com nossas almas.

Nós não sabemos para onde ir
Então vou me perder com você
Nós nunca desmoronaremos
Porque nos encaixamos direito
Nos encaixamos direito

Um, dois, três, quatro dias, foi o tempo que levou para eu sentir cheiro de pão-de-queijo recém assado, que alcançou meu quarto, e Greasy Sae apareceu com um sorriso estampado no rosto, dizendo:

— Você tem visita.

Ninguém além dela e de sua neta mentalmente retardada (sua neta é extremamente gentil, e é a única com quem troco mais que duas palavras, ela é a única com quem realmente converso), falava comigo ou vinha me visitar, nem mesmo Haymitch, mas nunca o culpei. Sempre esteve bêbado demais, mergulhado em suas tristezas. Eu caço, Peeta cozinha, Haymitch bebe, e assim tentamos viver e sobreviver com a consciência podre por coisas das quais não tivemos culpa, mas não conseguimos nos lembrar vezes suficientes para não desejarmos termos morrido nos Jogos Vorazes.

Juntei toda minha vontade de viver naquele dia, que não era muita, escovei os dentes, e deixei os cabelos como um ninho mesmo, na altura dos meus ombros, e ela me olhou gentilmente, e dessa vez pude enxergar mais ternura e amor do que das outras vezes que veio me arrastar educadamente de minha cama.

Eu havia tomado um banho de madrugada, por causa dos meus pesadelos, então ainda cheirava a shampoo e sabonete, que eram mais fortes por causa dos danos causados pelas lambidas das chamas que eram impossíveis serem mais intensas e verdadeiras quando perdi minha irmã.

Desci as escadas devagar, sabendo quem encontraria, pois apenas uma pessoa poderia me fazer sentir vontade de viver e levantar da cama em uma situação como essa. Há quem perdeu muito mais do que eu, e continua perdendo, por não haver outra forma de sobreviver senão trabalhando para reconstruir nosso Distrito, e me chamam de fraca por ter perdido duas mãos de pessoas realmente importantes e próximas, mas acontece que cada um tem seu luto. Têm pessoas que se recuperam logo, outras que vivem como se não tivessem tido perdas, outras levam tempo para aceitar, outras pessoas nunca superam, e há pessoas que não tem razões para viver se não tiverem determinada pessoa. Eu viva por e para Prim.

– Sue, sabe onde estão os co... - antes de completar a frase, ele, que estava escondido procurando algo nas gavetas inferiores, se levantou e olhou na direção dela, mas me viu. Pensei que fosse jogar o tabuleiro com os pães na minha cara, e depois tentar me enforcar, mas o que ele fez me deixou envergonhada: Peeta sorriu como se eu fosse a coisa mais linda e preciosa que ele havia visto em toda a sua vida.

Estas nuvens escuras sobre mim
Chovem e correm
Nós nunca desmoronaremos
Porque nos encaixamos como
Dois pedaços de um coração partido

– Os copos estão aqui, deixa que eu busco. - não vi para qual direção Greasy foi, apenas sei que abaixei a cabeça, me repreendendo por não ter arrumado o cabelo antes de descer.

Fechei os olhos, e puxei ar bem fundo, então ergui a cabeça, caminhando até a mesa de jantar, surpreendendo-me mais uma vez quando Peeta se sentou ao meu lado, dando um prato para mim, com alguns pães de queijo.

– Você gosta de pão de queijo. Verdadeiro ou falso? - olhei para ele, e vi que já desconfiava da resposta, pois me olhava risonho, mas não o ignorei, e respondi:

– Verdadeiro. - mais uma vez ele sorriu, e me fez sorrir, a não sei quanto tempo.

Eu sei onde poderíamos ir
E nunca nos sentirmos decepcionados novamente
Podemos construir castelos de areia
Eu vou ser a rainha, você vai ser meu rei

Comi em silêncio, apenas ouvindo ele e Greasy Sue conversar animadamente sobre as novas mudanças do Distrito, e descobri que Delly voltou para o Distrito, junto com umas vinte pessoas do 13 e Capital, para trabalhar na escola.

Nesse momento, olhei para Peeta, e notar qual era sua empolgação para a volta de uma velha amiga, e era o que eu sentia e tinha certeza por Gale agora: amizade. Total e estritamente amizade.

– Ela disse que queria falar com você, mas só se quisesse. - Peeta disse quando o levei até a porta depois de olhares claramente acusadores e "vai lá com ele!" de Sae.

Somos apenas crianças perdidas
Tentando encontrar um amigo
Tentando encontrar o nosso caminho de volta para casa

– Talvez eu ligue. - ele riu, batendo palmas, por estar com as mãos vazias, depois de deixar meus biscoitos favoritos prontos na cozinha

– Você não vai ligar. - garantiu, e eu sorri torto, quase me escondendo atrás da porta, com ele já do lado de fora - Bom dia, Katniss. - disse acenando, e o que consegui fazer foi acenar de volta, com um sorriso torto ainda maior, mas sincero, completamente sincero.

– Obrigada por ter vindo... Estava com vontade de comer pães de queijo.

– Você estava com vontade de comer qualquer coisa que não fosse sopa, Katniss. - nos encaramos, então começamos a rir como antes da revolução, em noites no trem, que passamos em branco, por não conseguirmos de forma alguma dormir.

Nós não sabemos para onde ir
Então eu vou me perder novamente
Nós nunca desmoronaremos
Porque nos encaixamos direito
Nos encaixamos direito

– Estou indo, querida, volto às uma da tarde com seu almoço, ok? - Greasy disse, interrompendo com um sorriso malicioso a nossa conversa, que is muito bem, mesmo que não soubéssemos qual seria nossa próxima fala, se é que teríamos. Falamos mais através de toques e olhares.

– Não precisa! Eu venho e faço almoço para a gente, aproveito e levo para o Haymitch. Podem ir para a minha casa, e pode trazer a Gina. - ela sorriu agradecida para ele

– Eu vou para a casa da Carla então, não precisa se preocupar comigo, apenas com essa mocinha aí - apontou para mim com a cabeça, e imediatamente corei.

