O Que Restou de Nós? escrita por Ookamimi


Capítulo 3
Grupo?




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O próprio corpo desabou, sentiu como os joelhos batiam no chão e a bolsa que carregava deslizava pelos braços. Conseguia sentir o coração bater na garganta, era uma sensação terrível. Conseguiu escutar os pulos que os dois jovens davam de telhado a telhado, até chegar onde ela se encontrava.

– Ei, garota. Tudo bem? – O rapaz lhe ofereceu a mão. Não podia negar que era bonito, apesar de ter uma expressão fechada. – Pode se apoiar. – Passou o braço por baixo do braço da jovem, e ela passou o que sobrava ao redor do pescoço dele, conseguindo por fim manter-se em pé.

– Não é hora para desmaiar. Não podemos levar você até a floresta nesse estado, é impossível. – A jovem disse, tentando a ajudar no apoio, porém era mais baixa, deixando tudo mais complicado. – Deveríamos ter vindo com o grupo inteiro.

– Eu sei, caramba. Olha só, fique em pé. Não fique pesando na gente. – Ele disse, fechando ainda mais a própria expressão e encarando Akemmyh.

– Pois é. Levante-se logo, não temos tempo para salvar garotinhas em perigo. – Era estranho. Os dois possuíam o mesmo estilo de fala e a mesma expressão fechada, talvez fossem parentes. – Ei!

– A-Ah, d-desculpe! – Soltou-se do rapaz, conseguindo ficar em pé novamente. – Eu me distrai por um momento.

– Nem percebi. – Disse sarcástico. – Vamos logo.

– S-Sim …

Era realmente complicado acompanhá-los, estava atrás e por pouco conseguia manter a distância entre eles. Ao perceber seu estado, diminuíram um pouco a velocidade. A floresta não era muito longe, os problemas eram os obstáculos no caminho, naturalmente, dever-se-ia ir por cima das casas, sem saber fazer o famoso “Parkour” não era possível sobreviver.

Pulavam de telhado a telhado, agarravam-se em algumas grades e com delicadeza subiam, o desabamento daquilo não estava nos seus planos.

– Olha, ela sabe pular. – O rubro disse, encarando Akemmyh com um sorriso de canto.

– Melhor que você. – A heterocrômica articulou com uma pequena risada.

– Até parece. – Tomou impulso e saiu correndo na frente delas, afastando-se cada vez mais.

– Castiel! Ei! – A jovem gritou ao perceber a distância em que ele estava, faria o mesmo, mas lembrou-se de Akemmyh, não poderia deixá-la para trás. – Ah … vá se ferrar, ruivo idiota.

– A-Ah … – Akemmyh diminuiu um pouco a velocidade, estava praticamente andando, quase parando. – Ai …

Sua cabeça doía demais, acontecia as vezes. Precisava da mala, mas ela estava com o rubro que havia saído correndo. Sentia pontadas na sua cabeça inteira, como se estivessem colocando agulhas naquele local.

– Garota? – Parou de correr, e se posicionou na frente dela no mesmo momento. – Tudo bem? – Falava em um tom de preocupação, e se aproximava de Akemmyh lentamente. – Você já foi mordida?

– S-Sim … – Praticamente sussurrou, sua cabeça doía tanto, que pensar era quase impossível. – Quatro vezes.

– Entendi. No nosso acampamento na floresta temos muita coisa, inclusive remédio para infectados. Aguente até lá, ok? – Mal parecia com a jovem que a havia resgatado a minutos atrás. Deveria repensar sobre ela, pensava ser uma pessoa rude, porém, talvez aquilo fosse devido a situação em que estavam antes, parecia ser uma pessoa doce.

– S-Sim … M-Mas pular pode ser um problema. – Apontou para a próxima casa, não estava tão longe, mas era consideravelmente afastada, além disso, era mais alta. – Sinto muito … vou acabar te atrasando, e até morrerei aqui se não prestar atenção direito.

