PDV SAM PUCKETT

Eu só não fujo desta mísera cidade por causa da Carly, porque se não fosse ela eu já havia sumido daqui. Nunca pensei que um dia ia sofrer pelo Freddie, ou que iríamos acabar assim. Quando ele me pediu em namoro, me olhando com aqueles olhos de anjo celestial, eu pude jurar que nada, ao não ser uma intervenção divina, ia nos separar.

Sempre vi minha mãe falando que homem não presta se não para quebrar seu coração, mas eu não entendia por que ela dizia isto chorando. Porém, agora, correndo por causa do Benson, eu a entendo; entendo que por mais que você se mostre forte para os outros, mentindo e se enganando, você não consegue ocultar isto de você mesma.

That's when I run to you

You're the one that I call Home

You're the only one who sees the broken

part of me

You're the only one who knows that

Toda a minha infância, e parte da adolescência, eu me mostrei forte para os outros, tudo porque não queria me machucar e realmente não me machuquei, até aquele dia no elevador.

–Eu te amo! - ele disse. Não sei exatamente o meu sentimento naquele momento, só sei que minha vida parou ali.

–Eu também te amo!

Essas palavras foram para vedar o sangue que escorria do meu coração. Tínhamos acabado de terminar, tudo porque ouvimos uma conversa que nem era para nós.

Aquela foi a primeira vez que me machuquei. Por causa do Benson. Por causa de nós dois.

Pronto. Quando voltamos pensei que não aconteceria novamente, porém aqui estamos nós magoados, tristes...desorientados.

(***)

–Sam!- olhei para fora do elevador e vi Spencer correndo desajeitado cheio de sacolas. Segurei a porta para que ele entrasse – Sabia que a Carly está te procurando desde cedo?

Sorri ao pensar nos ataques estéricos dela, mas desfiz logo que percebi que não era um momento propício para uma risada.

–Imaginei...por isso estou voltando!

Ficamos em silêncio, observando os ponteiros do elevador se movimentarem.

–Quer suco de milho?

O encarei com uma careta estranha.

–Não! - respondi forçando um sorriso. Só o Spencer mesmo para me fazer rir numas horas dessas.

–Será que a Carly saiu?

Perguntei ao entrar no apartamento dos Shay's.

–Ela deve tá no quarto.

Então subi sem cerimônias até o andar de cima. Eu pretendia chorar e me confortar nos braços dela. Ela era a única em quem eu confiava agora.

Estava tão confiante que já abri a porta do quarto aos prantos.

–Carls...eu preciso...

Eu paralisei, não podia mais me mover e sem querer meu coração parou. Eu já não tinha coragem para levantar a cabeça, aqueles olhos amarronzados me condenavam a uma tristeza eterna.

–O que esse idiota está fazendo aqui?- tentei disfarçar as lágrimas, olhando para um canto qualquer enquanto as limpava com a manga da blusa.

–Aonde você estava mocinha? - Carly se levantou da cama e veio até mim.

Eu não queria chorar na frente do Nerd. Não queria que ele visse esse meu lado, mas que se dane! O culpado disto tudo é ele. Que se dane!

Então me joguei nos ombros da Carly, como uma criancinha quando reencontra a mãe, depois de perdê-la num supermercado qualquer. A morena me envolveu mais forte e afagou minhas costas.

–Oh Sam não chora! Vem...sente-se aqui! - ela me colocou sobre o puf em forma de biscoito e enxugou minhas lágrimas com o polegar. Vi que o Freddie nos observava calado.

–POR CAUSA DE VOCÊ, BENSON!

Escapei dos braços da minha amiga e corri para socar aquele idiota. Eu amo esse Nerd! Eu o amo! E precisava fazer ele sentir a dor que eu estava sentindo.

–VOCÊ É UM IDIOTA! ENTENDEU? UM IDIOTA!

Mas meus socos perderam a intensidade, eu não tinha mais força.

–Sam...me deixe tentar de novo! - ele segurou minha mão, que estava em seu peito, e a acariciou.

–Não... não me toque! - era para soar firme, mas minha voz vacilou – Eu já disse uma vez, e vou repetir... somos um erro, isto nunca devia ter acontecido.

Esqueci minhas lágrimas e sai do quarto correndo.

(***)

–Ei mocinha...Não senhora! - Carly, que tinha vindo atrás de mim, segurou minha mão, que levava uma garrafa de Vodca até a boca – Beber não resolverá!

Puxei minha mão da dela, de um jeito brusco, e virei a garrafa.

–Eu vou beber até quando não puder mais respirar!

Carly bateu o pé tentando me arrancar a garrafa.

–Não diga isto Sam! Anda, me dá isto!

–Você não manda em mim Carlotta!

Girei os pés e fui até a sala.

–Carly eu acho que... - o babaca paralisou na escada e me encarou - ...Sam!? Por que está bebendo?

–Por causa de você idiota!

E sai da casa bebendo, em grandes goles, aquela Vodca que me descia rasgando pela garganta.