– Ah, tudo bem, mas... - ele levantou as mãos em rendição - A porta sempre estará aberta para você e sua família. - ela sorriu

– Obrigada, Peeta - Tocou o ombro dele, então olhou para mim - Fique bem, Katniss, volto amanhã. - assenti, então nós dois a observamos ir embora.

– Acho que está na minha hora. Tenho um almoço para preparar. - disse suspirando, mas com um sorriso, e seu típico brilho nos olhos, que fazia qualquer um acreditar nele. - Vai estar lá?

– Não perderia por nada. - ele sorriu torto, e se virou, colocando as mãos no bolso, partindo para sua casa, a exatos 22 metros da minha casa. Não sei porquê guardei esta informação, até quando notei que eu preciso do Garoto do Pão, eu preciso de Peeta, preciso de seus braços ao meu redor após um pesadelo, ouvir as batidas ritmadas de seu coração no meu ouvido, sentir seu calor, sentir... Ele ao meu lado de todas as formas.

Assim que fechei a porta, foi como se Prim, Finnick, Rue, meu pai, Boggs, e todas as pessoas queridas que infelizmente não estavam mais fisicamente entre nós, mandaram boas vibrações. Peeta precisa de ajuda, eu preciso de ajuda. Nós dois somos duas peças de um coração partido, que juntos podemos ser mais.

Subi as escadas empolgada, com um sorriso, falando sozinha, e ri de mim mesma por estar tendo tais emoções, que acho nunca ter sentido. - Nada de vestido, pai. - falei revirando os olhos, como se ele estivesse ao meu lado com Prim - E nada de saias, Primrose. - quase pude escutar suas risadas preenchendo o ambiente, assim que Buttercup apareceu de soslaio na janela do meu quarto, miando, como se também pudesse sentir minha irmã caçula - Talvez estejamos ficando loucos - eu disse depois de colocar uma calça verde escura e blusa marrom, para não parecer algo tão importante - Mas é bom voltarmos ao passado e trazer aprendizado dos erros antigos. - ele pulou para minha cama, e se aconchegou no meio da mesma - Ok, pode ficar aí enquanto estou na casa do Peeta. - terminei a trança e saí.

Estas nuvens escuras sobre mim
Chovem e correm
Nós nunca vamos desmoronar
Porque nos encaixamos como
Dois pedaços de um coração partido

Depois desse dia, eu não posso dizer que todos foram "tranquilos", mas posso dizer que foram mais suportáveis. Voltei a conviver com os outros, assim como Haymitch, que começou a criar gansos.

– Por que? - Peeta perguntou confuso, ao ver dois animais na sala do nosso ex-mentor, em um dia frio, indicando a volta do inverno. Faziam duas semanas desde o almoço, e que tenho conversado com mais pessoas, mas ainda estão inclusas Gina e Greasy.

– Porque eles sabem de virar sozinhos quando eu estou indisposto para colocar comida para eles - disse Haymitch bocejando, se lançando no sofá limpo por empregados da Capital, que vem em nossas casas pelo menos duas vezes no mês, se permitirmos, para limpar e organizar tudo. Óbvio que eu disse que não, assim como Peeta, mas não deixamos Haymitch opinar a respeito de sua própria casa porque ele não tem querer, e sua casa estava imunda, e poderia correr até mesmo o risco de cair se continuasse no mesmo estado por mais alguns anos.

– Indisposto? Acho que a expressão correta é bêbado demais para alimenta-los. - falei revirando os olhos, pegando os potes e com a ajuda de Peeta, enchemos os mesmos, assim como enchemos outro com água, pois viria uma nevasca no dia seguinte.

Como de costume, eu, Peeta e Haymitch jantamos assistindo ao National Program, apresentado pelo Caesar, que sempre nos fazia rir pelo seu jeito extrovertido e suave, sem maldades, fazendo eu olhar para eles dois sentados ao redor da mesa, e me fez sentir vontade de chorar. Estamos nos recuperando, e mesmo que essa recuperação não seja 100%, as coisas estão começando a voltar ao que eram. - Vocês deveriam assumir logo o relacionamento, Docinho. - o velho disse baixo, enquanto tirávamos a louça da mesa, para levar ao Peeta, que lavava - Quando não olha pra ele, ele olha para você.

– Haymitch, oh, cale a sua boca! - eu disse irritada, pegando tudo das mãos dele para entregar ao outro loiro - Isso é tudo. - assentiu, e comecei a ajudá-lo silenciosamente, para terminarmos logo e irmos para casa. Ele para a dele, e eu para a minha, infelizmente.

– Tem comida para uma semana no freezer, só esquente, ok? - disse o garoto do pão

– Tá, tá, não esqueçam de fechar as cortinas. Podem haver câmeras por aí ainda. - troquei um olhar envergonhado com Peeta, que estava da mesma forma. Saí na frente, mas no meio do caminho de 25 metros da casa de Haymitch até a minha, e me virei, vendo Peeta me seguir com os olhos.

Hm... - fechei os olhos, e cobri o rosto com as mãos, entreabrindo meus lábios, mas logo tirei as mãos do rosto - Você não quer dormir na minha casa esta noite? - cruzei os braços, na intenção de disfarçar o nervosismo, e ele sorriu, bem na hora que começou a cair suaves e gentis flocos de neve

– Acho mais fácil você vir para a minha casa, porque... - dei alguns passos apressados em sua direção, já que a neve ficou mais grossa, mesmo que ainda gentil - Não sei se vai dar tempo de eu ir na minha casa buscar roupas para mim, e então ir para sua casa.

Sem excitar, eu respondi:

– Eu vou pra sua casa. - segurou meu pulso, e me levou para dentro de casa.