– Não se preocupe com isso, eu já fui mordida umas 12 vezes, meus sintomas são bem piores que os seus, mas nem por isso estou morta, não é? Levante-se. – Ofereceu-lhe a mão. – Eu também não tomei meu medicamento hoje. Daqui a alguns minutos estaremos no mesmo barco. – Soltou uma pequena risada sem graça, passando a mão pela cabeça e oferecendo a outra.

Akemmyh também sorriu, e se levantou usando a mão da outa jovem como apoio.

– Sou Akemmyh, é acalmante te conhecer. – Riu.

– Sou Rechishiah, é preocupante te conhecer. – As duas riram em uníssono.

– Ei! – Escutaram a voz de Castiel, estava no telhado da casa ao lado, ensanguentado dos pés a cabeça, a bolsa de Akemmyh pingava com o sangue. – Eu limpei o caminho. Vamos logo.

Akemmyh suspirou acalmando-se ao perceber que o sangue não era dele, o que faria se alguém se machucasse? Bom, provavelmente esse alguém seria ela, então sequer pensou no assunto. Corria em uma velocidade considerável, as pontadas na sua cabeça não haviam diminuído, mas não queria arrumar problemas para ninguém.

Castiel entregou a bolsa a ela, Akemmyh pegou o remédio para dor de cabeça e tomou. O tempo foi passando, e sua dor de cabeça foi ficando cada vez mais ausente.

Seus olhos cintilaram ao ver as árvores e a placa de saída da cidade para a floresta. “Ainda bem” era a única coisa que se passava pela sua cabeça. Faltava mais um pouco, precisava aguentar.

Deixou o sorriso de lado quando ouviu uma queixa ao seu lado. Encarou Rechishiah e lembrou: “Eu também não tomei meu medicamento hoje. Daqui a alguns minutos estaremos no mesmo barco.”

– Ei. – Sussurrou para Rechishiah, aproximando-se a ela. – Começou?

– … Sim. – Sussurrou de volta.

– Quer algum remédio emprestado? Eu tenho muitos para dor de cabeça. – Akemmyh tentava não perder o ritmo.

– Mesmo que aceitasse, cada pessoa tem um sintoma diferente. Você tem dor de cabeça, desidratação no cérebro. O meu já é algo completamente diferente. – Explicou, forçando os olhos, parecia doer bastante.

– O que você tem? – Akemmyh perguntou preocupada.

– Algo parecido com Insuficiência Cardíaca.

– O que?! – Vociferou, chamando atenção do rapaz que estava na frente.

– Ei, o que foi? – O rubro diminuiu a velocidade, ficando ao lado das duas.

– Estávamos falando o quão feio você fica de costas. Parece que tá de frente. – Rechishiah disse, sorrindo de canto.

– Você é realmente idiota, sabia? – Ele suspirou irritado. – Aqui.

– Hm? – Ela não entendeu no começo, mas quando ele lhe deu algo na palma da mão … – Ah? Como você …? – Era a pílula, em outras palavras, o remédio que ela deveria tomar todo dia. – Bom garoto. – Tomou o remédio, obviamente não teria efeito agora, mas já era bom saber que daqui a alguns minutos estaria bem.

– Chegamos! – Akemmyh gritou, ao estar de frente a entrada da floresta.

– Parece que sim. – Castiel e Rechishiah disseram em uníssono.

Castiel pegou o rádio que estava no seu bolso traseiro, apertou o botão lateral e articulou algumas palavras. Foram baixas, difíceis de serem escutadas.

Os três foram caminhando pela floresta. Estava limpa, não havia nenhum sinal de errantes naquela área, sentia-se completamente confortável naquele local, era tão pacífico. Andaram um pouco mais, e, por fim, encontraram o tão chamado acampamento. Era enorme. De fato haviam muitas pessoas por ali. Como, nesses 3 anos não havia encontrado ninguém vivo, praticamente impossível não ter dado de cara com alguma dessas pessoas no passado.

– Nós migramos muito. – Castiel disse.

Era como se estivesse lendo a mente de Akemmyh, como fez com Rechishiah antes.