Dormimos abraçados, sem precisarmos falar nada, pois reconhecemos que se temos um ao outro, não significa que as coisas serão tranquilas, ou que não haverão pesadelos, e sim porque apenas um pode confortar o outro, porém, mesmo assim passei a noite em claro, chorando silenciosamente, por finalmente sentir que estava no lugar certo, na hora certa. Certas coisas acontecem em nossas vidas, que é difícil nos sentirmos bem novamente, mas tudo pode voltar a dar certo, em algum momento. Pode e vai. No fim, absolutamente tudo começa a dar certo e fica bem... se não ficou, calma, respira fundo, pois ainda não é o fim. Algumas dores são eternas, mas nenhuma agonia dura tanto, sempre há um alívio, e contínuo.

Agora eu posso descansar minha cabeça e cair no sono
Oh, mas eu não tenho que adormecer para ver o meu sonho
Ele está bem na minha frente
(Bem na minha frente)

A nevasca durou cerca de três dias, mas apenas cinco dias depois pudemos sair pois a Capital limpou as ruas da vila para nós.

Os outros dias foram passando, conversa indo e vindo ocasionalmente, alimentando Haymitch e seus gansos, e eu e Peeta voltando lentamente a ser o que éramos antes da segunda arena, quase dois meses depois que nos encontramos. Nós ríamos, desenhávamos, ficávamos fazendo qualquer coisa na cozinha, até cada um precisar ir para casa.

Katniss. - ouvi sua voz, e ele bater na porta do meu quarto, então precisei parar de fazer um momento retrospectivo.

Levantei e abri a porta, vendo-o com seu pijama e os cabelos úmidos. Fiquei o encarando, em busca de alguma resposta.

– Vim pedir desculpas. - olhou nos meus olhos - Desculpa. - sua inocência era tão grande, que chega a ser cômico, e não pude deixar de conter um sorriso.

– Vem aqui. - apaguei as luzes, e o trouxe para a minha cama, para me aconchegar em seus braços que nunca saíram de forma, e não sei se vão pelo fato de sempre estar pegando algo pesado e ajudando a reconstruir a padaria de seus pais.

– Podemos ir na Campina amanhã, o que acha? Começa o verão. - deu a ideia bem baixinho

Há um menino que perdeu o seu caminho
Procurando alguém para brincar

– Ok, nós vamos. - e o abracei mais apertado, para ouvir seu coração em meus ouvidos, como a música mais relaxante para se ouvir.

No dia seguinte.

– Peguei todas as coisas, para dormirmos lá duas noites. - já fui para a cozinha com uma mochila nas costas, com edredons e roupas, sabendo que fazia muito frio de noite.

– Tá. - respondeu indiferente, e eu fechei os olhos, suspirando profundamente.

Desde que Delly se aproximou mais de nós. Eu gosto dela, mas não muito da aproximação com ele. Não sei o que pode ter acontecido, mas sinto ele distante e perto ao mesmo tempo. Notei isso faz um mês, e tem me tirado do sério. Espero que nossa ida para a Campina resolva melhor as coisas. ButterCup apareceu do nada, como sempre, dando um susto em nós dois, mas começamos a rir - Como vai? - Peeta perguntou carinhoso para o gato, que miou como miava para Prim, em um tom de agradecimento, correspondendo o carinho

– Esse gato é inexplicável - falei revirando os olhos, pegando uma sardinha e dando para o animal, que foi meu melhor amigo enquanto Peeta não aparecia para me abraçar. Acabamos descobrindo que nos amamos, eu e o gato. - Vai querer ir com a gente? - perguntei encarando seus olhos imensos e verdes azulados. Ele miou, comendo rapidamente a sardinha, miou e saiu por onde entrou - Ah, que se dane. - Peeta olhou divertido para mim

– O que foi? - ele riu, negando

– Nada, só sei que foi uma boa escolha te chamar para morar na minha casa. É uma boa companhia. - não esperava que ele fosse dizer a última parte, fazendo eu ficar corada e ele riu - Nós dormimos juntos todas as noites, conhecemos os piores pesadelos um do outro, assim como os gritos de dor, e cora por uma coisa assim? - ele pegou a cesta, que sei que estava com o suficiente para nossos dois dias na Campina, e veio para o meu lado, beijando minha bochecha. Acho que ele poderia errar, e beijar minha boca.

Nós não sabemos para onde ir
Então eu vou ficar perdida com você
Nós nunca desmoronaremos
Porque nos encaixamos direito
Nos encaixamos direito

– Vamos logo. - falei e ele assentiu.

...

Peeta me convidou para morar em sua casa, dispensando assim Greasy para cuidar de sua neta, deixando uma quantia alta para ela, que sorriu, beijou minha testa, abraçou Peeta, e nos desejou felicidades, como se fôssemos um casal. Ele não comentou a respeito, então, eu também não comentei nada.

– Ai, ai, aaaaiii! - ouvi do lado de fora da casinha que meu pai construiu perto do lago, com um cômodo apenas, mas é mais resistente que as casas da Capital.

– O que foi?! - perguntei saindo correndo, e lá estava Peeta fazendo besteira na hora de acender a fogueira. - Me dá isso aqui! - ele estava quase chorando por não conseguir acender uma de forma descente, e em menos de um minuto eu acendi uma – Acho melhor você entrar. Vou caçar algo para nós comermos, mas acende a lareira, está bem?

– Ok... - suspirou derrotado, mas sorri. Esse é o Peeta que eu conheço, parcialmente inútil para coisas que como homem já deveria nascer sabendo.

Peguei meu habitual arco e flecha, aproveitando a luz das quatro da tarde, e que estava esfriando, os animais provavelmente estariam indo para suas tocas ou ninhos, então, não foi difícil abater três aves de porte médio.

As limpei antes de entrar, jogando fora suas entranhas e pele. Lavei as mãos, e resolvi deixar com Peeta antes de eu tomar um banho.

– O que você... - antes que ele terminasse de perguntar, quando olhou para mim, eu vi lentamente seus olhos azuis desaparecerem, sendo trocados por olhos negros, repletos de raiva - Sai daqui, Katniss. - fechou os olhos, apertando os punhos.

Eu poderia ter evitado isso. Estou com a aljava nas costas, o arco em uma mão, e uma sacola de pano com sangue na outra. Vai me matar, ele deve ter pensado.

Coloquei a bolsa em uma mesa que tinha no canto, e rapidamente coloquei dentro de uma árvore o meu arco e as flechas, entrando em casa novamente - Katniss, sai! - abriu os olhos, que estavam extremamente intensos e escuros

– Eu não vou a lugar algum - avisei, levantando as mãos - Não vou te machucar, Peeta.

– Por favor... Sai daqui... - pediu com os olhos cheios d'água, com os nós dos dedos ficando brancos de tão forte que apertava uma das duas cadeiras que ficavam perto da lareira

– Eu não vou te deixar, não vou. - puxei a cadeira que ele se apoiava devagar, até ele soltar, e quando fez isso, eu o abracei.

Não houve reação alguma, e quando pensei em desistir, senti seus braços rodearem a minha cintura, e meus olhos se encheram d'água.

– Você ainda está tentando me proteger. Verdadeiro ou falso? - perguntou em meu ouvido

– Verdadeiro. - o abracei mais forte - Porque é isso o que nós fazemos. Protegemos um ao outro. - e me abraçou mais forte

– Desculpa... - pediu com a voz ficando embargada - Era melhor ter ficado com o Gale.
Me afastei dele imediatamente, perguntando

– O que disse?

– Gale é o ideal para você, Katniss, isso é fato. Ele não tenta te matar, não tenta te enforcar, e você não precisa sair de sua própria casa com medo que seu amigo te mate! - ele estava chateado consigo mesmo, com os olhos ficando cheios d'água

– Você sabe por que eu não fico com Gale? - negou, se sentando na cadeira, cobrindo seu rosto corado pelo esforço para não me matar - Porque eu não preciso dele, de seu amor aceso por raiva e ódio. - levantou seus olhos azuis tão iguais aos de Prim - Eu já tenho fogo suficiente. Preciso do dente-de-leão da primavera, que significa vida e esperança ao invés de destruição e caos, preciso do livro de memórias que tem me ajudado a montar, preciso de alguém que entenda tudo ou pelo menos um quarto de tudo o que passei, que me abrace ao invés de tentar me entender... - os meus olhos que estavam cheios d'água, por eu ter me exposto tanto – Eu preciso de você. - e me inclinei, praticamente me jogando em seus braços, beijando-o na boca.

As mãos de Peeta foram para minha cintura, e ele se pôs de pé, sem separar nossos lábios. Levou uma mão para minha bochecha, fazendo um suave carinho, então entendi aonde ele queria chegar.

Sua língua pediu permissão, e eu cedi aos poucos. Mesmo que tenha beijado-o mais vezes, é como se fosse a primeira vez. Isso aconteceria de forma ou de outra, ficar com ele.

Não nos beijamos muitas vezes desde que nos reencontramos, apenas duas, e ambas acidentais, por eu estar distraída, e quando veio beijar minha bochecha, acabei me virando, e da outra foi o contrário. Ele quem estava distraído, mas nenhum dos dois se desculpou sobre. Apenas coramos e sorrimos.

– Vamos queimar o pão - disse risonho, depois que, ao me sentar sobre a bancada, acabei derrubando algumas coisas de pouco valor e interesse.

Ambos estávamos ofegantes, com as mãos aonde não deveriam estar, pois ainda não éramos casados, a menos que queimássemos o pão. Não precisamos de nenhum pedido formal para isso, apenas o pedir para queimar tal alimento significa tudo o que ele planeja para o futuro, e a minha aceitação para tal ato simbólico em nosso Distrito significava mil coisas para nós. Ultrapassamos as palavras e toques e atitudes e provas. Conversamos pelos olhos, que são capazes de expressar muito mais que uma enciclopédia da Capital.

– Ok, me dá isso aqui. - peguei um garfo, espetando no pão, e ele começou a rir, assim como eu.

Minhas mãos saíram de seu pescoço para o garfo, mas suas mãos permaneceram em minhas coxas, com seus olhos me analisando cada segundo, com uma... Uma... Peeta é inexplicável, sensível demais para que eu possa compreender.

Ele tirou o objeto das minhas mãos, e me beijou novamente, de forma mais intensa, tirando até mesmo um gemido da minha parte, mesmo que quase imperceptível.

Pegamos o pão, e de mãos dadas, sentados em frente a lareira que crepitava de maneira que era música para nossos ouvidos, com os animais noturnos fazendo seus normais sons harmoniosos, como se estivessem em sintonia, assistimos aquele alimento queimar lentamente, mas não tínhamos pressa alguma.Olhei para ele, que admirava aquele pedaço de pão se queimando, então, olhou para mim, e sorriu torto, me trazendo para si, beijando o topo da minha cabeça.

– Somos um casal. - ele disse no momento que pensei a mesma coisa

– Quando não fomos, Peeta? - perguntei baixo, admirando o fogo consumir o pão, assim como um dia quase me consumiu, tal como o loiro ao meu lado, e o fez com Prim, mas esse não era o momento para tais pensamentos. É o momento para esclarecermos os últimos acontecimentos.

– Por que tem estado indiferente? - cruzei minhas pernas, colocando entre nós um pote com nossos doces favoritos - Já que estamos simbolicamente casados, precisa me contar o que tem tirado sua atenção de mim

– Porque... - puxou algo do bolso, que não pude ver o que era - Delly e eu estávamos procurando as alianças certas. - pegou minha mão esquerda com delicadeza, e colocou a aliança de ouro com detalhes pratas, fazendo meus olhos se enxerem d’água – Posso? – como sempre, não consegui dizer nada, apenas sorrir em meio as lágrimas emocionadas

– Me dá essa aqui. – peguei a dele, e coloquei em seu dedo da mão esquerda.