– Como sabia?

– Do mesmo jeito que soube que aquela babaca não havia tomado o remédio. Além disso, toda vez que trazemos alguém novo, eles fazem a mesma pergunta. É só pensar. – Parecia ser bom em adivinhar o que os outros pensavam. – Por que? Pensa que eu tenho algum tipo de superpoder? Quem me dera. – Riu e foi falar com alguns dos abrigados.

– Acho que só o homem-aranha teve a sorte de ser mordido e ganhar poderes. Nós só ganhamos doenças, a vida é uma loucura mesmo. – Rechishiah sorriu, e fez um sinal com a mão para que a seguisse. – Venha, vou te mostrar o meu grupo de caçada.

Caminharam até uma barraca azul escura, era enorme. Ao parecer tinham 4 barracas desse mesmo tamanho no acampamento. Tinham um estilo padrão, não eram iguais as outras, que eram especialmente para dormir, nessas cabiam milhares de objetos, armazenavam principalmente comida e armas de fogo.

Entraram. Eram 6 rapazes, estavam sentados em cada canto da barraca, cada um fazia uma função diferente, como colocar munição nas armas ou estocar os suprimentos em ordem para que não houvesse problemas com comida depois, mas havia uma exceção, aparentemente um dos jovens não estava fazendo nada, revelando alguns conflitos entre o grupo.

– Dá pra você fazer alguma coisa, Oliver? – O rapaz de cabelos negros reclamou, parecia estar bastante irritado. – Se você nos ajudasse seria muito mais fácil acabar logo com isso.

– Estou muito ocupado agora. Não tenho tempo para brincar com você. – O jovem loiro colocou a mão no bolso, e dali tirou um isqueiro e um pacote de cigarros.

– Não fume aqui dentro! – Era muito parecido com o de cabelos negros, porém a cor, os olhos e as roupas davam uma certa diferença entre os dois.

– Nós de fato não nos importaríamos em continuar sem você, então, por favor, fume lá fora. Está atrapalhando nosso trabalho aqui dentro. – Tinha os olhos parecidos com os de Rechishiah, porém um era âmbar. Seu cabelo também era prateado, somente as pontas eram tingidas de uma cor mais escura.

– Oliver, eu já disse para não fumar aqui dentro. Você é surdo? – Ficaram surpresos pela voz de Rechishiah, não esperavam que ela chegasse naquele momento, mas sorriram para ela quando a mesma entrou de vez na barraca.

– Oh, desculpe, linda. Não pensei que você fosse entrar agora. Pararei só por que você pediu. – apagou o cigarro no chão, e guardou o isqueiro e o pacote no bolso.

– Ah, eu mereço. – Suspirou e levou a mão até a testa. – Como está indo?

– Estaria melhor se Oliver ajudasse em alguma coisa! – Era outro rapaz loiro, ao parecer haviam 3 na barraca. Entretanto, esse parecia ser o mais calmo dos três.

– Oliver …

– Estou indo, estou indo. O Dakota também não está fazendo quase nada, por que eu tenho que fazer?

– Eu estou sim. E quem seria essa? – Apontou para Akemmyh, que se espantou quando todos a olharam.

– Ah, ela é nova aqui. Gostaria de saber se algum de vocês poderia mostrar a ela os lugares, tenho que ajudar o Castiel. – Rechishiah respondeu, trazendo Akemmyh mais para frente.

– … –

– Ah! Vamos lá! Ela não conhece nada, vocês realmente não vão me ajudar?

– … –

– Não quero. – Oliver foi até a prateleira e começou a arrumar as armas em fases.

– Estou muito ocupado. – O loiro com olhos de mesma cor, e os gêmeos disseram ao mesmo tempo.

– Sinto muito, estou atarefado. – O heterocrômico disse.

– Infelizmente meu tio me colocou para arrumar tudo aqui. – O loiro com olhos esverdeados disse. – Adoraria ajudar, mas se eu sair, com certeza, terei altos problemas.

– Ah, cara …


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