– Você me perdoa? – perguntou baixo, olhando em meus olhos, eu podia ver as chamas refletidas em seus olhos azuis, tornando-os ainda mais convidativos e bonitos. Esse é o meu Peeta, o Peeta que aprendi a amar, mesmo sem saber.

– Não há pelo o que pedir perdão. – minha voz saiu um pouco rouca, por não querer falar muito, sou péssima como isso, falar, usar as palavras para me comunicar. – Sou a única que precisa ser perdoada.

– Estamos na estaca zero então. – sorri, e no segundo seguinte, sua boca novamente estava sobre a minha, gentilmente, mas havia algo diferente. Sempre há algo diferente quando se trata dele, e assim como o beijo da praia, ou o que demos na caverna, me fez querer mais, me fez desejar pausar aquele momento, e viver para todo o sempre, sem mortes, sem remorso, sem sentimento de culpa... apenas nós dois, assim como ele desejou quando estávamos no terraço um dia antes de irmos para a segunda arena.

Abri meus lábios, para mostrar que aquilo me agradava, e suas mãos logo foram para meu rosto, intensificando o beijo, mas ainda não era suficiente. Eu queria, eu precisava de mais. Eu tinha que sentir mais. Ter mais.

Já passamos por isso, ou melhor, quase isso, mas é pouco provável que ele se lembre, e muito provável que eu faça alguma besteira, mas não estávamos nos importando com isso. Da mesma forma que todos acabam descobrindo seu caminho de volta para casa, todos um dia descobrem como essas coisas se sucedem na hora certa.

Quando o ar foi começando a se fazer necessário, seus lábios foram para o meu pescoço, com beijos arrastados, que me causavam novas sensações, das quais nunca pensei que um dia fosse sentir ou me interessar por, mas ali estava Peeta, quebrando tudo o que um dia eu desejei, oferecendo-me muito mais: amor.

Ahhhh... – escapou dos meus lábios, sem eu poder controlar. Foi reflexo do meu corpo, e na mesma hora abri os olhos que nem sei em que momento haviam se fechado, vendo que Peeta tinha um sorriso no canto do rosto, sabendo o que isso significava.

– Vamos parar. – decidiu baixinho, como se houvesse outras pessoas ao nosso redor, e elas fossem nos apedrejar, por estarmos violando as leis, como faziam antigamente. - Senhora Mellark. – um arrepio me veio a espinha, mas eu sorri, por vê-lo sorrir, pensando no quanto ele quis me chamar assim.

– Tudo bem. – mas eu queria mais, então, não estava nada bem. – Senhor Mellark. – ele riu porque sabia que eu não queria parar, e acabei rindo junto, aceitando e correspondendo ao seu beijo que veio em seguida, mas apenas um beijo, então, fomos jantar o esquilo que cacei.

...

– A culpa é sua, Katniss. – Prim disse com os olhos azuis avermelhados pelas lágrimas – Toda sua. Você me matou, você não chegou a tempo!

– Você não permitiu que eu visse meu filho! – Finnick gritou – Por sua culpa eu morri, tentando te salvar!

– A culpa de todas essas mortes é culpa sua, senhorita Everdeen – a voz de Snow era fria, como uma associação ao seu nome, e carregava um detestável sorriso – E agora, vai se responsabilizar por mais uma. – ele estalou os dedos uma só vez, e uma luz se acendeu sobre Peeta, que estava sentado em uma cadeira, totalmente amarrado e preso pelos pulsos e tornozelo, com agulhas direcionadas para seus braços – Pior do que perder a vida... é perdermos de nós mesmos mas continuarmos vivos. – disse, e as agulhas começaram a entrar no corpo do loiro, que chorava, se debatendo, na intenção de fazer aquilo parar. Peeta gritava, pedindo para pararem, mas Snow apenas ria, manchando sua barba branca e bem limpa com o próprio sangue.

Comecei a correr, na intenção de ir livrar Peeta, mas meus pés ficaram grudados no chão por causa do sangue dos mortos, e um berro de puro pavor saiu da minha garganta quando vi a pele do rosto de Prim.

Meus gritos se misturavam aos das pessoas da Capital, aos de Finnick no esgoto pouco antes de ser decapitado, aos chamados de Rue por mim, os gritos de pura dor de Peeta, e aquilo estava se tornando sufocante, até que tudo ficou em silêncio.

– A dose foi letal. – Snow disse gargalhando, e eu olhei para o aparelho que media os batimentos cardíacos de Peeta. Não houve movimento, e esse foi o pior desespero que já senti.

– PEETA! – Gritei, soluçando, tentando ir até ele, mas comecei a afundar no sangue, como um abismo, e meus gritos nunca foram tão assustados e desesperados. Eu não conseguia me mover, e sentia o suor e sangue colarem em minha pele como uma mosca em uma teia, incapaz de conseguir se livrar daquele verdadeiro pesadelo.

– Katniss! Katniss! – uma voz me chamava – Katniss, acorda! Katniss! – Peeta.

Quando abri meus olhos, extremamente assustada pelo pesadelo, encontrei os olhos azuis que me traziam esperança e paz. – Está tudo bem, eu estou aqui, Katniss. – ele disse tocando meu rosto, tirando os fios castanhos que caíam em minha testa e outros estavam colados na minha bochecha.

– Ai meu Deus... – murmurei, fechando os olhos com força, depois de esconder o rosto em seu pescoço – Foi horrível. – e comecei a chorar alto, sentindo sua mão passear por minhas costas para me acalmar, e aos poucos, isso foi acontecendo.

– Está tudo bem agora, mas pode chorar... estou aqui... – beijou o topo da minha cabeça, mesmo que eu estivesse deixando-o sujo com o meu suor.

– Preciso tomar um banho. – falei me afastando um pouco dele, que realmente parecia não se importar, e sei que não se importava, assim como eu se fosse o contrário.

– Tudo bem, mas acha seguro? – franziu um pouco o cenho – São uma da madrugada.

– Qualquer coisa eu te chamo, e depois vai você. – assentiu. Peguei silenciosamente minhas roupas, enquanto ele no mesmo silêncio trocava alguns lençóis parcialmente úmidos pelo meu suor, sem reclamar.

Saí da casa pequena com apenas duas divisões, e fui para uma parte mais coberta do rio, com minha faca para poder me defender de qualquer coisa que aparecesse para tentar me atacar, e me lavei brevemente, para não deixar Peeta muito tempo sozinho, mas aproveitei esse momento para chorar e me culpar por não poder nem ao menos garantir uma noite em paz para ele. Olhei para a aliança, que não significava muito para nós, mas queríamos ser um pouco mais normais. O tempo havia passado, mas nós ainda ficamos presos ao passado. Em dois anos nossa vida avançou mais de oitenta, prendendo nossas mentes em corpos de adolescentes de 18 anos.

Entrei na casa, vendo-o perto da lareira, lendo alguma coisa, e quando me viu, saiu, depois de deixar um casto beijo nos meus lábios, que admito ter me agradado, e feito meu coração disparar de forma descompassada. O que há comigo esta noite?

Me sentei no canto, sobre as cobertas, forradas em um colchão que acabei trazendo quando não tinha muito o que fazer, nem porquê fazer, e dava muito bem para nós dois nos deitarmos tranquilamente. Me cobri com um edredom, sentada, abraçada a mim mesma, com os olhos fechados, mas não conseguiria dormir enquanto ele não aparecesse, o que felizmente não demorou muito para vê-lo entrar, com os cabelos úmidos, como ontem, mas já estava com roupas.

Veio para meu lado, me abraçando, e eu me aconcheguei em seus braços, os únicos braços que tinham o poder de me acalmar, tranquilizar, e me fazer sentir segura.

– Quer me contar alguma coisa? – perguntou, alisando meu braço, e eu neguei com a cabeça, ouvindo seu coração um pouco acelerado.

Levantei um pouco a cabeça, vendo que ele estava atento a cada um dos meus movimentos, com a luz da lua entrando pela única janela que tinha lá, com os vidros amarelados desgastados pelo tempo excessivo que estavam ali, mas eram úteis para manter longe os maiores animais, e davam uma aparência bonita quando estava escurecendo. A lareira crepitava baixo, agradável, como um farfalhar de folhas, que não incomoda ninguém.

Inclinei meu rosto, beijando–o, e ele correspondeu quase imediatamente, segurando meu rosto, e nossas línguas se encontraram, lutando a mais fácil, porém intensa batalha, mas não precisava haver um vencedor.

– Você quer continuar isso? – perguntou, com a mão na base das minhas costas, trazendo-me para seu colo, que fui sem protestar, colocando as pernas ao redor de sua cintura. Nunca havíamos ultrapassado tanto assim os nossos limites. Não consegui dizer nada, por pura vergonha, e pela minha maldita personalidade, porém ele pareceu entender, fazendo seu sorriso brilhar mais intensamente pela luz de fora. Colocando-me de lado por um instante, pegou um copo que tinha água perto da cama que estávamos, apagando o fogo da lareira, voltando-se para mim – Não vamos sentir frio essa noite, de qualquer forma. – um arrepio na espinha veio como resposta a sua fala, e ele riu, assim como eu, mas logo voltou a me beijar novamente, mas não na boca.

Seus lábios começaram no meu ombro esquerdo, subindo para a minha nuca, enfim a boca, mas sem demorar muito, indo para o ombro direito, e nesse meio tempo, suas mãos passeavam por minha cintura e quadril, como se tivesse memorizando meu corpo, e logo já puxava minha blusa para cima, mas essa posição exigia demais de nossos corpos, me cansando, então antes que eu pudesse reclamar sobre, ele me pegou rapidamente no colo, com apenas um de seus braços fortes, e me deitou com cuidado, ficando sobre mim, entre as minhas pernas. O que estávamos fazendo? Não tenho ideia, mas não importava. Não é errado se temos uma aliança no dedo, e acima disso, sentimentos completamente recíprocos um para com o outro.

Katniss... – gemeu baixo, quando arranhei suas costas, por cima da blusa ainda, como uma forma de... não faço ideia de como definir minhas reações guiadas pelas mãos e boca de Peeta sobre meu corpo, por causa dos hormônios fortes da nossa idade.

Você é a Garota em Chamas, Katniss, então, incendeie isso, pensei.

– Peeta, por favor... - murmurei, abrindo um pouco os olhos, descendo as mãos para o feixe de sua calça, e ele se arrepiou quando fiz isso, ainda mais porque arranhei de leve o seu corpo esculpido pelos anos carregando peso na padaria. Esses anos o deixaram saudável, que foi muito útil no período que esteve na Capital, sendo maltratado durante cinco meses, o tempo que levou para o resgatarem.

– A minha perna... - disse corando, mas não liguei para isso.

– Eu não ligo se é de carne ou de metal - pude ver seu sorriso, iluminado pela pouca luz da lua, e como descrever esse sorriso?

Pense neste momento na coisa mais gentil, suave e boa que já sentiu ou provou ou pensou, não importa. Assim posso colocar o sorriso do homem na minha frente, e devolvi o sorriso.

Ele se sentou por instante, ainda entre minhas pernas, e logo começou a puxar minha calça para baixo, fazendo um suave carinho por onde suas mãos desciam, arrepiando-me da cabeça aos pés, fazendo meu corpo se contorcer e minha boca balbuciar coisas que nunca diria totalmente sã, e ele parecia se divertir com essas minhas reações, porém era excitante para ele.

Suas pupilas estavam dilatadas ao máximo, enegrecidas que por uma palavra que ambos pouco conhecíamos.

Prazer.

Depois que tirou minha calça, passear a ponta dos dedos lentamente por toda minha coxa, acelerando minha respiração. Realmente, eu não estava sentindo nem um pouco de frio, mesmo que estivesse fazendo menos de 10º do lado de fora.

Os seus dedos subiram um pouco, desfazendo minha trança lentamente, com os olhos presos no meu cabelo, como se fosse tudo na vida dele. É essa devoção total que me faz querer colar em Peeta, em abraça-lo e nunca mais soltar.

– Não precisa ter medo de me tocar, Peeta. - eu disse, levantando meu tronco pelos cotovelos apoiados atrás de mim

– Eu nunca fiz isso antes... - pude ver suas bochechas ficarem vermelhas, deixando-o engraçado. Eu podia ver melhor o quão são ele está, pois tinha esse tipo de emoção

– E acha que eu já fiz? - arquei uma sobrancelha, brincando, e vi que ele ficou aliviado - Isso não convém a ninguém, o que a gente fizer hoje à noite. - me sentei sobre minhas pernas, ficando de frente para ele - Vem aqui. - ele segurou meu rosto com delicadeza, e se inclinou, me beijando o mais devagar que podia, com nossos rostos se movimentando de acordo com o beijo, e nesse meio tempo, suas mãos desceram para as minhas costas, fazendo eu me arquear um pouco quando abriu o zíper do meu sutiã, mas antes, tirei sua camisa, jogando para longe, assim como minhas outras peças de roupa.

Para retirar o meu sutiã, ele foi o mais gentil e admirador possível. Escorregou as alças com calma por meus braços, e deixei ele percorrer meu corpo com essa calma, como se memorizasse. Quando repetiríamos isso novamente? Mesmo simbolicamente casados, em silêncio, seríamos tomados pela timidez depois, com certeza, eu voltaria para minha casa, ele para a dele, e seria necessário mais tempo para nos falarmos novamente.

Minhas bochechas ficaram mais vermelhas do que o fogo, como se eu estivesse exposta no sol durante horas, mas ele não se importou, apenas as beijou devagar, beijou as duas bochechas

– Você é tão linda... - e lá ia mais uma peça de roupa minha para algum lugar daquele lugar pequeno.

Peeta novamente me deitou, e eu fechei os olhos, sentindo seus lábios finos beijarem todo meu corpo, devagar, e eu podia sentir seu amor agora, todo seu amor.

Me contorci aos risos e sorrisos, assim como ele, pelas cócegas, e por coisas das quais não me é prudente citar ao meu ouvido, quando tocou os meus seios com suas mãos, como um encaixe perfeito, e eu não estava me aguentando, e pude sentir algo que nunca senti antes se aproximar, fazendo eu procurar quase desesperada sua boca, e ele mais do que devolveu o beijo inesperado, na verdade, até sorriu, descendo a boca para meu pescoço, beijando-me lentamente.

Corri os dedos por sua calça, e ele levantou as mãos em rendição, esperando que eu fizesse isso, me olhando risonho.

– Não estraga o momento. - ele riu, jogando a cabeça para trás, assentindo, mas se tocou que ele quem deveria terminar de fazer isso, e assim se sucedeu. Prendi o fôlego. O que acontece agora?

Sem me dar muito tempo para ficar pensando, segurou minha cintura com uma mão, e outra o meu rosto, sorrindo gentil para mim, fazendo carinho. Vai ficar tudo bem, ele não abria a boca para dizer isso, porém, compreendia seu olhar. Temos um ao outro, e isso é suficiente.

Ao invés de ele me beijar, eu fiz isso, sem ligar muito pelo fato de estar apenas com a minha calcinha, e o resto do corpo exposto.

Beijei seu pescoço, passando a ponta dos dedos por seus braços, sentindo cada parte de seu corpo sob meus dedos, apertando seus ombros quando ele quem tocava em lugares que nunca pensei que um dia fosse ser tocada. Como descrever o indescritível? Talvez comparando sua pele com o mais macio algodão, e mais suave roupa de seda, mesmo que tivesse sofrido cirurgias parecidas com as minhas, sua pele estava quase totalmente normal, e as falhas eram insignificantes, diferente das minhas, mas ele não ligava, por começar a deslizar a minha calcinha, beijando minha barriga, meus seios, meu pescoço, e sussurrando o quanto sou linda.

– Você é tão perfeita... - disse ofegante, depois de me beijar mais uma vez, mas agora eu podia sentir um fogo diferente nele, acendido pelos hormônios, assim como eu. De repente a calma deu lugar a pressa, e logo eu estava ajudando ele a tirar a última peça de roupa restante.

Abrindo um pouco mais minhas pernas, podia sentir como se meu corpo fosse explodir em um milhão de pedaços, com uma sensação indescritível, mas eu sabia que era algo positivo. Era como seu eu fosse me despedaçar, mas depois, ser refeita como porcelana.

Ele segurou minhas coxas, massageando-as e eu estava a ponto de chorar de tanto prazer que aquele simples gesto me causava.

Um grito corta o ar, meu grito, de pura dor, quando Peeta nos une de uma única vez, sem falar nada.

Pude sentir seu corpo se enrijecer com isso - Ai meu Deus, me desculpa! - pediu, querendo se afastar, mas não permiti, abrindo os olhos, que já pinicavam para começar a chorar - Droga... O que eu fiz? Desculpa, desculpa. - pediu, querendo chorar por me ver quase chorando.

– Peeta, está tudo bem. - podia sentir que algo em mim tinha se rompido, de acordo com minhas aulas de Biologia, e a pior de todas as dores eu senti naquele momento, me dando vontade de jogar Peeta para o outro lado, e socar ele até a morte, mas não o fiz. A sensação era inexplicavelmente boa.

Não permiti nada, porque ardia, ardia, e doía bem mais, mas depois de um tempo, foi passando a dor, e eu queria sentir. Eu queria sentir mais.

Peeta estava ocupando um grande espaço dentro de mim, e aquilo por si só, depois de ter passado a dor, era o suficiente, mas quando ele subiu e desceu seu corpo, e nós dois como uma só carne, eu tive várias certezas.

Valeu a pena esperar por ele.

Não que eu queira, ou que fosse ficar com, mas o provável futuro ao lado de Gale e nossas crianças com mãos espertas, olhos cinzas e cabelos castanhos estavam cada vez mais longe, hoje torna-se impossível.

Isso aconteceria de uma forma ou outra, porque eu sou para o Peeta, e Peeta é para mim.

Estas nuvens escuras sobre mim
Chovem e fogem
Nós nunca desmoronaremos
Porque nós nos encaixamos como
Porque nós nos encaixamos como
Dois pedaços de um coração partido

Aaaaaaahhhhh... - falei, apertando os olhos e o lábio inferior, puxando seu cabelo, sentindo ele se movimentar dentro de mim, lentamente, entrelaçando nossas mãos direitas com força, pressionando as mesmas contra o colchão com força.

– Katniss... Aaaahhhh... - dizia entre os gemidos, com o rosto enterrado no meu pescoço, me beijando, e eu nunca me senti tão cuidada, nem mesmo na Capital por Vênia, Flavius e Lavinia.

Quando nossos corpos começaram a pedir mais, foi inevitável de minhas unhas não irem arranhar suas costas, porque apertar os lençóis já não era tão eficaz. E arranhar ele não era mais suficiente, então, puxei os seus cabelos com força, mordendo seu pescoço.

Súplicas eram feitas de ambas partes, seja para acelerar o movimentos, ou para ir mais fundo, ou para gemer mais alto, não importa. A sensação de que eu iria me despedaçar voltou, de todas as formas positivas existentes, e eu sorri, quando nós dois nos movíamos de forma sincronizada, como se já houvéssemos feito isso, mas era nossa primeira vez.

Oooooohhhh... - ele disse, com uma mão sustentando um pouco de seu peso, mas nem precisava. Seus movimentos foram ficando cada vez mais rápidos, e me deixavam em êxtase total.

Eu juro que se levantasse um pouco, podia jurar que estávamos tocando o inalcançável, vendo o impossível, quando estávamos juntos no clímax, e quando nós dois estávamos satisfeitos, ele caiu ao meu lado, mas logo me puxou para seus braços, me abraçando forte, e beijando o topo da minha cabeça, fazendo um suave carinho.

– Me desculpe se eu te machuquei. – falou rouco, deixando-o mais inacreditavelmente mais atraente – Eu não sabia o que fazer.

Shhhhhh... – fiquei fazendo carinho na altura de suas costelas com a ponta dos dedos – Você não poderia ter deixado esse momento mais adequado e inesquecível.

– Nem você. – e acariciou o topo da minha cabeça, escorregando os dedos pela lateral do meu corpo, subindo e descendo, me fazendo suspirar, fechando os olhos com força, por nunca me cansar dele. E assim, nos amamos mais uma vez naquela madrugada, e parávamos, mas logo começava os beijos e carícias novamente, até que podíamos ouvir os pássaros cantando, indicando que o sol estava próximo de nascer.

Eu não preciso do fogo de Gale aceso por raiva e ódio, como disse mais cedo para Peeta. Eu preciso do dente-de-leão da primavera, eu preciso de um abraço quando acordo de um pesadelo, não de um olhar questionador. Eu preciso de calma ao invés de pressa. Eu preciso de Peeta e sua compreensão, que em apenas uma palavra ele entende que é um péssimo dia e não há nada nesse mundo que me faça melhorar senão chorar, chorar e chorar. Gale não perdeu ninguém próximo e com afeto, com exceção de mim. Eu o perdoei, ele me perdoou, e sei que ele se perdoou. Descobri que vai se casou com Crescida no Distrito 2, e ela está grávida já, com três meses, de uma menina. Os exames da Capital são cada vez mais precisos. Eu sou um passado da história dele, assim como ele é da minha.

Então, depois, Peeta sussurra, quando estou quase dormindo, tentando aceitar que vivi as melhores noites da minha vida, dois dos passos mais importantes na vida de uma garota, agora mulher, em uma só noite.

Você me ama. Verdadeiro ou falso? — sorri com essa pergunta, sentindo meus olhos se encherem d'água. Não importa o amanhã, não importa o governo, não importa as perdas... O amor é a nossa base, amor é a nossa resistência, amor é o que necessitamos para viver, e agora, apenas Peeta pode me oferecer isso, na verdade, sempre e exclusivamente ele, pode me fazer sentir amada e desejada desta forma, de todas elas ao mesmo tempo. Encontramos o amor em um lugar sem esperança, mas o encontramos, e não importa onde tenha sido.

Há um menino que perdeu o seu caminho
Procurando alguém para brincar

E eu o respondo,com toda minha sinceridade, com tudo o que sou, com todo meu entendimento e conhecimento, depois de abraça-lo ainda mais forte, e ouvir seu coração bater mais forte no peito:

Verdadeiro.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Espero que tenham gostado, mas se não gostou, está tudo bem também! O que poderia ser melhor? Onde eu devo melhorar? Bom, é isso. Muito obrigada mesmo por lerem, espero ter conseguido passar de uma boa forma o que entendi, senti e imaginei antes da maior frase de amor e a melhor resposta de todo o livro, que é o "Você me ama. Verdadeiro ou falso? Eu o respondo: Verdadeiro" Beijos! *mais um sorriso e outro aceno*"We'll never fall apart'Cause we fit together likeTwo pieces of a broken heart" *pronto, parei de cantarolar, beijos! E não se esqueçam que DEMI LOVATO ARRASA!*

AAAAAHHHHH!!!! JÁ IA ME ESQUECENDO! BOAS FESSSSSTTTTTTAAAASSSSSSSSS!!! Mesmo que falte 28 dias para o natal kkkkkkkkkkkk sou meio exagerada, mas ok! BOAS FESTAS, PESSOAL! :D